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www.qconcursos.com
Ano: 2018 Banca: IDECAN Órgão: CRF-SP 
E se o Império Romano não tivesse acabado?
       Em vez da França, a província de Gália. Em vez da Inglaterra, a Bretanha. Em vez da Bulgária, a Trácia. Quem já leu as
aventuras de Asterix conhece bem esses nomes esquisitos de regiões dominadas pelos exércitos de Roma (as histórias do
herói gaulês se passam por volta de 50 a.C., época do apogeu do Império Romano). Pois assim seria o Velho Mundo se o
império com sede em Roma não tivesse se desintegrado: uma única nação contornando o Mediterrâneo ao longo das
costas europeia, asiática e africana. Mas a mudança dos nomes das localidades europeias é a menos importante das
diferenças. O mundo seria outro. O capitalismo talvez ainda não tivesse surgido e, sem ele, a conquista e a colonização da
América não aconteceriam. No �nal das contas, o Brasil poderia ser até hoje uma terra de índios.
    Mas vamos aos poucos. Primeiro é bom lembrar o que houve com o império de Roma. O poder imperial começou a se
esfarelar no século 3, quando ocorreram lutas internas entre generais e vivia-se uma verdadeira anarquia militar. Para se
ter uma ideia, em 50 anos houve pelo menos 20 imperadores, que foram destituídos um após o outro (alguns inclusive
reinaram simultaneamente, em con�ito). 
       Não era para menos. A economia romana era baseada no trabalho escravo e o suprimento de escravos dependia da
conquista de novos territórios. O problema foi que o reino tornou-se grande demais para ser administrado, as conquistas
minguaram, os escravos escassearam e a vida boa acabou. A arrecadação de impostos diminuiu e a população pobre
começou a reclamar. Para ajudar, ainda havia o cristianismo (que era contra a escravidão e a riqueza da elite) e uma peste
que varreu a região. Nessa barafunda de problemas, tentou-se de tudo, até a divisão administrativa do império em dois, o
do Ocidente (com sede em Roma) e o do Oriente (o Império Bizantino), com sede em Constantinopla (onde antes �cava
Bizâncio).
       Para este último, a solução foi e�caz. Mas o Império Romano do Ocidente, assolado pela crise econômica, perdeu seu
poder militar e foi aos poucos invadido por guerreiros germânicos. Em 395, a divisão administrativa transformou-se em
divisão política e o império rachou em dois. Deixada à própria sorte, a metade ocidental durou pouco. A queda de�nitiva
ocorreu em 476, quando a tribo do rei Odoacro derrubou o último chefe de Roma, Rômulo Augústulo. No Oriente, no
entanto, o Império Romano continuou existindo por quase mil anos, até 1453, quando os turcos tomaram Constantinopla.
        Se o Império Romano resistisse, possivelmente ele seria parecido com sua metade oriental, diz Pedro Paulo Funari,
professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Em primeiro lugar, o imperador seria também o papa, como
em Constantinopla, onde o imperador governava tudo o que interessava: o Exército e a Igreja. Ou isso ou haveria uma
divisão de poderes com a Igreja. Essa mistureba de papéis provavelmente criaria situações curiosas, como bispos
governando uma província como Portugal, ou melhor, a Lusitânia, e párocos dirigindo cidades.
    A in�uência religiosa seria ainda maior do que foi na Idade Média ou atualmente. Nas províncias, o divórcio e o aborto
provavelmente seriam proibidos e não seria nenhum absurdo que alguns costumes alimentares cristãos, como comer peixe
às sextas-feiras, tivessem a força de lei, com penas severas (o açoite, o exílio e a prisão domiciliar eram comuns) para quem
degustasse uma costelinha no dia sagrado.
        As línguas derivadas do latim, como o português, o espanhol, o francês e o italiano, provavelmente seriam muito
diferentes. O português, por exemplo, não teria sofrido a in�uência das línguas árabe e germânica, já que, nesse nosso
mundo hipotético, possivelmente não ocorreriam as invasões dos germânicos e muçulmanos na península Ibérica. Palavras
de origem árabe e tão portuguesas, como azeite, não fariam parte do nosso vocabulário.
        E o capitalismo? “Provavelmente demoraria mais para acontecer”, a�rma Funari. “Impérios em geral di�cultam o
desenvolvimento do capitalismo, que depende do individualismo para se desenvolver. Um Estado muito forte e controlador
é um obstáculo”, diz o historiador. Na Europa, o feudalismo e a fragmentação do poder favoreceram o surgimento do
capitalismo. No Japão, onde houve a fragmentação do Estado e a implantação de um sistema de shogunato, isso também
aconteceu, ao contrário da China, um império que durou até 1911. Retardado o capitalismo, a colonização da América
também seria outra. E os astecas, incas, tupinambás e guaranis talvez tivessem se desenvolvido mais e oferecido maior
resistência aos europeus. Indo mais longe, um império inca talvez pudesse existir até hoje. Mas essa é uma outra hipótese.
(Lia Hama e Adriano Sambugaro – http://super.abril.com.br/cultura/se-imperio-romano-nao-tivesse-acabado-444330.shtml?
utm_source= redesabril_super&utm_medium=facebook&utm_campaign=redesabril_jovem.)
Segundo o texto, em uma eventual continuidade do Império Romano, só NÃO seria provável que
A religião e política se intercruzariam.
B as línguas neolatinas não existiriam.
C o capitalismo sofreria um severo retardo.
D o imperador teria poderes absolutos sobre o estado.
Ano: 2014 Banca: IDECAN Órgão: DETRAN-RO 
Texto  
1 Q943175 > Português Interpretação de Textos , Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto
Prova: IDECAN - 2018 - CRF-SP - Agente Administrativo
2 Q447051 > Português Interpretação de Textos , Signi�cação Contextual de Palavras e Expressões. Sinônimos e Antônimos.
Prova: IDECAN - 2014 - DETRAN-RO - Agente de Trânsito
                                        Retrato falado
    Uma das coisas que não entendo é retrato falado. Em �lme policial americano, no retrato falado sai sempre a cara do
criminoso, até o último cravo. Mas na vida real, que nada tem de �lme americano, o retrato falado nunca tem o menor
parentesco com a cara do cara que acaba sendo preso.- Atenção. Aqui está um retrato falado do homem que estamos
procurando. Foi feito de acordo com a descrição de dezessete testemunhas do crime. Decorem bem a sua �sionomia. Está
decorada? - Sim, senhor. - Então, procurem exatamente o contrário deste retrato. Não podem errar. Imagino os problemas
que não deve ter o artista encarregado dos retratos falados na polícia. Um homem sensível obrigado a conviver com a
imprecisão de testemunhas e as rudezas da lei. - O senhor mandou me chamar, delegado? 
- Mandei, Lúcio. É sobre o seu trabalho. Os seus últimos retratos falados... 
- Eu sei, eu sei. É que estou numa fase de transição, entende? Deixei o hiper-realismo e estou experimentando com uma
volta as formas orgânicas e... - Eu compreendo, Lúcio. Mas da última vez que usamos um retrato falado seu, a turma
prendeu um orelhão. 
O pior deve ser as testemunhas que não sabem descrever o que viram. 
- O nariz era assim, um pouco, mais ou menos como seu, inspetor. - E as sobrancelhas? As sobrancelhas são importantes. -
Sobrancelhas? Não sei... como as suas, inspetor. - E os olhos? 
- Os olhos claros, como os...
- Já sei. Os meus. O queixo? - Parecido com o seu. - Inspetor, onde é que o senhor estava na noite do crime? - Cala a boca e
desenha, Lúcio. 
E há os indecisos.
- Era chinês.- Ou era chinês ou tinha dormido mal.E deve haver a testemunha literária! - Nariz adunco, como de uma ave de
rapina. A testa escondida pelos cabelos em desalinho. Pelos seus olhos, vez que outra, passava uma sombra como uma má
lembrança. A boca de uma sensualidade agressiva mas ao mesmo tempo tímida, algo reticente nos cantos, com uma certa
arrogância no lábio superior que o lábio inferior refutava e o queixo desmentia. Narinas vívidas, como as de um velho
cavalo. Mais não posso dizer porque só o vi por dois segundos. Os sucintos: - Era o Charles Bronson com o nariz da MariaAlcina. 
- Tipo Austregésilo de Athayde, mas com bigodes mexicanos.
- Uma miniatura de cachorro boxer, comandante da Varig e beque do Madureira. 
- Bota aí: a testa do Jaguar, o nariz do Mitterrand, a boca do porteiro do antigo Fred's e o queixo da Virgínia Woolf. Uma
orelha da Jaqueline Kennedy e a outra, estranhamente, do neto do Getty. 
- A Emilinha Borba de barba depois de um mal voo na ponte aérea com o Nélson Ned. E há as surpresas. - Bom, era um cara
comum. Sei lá. Nariz reto, boca do tamanho médio, sem bigode. Ah, e um olho só, bem no meio da testa.O ciclope ataca
outra vez! 
Experimente você dar as características para o retrato falado de alguém.
- Os olhos de Sandra Brea. Um pouco menos sobrancelha. O nariz de Claire Bloom de 15 anos atrás. A boca de Cláudia
Cardinale. O queixo da Elizabeth Savala. Um seio de Laura Antonelli e outro da Sydne Rome. As pernas da Jane Fonda. 
- Feito. Mas quem é essa? - Não sei, mas se encontrarem, tragam-na para mim depressa. E vival(Luis Fernando Veríssimo.
Retrato falado. In: PINTO, Manuel da Costa. Crônica brasileira contemporânea. São Paulo: Salamandra, 2008.)
No trecho "[...] o retrato falado nunca tem o menor parentesco com a cara do cara que acaba sendo preso." (1°§ ), o sentido
das palavras destacadas é
A distinto.
B idêntico.
C ambíguo.
D semelhante
E equivalente.
Ano: 2016 Banca: IDECAN Órgão: SEARH - RN 
                                    Uma esperança
      Aqui em casa pousou uma esperança. Não a clássica, que tantas vezes veri�ca‐se ser ilusória, embora mesmo assim nos
sustente sempre. Mas a outra, bem concreta e verde: o inseto.
      Houve um grito abafado de um de meus �lhos:
      – Uma esperança! e na parede, bem em cima de sua cadeira! Emoção dele também que unia em uma só as duas
esperanças, já tem idade para isso. Antes surpresa minha: esperança é coisa secreta e costuma pousar diretamente em
mim, sem ninguém saber, e não acima de minha cabeça numa parede. Pequeno rebuliço: mas era indubitável, lá estava ela,
e mais magra e verde não poderia ser.
      – Ela quase não tem corpo, queixei‐me.
      – Ela só tem alma, explicou meu �lho e, como �lhos são uma surpresa para nós, descobri com surpresa que ele falava
das duas esperanças.
      Ela caminhava devagar sobre os �apos das longas pernas, por entre os quadros da parede. Três vezes tentou renitente
uma saída entre dois quadros, três vezes teve que retroceder caminho. Custava a aprender.
3 Q627969 > Português Interpretação de Textos , Tipologia Textual e Tipos de Discurso: direto, indireto e indireto livre.
Prova: IDECAN - 2016 - SEARH - RN - Professor de Língua Portuguesa
      – Ela é burrinha, comentou o menino.
      – Sei disso, respondi um pouco trágica.
      – Está agora procurando outro caminho, olhe, coitada, como ela hesita.
      – Sei, é assim mesmo.
      – Parece que esperança não tem olhos, mamãe, é guiada pelas antenas.
      – Sei, continuei mais infeliz ainda.
      Ali �camos, não sei quanto tempo olhando. Vigiando‐a como se vigiava na Grécia ou em Roma o começo de fogo do lar
para que não se apagasse.
      – Ela se esqueceu de que pode voar, mamãe, e pensa que só pode andar devagar assim.
      Andava mesmo devagar – estaria por acaso ferida? Ah não, senão de um modo ou de outro escorreria sangue, tem sido
sempre assim comigo.
      Foi então que farejando o mundo que é comível, saiu de trás de um quadro uma aranha. Não uma aranha, mas me
parecia “a” aranha. Andando pela sua teia invisível, parecia transladar‐se maciamente no ar. Ela queria a esperança. Mas
nós também queríamos e, oh! Deus, queríamos menos que comê‐la. Meu �lho foi buscar a vassoura. Eu disse fracamente,
confusa, sem saber se chegara infelizmente a hora certa de perder a esperança:
      – É que não se mata aranha, me disseram que traz sorte...
      – Mas ela vai esmigalhar a esperança! respondeu o menino com ferocidade.
      – Preciso falar com a empregada para limpar atrás dos quadros – falei sentindo a frase deslocada e ouvindo o certo
cansaço que havia na minha voz. Depois devaneei um pouco de como eu seria sucinta e misteriosa com a empregada: eu
lhe diria apenas: você faz o favor de facilitar o caminho da esperança.
      O menino, morta a aranha, fez um trocadilho, com o inseto e a nossa esperança. Meu outro �lho, que estava vendo
televisão, ouviu e riu de prazer. Não havia dúvida: a esperança pousara em casa, alma e corpo.
      Mas como é bonito o inseto: mais pousa que vive, é um esqueletinho verde, e tem uma forma tão delicada que isso
explica por que eu, que gosto de pegar nas coisas, nunca tentei pegá‐la.
      Uma vez, aliás, agora é que me lembro, uma esperança bem menor que esta, pousara no meu braço. Não senti nada, de
tão leve que era, foi só visualmente que tomei consciência de sua presença. Encabulei com a delicadeza. Eu não mexia o
braço e pensei: “e essa agora? que devo fazer?” Em verdade nada �z. Fiquei extremamente quieta como se uma �or tivesse
nascido em mim. Depois não me lembro mais o que aconteceu. E, acho que não aconteceu nada.
               
  (LISPECTOR, Clarice. Uma esperança. In: Felicidade clandestina. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.)
Considerando‐se o gênero textual apresentado, leia as características a seguir e assinale apenas as que lhe podem
ser atribuídas.
I. Desenrolar de um con�ito interior.
II. Narração de duas histórias simultâneas.
III. Independência textual em relação ao leitor.
IV. Temporalidade narrativa composta por dois tipos temporais diferentes.
Estão presentes no texto apenas as características
A I e II.
B III e IV.
C I, II e III.
D I, II e IV.
Ano: 2010 Banca: IDECAN Órgão: Prefeitura de Ipatinga - MG 
TEXTO I:
O �m do mundo
    A primeira vez que ouvi falar no �m do mundo, o mundo para mim não tinha nenhum sentido, ainda; de modo que não
me interessavam nem o seu começo nem o seu �m. Lembro-me, porém, vagamente, de umas mulheres nervosas que
choravam, meio desgrenhadas, e aludiam a um cometa que andava pelo céu, responsável pelo acontecimento que elas
tanto temiam.
4 Q519690 > Português Interpretação de Textos , Figuras de Linguagem
Prova: IDECAN - 2010 - Prefeitura de Ipatinga - MG - Psicólogo
      Nada disso se entendia comigo: o mundo era delas, o cometa era para elas: nós, crianças, existíamos apenas para
brincar com as �ores da goiabeira e as cores do tapete.
       Mas, uma noite, levantaram-me da cama, enrolada num lençol e, estremunhada, levaram-me à janela para me
apresentarem à força ao temível cometa. Aquilo que até então não me interessara nada, que nem vencia a preguiça dos
meus olhos, pareceu-me, de repente, maravilhoso. Era um pavão branco, pousado no ar, por cima dos telhados? Era uma
noiva, que caminhava pela noite, sozinha, ao encontro da sua festa? Gostei muito do cometa. Devia sempre haver um
cometa no céu, como há lua, sol, estrelas. Por que as pessoas andavam tão apavoradas? A mim não me causava medo
nenhum.
      Ora, o cometa desapareceu, aqueles que choravam enxugaram os olhos, o mundo não se acabou, talvez tenha �cado
um pouco triste – mas que importância tem a tristeza das crianças?
    Passou-se muito tempo. Aprendi muitas coisas, entre as quais o suposto sentido do mundo. Não duvido de que o mundo
tenha sentido. Deve ter mesmo muitos, inúmeros, pois em redor de mim as pessoas mais ilustres e sabedoras fazem cada
coisa que bem se vê haver um sentido do mundo peculiar a cada um.
     Dizem que o mundo termina em fevereiro próximo. Ninguém fala em cometa, e é pena, porque eu gostaria de tornar a
ver um cometa, para veri�car se a lembrança que conservo dessa imagem do céu é verdadeira ou inventada pelo sono dos
meus olhos naquela noite já muito antiga.
     O mundo vai acabar, e certamente saberemos qual era o seu verdadeiro sentido. Se valeu a pena que unstrabalhassem
tanto e outros tão pouco. Por que fomos tão sinceros ou tão hipócritas, tão falsos ou tão leais. Por que pensamos tanto em
nós mesmos ou só nos outros. Por que �zemos votos de pobreza ou assaltamos os cofres públicos – além dos particulares.
Por que mentimos tanto, com palavras tão judiciosas.          Tudo isso saberemos e muito mais dos que cabe enumerar
numa crônica.
     Se o �m do mundo for mesmo em fevereiro, convém pensarmos desde já se utilizamos este dom de viver da maneira
mais digna.
Em muitos pontos da terra há pessoas, neste momento, pedindo a Deus – dono de todos os mundos – que trate com
benignidade as criaturas que se preparam para encerrar a sua carreira mortal. Há mesmo alguns místicos – segundo leio –
que, na Índia, lançam �ores ao fogo, um rito de adoração.
     Em muitos pontos da terra há pessoas, neste momento, pedindo a Deus – dono de todos os mundos – que trate com
benignidade as criaturas que se preparam para encerrar a sua carreira mortal. Há mesmo alguns místicos – segundo leio –
que, na Índia, lançam �ores ao fogo, um rito de adoração.
    Enquanto isso, os planetas assumem os lugares que lhes competem, na ordem do universo, neste universo de enigmas a
que estamos ligados e no qual por vezes nos arrogamos posições que não temos – insigni�cantes que somos, na tremenda
grandiosidade total.
   Ainda há uns dias para a re�exão e o arrependimento: por que não os utilizaremos? Se o �m do mundo não for em
fevereiro, todos teremos �m, em qualquer mês...
(Meireles, Cecília, 1901-1964. Escolha o seu sonho: (crônicas) – 26ª Ed. Rio de Janeiro: Record, 2005)
Prosopopeia é uma �gura de linguagem que consiste na atribuição de qualidades e sentimentos humanos a seres
irracionais e inanimados. Assinale a alternativa que contém um exemplo de prosopopeia:
A “Nada disso se entendia comigo: o mundo era delas, o cometa era para elas...” (2º§)
B “Tudo isso saberemos e muito mais dos que cabe enumerar numa crônica.” (7º§)
C “Era uma noiva, que caminhava pela noite, sozinha, ao encontro da sua festa? Gostei muito do cometa.” (3º§)
D “... insigni�cantes que somos, na tremenda grandiosidade total.”(10º§)
E
“Aquilo que até então não me interessara nada, que nem vencia a preguiça dos meus olhos, pareceu-me, de repente,
maravilhoso.” (3º§)
Ano: 2018 Banca: IDECAN Órgão: Câmara de Araguari - MG 
                                              TEXTO I
                                             Meu valor
      Como todo homem tem seu preço e a corrupção é o que mais dá dinheiro no Brasil, hoje, decidi calcular o meu valor
para o caso de quererem me comprar. É bom ter o nosso preço na ponta da língua e sempre atualizado, pois – para usar a
frase-lema do Brasil dos nossos dias – nunca se sabe.
      Nossa autoavaliação deve ser objetiva. Costumamos nos dar mais valor do que realmente temos e há o perigo de, por
uma questão de amor próprio, nos colocarmos fora do mercado. Também tendemos a valorizar coisas que, no mundo
eminentemente prático da corrupção, não valem muito, como bons hábitos de higiene e a capacidade de mexer as orelhas.
O que vale é o que podemos oferecer para o lucro imediato de quem nos comprar.
      As pessoas se queixam da falta de ética no Brasil e não se dão conta de que isso se deve à pouca oportunidade que o
brasileiro comum tem de escolher ser ético ou não. Eu tenho tanto direito a ser corrupto quanto qualquer outro cidadão,
mas não tenho oportunidade de sequer ouvir uma proposta para decidir se aceito. A corrupção continua ao alcance apenas
de uns poucos privilegiados. Por que só uma pequena casta pode decidir se vai ter um comportamento ético enquanto a
5 Q963030
 > Português Sintaxe ,
Orações subordinadas adverbiais: Causal, Comparativa, Consecutiva, Concessiva, Condicional...
Prova: IDECAN - 2018 - Câmara de Araguari - MG - Assessor de
Comunicação
maioria permanece condenada à ética compulsória, por falta de alternativas? Quando me perguntam se sou ético, a única
resposta que posso dar é a mesma que dou quando me perguntam se gosto do vinho Chateau Petrus: não sei. Nunca
provei.
      Quem me comprar pode não lucrar com minhas conexões no governo ou com o conteúdo, inclusive, dos meus bolsos.
Mas e o casco? Quanto me dão pelo vasilhame? Pagando agora eu garanto a entrega do corpo na hora da minha morte,
com os sapatos de brinde. Tenho muitos anos de uso, mas todos os sistemas em razoável estado de conservação,
precisando apenas de alguns ajustes das partes que se deterioraram com o tempo. Meus cabelos são poucos, mas os que
�caram são da melhor qualidade, do contrário não teriam �cado. Não dão para uma peruca inteira, mas ainda dão para um
bom bigode.
      Meu cérebro, vendido à ciência, daria para alimentar vários ratos de laboratório durante semanas. Prejudicaria um
pouco seu desempenho no labirinto, mas em compensação eles saberiam toda a letra do bolero No Sé Tú. Minhas
entranhas dariam um bom preço em qualquer feira de órgãos usados, dependendo, claro, do poder de persuasão do
leiloeiro (“Leve um sistema cardiovascular e eu incluo uma caixa de Isordil!”). Meu apêndice, por exemplo, nunca foi usado.
      Tudo calculado, descontada a depreciação, devo estar valendo aí uns, deixa ver… Mas é melhor não me anunciar. Vai
que aparece um corruptor em potencial e eu descubra que não só não valho nada como estou lhe devendo.
                                                                          Luís Fernando Veríssimo
http://contobrasileiro.com.br/meu-valor-cronica-de-luis-fernando-verissimo/
Em “Meu cérebro, vendido à ciência, daria para alimentar vários ratos de laboratório durante semanas”, o verbo conjugado
no particípio está introduzindo uma oração que transmite a ideia de:
A Explicação.
B Oposição.
C Finalidade.
D Suposição.
Respostas
1: B 2: A 3: D 4: E 5: D
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