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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO CEARÁ- CAMPUS CEDRO. TECNOLOGIA EM MECATRÔNICA INDUSTRIAL JULIETE DA SILVA SOUZA ESTUDO DA VIABILIDADE DE IMPLEMENTAÇÃO DE UM SISTEMA FOTOVOLTAÍCO CONECTADO A REDE ELÉTRICA DO IFCE-CAMPUS CEDRO CEDRO, CEARÁ 2016 JULIETE DA SILVA SOUZA ESTUDO DA VIABILIDADE DE IMPLEMENTAÇÃO DE UM SISTEMA FOTOVOLTAÍCO CONECTADO A REDE ELÉTRICA DO IFCE-CAMPUS CEDRO Monografia apresentada ao curso Tecnologia em Mecatrônica Industrial pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará- Campus Cedro, como obtenção parcial do título tecnólogo em Mecatrônica Industrial. Orientador: José Tavares de Luna Neto CEDRO, CEARÁ 2016 ESTUDO DA VIABILIDADE DE IMPLEMENTAÇÃO DE UM SISTEMA FOTOVOLTAÍCO CONECTADO A REDE ELÉTRICA DO IFCE-CAMPUS CEDRO Monografia apresentada ao curso Tecnologia em Mecatrônica Industrial pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará- Campus Cedro, como obtenção parcial do título tecnólogo em Mecatrônica Industrial. Aprovado em ____/____/____ Conceito ________ BANCA EXAMINADORA ____________________________________________________ Prof. Esp. José Tavares de Luna Neto (Orientador) Instituto Federal do Ceará- Campus Cedro (IFCE) ____________________________________________________ Prof. José Hernando Bezerra Barreto Instituto Federal do Ceará- Campus Cedro (IFCE) ____________________________________________________ Prof. Esp. Moisés Gomes de Lima Instituto Federal do Ceará- Campus Cedro (IFCE) A Deus. Aos meus pais, Sônia Maria Silva de Souza e Joacir Gomes de Souza. AGRADECIMENTOS A Deus primeiramente, por me conceder o dom da vida e sempre guiar meus passos nesta jornada, pelas bênçãos proporcionada no dia-a-dia e por todas as conquistas alcançadas na minha vida. Aos meus pais pelos conselhos dados, pelos valores transmitidos desde cedo, por me incentivarem a lutar pelos os meus sonhos. Agradeço aos meus irmãos José Janiere Silva de Souza e Joacir Gomes de Souza Filho pelo o apoio e carinho. Aos meus avós paternos Maria Gomes de Souza e Sebastião Duarte de Souza pelo carinho. Aos meus avós maternos Maria Irene dos Santos Silva e Joaquim Severo da Silva (in memoria) pelo amor e por ajudarem na minha criação. A minha querida bisavó Luiza Batista de Souza (in memoria) pelo o apoio e o carinho dado e por acreditar na minha capacidade. Ao Instituto Federal do Ceará-Campus Cedro, por transformar minha vida para melhor, por a educação concedida durante todo este período e pelas maravilhosas experiências que compartilhei durante esses anos. Ao professor, Orientador e Amigo José Tavares de Luna Neto, por ter acreditado no meu potencial em busca de realizar da melhor forma meu trabalho e por a disponibilidade de me orientar nesta fase tão importante da minha carreira acadêmica. Agradeço especialmente a Professora e Amiga Sheysa Ribeiro por todo apoio, pela disponibilidade, e sugestões de melhorias no desenvolvimento do trabalho. A todos os professores pelo os conhecimentos repassados durante todo o curso. A todos os amigos que contribuíram direto e indiretamente para a realização do trabalho, em especial a Laís Felix e Antônio Xavier que me apoiaram e incentivaram a acreditar na minha capacidade de chegar até o final, além da amizade e dos momentos felizes que compartilhamos durante esses anos. A todos os meus amigos que conquistei no IFCE-Campus Cedro, que fizeram estes os melhores anos da minha vida. A todos, muito obrigada! "Que os vossos esforços desafiem as impossibilidades, lembrai-vos de que as grandes coisas do homem foram conquistadas do que parecia impossível." (Charles Chaplin) RESUMO A preocupação com o impacto ambiental causado pelas tradicionais fontes de geração de energia está levando os governantes e a sociedade a buscarem novas alternativas para geração de energia elétrica de forma que não haja agressão ao meio ambiente. Dentre os recursos naturais disponíveis na natureza, a radiação solar se destaca por ser abundante e gratuita, é neste contexto, que diversos países do mundo estão investindo nessa fonte renovável para a geração de eletricidade, pois esse tipo de energia não polui o meio ambiente sendo uma energia limpa o que reduz significativamente os gases causadores do efeito estufa. O Brasil, por ser um país localizado na sua maior parte na região intertropical, possui grande potencial para aproveitamento de energia solar durante todo ano, principalmente a região Nordeste. Apesar do elevado custo na implantação de sistemas fotovoltaicos, nos últimos anos, os investimentos neste tipo de geração vêm se tornando cada vez mais atrativos para o consumidor, em alguns estados brasileiros já existem investimentos nesta área principalmente em residências, em virtude da regulação normativa n° 482 de 17 de abril de 2012 da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) que estabelece as condições gerais para o acesso a microgeração e minigeração. Diante das barreiras ainda encontradas para a utilização deste tipo de energia no Brasil, este estudo tem como objetivo enfatizar a importância da energia solar como alternativa na produção de energia elétrica e baseado neste aspecto elaborar uma proposta de implementação de um sistema fotovoltaico conectado a rede elétrica do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará - Campus Cedro (IFCE-Campus Cedro). Palavras-chave: Cedro; energia solar; IFCE; sistema fotovoltaico. ABSTRACT Concern about the environmental impact caused by traditional sources of power generation is leading governments and society to seek new alternatives to generate electricity so that there is no damage to the environment. Among the natural resources available in nature, solar radiation is known for being abundant and free, it is in this context that several countries are investing in this renewable source for electricity generation, because this type of energy does not pollute the environment being a power clean which significantly reduces the gases causing the greenhouse effect. The Brazil is a country located mostly in the inter tropical region has great potential for solar energy utilization throughout the year, particularly the Northeast. Despite the high cost in the implementation of photovoltaic systems in recent years, investments in this type of generation is becoming increasingly attractive to the consumer in some Brazilian states are already investments in this are a mainly in homes, due to the normative regulation n ° 482 of 17 April 2012 ANEEL (Brazilian Electricity Regulatory Agency) which establishes the general conditions for access to micro and mini generation. In the face of barriers still encountered in the use of renewable energy in Brazil, this study aims to emphasize the importance of solar energy as an alternative in the production of electricity andbased on this aspect prepare a proposal for implementation of a PV plant connected to grid the Federal Institute of Education, Science and Technology of Ceará - Campus Cedro (IFCE-Campus Cedro). Keywords: Cedro; solar energy; IFCE; photovoltaic system. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 01 - Direções dos raios solares ao nível do solo ........................................................... 25 Figura 02 - Aplicação da primeira célula fotovoltaica em uma rede telefonica na cidade de Americus, no estado americano da Geórgia ............................................................................. 27 Figura 03 - Satélite em orbita com painéis fotovoltaicos ......................................................... 28 Figura 04 - Índicesde fornecimento de energia com utilização de gás natural e petróleo entre 2013 e 2014 . ............................................................................................................................ 30 Figura 05 - Geração de eletricidade com fontes renováveis não- hidráulica no de 2014. ........ 30 Figura 06 - Geração de eletricidade por fontes ano de 2014 .................................................... 31 Figura 07 - Oferta de eletricidade por fonte no Brasil em 2014 ............................................... 32 Figura 08 - Índices de radiação solar no território brasileiro ................................................... 32 Figura 09 - Oferta Interna de Energia Elétrica no Brasil 2014 ................................................. 33 Figura 10 - Processo de conversão da luz do sol em eletricidade ............................................ 36 Figura 11 - Configuração de um sistema solar fotovoltaico ..................................................... 36 Figura 12 - Esquema de um sistema fotovoltaico isolado. ....................................................... 38 Figura 13 - Esquema de um sistema fotovoltaico hibrido ........................................................ 39 Figura 14 - Esquema de um SFCR com um inversor (a) ou com vários inversores (b). .......... 40 Figura 15 - Esquema de um sistema fotovoltaico conectado a rede ......................................... 41 Figura 16 - Sistema fotovoltaico residencial conectado à rede elétrica ................................... 42 Figura 17 - Célula de silício monocristalino ............................................................................ 44 Figura 18 - Célula de silício policristalino ............................................................................... 45 Figura 19 - Célula de silício amorfo ......................................................................................... 45 Figura 20 - Célula de filmes fino .............................................................................................. 46 Figura 21 - Concentradores fotovoltaicos ................................................................................ 46 Figura 22 - Curvas características de um módulo fotovoltaico em condições STC e em condições de campo. ................................................................................................................. 47 Figura 23 - Gráfico dos índices de insolação média da cidade de Iguatu-CE obtidos no SunData .................................................................................................................................... 51 Figura 24 - Locais determinados para instalação dos módulos fotovoltaicos .......................... 56 LISTA DE TABELAS Tabela 01 - Formas de conexão ................................................................................................ 43 Tabela 02 - Classificação dos inversores quanto à forma de onda. .......................................... 49 Tabela 03 - Valores médios de irradiação solar diária durante os meses do ano. .................... 52 Tabela 04 - Especificações dos ambientes determinados para instalação dos módulos ........... 54 Tabela 05 - Orçamento do projeto do SFCR do IFCE-Campus Cedro .................................... 57 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS A Ampère AIE Agência Internacional de Energia ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica a-Si Silícioamorfo BEN Balaço Energético Nacional CA Corrente alternada CC Corrente continua CdTe Telureto de cadmio CEPEL Centro de Pesquisa em Energia Elétrica CH4 Metano CIGS Disseleneto de cobre índio gálio CO2 Dióxido de carbono COELCE Companhia Energética do Ceará COP Conferência das Partes das Nações Unidas CRESESB Centro de Referência para Energia Solar e Eólica Sérgio Brito EPE Empresa de Pesquisa Energética EPIA Associação Europeia da Indústria Fotovoltaica GEE Gases do Efeito Estufa GW Gigawatt Hz Hertz IFCE Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará IGBT Insulated Gats Bipolar Transistors IPCC Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática Isc Corrente de curto circuito Kg Quilograma kW Quilowatt kWh Quilowatt-hora kWp Quilowatt pico m Metro m2 Metro quadrado MDL Mecanismo de Desenvolvimento Limpo MJ Mega joule mW Miliwatt MWp Megawatt pico NASA National Aeronautic sand Space Administration NO2 Dióxido de nitrogênio OECD Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico OIEE Oferta Interna de Energia Elétrica PNE Plano Nacional de Energia Pm Potência máxima PRODEEM Programa de Desenvolvimento Energético de Estados e Municípios PROIFA Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica SCR Retificadores Controlados de Silício SDAT Sistema de Distribuição de Alta Tensão SDMT Sistema de Distribuição de Média Tensão SFCR Sistema Fotovoltaico Conectado a Rede SIN Sistema Interligado Nacional STC Condições de Teste Padrão TWh Terawatt-hora V Volt Vco Tensão de circuito aberto W Watt Wp Watt pico LISTA DE SÍMBOLOS % porcento °C Graus Celsius SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 16 1.1 Justificativa ..................................................................................................................... 18 1.2 Objetivos Gerais ............................................................................................................. 18 1.2.1 Objetivos específicos ................................................................................................. 18 2 EMBASAMENTO TEÓRICO ........................................................................................... 19 2.1 Sustentabilidade ambiental ............................................................................................. 19 2.2 Negociações internacionais sobre mudanças climáticas ................................................. 20 2.2.1 Aquecimento Global e Mecanismo de desenvolvimento limpo (MDL) ................... 22 2.3 Energia e meio ambiente. ................................................................................................ 23 2.4 Energia proveniente do sol ............................................................................................. 24 2.5 Energia solar térmica ...................................................................................................... 25 2.6 Energia solar fotovoltaica ............................................................................................... 26 2.7 Matriz energética mundial ..............................................................................................29 2.8 Matriz energética brasileira............................................................................................. 31 2.9 Perpectivas futuras para energia fotovoltaica no mundo ................................................ 33 2.9.1 Perpectivas futuras para energia fotovoltaica no Brasil ............................................ 34 2.10 O efeito fotovoltaico ..................................................................................................... 35 2.11 Sistema solar fotovoltaico ............................................................................................. 36 2.11.1 Sistema fotovoltaico isolado ................................................................................... 37 2.11.2 Sistema fotovoltaico hibrido ................................................................................... 38 2.11.3 Sistema fotovoltaico conectado a rede .................................................................... 39 2.11.4 Legislações vigente que regulamentam os SFCR ................................................... 40 2.12 Componentes de um sistema fotovoltaico conectado a rede ....................................... 43 2.12.1 Módulos fotovoltaicos ........................................................................................... 44 2.12.2 Inversores ............................................................................................................... 48 2.12.3 Medidor .................................................................................................................. 50 3 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................... 51 3.1 Descrições do projeto do SFCR do IFCE-Campus Cedro .............................................. 53 3.3.1 Quantidade de módulos e potência total gerada por ambiente ................................ 53 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................ 56 4.1 Problemas encontrados ................................................................................................... 59 5 CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 60 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 61 16 1 INTRODUÇÃO Nos últimos tempos a preocupação com o impacto ambiental causado pelas tradicionais fontes de geração de energia, está levando os governantes e a sociedade a buscarem novas alternativas para geração de energia elétrica de forma que não haja agressão ao meio ambiente. Neste novo cenário mundial, as fontes que usam recursos naturais, tais como: sol, vento, chuva, marés e energia geotérmica vêm ganhando destaque e aumentando sua parcela na matriz energética mundial. Estas fontes de recursos renováveis além de causarem impactos ambientais menores evitam a emissão de gás carbônico na atmosfera (BERMANN, 2008; LEITE e GUERAVA, 2013). A sustentabilidade ambiental é um tema muito discutido presentemente, pois com o aumento da industrialização, do crescimento populacional, da urbanização e do consumo em massa de produtos industrializados, requer um bom planejamento e a inserção de novas fontes de energia, que sejam renováveis e impactem o mínimo possível ao meio ambiente. Diante disso, a humanidade está buscando atender as necessidades das gerações de energia na atualidade, sem vir a comprometer a capacidade das gerações futuras (IPEA, 2010). Neste contexto, é necessário que a sociedade sinta-se motivada e mobilizada de exigir dos governos a implementação de políticas públicas que visem inovações na utilização dos recursos naturais para a geração de eletricidade, buscando novas fontes de energia mais eficientes no ponto de vista ambiental promovendo uma maior diversificação da matriz energética (FREITAS, 2011; JACOBI, 2003). Dentre os recursos naturais disponíveis na natureza, a radiação solar se destaca por ser abundante e gratuita, sendo essas algumas das vantagens que estão motivando diversos países do mundo a investirem nessa fonte renovável para a geração de eletricidade, pois esse tipo de energia não polui o meio ambiente, sendo uma energia limpa o que reduz significativamente os gases causadores do efeito estufa (CNI, 2007). No Brasil, a produção de eletricidade ainda é proveniente na sua maior parte, das usinas hidroelétricas correspondendo a 75% da potência instalada, além disso, no país existe exploração de urânio para utilização de usinas nucleares, gás natural e derivado de petróleo utilizado nas termoelétricas e seguindo a nova tendência energética mundial, o país vem investido nas fontes de recursos renováveis tais como, energia eólica e energia solar (BRONZATTI e NETO, 2008). 17 O Brasil, por ser um país localizado na sua maior parte na região intertropical, possui grande potencial para aproveitamento de energia solar durante todo ano, a exemplo, se tem a região Nordeste, onde o sol está presente na maior parte do ano. A utilização da energia solar traz benefícios em longo prazo para o país, viabilizando o desenvolvimento de regiões remotas onde o custo da eletrificação pela rede convencional é demasiadamente alto com relação ao retorno financeiro do investimento (TIBA, 2000; PEREIRA et al., 2006). No entanto, os investimentos neste tipo de geração requerem um capital inicial elevado, devido à tecnologia empregada na fabricação dos painéis fotovoltaicos implicando num alto custo. Com isso, se necessitam de investimentos na concepção de novas tecnologias para se reduzir tais custos e aumentar a o aproveitamento deste recurso renovável. Apesar do elevado custo na implantação de sistemas que aproveitam a radiação solar para geração de energia elétrica, nos últimos anos, os investimentos neste tipo de geração vêm se tornando cada vez mais atrativos para o consumidor, em alguns estados brasileiros já existem investimentos nesta área principalmente em residências, em virtude da resolução normativa n° 482 de 17 de abril de 2012 da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), que estabelece as condições gerais para o acesso a microgeração e minigeração permitindo que os consumidores residenciais injetem a energia, obtida a partir de sistemas de geração isolados, na rede elétrica em troca de bônus em quilowatt- hora (kWh) na conta de energia. Dessa forma, a geração de energia fotovoltaica torna-se um bom investimento para os consumidores residenciais que conseguem recuperar o investimento inicial do sistema através da redução do consumo de energia elétrica (ANEEL, 2012). Diante das barreiras ainda encontradas para a utilização deste tipo de energia no Brasil, este estudo tem como objetivo enfatizar a importância da energia solar como alternativa na produção de energia elétrica e baseado neste aspecto elaborar uma proposta de implementação de um sistema fotovoltaico conectado a rede elétrica do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará - Campus Cedro (IFCE-Campus Cedro), que funcionará na estrutura de geração e compensação, onde injetará a energia produzida excedente na rede da concessionária COELCE (Companhia Energética do Ceará) e em contrapartida receberá créditos através de descontos na fatura de energia elétrica no mês seguinte. 18 1.1 Justificativa Este trabalho foi motivado pela busca de incentivar a utilização de sistemas de produção de energia elétrica conectado a rede que utilize como fonte de energia a radiação solar para a geraçãode eletricidade, diminuindo os impactos ambientais no processo de geração, bem como, abordar os desafios no investimento e as vantagens da utilização da energia fotovoltaica na geração de eletricidade. Suprir as cargas elétricas existentes no local com segurança ao sistema elétrico da concessionária e a redução na conta de eletricidade com a injeção da energia excedente produzida na rede elétrica (SILVA, 2014). 1.2 Objetivos Gerais Desenvolver um projeto que aproveite a irradiação solar para geração de energia elétrica em um sistema fotovoltaico conectado a rede no IFCE-Campus Cedro, funcionando na estrutura de geração e compensação junto à rede elétrica da COELCE. 1.2.1 Objetivos específicos • Mostrar as vantagens da utilização da energia solar na geração de energia elétrica; • Apresentar a estrutura de um sistema fotovoltaico conectado à rede; • Abordar as legislações vigentes para a instalação de sistemas conectados a rede; • Reduzir a conta de eletricidade com o sistema de compensação de créditos; • Calcular a quantidade necessária dos dispositivos que irão compor o sistema; • Determinar as áreas onde se localizaram os dispositivos. 19 2 EMBASAMENTO TEÓRICO Esse capítulo irá dividir-se da seguinte forma: de início será abordado o tema sustentabilidade ambiental dando continuidade ao assunto vem as principais negociações internacionais sobre mudanças climáticas e ações que foram tomadas visando minimizar o efeito estufa no planeta, após será descrita a relação da energia com o meio ambiente onde é feita uma abordagem histórica, em seguida é exposto o tema energia proveniente do sol trazendo os benefícios e peculiaridades do aproveitamento desta fonte. É feita também, uma exposição da energia solar térmica e energia solar fotovoltaica, logo após, é feita uma análise da matriz energética mundial e brasileira, bem como, o futuro da energia solar no cenário mundial e brasileiro, dando seguimento faz-se uma descrição do efeito fotovoltaico e da característica de um sistema fotovoltaico trazendo os principais tipos de sistemas existentes, em seguida são expostas as legislações vigentes que regularizam os sistemas conectados a rede no Brasil e finalizando é realizada a abordagem dos tipos de componentes utilizados em um sistema fotovoltaico conectado a rede onde é descrito seu funcionamento, construção física, bem como suas principais características. 2.1 Sustentabilidade Ambiental De acordo com autor Siche et al. (2007), o termo sustentabilidade deriva da palavra em latim “sustentare”, que significa suster, sustentar, suportar, conservar em bom estado, manter, resistir, desta forma, sustentável é tudo aquilo capaz de ser suportado ou mantido. A sustentabilidade ambiental define-se como a capacidade de uso dos recursos existentes dos ecossistemas implicando na mínima deterioração do meio ambiente, ou seja, deve-se fazer uso dos recursos naturais preservando-os para que haja uma recomposição dos ecossistemas para não comprometer as futuras gerações (SICHE, 2007; BARBOSA, 2008). Para Leite e Guerava (2013) as ações sustentáveis tomadas pela humanidade (economia de água e energia, não poluiu os rios, preservar as fauna e a flora, não desperdiçar alimentos e etc.) garantem ao planeta a médio e longo prazo ótimas condições para o contínuo desenvolvimento das diversas formas de vida no planeta, inclusive a vida do homem, garantindo também os recursos naturais básicos para as próximas gerações, possibilitando desta forma a manutenção dos recursos da natureza, tais como: florestas, matas, rios, lagos, oceanos e entre outros, proporcionando assim uma boa qualidade de vida. 20 2.2 Negociações internacionais sobre mudanças climáticas As mudanças climáticas ocasionadas pelas ações humanas, em busca do desenvolvimento industrial e tecnológico, e com o aumento do aquecimento global passaram a se tornar uma preocupação mundial. Tais motivos levaram a acordos internacionais que tinham como objetivo a adoção de medidas para minimização e redução dos impactos ambientais (REIS e CUNHA, 2006). Nos anos 70 a população mundial começou a voltar às atenções para a questão do desenvolvimento sustentável, onde buscavam meios de integrar o crescimento econômico com o meio ambiente. Com isso no de 1972, realizou-se a Conferência de Estocolmo, na Suécia, que tinha por objetivo a conscientização da sociedade acerca das agressões provocadas pelo o homem ao meio ambiente. A Conferência das Nações Unidas realizada na cidade sueca de Estocolmo foi à primeira atitude promovida a nível mundial que trouxe a questão da preservação do meio ambiente, sendo considerado um marco histórico-político internacional que iniciou a busca de soluções para as mudanças climáticas que o planeta sofria, buscando atender as necessidades da população sem a comprometer as gerações futuras (MARCATTO e LIMA, 2013). No ano de 1988 foi realizado na cidade de Toronto no Canadá a Conferência Mundial sobre Mudanças Atmosféricas, onde foi estabelecido o Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (Intergovernamental Panelon Climate Change – IPCC). Em 1990 este mecanismo de caráter cientifico, elaborou seu primeiro relatório, tendo como objetivo alertar a população mundial sobre o aquecimento do planeta, sendo a principal causa deste o problema da emissão do CO2 (Dióxido de Carbono) emitidos pela queima de combustíveis fósseis, após cinco anos o IPCC elaborou seu Segundo Relatório sugerindo evidências que indicam uma nítida influência do homem sobre o clima (MACHADO et al., 2006). Em 1992 a Conferência das Nações Unidas sobre o meio ambiente e desenvolvimento, conhecido como Rio-92, foi realizado na cidade do Rio de Janeiro no Brasil, contando com a participação de 160 líderes de Estado que assinaram a Convenção Marco sobre Mudanças Climáticas, onde foram estipuladas metas para que os países industrializados permanecessem no ano de 2000 com os mesmos índices de emissão de CO2 do ano de 1990, chegou-se à conclusão que todos os países independentemente do tamanho deveriam ter a responsabilidade de conservar e preservar o meio ambiente, porém o compromisso assumido no Rio-92 não foi honrado, principalmente por os países industrializados como Estados 21 Unidos, Rússia, Japão, Alemanha entre outros, ocorreu inclusive um crescimento das emissões de CO2 (NOVAES, 1992; MACHADO et al., 2006). Com a preocupação do aumento da emissão dos GEE (Gases do Efeito Estufa) no ano de 1997 foi realizada na cidade de Kyoto (cidade que deu nome ao Protocolo) no Japão, a 3ª Conferência das Partes das Nações Unidas (COP 3) como a participação de 160 países, tendo como objetivo discutir um instrumento legal que estabelecesse metas quantitativas para redução dos GEE, principalmente por parte dos países industrializados, bem como, criar formas de desenvolvimento menos impactantes para os países em desenvolvimento. O Protocolo de Kyoto obriga os países industrializados a reduzirem as emissões de gases em cerca de 5,2% em relação ao ano de 1990, no período de 2008 a 2012 (ANDRADRE e COSTA, 2008; MACHADO et al., 2006; MATTER, 2013). No final do mês de maio de 2012 foi realizada a Conferência sobre Mudanças Climáticas em Bonn, Alemanha, onde novos acordos foram firmados para a elaboração de um novo protocolo (MARCATTO E LIMA, 2013). Os países da União Europeia sugeriram que fossem seguidos os temas abordados na COP-17 (17ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre o Clima), realizada no ano de 2011 em Durban, na África do Sul, que contou com a participação de mais de 190 países, onde se comprometerama desenvolverem ações para reduzir o aumento da temperatura do planeta. Um dos temas abordados foi à possibilidade da prorrogação do Protocolo de Kyoto, onde os países se empenhariam na criação de um novo mecanismo para minimizar os problemas decorrentes das mudanças climáticas até o ano de 2015, assim surgiu a Plataforma de Durban, que lançou um acordou contra as emissões de gases do efeito estufa, tendo o envolvimento dos Estados Unidos e China, os dois maiores poluidores do mundo, o projeto foi uma conquista no ponto de vista ambiental, apesar de que o prazo estabelecido para alcançar as metas seja após 2020 (AIDAR, 2012). Com fim do prazo do Protocolo de Kyoto (2008 - 2012) os países industrializados e emergentes entraram em um novo ciclo de acordos internacionais, visando reduzir as emissões dos gases causadores do efeito estufa entre 2013 e 2020. Este segundo período do Protocolo foi discutido na 18ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (COP 18), realizada no final de novembro 2012, em Doha, Qatar, para a maioria dos participantes da Conferência os avanços das negociações em temas como, a Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal, foi reduzida em função das discussões sobre o Protocolo de Kyoto, mesmo assim países como Rússia, Nova Zelândia, Canadá e Japão, não aceitaram as novas metas para redução de emissões de CO2. A 22 expectativa destes acordos é que as nações se esforcem em criar formas de reduzir as ações que degradam o meio ambiente e busquem adotar produtos renováveis para alcançar as metas estabelecidas dentro do prazo estipulado (MUDANÇAS CLIMÁTICAS: AÇÕES GLOBAIS PRECISAM SER EFETIVAS, 2013). 2.2.1 Aquecimento global e Mecanismo de Desenvolvimento Livre (MDL) Conforme define Reis e Cunha (2006, p. 9): O “aquecimento global” ou “aumento do efeito estufa” é o resultado do aumento da temperatura na baixa atmosfera. A baixa atmosfera é normalmente aquecida pela entrada de radiação da alta atmosfera (do Sol), da qual uma parte é normalmente refletida pela superfície da Terra. O aumento da temperatura na atmosfera causada pelo aumento das emissões de gases como o CO2, CH4 (Metano), NO2 (Dióxido de Nitrogênio) entre outros, vem nas últimas décadas provocando grandes impactos ao meio ambiente, tais como, o desgelo das calotas polares, o aumento no nível dos oceanos e significativas mudanças climáticas regionais, como, os longos períodos de estiagem em algumas regiões; diminuição da biodiversidade devido à extinção de espécies; aumento da desertificação; aumento de ciclones tropicais; impacto econômico na agricultura causado pelas perdas na produção de alimentos, entre outros. No entanto, a presença destes gases em níveis adequados na atmosfera terrestre são responsáveis por refletir a radiação infravermelha que associada à reflexão terrestre, faz com que a temperatura do planeta mantenha-se em níveis adequados para o desenvolvimento da vida (ANDRADRE e COSTA, 2008; REIS e CUNHA, 2006; MACHADO et al., 2006). O aumento do efeito estufa vem sendo umas das questões mais debatidas nas últimas décadas, sendo abordadas principalmente pelo o Protocolo de Kyoto, que por sua vez enfrentou grandes dificuldades até a sua implantação, devido barreiras impostas pela não assinatura dos Estados Unidos, responsável pela produção de mais de 35% dos GEE (Gases do Efeito Estufa) no ano de referência do Protocolo de 1990. Com a recursa dos Estados Unidos em assinar o compromisso à efetiva implantação do Protocolo veio sendo prologado até o final do ano de 2004, quando houve uma retificação e adesão da Rússia, responsável por emitir 17% dos GEE na atmosfera, com adesão dos russos a implantação efetiva do compromisso efetivou-se no início de 2005. Além da redução dos gases causadores do efeito estufa o compromisso assinado em Kyoto traz também o chamado Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) que diz respeito aos países em desenvolvimento, este mecanismo originou-se de uma proposta do Brasil durante a Conferência de Kyoto, o MDL é 23 um mecanismo flexível que permite aos países desenvolvidos atingirem parte do acordo firmado em Kyoto, com implantação de projetos em países em desenvolvimento capazes de reduzir as emissões dos GEE, ou seja, se os países industrializados excederem a cota de emissão dos GEE poderá comprar o direito a esse excesso com o investimento em projetos nos países em desenvolvimento que estejam abaixo da cota, fazendo que desta forma reduza as emissões dos gases poluentes causadores do efeito estufa. (ANDRADRE e COSTA, 2008; REIS e CUNHA, 2006). 2.3 Energia e Meio Ambiente Na antiguidade o homem usava recursos energéticos disponibilizados pela natureza e conseguia suprir suas necessidades cotidianas, isso porque havia um consumo moderado de energia, o comércio era limitado e a infraestrutura de transporte limitava-se a regiões mais desenvolvidas (GOLDEMBERG e LUCON, 2007). Segundo Reis e Cunha (2006) com passar dos anos e com desenvolvimento urbano surgiu à necessidade da utilização de uma quantidade maior de recursos energéticos em virtude do crescimento do comércio, transporte, calefação entre outros, desde então começaram a surgir eventos que começaram a agredir o meio ambiente, principalmente, em decorrência do início da indústria que intensificou a capacidade de produção de produtos manufaturados e a difusão das trocas, trazendo uma necessidade maior da utilização da energia térmica, obtida principalmente pelo uso da madeira, ocasionando o desaparecimento desse recurso, devido a grande demanda de seu uso, em algumas regiões. Com a Revolução Industrial no início século XIX teve-se um aumento no consumo do carvão mineral em decorrência do uso da máquina a vapor o que possibilitou a inserção de produtos manufaturados no mercado. Com o crescente desenvolvimento dos centros urbanos e a industrialização, necessitou-se usar quantidades ainda maiores de carvão, além do emprego de petróleo e gás, principalmente, para a geração de eletricidade obtida pela transformação de energia térmica, consequentemente, ocasionando um aumento no consumo de energia e trazendo mais impactos ao meio ambiente (GOLDEMBERG e LUCON, 2007). No fim do século XIX, o petróleo e seus derivados começaram a substituir o carvão mineral, tornando-se a fonte de geração de energia dominante no século XX, principalmente com o desenvolvimento do setor industrial automobilístico, passando atuar no desenvolvimento e na modernização da humanidade (COSTA e PRATES, 2005; GOLDEMBERG e LUCON, 2007). 24 A produção de energia baseada nas fontes fósseis geram emissões de poluentes, gases de efeito estufa, causando desta forma, danos ambientais ao planeta. Em virtude dos malefícios causados neste processo e a escassez da oferta de combustíveis fósseis, vem levando os estudiosos a buscarem novas ideias de fontes de energia alternativas para a produção de energia que ajudassem a suprir o crescente consumo por energia, no século XXI, e conciliasse o respeito ao meio ambiente, provocando a inserção das fontes renováveis na matriz energética mundial (GONÇALVES, 2005; PACHECO, 2006). As fontes de energia alternativa ou renováveis se caracterizam por não determinar um limite de tempo a sua utilização, pois não emitem gases poluentes responsáveis do efeito estufa, os recursos energéticos renováveis estão disponíveis localmente, reduzem as emissões de CO2 para atmosfera entre outros benefícios, sendo consideradas fontes de energias limpas ou verde (GALDINO et al., 2009;SOUSA et al., 2005). A maior parte das energias renováveis é originária da radiaçãosolar, que por sua vez, é a fonte primária de quase toda energia disponível no planeta, sendo praticamente inesgotável, é responsável pelo desenvolvimento e manutenção da vida na terra (PINHO e GALDINO, 2014). 2.4 Energia proveniente do Sol A energia do sol incidente na superfície terrestre é 10.000 vezes superior ao consumo global atual de energia primária (BRITO, 2003). O aproveitamento desta energia é uma das alternativas energética mais vantajosa para a humanidade, pois se trata de um recurso limpo e abundante, renovável, não poluente e não prejudica os ecossistemas (PACHECO, 2006 e PEREIRA et al., 2006), podendo ser usada como fonte de calor e luz (LAFAY, 2005). Através da energia solar acontece: a evaporação e a condensação; responsáveis pelos ciclos das águas, possibilitando o represamento dos rios que são usados na geração hidroelétrica; a indução á circulação atmosférica em larga escala, ocasionando os ventos, que são aproveitados para a geração eólica; as correntes marítimas, usada na geração maré motriz e etc., (GOLDEMBERG e LUCON, 2007; GALDINO et al., 2009). O sol emite energia em todas as direções, sendo uma fração desta desprendida. A terra recebe cerca de 1,5×1012 gigawatt-hora (GWh) de potência durante o ano. Parte da energia solar incidente na atmosfera do planeta é refletida, espalhada ou absorvida pelas moléculas de ar, nuvens e partículas em suspensão, conforme a Figura 01, a radiação que não é absorvida, refletida ou espalhada e atravessa em linha reta para a superfície terrestre é chamada e 25 radiação solar direta. Já a radiação que chega a superfície terrestre e é espalhada é chamada de radiação solar difusa (BRITO, 2003; LOYS, 2012; PINHO et al., 2008). Figura 01 - Direções dos raios solares ao nível do solo . Fonte: Brito, 2003. Vale ressaltar que a radiação que chega à superfície terrestre sofre alternâncias devido às variações regulares diárias e anuais, ao movimento aparente do sol, além das variações irregulares causadas pelas condições climáticas (nuvens e chuvas), com isso, deve-se selecionar um sistema apropriado para estoque da energia resultante do processo de conservação, conforme afirmam os autores Brito (2003) e Pinho et al., (2008). O uso da energia solar traz benefícios para o meio ambiente como, a viabilidade da oferta de energia em períodos de estiagem, diminuindo o uso de petróleo e seus derivados e consequentemente reduzem-se as emissões de gases poluentes á atmosfera, possibilita a utilização de sistemas fotovoltaicos para geração de energia elétrica podendo ser ligados a rede ou autômatos, o uso da energia solar térmica através de sistemas de aquecimento de água entre outros (PEREIRA et al., 2006). 2.5 Energia solar térmica O uso da energia solar em sistemas de aquecimento de água em residências e indústrias vem difundindo-se por todo mundo, principalmente em países como França, Estados Unidos, Israel, Índia, Canadá entre outros, tendo uma economia significativa no consumo de eletricidade usado neste processo (SOUZA e BEZERRA, 2000). Para utilizar este tipo de energia é necessário saber capta-la e armazena-la, sendo necessário dispor de equipamentos específicos que utilizem a energia solar térmica. Os 26 equipamentos difundidos no mercado são os coletores solares, usados na captação da energia irradiada pelo o sol convertendo em calor útil, usado para aquecer os fluidos (líquidos ou gasosos), a transferência de energia se dá a uma distancia da fonte de energia radiante e o fluido (LAFAY, 2005; PINHO e GALDINO, 2014). Existem duas classes de coletores solares, os coletores de concentração e os planos. Os coletores solares de concentração são usados para obter temperaturas elevadas entre 100 e 400°C podem ser aplicados em acionamentos de turbinas a vapor e posteriormente gerar energia elétrica. Seu principio de funcionamento baseia-se na focalização da energia proveniente do sol para o absorvedor que possui uma área pequena que reduz as perdas térmicas do processo, visto que, a energia radiante do sol necessita focalizar o absorvedor é preciso que os coletores acompanhem a movimentação do sol, requerendo assim, um dispositivo motorizado de rastreamento de sol, sendo que o mesmo possui um valor elevado, é complexo e necessita de manutenções. Já os coletores planos são aplicados em sistemas que requerem temperaturas inferiores a 100°C podem ser usados em aplicações residenciais e comerciais como, aquecimento de água para banho, para secagem de grãos, aquecimento de água para limpeza em hospitais e hotéis e etc., isto visa reduzir o consumo de energia elétrica ou gás. Possui uma fabricação simples requerendo poucas manutenções devido a inexistências de partes móveis. A parte destinada a absorver é a própria superfície da placa, este tipo de coletor é composto por uma placa absorvedora, tubulação onde o fluido possa escoar e realizar as trocas de calores, cobertura transparente e isolamento térmico (LAFAY, 2005; SOUZA, SOUZA MIRANDA e SILVA, 2010; PINHO e GALDINO, 2014). 2.6 Energia solar fotovoltaica O efeito fotovoltaico é aquele capaz de transformar a energia luminosa do sol em eletricidade. Foi observado pela primeira vez em 1939 por Edmond Becquerel, onde constatou que placas metálicas, de platina ou prata, imersas num eletrólito (substância que se dissolve para dar uma solução que conduz eletricidade), produziam uma diferença de potencial em suas extremidades quando expostas a luz. Tempos depois, em 1877 os inventores americanos, W. G. Adams e R. E. Day, desenvolveram o primeiro aparato fotovoltaico advindo dos estudos de estrutura de estados sólidos, para isso eles aproveitaram as propriedades foto condutoras do selênio para desenvolver o dispositivo sólido de produção de eletricidade por exposição à luz. A invenção continha um filme de selênio colocado em um substrato de ferro e um segundo filme semitransparente de ouro, servindo de contato frontal. 27 No entanto, o dispositivo apresentou uma baixa eficiência de conservação de energia solar em elétrica sendo na ordem de 0,5%. O desenvolvimento da energia fotovoltaica esperou as grandes descobertas cientificas do século XX, principalmente a explicação do efeito fotoelétrico por Albert Einstein em 1905, o surgimento da mecânica quântica e, em particular, a teoria de bandas e a física dos semicondutores, bem como, as técnicas de purificação e dopagem associadas ao o transístor de silício (LOYS, 2012; VALLÊRA, 2006; ZILLES, 2003; PINHO e GALDINO, 2014). Com a evolução dos estudos dos comportamentos de diversos materiais expostos à luz os cientistas do Bell Labs (Bell Laboratories), Daryl Chapin, Calvin Fuller e Gerald Pearson no ano de 1954 desenvolvem a primeira célula fotovoltaica de silício, que possuía uma eficiência recorde para época de 6%, o dispositivo tinha a capacidade de converter energia solar em eletricidade suficiente para alimentar equipamentos elétricos. Diante dos resultados e logo após o Pentágono autorizar a publicação, a primeira célula solar foi apresentada na reunião Anual da National Academy of Sciences, em Washington, sendo os resultados submetidos para publicação no Journal of Applied Physics. Na cidade de Americus, no estado americano da Geórgia, foi realizada a primeira aplicação das células solares (Figura 02), desenvolvida pelos os cientistas do Bell Labs, o painel continha nove células com 30 mm de diâmetro, foi usado para alimentar uma rede telefónica local, os painéis ficaram instalados de outubro de 1955 á março de 1956 (GREEN, 2005; VALLÊRA, 2006; PINHO etal., 2008). Figura 02 - Aplicação da primeira célula solar em uma rede telefônica na cidade Americus, no estado americano da Geórgia. Fonte: Vallêra, 2006. Logo se compreendeu que o elevado custo das células solares seria uma das barreiras na sua utilização e apenas seria viável economicamente em aplicações especificas, como por 28 exemplo, produzir eletricidade no espaço. O primeiro satélite, o Sputnik, foi lançado em 1957, este evento é tido como o marco inicial na corrida ao espaço entre os Estados Unidos e a União Soviética (WOLF, 1960). Em 1958, a NASA (National Aeronautic sand Space Administration), em português, (Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço), aceitou usar células solares, como back-up de uma pilha convencional, no Vanguard I, a pilha falhou, mas os painéis de aproximadamente 100 cm², produzia aproximadamente 0,1W (Watts) manteve o transmissor de 5mW (miliwatts) funcionando durante oito anos. Após o experimento a viabilidade, durabilidade e baixo custo, o programa espacial norte-americano adotou as células solares como fonte de energia dos seus satélites e até os dias hoje essa é a fonte mais adequada para estas aplicações (Figura 03) (PINHO et al., 2008). Figura 03 - Satélite em orbita com painéis fotovoltaicos. Fonte: Veissid e Burel, 2011. Com o impulso da utilização de painéis fotovoltaicos em satélites e o desenvolvimento de células solares cada vez mais eficientes o mercado fotovoltaico vem se tornando comuns em aplicações residenciais, sinalização marítima, eletrificação de zonas rurais dentre outros. Se os anos sessenta levaram a motivação no desenvolvimento das células solares mais eficientes, porém não necessariamente mais econômicas, foi nesta mesma década que surgiram as primeiras aplicações terrestres, como exemplo as células da SOLAREX, uma empresa de Jospeh Lindmeyer, que começou a produzir painéis fotovoltaicos usados em sistemas de telecomunicações remotos e boias de navegação. Este era o tipo de aplicação especifica até então economicamente viável, devido à inexistência de fontes de energia alternativas à eletricidade solar. Com a crise mundial do petróleo entre 1973 e 1974, o preço do petróleo quadruplicou, levando os estudiosos a buscarem novas formas de produção de energia e acabou proporcionando um súbito investimento em programas de investigação para reduzir o custo de produção das células solares em aplicação terrestre com objetivo de suprir o 29 fornecimento de eletricidade para programas militares em áreas remotas. O grande empecilho na utilização em larga escala da energia solar fotovoltaica era o alto preço das células fotovoltaicas. Estimasse-se que as primeiras células foram fabricadas a um preço de US$ 600/Wp (watts pico) para o programa espacial (KOLTUN, 1996; PINHO et al., 2008; LOYS, 2012; VALLÊRA, 2006). 2.7 Matriz energética mundial Majoritariamente os insumos energéticos usados pelo setor industrial no mundo ainda são originários de fontes não renováveis como, petróleo, gás natural e carvão. Estes combustíveis fósseis são grandes emissores de gases de efeito estufa, principalmente o dióxido de carbono (CO2), causando uma elevação da temperatura do planeta e de mudanças climática (CNI, 2007; VENTURA FILHO, 2009). A contínua dependência da indústria por combustíveis fósseis e a preocupação dos impactos ambientais causadas por as mesmas está levando os governos mundiais a analisarem a inserção de fontes limpas e renováveis em suas matrizes energéticas. Segundo a International Energie Agency (AIE) (Agência Internacional de Energia) o setor de energia foi responsável por emitir cerca de dois terços das emissões de CO2 em 2012, destacando a necessidade de inovação em tecnologias de energias limpas no combate as mudanças climáticas ocasionadas pelos altos níveis de emissões de gases do efeito estufa (AIE, 2015). A Organisation for Economic Co-operation and Development (OECD) (A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) elaborou um parecer técnico para o ano de 2015, onde mostra que a utilização do gás natural e do petróleo teve uma redução de 4% na Europa, onde o abastecimento de gás natural foi de cerca de 10% menor que em 2013, impulsionada por inverno mais ameno. O gás natural teve reduções maiores de 10% em vários países consumidores importantes, como a Alemanha, França, Itália, Holanda, Espanha e Bélgica. Na República Eslovaca, a queda foi de quase um terço. Na Ásia e Oceania a redução foi de 3% para o Japão, onde a oferta de petróleo era de cerca de 5% nível menor do que em 2013, devido a menores níveis de geração de eletricidade a partir do petróleo. As Américas em vez disso registram um aumento de 0.8% ao ano (Figura 04) (AIE, 2015). 30 Figura 04 - Índices de fornecimento de energia com utilização de gás natural e petróleo entre 2013 e 2014. Fonte: AIE, 2015. Com a redução dos combustíveis fósseis na geração de eletricidade, outras fontes, principalmente a energia solar fotovoltaica, eólica e biocombustíveis, obteve um aumento de 8% proporcionando em 2014 mais de 1000 TWh (terawatts-hora). Nos últimos dez anos a geração de eletricidade renovável não-hidráulica cresceu, trazendo contribuições de 9% da produção total em 2014, comparando com os 13% de geração hidroelétrica. Na Europa o desenvolvimento de geração de energia com fontes renováveis aumentou, a energia eólica obteve um percentual de 7% em 2014, os biocombustíveis de 4% e a energia solar fotovoltaica de 3%, conforme mostra a Figura 05. Figura 05 - Geração de eletricidade com fontes renováveis não- hidráulica no de 2014. Fonte: AIE, 2015. 31 Mesmo com o aumento dos índices das fontes renováveis na matriz energética mundial, a porcentagem de eletricidade gerada com combustíveis fósseis não variou muito desde 1985, a produção de energia elétrica em 2014 mostrou que 59% foram provenientes de combustíveis de origem fóssil (Figura 06). Figura 06-Geração de eletricidade por fontes ano de 2014. Fonte: AIE, 2015. 2.8 Matriz energética brasileira O Brasil é um dos países do mundo que mais possui capacidade de geração de eletricidade renovável, tendo como destaque a geração hidroelétrica. A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) elaborou o Balanço Energético Nacional (BEN) no ano de 2015 com dados base do ano de 2014, destacando que a geração de energia elétrica nos pais em centrais de serviço público e autoprodutores atingiu 570,0 TWh em 2013, resultado 3,2% superior ao de 2012. As centrais elétricas de serviço público, com 84,9% da geração total, permanecem como principais contribuintes. A geração hidráulica apresentou uma redução de 5,9% em comparação com o ano anterior, isso se deve principalmente aos grandes períodos de estiagem que estão ocasionando a redução dos reservatórios no país. A geração elétrica proveniente de combustíveis fósseis representou 20,7% do total nacional, contra 15,5% registrados em 2012. A Figura 07 destaca a estrutura da oferta interna de eletricidade no país em 2013. A matriz energética brasileira se demonstra em sua maior parte renovável, com a geração hidráulica de 70,6%. 32 Figura 07 - Oferta de eletricidade por fonte no Brasil em 2014. Fonte: EPE, 2014. Além da capacidade hidráulica para geração de eletricidade, o Brasil possui uma imersa capacidade de geração eólica esolar. O estado do Ceará em 2014 deteve uma proporção de geração eólica de 30,9%, seguido do Rio Grande do Norte com 30,8%. O estado do Piauí por sua vez teve a maior expansão com 357% em relação ao ano de 2013 (MME, 2015). O Brasil por esta localizada em uma área privilegiada da região intertropical possuindo grande capacidade de geração de energia através da energia solar fotovoltaica. Estudos apontam que a radiação solar no país varia de 8 a 22 MJ/m2(mega joule por metro quarado) durante o dia, sendo que as menores variações ocorrem nos meses de maio a julho, quando a radiação varia de 8 a 18 MJ/ m (mega joule por metro) (Figura 08). Figura 08–Índices de radiação solar no território brasileiro . Fonte: Tiba, 2000. 33 A região nordeste do país possui valores da radiação solar diária, médias e anuais comparáveis às melhores regiões do mundo como, como a cidade de Dongola, no deserto do Sudão, e a região de Dagget no Deserto de Mojave, Califórnia. Possuindo variações sazonais menores, podendo resultar em importantes vantagens técnicas e econômicas dos sistemas solares instalados nesta região. Porém este potencial ainda é pouco aproveitado no país (TIBA, 2000; PEREIRA et al., 2006). A Figura 09 ilustra a Oferta Interna de Energia Elétrica (OIEE) em 2014, observam-se nos números abaixo da figura as vantagens comparativas de 74,6% de fontes renováveis na matriz elétrica brasileira, contra apenas 23,6% na média mundial, e 23,1% no bloco OCDE (Europa, América do Norte, Japão e Austrália) (MME, 2015). Figura 09-Oferta Interna de Energia Elétrica no Brasil 2014. Fonte: MME, 2015. Na imagem acima, observa-se que a geração de energia solar é pequena em relação a outras fontes renováveis com apenas 0,0035% em terras brasileiras. 2.9 Perspectivas futuras para a energia fotovoltaica no mundo A energia solar fotovoltaica está começando a desempenhar um papel importante na geração de eletricidade em alguns países, particularmente na Europa, enquanto os preços mais baixos estão abrindo novos mercados da África e do Oriente Médio para a Ásia e América Latina (REN 21, 2014). De acordo com Relatório Estado Global das Renováveis (Renewables2014 Global Status Report) (2014), elaborado pela Renewable Energy Policy Network for the 21st Century (Rede de Políticas de Energia Renovável para o Século 21), o mercado fotovoltaico alcançou um recorde em 2013, com a entrada em operação de 39 GW 34 (Giga Watts). A China teve um crescimento espetacular, representando quase um terço da capacidade mundial, seguido pelo Japão e os Estados Unidos. Segundo um estudo desenvolvido pela European Photovoltaic Industry Association (EPIA) (Associação Europeia da Indústria Fotovoltaica) aponta que existirão vários cenários favoráveis para implementação da energia solar fotovoltaica entre os anos de 2020 e 2030. O cenário base prevê um percentual de 4% da procura de eletricidade na UE (União Europeia) fornecida pelos painéis fotovoltaicos em 2020, representando cerca de 130 GW de capacidade cumulativa até 2020. Em 2030, poderia representar até 10% da procura de eletricidade. Com expectativa da aceleração deste mercado prevê-se que 8% da demanda representarão cerca 200 GW de capacidade cumulativa em até 2020. Em 2030 a energia solar fotovoltaica poderá ter um aumento de até 15% na demanda de eletricidade (EPIA, 2014). 2.9.1 Perspectivas futuras para a energia fotovoltaica no Brasil O Plano Nacional de Energia 2030 (PNE 2030) publicado em 2007 prevê o interesse em manter a elevada participação das fontes renováveis na matriz energética brasileira e a diversificação das fontes primárias de abastecimento, concentrou-se o estudo de outras fontes as renováveis com maior potencial para o país. O Governo Federal criou o Programa de Desenvolvimento Energético de Estados e Municípios (PRODEEM), no de 1994, com objetivo de promover a aquisição de sistemas fotovoltaicos por meio de licitações internacionais. Foi instalado o equivalente a 5 MWp (megawatts pico) em aproximadamente 7.000 comunidades em todo Brasil. O PRODEEM foi incorporado ao Programa Luz para Todos objetivando atender localidades remotas, para as quais a extensão da rede de distribuição possui um custo muito alto. De acordo com o Relatório da Administração da Eletrobrás de 2009, ao todo foram instalados 2.046 sistemas fotovoltaicos desde 2004. Atualmente o potencial de expansão da geração elétrica a partir de energia solar fotovoltaica tem como destaque o PROINFA (Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica). No caso da energia solar, a tecnologia é bem avançada, mas não se aplica para geração elétrica, apesar da importância no sistema elétrico para modulação da carga nos horários de ponta. A energia fotovoltaica pode ser aproveitada para geração elétrica, tanto em sistemas isolados, onde desfruta de um mercado que continuará a crescer segundo as expectativas do PNE 2030, porém com provável entrada, mais acentuada, no fim do horizonte do estudo (EPE, 2007; FRANCO, 2013; PERLOTTI et al., 2012). 35 2.10 O efeito fotovoltaico O efeito fotovoltaico é a transformação direta da luz em energia elétrica, dado em materiais denominados semicondutores caracterizados pela presença de bandas de energia onde é permitida a presença de elétrons (banda de valência) e de outra onde totalmente “vazia” (banda de condução), ou seja, decorre da excitação dos elétrons de alguns materiais na presença da luz solar (ou outras formas apropriadas de energia). O silício é o material mais usado para realizar a conversão da radiação solar em energia elétrica, os quais são usualmente chamados de células solares ou fotovoltaicas. A eficiência de conversão das células solares é medida pela proporção da radiação solar incidente sobre a superfície da célula que é convertida em energia elétrica. Os átomos dos semicondutores como silício se caracteriza por possui quatro elétrons na camada de valência que podem se ligar a elétrons de materiais vizinhos, formando desta forma uma rede cristalina. Além do silício outros materiais são usados no processo de conversão de luz em eletricidade como, o arsenieto de gálio, telurieto de cádmio ou disselenieto de cobre e índio. No entanto, a célula de silício cristalina é a mais comum, estimasse que cerca de 95 % de todas as células solares do mundo são de silício, numa posição próxima do oxigénio, é o segundo elemento químico mais abundante utilizado na terra. O silício apresenta-se originalmente como areia e com a utilização de técnicas obtém-se o silício em forma pura. O material utilizado nas células solares deve ser da maior pureza possível (BRITO, 2003; EPE, 2007; GREENPRO, 2004; NASCIMENTO, 2004). As células produzidas com silício cristalino não possuem elétrons livres tornando-se assim um mal condutor de eletricidade. Para contornar esta propriedade, são adicionadas diferentes impurezas ao cristal de silício, este método é conhecido como dopagem. A camada orientada para o sol é dopada com o fósforo para obter um material com elétrons livres ou materiais portadores de carga negativa (silício tipo N). Já a camada inferior está dopada com boro para obter cargas elétricas positivas tendo falta de elétrons ou material com cargas positivas livres (silício tipo P). As células solares são compostas por uma camada mais fina de material do tipo N e outra camada mais espessa do tipo P ao serem unidas, na junção denominada P-N é produzido um campo elétrico decorrente dos elétrons livres do silício tipo N que ocupam os vazios da estrutura do silício tipo P. Quando há a incidência da luz do solsobre a célula fotovoltaica os fótons colidem com outros elétrons da estrutura do silício fornecendo-lhes energia e transformando-os em condutores. Com a presença do campo elétrico na junção P-N, os elétrons fluem da camada “P” para a camada “N”. Por meio de um condutor externo, ligando a camada negativa à positiva, gerando se um fluxo de elétrons 36 (corrente elétrica) este processo continua enquanto tiver luz do sol incidindo na célula desta forma a intensidade da corrente elétrica é gerada na proporção da intensidade da luz solar incidente (Figura 10). Vale ressaltar que as células solares não armazenam energia elétrica ela apenas mantem o fluxo de elétrons estabelecidos num circuito elétrico enquanto houver incidência de luz sobre ela (GREENPRO, 2004; NASCIMENTO, 2004). Figura 10 - Processo de conversão da luz do sol em eletricidade. Fonte: Chavaglia Neto, 2010. 2.11 Sistema Solar Fotovoltaico Existem três classificações para um sistema solar fotovoltaico, divide-se em três categorias distintas, são eles, os sistemas isolados, híbridos e conectados a rede. Os sistemas obedecem a uma configuração básica mostrado na Figura 11, onde o sistema deverá ter uma unidade de controle de potência e também uma unidade de armazenamento (EPE, 2007; WANDERLEY, 2013). Figura 11- Configuração de um sistema solar fotovoltaico. Fonte: EPE, 2007. 37 Os sistemas fotovoltaicos possuem vantagens e desvantagens quando comparados a outros meios de geração de energia elétrica. Dentre as vantagens destacam-se a durabilidade; o baixo custo de manutenção, não utiliza combustível fóssil; descentralização da rede elétrica e redução da poluição ambiental entre outras. No entanto, possui desvantagens como, o alto custo inicial; potencia instantânea do sistema pode sofrer oscilação devida variações da radiação solar disponível; necessitam de acumuladores (no caso dos isolados), necessita de conscientização e treinamento do usuário, etc., (SILVA, 2010). 2.11.1 Sistema fotovoltaico isolado Os sistemas solar fotovoltaicos isolados ou sistemas autômatos ou off-grid, foram os primeiros sistemas a serem utilizados com a tecnologia fotovoltaica. Em geral são empregados onde não se tem disponibilidade de fornecimento de energia pela concessionária de energia local ou onde por questões estratégicas deseja-se mantê-lo isolado de outros sistemas energéticos. Geralmente este tipo de sistema necessita de alguma forma de armazenamento de energia, os equipamentos geralmente usados são as baterias ou os bancos de baterias responsáveis por acumular a energia elétrica proveniente da fonte fotovoltaica gerada durante os horários que há a incidência dos raios solares podendo usar a energia acumulada nos períodos onde a luz solar não está disponível (período da noite ou em dias de grande nebulosidade). Além do armazenamento de energia elétrica nas baterias existe o armazenamento em forma de energia potencial, quando se bombeia água para tanques em sistemas de abastecimento. Alguns sistemas isolados não necessitam de armazenamento, o que é o caso da irrigação, onde toda a água bombeada é diretamente consumida ou estocada em reservatórios, dentre outras aplicações. Para os sistemas que necessitam do acumulo de energia em baterias também são necessários outros dispositivos auxiliares que torna a sua aplicação um pouco mais cara que os sistemas conectados a rede. Os sistemas isolados são compostos geralmente por os módulos fotovoltaicos responsáveis pela conversão da energia solar em elétrica; o controlador de carga que tem como principal função não deixar que haja danos na bateria por sobrecarga ou descarga profunda é usado em sistemas pequenos, onde se empregam aparelhos de baixa tensão e de corrente contínua (CC); o inversor é usado na alimentação de equipamentos de corrente alternada (CA), este dispositivo geralmente incorpora um seguidor de ponto de máxima potência necessário para otimização da potência final produzida. Este sistema é usado quando se deseja mais conforto na utilização de eletrodomésticos convencionais, a implementação destes sistemas vem ganhando espaço no 38 mercado vindo a atender as áreas remotas que permanecem sem o fornecimento de eletricidade. As sucessivas evoluções tecnológicas e a diminuição dos custos de produção nos países industrializados, poderão também contribuir para a generalização deste tipo de aplicação (GREENPRO, 2004; EPE, 2007, SILVA, 2014; RÜTHER, 2000, GREEN, 2003, LOYS, 2012). A Figura 12 mostra o esquema simples de conexões de um sistema solar fotovoltaico isolado. Figura 12- Esquema de um sistema fotovoltaico isolado. Fonte: Silva, 2014. 2.11.2 Sistema fotovoltaico hibrido Os sistemas híbridos de geração de energia reúnem pelo menos duas fontes de geração distintas, como por exemplo, turbinas eólicas, geração diesel, módulos fotovoltaicos, biomassa entre outras. Caracterizam-se por serem desconectados da rede convencional e a utilização de várias formas de geração de energia elétrica torna-se complexa em função da necessidade de otimização do uso da mesma eficiência na entrega da energia ao usuário. Em geral, os sistemas híbridos são empregados para sistemas de médio a grande porte, atendendo um número grande de usuários. Por trabalhar com cargas de corrente contínua, o sistema híbrido também apresenta um inversor. Devido a grande complexidade de arranjos e multiplicidade de opções, a forma de otimização do sistema torna-se um estudo particular para cada caso (EPE, 2007; LOPES 2002; SILVA, 2014; LOYS, 2012; WANDERLEY, 2013). A Figura 13 apresenta um exemplo de um sistema fotovoltaico hibrido com energia fotovoltaica, eólica e através de combustíveis fósseis integrados ao mesmo sistema. 39 Figura 13- Esquema de um sistema fotovoltaico hibrido. Fonte: Silva, 2014. 2.11.3 Sistema fotovoltaico conectado a rede Os sistemas fotovoltaicos conectados a rede (SFCR) usam um grande número de painéis fotovoltaicos caracterizando-se por não utilizarem armazenamento de energia, pois toda a geração é entregue diretamente na rede, sendo esta uma fonte complementar ao sistema elétrico de grande porte ao qual está conectado. O arranjo deste sistema é conectado a inversores e logo em seguida diretamente a rede, sendo esta exigência necessária para manter a segurança para que a rede não seja prejudicada. Os inversores usados neste tipo de sistema devem atender exigências de qualidade e segurança como, como sistema anti-ilhamento, distorção harmônica em consonância com as normas aplicáveis, saída CA (corrente alternada) com forma de onda senoidal pura, proteções contra sobretensões e sobrecorrente, dentre outras, para que desta forma, a rede elétrica não seja afetada. A energia fornecida neste tipo de sistema pode ser fornecida à carga instalada. A energia que é gerada nos períodos de incidências solar e que não são utilizadas na instalação é injetada na rede elétrica da concessória local de energia, podendo ser vendida ou acumulada em forma de bônus na conta de energia elétrica conforme legislação do país (CÂMARA, 2011; SILVA, 2014; EPE, 2007; LOPES 2002). De acordo CÂMARA (2011) os SFCR podem divide-se em: de grande porte (centrais fotovoltaicas) ou de pequeno porte (descentralizadas e instaladas em edificações urbanas). No caso dos SFCR residências, cujo porte é caracterizado por unidade de kWp a injeção na rede elétrica é feita geralmente na baixa tensão (110 VCA ou 220VCA), já em sistemas de maior porte os níveis de tensão podem ser injetados em níveis mais elevados tendo sua operação automatizada sem a necessidade da intervenção humana (GALDINO, 2004). 40 Os SFCR das grandes centrais fornecem potência á rede elétrica instantaneamente via um ou mais inversores e transformadores (Figura 14), esses sistemas são caracterizados por utilizarem inversores comutados pela rede evitando a operação isolada, geralmente, são equipamentos com seguidor de ponto de máxima potência (SPMP), afirma o autor CÂMARA (2011). Figura 14- Esquema de um SFCR com um inversor (a) ou com vários inversores (b). Fonte: Markvart ,1994. 2.11.4 Legislações vigente que regulamentam os SFCR No Brasil este tipo de sistema é normatizado pela Resolução Normativa n° 482 da ANEEL de 2012 que regulariza os aspectos relacionados ao acesso da micro e minigeração distribuída aos sistemas de distribuição de energia elétrica. Onde para fins de compensação da à energia ativa injetada no sistema de distribuição pela unidade consumidora, será cedida a título de empréstimo gratuito para a distribuidora, passando a unidade consumidora a ter um crédito em quantidade de energia ativa a ser consumida por um prazo de 36 meses. A resolução regulamenta também as conexões á rede para a micro geração distribuída, cuja potência instalada seja menor ou igual a 100 kW (quilowatt) e a mini geração distribuída, cuja potência instalada seja superior a 100 kW e menor ou igual a 1MW (megawatt) conectada na 41 rede de distribuição por meio de instalações de unidades consumidoras. O sistema conectado a rede requer o uso de módulos fotovoltaicos e de inversores, além de necessitar de um medidor de energia bidirecional ou dois medidores individuais responsáveis por registrar a geração e o consumo da instalação para compor o sistema de compensação (Figura 15) (ANEEL, 2012, TAKENAKA, 2010). Figura 15- Esquema de um sistema fotovoltaico conectado a rede. Fonte: Silva, 2014. A resolução 482 possibilitou também que os consumidores conectados a rede elétrica de baixa de tensão possam instalar sistemas de micro e minigeração de energia elétrica para o próprio consumo originário de fontes renováveis, ou seja, estes sistemas são ligados diretamente ás instalações elétricas de residências, escolas, empresas dentre outros (Figura 16). A regulação dos sistemas contestados a rede é um marco importante para a população brasileira, pois a beneficia e obriga as concessionárias de energia elétrica local a permitir a entrada de sistemas proprietários de geração fotovoltaicos em suas redes de distribuição de eletricidade (ANEEL, 2012). No fim do ano de 2015 a Resolução Normativa nº 482 da ANEEL sofreu uma algumas alterações no seu texto original, onde a partir de 1º de março de 2016 os sistemas de microgeração distribuída caracterizam-se por possui uma potência instalada menor ou igual a 75 kW e a minigeração distribuída com potência instalada superior a 75kW e maior que 5MW (sendo 3MW para sistema de fonte hidráulica). De acordo com as novas regras, o prazo de validade dos créditos passou de 36 para 60 meses, sendo que eles podem também ser usados para abater o consumo de unidades consumidoras do mesmo titular situadas em outro local, desde que, na área de atendimento de uma mesma distribuidora. Esse tipo de utilização dos 42 créditos foi denominado “autoconsumo remoto”. Outra novidade é a inclusão da geração distribuída em condomínios e cooperativas (ELÉTRICA, 2015). A resolução Normativa n° 56 da ANEEL de 6 de abril de 2004 estabelece procedimentos para acesso das centrais geradoras participantes do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (PROINFA), onde o livre acesso aos sistemas de distribuição e transmissão de concessionário e permissionário de serviço público é assegurado aos fornecedores e respectivos consumidores, mediante ressarcimento do custo de transporte envolvido. Competindo a ANEEL aprovar as metodologias e os procedimentos para otimizar a operação do Sistema Interligado Nacional (SIN), bem como, estabelecer as condições gerais do acesso aos sistemas de transmissão e de distribuição, compreendendo o uso e a conexão, com vistas a induzir a utilização racional dos sistemas, minimizando seus custos de ampliação ou utilização, além de esforça-se para garantir o livre acesso do empreendimento contratado pelo critério de mínimo custo global de interligação (critério de avaliação de alternativas para ser realizada a integração das centrais geradoras vinculadas ao PROINFA onde são escolhidos o menor custo global do investimentos, consideradas as instalações de conexão de responsabilidade do consumidor) e os reforços nas redes e decidindo eventuais divergências e observando os prazos de início de funcionamento das centrais geradoras (ANEEL, 2004). Figura 16- Sistema fotovoltaico residencial conectado à rede elétrica. Fonte: ENERGIA, 2015. A Norma Técnica (NT) n° 008 de 2012 da COELCE estabelece os critérios técnicos aplicáveis à conexão de sistemas elétricos de centrais geradoras ao sistema de distribuição da Coelce, sendo aplicável às conexões de instalações novas, reformas e ampliações. Tem como objetivo principal, estabelecer as condições de acesso e defini os critérios técnicos, 43 operacionais e requisitos de projetos aplicáveis à conexão de centrais geradoras ao sistema de distribuição de alta tensão (SDAT) em 72,5 kV, e de média tensão (SDMT) em 15 kV de forma a garantir que ambos os sistemas, após a conexão, operem com segurança, eficiência, qualidade e confiabilidade (COELCE, 2012). A NT de n° 010 de 2012 da COELCE visa estabelecer as condições mínimas de acesso e as definições dos critérios técnicos operacionais e os requisitos de projetos aplicados á conexão de micro e minigeração distribuída ao sistema de distribuição da concessionária de maneira a garantir a segurança e a eficiência de ambos os sistemas após a conexão. Esta norma abrange as unidades consumidoras que desejam aderir a mini ou a microgeração baseadas em fontes de energia hidráulica, solar, eólica, biomassa ou cogeração qualificada, conforme regulamentação 482 da ANEEL. Micro e minigeração distribuída que não participarem do Sistema de Compensação de Energia Elétrica deve atender aos critérios da NT-008. A potência de geração de micro e minigeração devem ser no máximo iguais ao valor da carga instalada comprovada da unidade consumidora de baixa tensão ou no máximo igual à demanda contratada das unidades consumidoras de média tensão (COELCE, 2012). A tabela 01 é apresentada as formas de conexões dos valores da carga instalada e características dos equipamentos elétricos existentes na unidade consumidora. Tabela 01- Formas de conexão Carga Instalada Tensão Nominal Sistema Elétrico ≤ 10 kW 220 V Baixa Tensão (monofásico) ≤ 10 kW 220 V Baixa Tensão (monofásico) ≤ 10 kW 220 V Baixa Tensão (monofásico) >10kW e ≤ 75 kW 380 V Baixa Tensão (trifásico) >10kW e ≤ 75 kW 380 V Baixa Tensão (trifásico) >10kW e ≤ 75 kW 380 V Baixa Tensão (trifásico) > 75 kW e ≤ 1MW 13800V Média Tensão > 75 kW e ≤ 1MW 13800 V Média Tensão > 75 kW e ≤ 1MW 13800 V Média Tensão Fonte: COELCE, 2012. 2.12 Componentes de um sistema fotovoltaico conectado a rede Este tópico abordará os principais componentes usados em um sistema fotovoltaico conectado a rede, suas aplicações, funcionamento
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