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Operador de Caldeiras Operador de Caldeiras 2 3 Mensagem do Governo de Goiás É com imensa satisfação que iniciamos a 2ª etapa do Bolsa Futuro, o maior programa estadual de qualificação profissional do País. Nos próximos meses, você fará parte da comunidade de 150.000 cidadãos de 110 municípios de Goiás que farão os cursos de qualificação profissional inteiramente gratuitos do programa. Além dos cursos gratuitos, os alunos matriculados que cumprirem a carga horária mínima de aulas (75% de frequência) receberão R$ 75,00 por mês a título de incentivo financeiro. A economia de Goiás vem crescendo acima da média nacional e tem exigido trabalhadores cada vez mais preparados para o mercado de trabalho. Tão importante quanto se qualificar é escolher o curso certo e com a formação esperada pelo mercado. Por isso, o Programa Bolsa Futuro foi cuidadosamente concebido para atender às mais diferentes demandas do setor produtivo de nosso Estado. A minuciosa avaliação da demanda do mercado de trabalho de Goiás deu origem à grade de cursos do Bolsa Futuro, composta por: técnicas de vendas; secretariado e rotinas administrativas; recepção de hotel e atendente de bar; reprodução animal e produtividade do gado bovino leiteiro; técnicas agrícolas; destilador de álcool; cuidador de idosos e crianças; porteiro e zelador; básico em eletricista e encanador; e operador de caldeiras. Até o final de 2014, 200 mil pessoas farão os cursos gratuitos de qualificação profissional do Bolsa Futuro e receberão o incentivo financeiro de R$ 75,00 por mês, garantindo melhores empregos e salários e contribuindo ainda mais para o crescimento da economia de Goiás. Paralelamente, outros 300 mil goianos farão, também gratuitamente, os cursos nos Centros de Educação Profissional (CEPs) da Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia (Sectec). Nesse primeiro módulo de aulas, você fará aulas de Ambientação, Cidadania e Meio Ambiente que vão prepará-lo melhor para o conteúdo específico dos dois cursos de qualificação profissional que você escolheu quando fez sua matrícula. Boas aulas e até a sua formatura! Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação Governo do Estado de Goiás www.goias.gov.br www.bolsafuturo.go.gov.br www.sectec.go.gov.br www.facebook.com/bolsafuturo 4 Governo do Estado de Goiás Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia Gabinete de Gestão de Capacitação e Formação Tecnológica Núcleo Bolsa Futuro Equipe de Elaboração Gabinete de Gestão de Capacitação e Formação Tecnológica Chefe do GGCFT Soraia Paranhos Netto Coordenação de Produção do Material Didático Impresso David José Manuel Velázquez Daniella da Silva Porto Cavalcanti Coordenador da comunicação visual Carlos Eduardo Reche Autores Edson Luiz Neri Rosylene dos Santos Carvalho Sthenyo Ribeiro de Souza Designer Master Box Publicidade Núcleo Bolsa Futuro Chefe do Núcleo Bolsa Futuro Carmem Sandra Ribeiro do Carmo Designer Educacional Uélica Alves Braga Revisão de Língua Portuguesa Natalle Moura Ilustração Márcio Sousa Daniel Motta Olaff Behrend Diagramação Nelson Vieira Martins 5 Sumário NOÇÕES DE GRANDEZAS FÍSICAS E UNIDADES �����������������������������������������������������11 1. PRESSÃO ................................................................................................................................................ 11 1.1 Conceito ............................................................................................................................................. 11 1.2 Pressão atmosférica ......................................................................................................................... 12 1.3 Pressão manométrica ..................................................................................................................... 14 1.4 Unidades de pressão ....................................................................................................................... 15 2. CALOR E TEMPERATURA ................................................................................................................... 21 2.1 Conhecendo a temperatura e o calor ....................................................................................... 21 2.2 Aplicação da transferência de calor ........................................................................................... 25 2.3 Vapor saturado e vapor superaquecido ................................................................................... 27 CONHECENDO AS CALDEIRAS ���������������������������������������������������������������������������������31 1. TIPOS DE CALDEIRAS ....................................................................................................................... 31 1.1 Considerações gerais ...................................................................................................................... 31 1.2 Tipos de caldeiras e suas utilizações .......................................................................................... 32 2. PARTES DE UMA CALDEIRA ........................................................................................................... 42 2.1 Os componentes principais .......................................................................................................... 42 2.2 Equipamentos auxiliares................................................................................................................ 43 2.3 Instrumentos e dispositivos de controle de caldeiras......................................................... 44 TRABALHANDO NAS CALDEIRAS ����������������������������������������������������������������������������58 1. PARTIDA E PARADA ........................................................................................................................... 58 1.1 Caldeiras de combustíveis ............................................................................................................ 58 1.2 Regulagem e controle .................................................................................................................... 64 1.3 Queimadores ..................................................................................................................................... 67 1.4 Chaminé .............................................................................................................................................. 71 2. ROTEIROS E OPERAÇÃO DE SISTEMAS DE CALDEIRAS .......................................................... 74 6 2.1 Roteiro de vistoria diária ................................................................................................................ 74 2.2 Operação de um sistema de várias caldeiras ........................................................................ 85 2.3 Procedimento em situações de emergência .......................................................................... 86 TRATAMENTO DE ÁGUA E MANUTENÇÃO DE CALDEIRAS �����������������������������������95 1. TRATAMENTO DE ÁGUA .................................................................................................................. 95 1.1 Composição da água ...................................................................................................................... 95 1.2 Deterioração causada pela água ................................................................................................ 98 1.3 Método de tratamento de água ...............................................................................................100 2. MANUTENÇÃO DAS CALDEIRAS ...............................................................................................105 2.1 Controle de caldeiras ...................................................................................................................1052.2 Tipos de manutenção em caldeiras .........................................................................................106 2.3 Segurança durante a manutenção ..........................................................................................111 PREVENÇÃO CONTRA EXPLOSÕES E NOÇÕES DE SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO ���������������������������������������������������������������������������������������������������������114 1. PANORAMA HISTÓRICO SOBRE SEGURANÇA DO TRABALHO ......................................114 1.1 Segurança do trabalho no mundo ...........................................................................................114 1.2 Segurança do trabalho no Brasil ...............................................................................................115 1.3 Riscos ocupacionais .......................................................................................................................116 1.4 Medidas de controle .....................................................................................................................121 2. ACIDENTES DO TRABALHO ..........................................................................................................124 2.1 Risco de explosões em caldeiras ...............................................................................................124 Bibliografia ...............................................................................................................................................128 7 LEGENDA ÍCONES Prezado(a) aluno(a), Ao longo dos seus estudos, você encontrará alguns ícones na coluna lateral do material didático. A presença destes ícones o ajudará a compreender melhor o conteúdo abor- dado e também como fazer os exercícios propostos. Conheça os ícones logo abaixo: Saiba Mais Este ícone apontará para informações complementares sobre o assunto que você está estudando. Serão curiosidades, temas afins ou exemplos do cotidi- ano que o ajudarão a fixar o conteúdo estudado. Importante O conteúdo indicado com este ícone tem bastante importância para seus es- tudos. Leia com atenção e, tendo dúvida, pergunte ao seu tutor. Dicas Este ícone apresenta dicas de estudo. Exercícios Toda vez que você vir o ícone de exercícios, responda às questões propostas. Exercícios na Aula Interativa Ao final das lições, você deverá responder os exercícios no seu livro e, poste- riormente, responder o mesmo teste na Aula Interativa, no Ambiente Virtual de Aprendizagem. Importante! Este exercício valerá nota para a sua média final, não deixe de registrar as respostas na sua Aula Interativa. Aula Interativa A Aula Interativa é uma ferramenta muito importante para a fixação do conteú- do. Quando aparecer este ícone, acesse a Aula Interativa do assunto estudado no Ambiente Virtual de Aprendizagem. Desta forma você ficará expert no assunto! Bons estudos! 8 10 INTRODUÇÃO O curso Operador de Caldeiras foi organizado em 60 horas e está dividido em 5 etapas: 1. Noções de grandezas físicas e unidades. 2. Conhecendo as caldeiras. 3. Trabalhando nas caldeiras. 4. Tratamento de água e manutenção de caldeiras. 5. Prevenção contra explosões e noções de saúde e segurança no trabalho. São objetivos deste curso: transmitir conhecimentos básicos sobre Segurança na Operação de Caldeiras, como: conhecer as unidades de pressão; conceituar calor e temperatura; conhecer os tipos de caldeias e suas utilizações; conhecer como acontece o tratamento da água da caldeira e prevenir acidentes. Com base nestes objetivos, você aprenderá os elementos teóricos para a aplicação no seu dia a dia da Segurança em Operação de Caldeiras. Aprenderá sobre caldeiras e suas utilizações, operação de caldeiras, dispositivos de segurança, tratamento de água, noções de manutenção de caldeiras, prevenção contra explosões. Com essa capacitação, você estará apto a ingressar no estágio prático para se tornar um excelente Operador de Caldeiras. O curso de Operador de Caldeiras é destinado aos profissionais que já trabalham nessa área, bem como, profissionais da área de manutenção, segurança e áreas afins, que estejam interessados em ingressar na função de operador de caldeiras. Espera-se com isso, um melhor atendimento às expectativas do mercado. Bom aprendizado! 11 NOÇÕES DE GRANDEZAS FÍSICAS E UNIDADES 1. PRESSÃO 1.1 Conceito Pressão é uma força exercida sobre uma determinada área. A força é a causa que pode modificar o estado de repouso ou movimento de um corpo. Para calcular qualquer tipo de pressão utiliza-se a fórmula: Uma mesma força poderá produzir pressões diferentes, dependendo da área sobre a qual atuará. Assim, se a área for muito pequena, poderemos obter grandes pressões, mesmo com pequenas forças. Para verificar a pressão interna da caldeira, o operador usa o manômetro. Olá, eu me chamo Dreithe. Trabalho como operador de caldeira. A partir de agora, nós vamos trabalhar acerca da segurança na operação de caldeiras. Você pode estar se perguntando, o que a física tem em comum com a operação de caldeiras a vapor! Você encontrará a resposta no decorrer do curso, mas posso dizer que essa magnífica engenhosidade humana funciona graças a ela. Nesta lição vamos recordar algumas grandezas, tais como, pressão, calor e temperatura e suas unidades representativas. Manômetro 12 Mas o que é um manômetro? É um instrumento utilizado para medir a pressão de fluidos contidos em recipientes fechados. Exemplo de cálculo de pressão� Ex.: 01 - Supondo que uma força de 30 kgf é aplicada sobre uma área de 2 cm², calcule a pressão resultante. Resolução Dados: F = 30 kgf Temos pela fórmula que: A = 2 cm² Então: P = 30 ÷ 2 » P = 15 kgf/cm² Operando o conhecimento... Calcule a pressão resultante, supondo que uma força de 90 kgf é aplicada sobre uma área de 4 cm². Utilize a fórmula: a) 22,5 b) 20 c) 30,5 1.2 Pressão atmosférica Nosso planeta está envolto por uma camada de ar chamada atmosfera. O ar da atmosfera em torno de nós é tão leve que podemos nos mover através dele sem fazermos esforço. No entanto, esse ar tem peso. Como ele é atraído pela gravidade, faz força sobre nós em todas as direções, exercendo uma pressão de várias toneladas sobre nosso corpo. Não percebemos essa força porque a pressão do ar dentro dos nossos pulmões é igual a pressão da atmosfera. Essa pressão se chama pressão atmosférica. Ela pode ser comprovada por meio de uma experiência simples: molha-se a borda de um desentupidor de pia que é comprimido contra uma superfície plana. Isso expulsa a maior parte do ar que havia dentro do desentupidor e será preciso fazer muita força para retirá-lo do lugar. Envolto: envolvido, coberto. F A P= F A P= 13 Isso acontece porque, sem ar no seu interior, o desentupidor sofre uma pressão externa muito maior do que a pressão interna. A pressão atmosférica varia de acordo com a altitude, ou seja, ela é maior nos locais mais baixos e menor nos locais mais altos. Quem comprovou isso pela primeira vez foi um físico italiano chamado Evangelista Torricelli. Emborcando em uma cuba cheia de mercúrio um tubo de vidro de 1 m de comprimento, fechado em uma das extremidades, e também cheio de mercúrio, ele observou que, ao nível do mar, a coluna de mercúrio contida dentro do tubo descia até atingir 760 mm de altura (0,76 m). O que Torricelli criou para fazer essa experiência chama-se barômetro. Quando a experiência foi repetida, com o auxílio do barômetro em locais de altitudes variadas, ficou comprovado que a altura da coluna de mercúrio também variava. Com isso, concluiu-se que a pressão atmosférica varia em função da altitude. Isso pode ser demonstrado nos exemplos do quadro a seguir:14 Pressão interna de um vaso Um fluido (líquido ou vapor), dentro de um vaso ou tubo, exerce uma pressão sobre suas paredes, em direção perpendicular à superfície. Veja a figura abaixo. A pressão dentro do tubo é medida por um manômetro, acoplado à tubulação. 1.3 Pressão manométrica A caldeira é um equipamento destinado a produzir e acumular vapor a uma pressão maior do que a pressão atmosférica. A essa característica damos o nome de pressão relativa, pois ela descarta a pressão do ambiente, que por convenção, ao nível do mar vale 1 (uma) atmosfera (atm). Como esse fator é crítico para a operação do equipamento, seria interessante estudar o que acontece com o vapor encerrado em um recipiente fechado. Para o operador de caldeira, há dois fatores muito importantes a serem observados: • gases encerrados em recipientes, mesmo sem aquecimento, exercem pressão igual em todos os sentidos sobre as paredes do vaso que os contêm. Um exemplo disso é o pneu do automóvel; • essa pressão se eleva sempre que a temperatura aumenta. Isso significa que, se uma dona de casa descuidada e distraída colocar ao fogo uma panela Perpendi- cular: em ângulo reto. 15 de pressão com as válvulas entupidas, o aumento da temperatura levará a um aumento constante da pressão interna da panela, até ela explodir. A pressão relativa pode ser positiva ou negativa. Se a pressão relativa é positiva, ou seja, se ela for maior que zero, ela é medida por meio de um instrumento chamado de manômetro. É com o manômetro que o operador verifica os níveis de pressão dentro da caldeira e os mantém dentro de faixas seguras de operação. Se a pressão relativa for negativa, isto é, se ela for menor que zero, o vacuômetro, será usado na medição. Se no local onde é feita a medição a pressão relativa (ou manométrica) for somada com a pressão atmosférica, obteremos a pressão absoluta. 1.4 Unidades de pressão As unidades de medidas de pressão, peso, força e área, muito utilizadas para o funcionamento de qualquer tipo de caldeira, variam de acordo com as normas de cada país. As normas brasileiras, estabelecidas pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) recomendam a utilização das unidades do Sistema Internacional (SI). A tabela a seguir, apresenta a correspondência entre várias unidades de medida de pressão. É isso o que acontece com a caldeira, se essa pressão interna não for controlada. Essa pressão, medida dentro de um recipiente fechado (caldeira, por exemplo) que tem como referência a pressão atmosférica do local onde o recipiente está, é chamada de pressão relativa ou manométrica. 16 Agora vamos conhecer melhor cada uma destas unidades. Não esqueça que Pressão é a Força distribuída em uma determinada área. • bar - Equivale exatamente a 100.000 Pa (105 Pa). • kgf/cm² - Equivale a 1 quilograma força (kgf) aplicada uniformemente sobre uma área de 1 cm². • psi [ibf/pol2] - Unidade de medida inglesa. Significa Libra Força por Polegada Quadrada, utilizada na indústria americana e inglesa. No Brasil, comum para calibrar pneus. • atm - É pressão exercida pelo ar atmosférico ao nível do mar. • mmHg [torr] - Mesmo princípio de mmH20, porém o líquido em questão é o mercúrio (Hg). • mH2O [metro de coluna d’água - mca] - É pressão equivalente a uma coluna (altura) de água (H2O), dada em m, sobre uma superfície qualquer. • kPa [kN/m2] - [k] representa 1000 unidades, independe da grandeza. [Pa] equivale à força de 1 Newton (N) aplicada uniformemente sobre uma área de 1 m². A seguir você verá a forma correta de consultar a pressão na tabela e converter suas unidades. A regra de três simples é a base de cálculo. 17 Abaixo, a fórmula utilizada para conversão de pressão. Onde, P1 (unidade dada) e P3 (unidade desejada): são encontrados na mesma linha na tabela. Sempre coloque P1 com o valor igual a 1 (um) e na mesma linha encontre seu equivalente na unidade desejada. P2: Valor de pressão que será convertido. Px: Valor procurado na unidade desejada. Exemplo de conversão de pressão com auxílio da tabela. Ex. 01 - Converter 4,0 bar para atm. Resolução: Dados: P1 = 1,0 bar P3 = 0,9869 [da tabela] P2 = 4,0 bar Px = ? Fórmula: 18 Resolução passo a passo. Ex. 02 - Converter 15,0 psi para bar. Resolução: Dados: P1 = 1,0 psi P3 = 0,9869 [da tabela] P2 = 15,0 psi Px = ? Fórmula: Multiplique cruzado, lembra? 19 Resolução passo a passo. Você acabou de aprender como converter unidades de pressão. Provavelmente ainda ficaram algumas dúvidas e a melhor forma de eliminá- las é exercitando mais. Brinque com as tabelas apresentadas, simule conversões, afinal foi assim que fizemos com estes dois exemplos. Chegou ao final da primeira lição. Por meio desta, você pôde verificar o conceito, os tipos e as unidades de pressão. Exercícios Questão 1 - Pressão pode ser definida por: a) força distribuída por volume; b) força distribuída por área; c) força distribuída por comprimento; d) força pela distância. Questão 2 - É um exemplo de unidades de pressão: a) kg/m²; b) lbf/in; c) kgf/cm²; d) g/cm³. Muito bem! Agora que você finalizou esta lição, responda as questões e depois registre as respostas nos testes da sua Aula Interativa. 20 Questão 3 - Pressão manométrica pode ser considerada como: a) pressão ao nível do mar; b) pressão do meio ambiente; c) pressão no interior de um vaso, medida pelo manômetro, também chamada de pressão relativa; d) diferença entre a pressão externa e externa de um vaso. Questão 4 - Para verificar a pressão interna da caldeira o operador usa o: ( ) manômetro; ( ) termômetro; ( ) pressostato; ( ) dinamômetro. Questão 5 - Pressão absoluta é a: ( ) pressão do meio ambiente; ( ) pressão no interior de um vaso, medida pelo manômetro; ( ) diferença entre a pressão externa e externa de um vaso; ( ) é a medição que soma a pressão relativa (ou manométrica) com a pressão atmosférica. 21 2. CALOR E TEMPERATURA 2.1 Conhecendo a temperatura e o calor Esse fenômeno acontece porque as moléculas são dotadas de energia de agitação chamada de energia térmica. Calor e temperatura não significam a mesma coisa. O calor é o nome dado à energia térmica quando ela é transferida de um corpo para o outro. É energia térmica em trânsito. Já a temperatura é a grandeza física que mede o quanto um corpo está quente ou frio. Ela mede a energia térmica armazenada dentro de um corpo. A energia térmica que um corpo possui, mede sua temperatura, que nada mais é que a grandeza que indica o nível de agitação das partículas. Assim, quanto maior é a agitação das partículas, maior é a temperatura do corpo. Se colocarmos dois corpos com temperaturas diferentes postos em contato, acontece a transferência de energia térmica do corpo mais quente para o corpo mais frio, até que se alcance o equilíbrio térmico, ou seja, até que as temperaturas se tornem iguais. À energia térmica que passa de um corpo para outro, enquanto existe diferença de temperatura, dá-se o nome de calor. Somos rodeados por partículas, chamadas de moléculas, que estão em constante movimento, embora isso não seja visível. 22 Escalas de temperatura Existem três maneiras de representar a temperatura: • escala Celsius; • a escala Fahrenheit; • escala Kelvin. Todas as escalas usam como ponto de referência de suas medições a temperatura do gelo fundente e a temperatura da água em ebulição. Na escala Celsius, por exemplo, a temperatura do gelo fundente corresponde a 0° C, enquanto que a temperatura da água em ebulição corresponde a 100° C na escala. O intervalo entre essesdois pontos foi dividido em 100 partes iguais e cada uma dessas partes corresponde a 1° C. Na escala Fahrenheit, a temperatura do gelo fundente corresponde a 32° F e a da água em ebulição é de 212° F. A faixa entre esses dois pontos foi dividida em 180 partes iguais e cada divisão é igual a 1° F. Para a escala Kelvin, o número de divisões em K corresponde ao equivalente em °C, com a temperatura do gelo fundente (0°C) correspondendo ao valor de +273K. Fundente : que está em fusão, ou seja, em transição da fase sólida para a fase líquida. Ebulição: passagem de um líquido ao estado de vapor. 23 Transferência de calor Os materiais condutores são aqueles que transmitem o calor com mais facilidade. Os metais em geral são bons condutores de calor. Os materiais isolantes, por outro lado, são maus condutores de calor. Materiais como tecidos, papel e amianto são exemplos de material isolante. A facilidade ou dificuldade que o calor tem de propagar-se por meio das substâncias recebe o nome de condutibilidade térmica e ajuda a classificar os materiais em condutores e isolantes. Os materiais condutores são aqueles que transmitem o calor com mais facilidade. Os me- tais em geral são bons condutores de calor. Os materiais isolantes, por outro lado, são maus condutores de calor. Materiais como tecidos, papel e amianto são exemplos de material isolante. Mesmo entre os materiais condutores, a quantidade de calor que passa por meio de uma parede feita de qualquer material depende: • da diferença de temperatura que existe entre ambos os lados do material; • do tamanho da superfície da face exposta ao calor, ou seja, superfícies maiores transmitem mais calor; • da espessura da parede; Quando acontece a propagação do calor de um ponto de maior temperatura para outro de menor temperatura, tem-se um fenômeno chamado de transmissão de calor. O calor pode propagar-se por meio das substâncias com facilidade ou dificuldade. 24 • do material de construção da parede. A propagação do calor acontece nos sólidos, nos líquidos, nos gases e no vácuo e pode ocorrer de três formas: por condução, por convecção e por radiação. Operando o conhecimento... A facilidade ou dificuldade que o calor tem de propagar-se por meio das substâncias recebe o nome de: ( ) transmissão de calor; ( ) transferência de calor; ( ) condutibilidade térmica. Transferência de calor por condução Nos materiais sólidos, o calor se propaga por condução. Isso é facilmente verificado ao se colocar a extremidade de uma barra de ferro no fogo. Após algum tempo, quem estiver segurando a outra extremidade da barra, começará a perceber que a temperatura aumenta gradativamente, até que fica impossível continuar a segurá-la. Transferência de calor por convecção Nos líquidos e gases, o calor se propaga por convecção, ou seja, as massas de líquidos e gases trocam de posição entre si. Isso significa que, se fosse retirada a fonte de calor – o fogo – que aquecia a barra do exemplo anterior, e se fosse mantida a mão a certa distância do material aquecido, seria possível perceber seu calor. Isso acontece porque o ar em torno da barra quente se aquece, fica mais leve e sobe. O espaço livre deixado pelo ar quente é então ocupado pelo ar mais frio (mais denso) que, por sua vez, se aquece, repetindo o ciclo anterior. Dessa forma, estabelece-se uma corrente ascendente do ar quente, que atua como veículo transportador de calor desde a barra de ferro até a mão. Convecção: transferên- cia de calor através de um fluido que ocorre devido ao movimento do próprio fluido. 25 Para reforçar o que você aprendeu, vamos relembrar: na transmissão por condução, o calor passa de molécula para molécula. Na transmissão por convecção por sua vez, o calor é transferido juntamente com o ar, a água ou outro material. Transferência de calor por radiação A transmissão por radiação é diferente porque o calor é transferido sem a ajuda de nenhum material. O melhor exemplo desse tipo de transmissão é o calor do Sol que chega à Terra: o calor não vem por condução porque não há contato físico entre os dois astros; nem vem por convecção porque não há atmosfera ligando um ao outro. O calor do sol chega até nós por ondas semelhantes às ondas de radio e àquelas que transmitem a luz. São as chamadas ondas de energia radiante. É possível sentir os efeitos dessas ondas, aproximando a mão por baixo de uma lâmpada elétrica acesa. A mão ficará quente apesar do fato de que o ar quente sobe. Na verdade, o calor sentido foi transmitido por radiação. 2.2 Aplicação da transferência de calor A troca de calor é muito empregada nos processos industriais, ajudando a atender as suas exigências tecnológicas. Nas caldeiras, o processo de transferência de calor entre a queima do combustível na fornalha e o aquecimento da água e consequente geração de vapor pode ocorrer por radiação, convecção ou condução. Na maioria das vezes, é importante que o aquecimento ocorra com um mínimo de variação de temperatura. Por meio da regulagem do fluxo de vapor, é possível controlar e garantir que o aquecimento de um combustível, por exemplo, seja feito sob temperatura constante. Calor específico Algumas substâncias são mais difíceis de aquecer do que outras. Se uma vasilha com água for colocada sobre uma chama e se um bloco de ferro de massa igual for colocado sobre uma chama de mesma intensidade, o ferro ficará logo tão quente que fará ferver qualquer gota de água que respingue sobre ele. A água, por outro lado, continuará fria o suficiente para que se possa mergulhar a mão sem queimá-la. 26 Isso significa que o ferro necessita de menos calor que a água para elevar sua temperatura, ou seja, ele tem menor calor específico. O calor específico indica a quantidade de calor que cada unidade de massa de determinada substância precisa para que sua temperatura possa variar em 1ºC. É uma característica da natureza de cada substância. Portanto cada uma tem seu próprio calor específico. Para os gases, o calor específico varia com a pressão e o volume. A unidade de medida do calor específico é a caloria por grama por °Celsius. O calor específico do vapor sob pressão constante é 0,421 cal/g°C. Calor sensível Calor sensível é a quantidade de calor absorvido ou cedido por um corpo quando, nessa transferência, ocorre uma variação de temperatura. Calor latente Essa denominação é atribuída à quantidade de calor absorvido ou cedido por um corpo, quando houver uma mudança de estado sem que haja variação de temperatura. O exemplo clássico é a transformação do gelo em água (sólido para líquido), com a temperatura se mantendo constante. Dilatação Quando um material é aquecido, suas moléculas se agitam mais intensamente. Por causa disso, elas se movimentam e o material se expande, isto é, aumenta de tamanho. Esse fenômeno se chama dilatação térmica. 27 Saturado: que contém a máxima quantidade de gás ou sólido dissolvido. Com o aquecimento, o comprimento, a superfície e o volume do corpo aquecido aumentam proporcionalmente. Dependendo do material e das condições do aquecimento, a dilatação pode ser: • linear - quando o aumento é maior no sentido de uma das dimensões do corpo; • superficial - quando a expansão acontece apenas na superfície do material; • volumétrica - quando a variação de tamanho se dá no volume do corpo. Quando aquecemos materiais sólidos, esses podem apresentar três tipos de dilatação. Já os líquidos e os gases, por não terem formas próprias, apresentam somente a dilatação volumétrica. Coeficiente de dilatação térmica é o nome dado ao aumento de tamanho para cada grau de elevação na temperatura. 2.3 Vapor saturadoe vapor superaquecido Se um recipiente contendo água é fechado e, em seguida, é aquecido, o calor faz as moléculas da água se moverem mais depressa e sua temperatura sobe. Ao atingir a temperatura próxima de 100°C (considerando-se a pressão ao nível do mar), a água entrará em ebulição com formação de vapor. Enquanto existir água dentro do recipiente, o vapor é considerado saturado e sua temperatura não aumentará. Mantendo-se o aquecimento após toda a água se evaporar, teremos o que se denomina vapor superaquecido, com consequente aumento de temperatura. Existem processos industriais que exigem vapor seco, sem partículas sólidas em suspensão e com temperatura elevada. Isso é obtido por meio da produção do vapor superaquecido. Porém, o vapor saturado arrasta umidade e grande parte das impurezas na forma de partículas sólidas, causando danos ao processo. Um tratamento eficaz da água da caldeira pode diminuir a quantidade das partículas, minimizando esse problema. Na tabela a seguir, a soma do valor da pressão manométrica com o valor da pressão atmosférica, corresponde uma temperatura de vapor saturado (pressão absoluta). 28 29 Você chegou ao final desta lição, onde estudou sobre o calor e a temperatura. Quanto conhecimento adquirido não é mesmo? Mas ainda vem muito pela frente. Você está pronto? Exercícios Questão 1 - A transmissão de calor pode se dar por: a) condução, convecção, radiação; b) condução, convecção, irradiação; c) convecção, radiação, aquecimento; d) resfriamento, condução, radiação. Questão 2 - A temperatura é frequentemente medida nas escalas: ( ) Celsius e na escala Fahrenheit; ( ) Celsius e na escala Kelvin; ( ) Celsius e na escala Rankine; ( ) Rankine e na escala Fahrenheit. Questão 3 - Qual a escala em que o zero é chamado de zero absoluto: ( ) Celsius; ( ) Kelvin; ( ) Rankine; ( ) Fahrenheit. Parabéns! Agora res- ponda as questões e regis- tre-as nos testes da sua Aula Interativa. 30 Questão 4 - O que acontece com determinado material quando sofre aquecimento? a) Dilatação térmica. b) Contrai. c) Nada acontece. d) As alternativas b e c, estão corretas. Questão 5 - Como é chamado o fenômeno da propagação do calor de um ponto de maior temperatura para outro de menor temperatura? ( ) Admissão de calor. ( ) Transmissão de calor. ( ) Convergência de calor. ( ) As alternativas a e c, estão corretas. 31 CONHECENDO AS CALDEIRAS 1. TIPOS DE CALDEIRAS 1.1 Considerações gerais Calor é o resultado da agitação de moléculas dentro dos corpos. É uma forma de energia que se transfere de um corpo para outro quando há diferença de temperatura entre eles. Essa transferência de calor se dá de três maneiras: por radiação, por condução e por convecção. Como forma de energia, o calor é usado pelo homem para produzir trabalho e um dos modos de conseguir isso é utilizando a transferência de calor para produzir vapor. Atualmente, muitas das indústrias usam vapor em seus processos de produção. A fim de atender a essa necessidade sempre crescente, a geração de vapor pode ser realizada nas caldeiras, nos equipamentos geradores de vapor, ou pelo aproveitamento do calor residual proveniente de alguns tipos de processos industriais, como a siderurgia. As siderúrgicas produzem os metais que são utilizados na construção civil, fabricação de automóveis e eletrodomésticos, e muitos outros seguimentos. Olá, é muito bom estar de volta. Preparados para continuar com o aprendizado? Vamos nessa! Siderurgia: gases de alto-forno. 32 1.2 Tipos de caldeiras e suas utilizações Geradores de vapor (caldeiras) são equipamentos complexos, fechados, destinados a produzir e acumular vapor de água à pressão maior que a atmosférica, por meio da aplicação de calor. É produzido vapor a partir da energia térmica, ou seja, da queima de algum tipo de combustível em fornalha apropriada. Em alguns casos, as fontes de calor podem ser eletrodos, resistências elétricas, fissão nuclear, gás, óleo, lenha, etc. As caldeiras podem ser classificadas de acordo com: • classes de pressão; • grau de automação; • tipo de energia empregada; • tipo de troca térmica. Nas classes de pressão, as caldeiras foram classificadas segundo a NR-13 em: • categoria A: caldeira cuja pressão de operação é superior a 1960 kPa (19, 98kgf/cm2); • categoria B: caldeiras com pressão de operação igual ou inferior a 588 kPa (5,99kgf/cm2) e volume interno igual ou inferior a 100 litros; • categoria C: caldeiras que não se enquadram nas categorias anteriores. No grau de automação, as caldeiras podem se classificar em: • manuais; • semiautomática; • automática. No tipo de energia empregada, elas podem ser do tipo: • combustível sólido; • líquido; • gasoso; • caldeiras elétricas; • caldeiras de recuperação. Existem outras maneiras particulares de classificação, a saber: • quanto ao tipo de montagem; • circulação de água; • sistema de tiragem (forma de extrair a fumaça de queima do combustível); • tipo de sustentação. NR-13: norma que regula caldeiras e vasos de pressão. 33 Vejamos agora a classificação das caldeiras quanto ao tipo de troca térmica. CALDEIRAS DE TUBOS DE FOGO (FOGOTUBULAR OU FLAMOTUBULAR) As caldeiras flamotubulares ou fogotubulares são aquelas em que as cha- mas e os gases quentes provenientes da combustão passam pelo interior (por dentro) dos tubos, cedendo calor à água que os envolve. São de construção sim- ples e podem ser classificadas quanto à disposição de seus tubos em: Caldeiras verticais Nelas, os tubos são colocados verticalmente em um corpo cilíndrico, fechado nas extremidades por placas chamadas espelhos. Podem ser de fornalha interna ou externa. A fornalha interna, veja figura ao lado, fica no corpo cilíndrico, logo abaixo do espelho inferior (entrada de gases quentes pelos tubos verticais). Os gases da combustão sobem por meio dos tubos, saindo pelo espelho superior (saída dos gases quentes), aquecendo e vaporizando a água que se encontra externamente aos mesmos. As fornalhas externas são utilizadas, principalmente, para combustíveis de baixo poder calorífico, tais como lenha e bagaço de cana. A figura ao lado demonstra a forma que os tubos são montados na caldeira, observe a quantidade. A parte em que os tubos são vistos é chamada de espelho superior. Os gases quentes saem da câmara de combustão, entram pelos tubos no espelho inferior e saem pelo espelho superior. A água que vai gerar o vapor circula entre dois espelhos, nos espaços existentes entre todos os tubos que vemos na figura. Flamotu- bulares ou fogotubu- lares: Tubos de fogo. 34 Caldeiras horizontais Abrangem várias modalidades, desde as caldeiras Cornuália e Lancaster de grande volume de água, até as modernas unidades compactas. As principais caldeiras horizontais apresentam tubulões internos, por onde passam os gases quentes. Caldeira Cornuália Formada basicamente por 2 cilindros horizontais unidos por placas planas. Seu funcionamento é bem simples, porém apresenta baixo rendimento. Para uma superfície de aquecimento de 100m², apresenta grandes dimensões, o que limita o ganho de pressão. Neste tipo, a pressão não deve ir além de10kg/cm². Caldeira Lancaster É constituída por duas (podendo chegar a 4) tubulações internas (fornalhas), alcançando superfície de aquecimento de até 140m². Atingem até 18 kg de vapor por metro quadrado de superfície de aquecimento. Está em desuso. Caldeira Locomóvel ou Locomotiva Nestas caldeiras, o vapor gerado serve para movimentar a própria caldeira e os vagões. Atualmente é mais vista em museus, pois é movida a carvão ou lenhacomo combustível. A caldeira locomóvel é do tipo multitubular, apresentando uma dupla parede metálica, por onde circula a água do próprio corpo. Uma de suas maiores vantagens é a facilidade de transferência de local e por proporcionarem acionamento mecânico em lugares desprovidos de energia elétrica. São construídas para pressão de até 21 kgf/cm² e vapor superaquecido. 35 Caldeira Escocesa Esse tipo de caldeira, veja a figura ao lado, foi concebido para uso marítimo, por ser bastante compacta. Os gases quentes, oriundos da combustão, podem circular em 2, 3 e até 4 passes. Esse tipo de caldeira é construída completa, ou seja, pode ser transportada e instalada para operação de imediato. Essas caldeiras operam exclusivamente com óleo ou gás, e a circulação dos gases é feita por ventiladores. Alcançam rendimentos de até 83%. Caldeira Multitubular Este tipo possui vários tubos de fumaça. Podem ser de três tipos: • tubos de fogo diretos: os gases percorrem o corpo da caldeira uma única vez; • tubos de fogo de retorno: os gases provenientes da combustão na tubulação da fornalha circulam pelos tubos de retorno, veja na figura abaixo; • tubos de fogo diretos e de retorno: os gases quentes circulam pelos tubos diretos e voltam pelos de retorno. CALDEIRAS DE TUBOS DE ÁGUA (AQUATUBULAR) Com a evolução dos processos industriais, aumentou muito a necessidade de caldeiras com maior rendimento, menos consumo, rápida geração e grandes quantidades de vapor. Baseados nos princípios da transferência de calor e na experiência com os tipos de caldeiras existentes, os fabricantes inverteram a forma de geração de calor: trocaram os tubos de fogo por tubos de água, o que aumentou muito a superfície de aquecimento, surgindo a caldeira aquatubular. Passe: passagem do gás quente da combus- tão por um conjunto de tubos imersos na água. Acabamos de ver os principais tipos de caldeiras flamotubulares ou fogotubulares e o esquema básico de suas formas construtivas. 36 Os gases de combustão envolvem os tubos por onde circula a água. Esse tipo de caldeira baseia-se no princípio da convecção. Por esse princípio, quando um líquido é aquecido, as partículas aquecidas ficam mais leves e sobem, enquanto que as partículas frias, que são mais pesadas, descem. Recebendo calor, elas tornam a subir, formando um movimento contínuo, até que a água entre em ebulição. A imagem demonstra a planta de uma grande caldeira aquatubular, instalada em uma indústria de álcool e açúcar. Esta planta possui o prédio da caldeira e o sistema de filtragem completa, dos resíduos provenientes da queima do bagaço de cana, o principal combustível desse seguimento da indústria. A filtragem serve para controlar resíduos que serão lançados na atmosfera, esse controle deve ser rigoroso, pois o não atendimento implica em multas altíssimas e alguns casos, pode levar interdição da fábrica, até que se resolva o problema. Para se ter uma ideia, a caldeira A ocupa uma área de aproximadamente 600 m², bem diferente da caldeira B, que ocupa em média 11 m². Porém o tamanho é justificado pela capacidade de geração de vapor, que é de 130 toneladas de vapor/hora (TVH), aproximadamente 76 vezes superior as convencionais de menor porte, movidas a óleo ou gás. Podemos dividir as caldeiras aquatubulares em três grupos principais: a) caldeiras aquatubulares de tubos retos; b) caldeiras aquatubulares de tubos curvos; c) caldeiras aquatubulares de circulação positiva. Sobem: evaporam. Álcool e açúcar: sucroalco- oleira. Prédio da caldeira: prédio, pois passa de 15 m de altura. 37 CALDEIRAS ELÉTRICAS Principio de funcionamento A produção do vapor em uma caldeira elétrica baseia-se em um princípio pelo qual a corrente elétrica, ao atravessar qualquer condutor, encontra resistência à sua livre circulação e desprende calor (efeito Joule). A água pura é considerada um mau condutor de corrente elétrica. Portanto, para que se possa obter a condutividade desejada devem ser adicionados a ela determinados sais. Alguns fabricantes recomendam a adição de produtos para o ajuste da condutividade (soda cáustica, fosfato trissódico, etc.) na água de alimentação. Essa adição deve ser calculada e colocada após o tratamento químico da água de alimentação, com acompanhamento por técnicos especializados de empresas químicas especialistas em tratamento de água para caldeiras. Características Por não queimar combustível para produzir vapor, a caldeira elétrica é diferente das outras caldeiras. Por isso, ela não possui fornalha, ventiladores, queimadores e chaminé. As principais características das caldeiras elétricas são: • não necessita de área para estocagem de combustível; • ausência total de poluição (não há emissão de gases); • baixo nível de ruído; • modulação da produção de vapor de forma rápida e precisa; • alto rendimento térmico (aproximadamente 98%); • melhora do Fator de Potência e Fator de Carga; • área reduzida para instalação da caldeira; • necessidade de aterramento da caldeira de forma rigorosa; • tratamento de água rigoroso. A caldeira elétrica é um equipamento que transforma energia elétrica em energia térmica, transmitindo-a para um fluido apropriado (geralmente água) e transformando-o em vapor. 38 A quantidade de vapor gerada (kgf/h) depende diretamente dos seguintes parâmetros: • condutividade da água; • nível de água; • distância entre os eletrodos. Tipos de caldeiras elétricas com eletrodos: • condutores metálicos por onde uma corrente elétrica entra num sistema ou sai dele; • é geralmente destinada a trabalhar com pressões de vapor não muito elevadas (aproximadamente 15kgf/cm²). Com resistências elétricas: • fontes de calor onde o calor é gerado pela passagem da corrente elétrica por um condutor, principio idêntico ao do chuveiro elétrico; • é destinada, geralmente, à produção de vapor em pequenas quantidades. Na maioria das vezes é do tipo horizontal, utilizando resistências de imersão. Com jatos de água (cascata): • é usada para aplicações de maior produção de vapor; • o casco é construído na posição vertical. Internamente, possui um elemento denominado corpo da cascata, que tem como função criar jatos de água que incidem sobre os eletrodos e destes aos contraeletrodos; • possui uma bomba de circulação que coleta água no fundo da caldeira e alimenta o corpo da cascata. O controle de pressão é feito pelo volume de água introduzido no corpo da cascata. A seguir a representação esquemática de uma caldeira de jatos de água. a� corpo da caldeira b� eletrodo c� contraeletrodo d� corpo da cascata e� bomba de circulação f. bomba de alimentação g. válvula de controle de produção h� válvula de controle de alimentação i� saída de vapor j� válvula de respiro (vent) l� válvula de segurança m� controle de nível de água n� descarga de fundo 39 Você chegou ao final da lição. Por meio desta, você pôde conhecer os vários tipos de caldeiras existentes. Quanto conhecimento adquirido não é mesmo? Mas ainda vem muito pela frente. Você está pronto? 40 EXERCÍCIOS Questão 1- As caldeiras podem ser classificadas, segundo a NR-13, em: a) caldeiras da categoria A, B e C; b) caldeiras da categoria A, B e D; c) caldeiras da categoria A, C e E; d) caldeiras da categoria B, C e D. Questão 2 - A transmissão de calor pode se dar por: a) condução, convecção, radiação; b) condução, convecção, irradiação; c) convecção, radiação, aquecimento; d) resfriamento, condução, radiação. Questão 3 - As caldeiras flamotubulares têm: a) alto rendimento térmico; b) capacidade de produção limitada; c) limitação da pressão de operação; d) partidarápida. Questão 4 - Por que a água totalmente pura não é recomendada para caldeiras elétricas? a) Porque ela é uma boa condutora de corrente elétrica. b) Porque ela é mais limpa. c) Porque ela é mais barata para a indústria. d) Porque ela é um mau condutor de corrente elétrica. Você está indo muito bem! Responda as questões desta lição e registre as respostas na sua Aula Interativa. 41 Questão 5 - As caldeiras aquatubulares... a) queimam qualquer tipo de combustível; b) não precisam de materiais refratárias; c) não podem gerar vapor superaquecido; d) geram vapor na pressão máxima de 25 kgl/cm². 42 2. PARTES DE UMA CALDEIRA 2.1 Os componentes principais Partes de caldeiras flamotubulares • corpo da caldeira; • espelhos; • feixe tubular ou tubos de fogo; • caixa de fumaça. Partes de caldeiras aquatubulares • tambor superior (ou tambor de vapor); • tubulão inferior (ou tambor de lama); • feixe tubular; • fornalha; • parede de água; • superaquecedor. Partes de caldeiras elétricas A construção das caldeiras elétricas difere da forma de construírem as ou- tras caldeiras por não haver, nas últimas, necessidade de queima de combustível para geração de vapor, ou seja, elas não possuem fornalha, ventiladores, queima- dores e chaminés. Os três tipos principais de caldeiras elétricas são: • tipo resistência; • tipo eletrodo submerso; • tipo jato de água (cascata). Olá, começaremos nossa lição apresentando separadamente os componentes de caldeiras flamotubular, aquatubular e elétricas. 43 Operando conhecimento! Enumere a segunda coluna de acordo com a primeira. (1) Caldeiras flamotubulares (2) Caldeiras aquatubulares (3) Caldeira Elétrica ( ) parede de água ( ) tipo resistência ( ) corpo da caldeira ( ) tipo eletrodo submerso ( ) feixe tubular ou tubos de fogo ( ) caixa de fumaça ( ) tipo jato de água ( ) tambor superior ou tambor de vapor ( ) fornalha 2.2 Equipamentos auxiliares Queimadores Os queimadores são equipamentos destinados a promover, de forma adequada e eficiente, a queima dos combustíveis em suspensão. Os tipos de queimadores existentes no mercado podem ser divididos em duas classes, dependendo do processo empregado na atomização: a) de pulverização mecânica: • atomização por óleo sob pressão; • atomização por ação centrífuga (corpo rotativo). b) de pulverização com fluido auxiliar: • atomização a vapor; • atomização com ar a baixa, média ou alta pressão. 44 Economizador Sua finalidade é aquecer a água de alimentação da caldeira. Está localizado na sua parte alta, entre o tambor e os tubos geradores de vapor, e os gases são obrigados a circular através dele, antes de saírem pela chaminé. Existem vários tipos de economizadores, e, na sua construção, podem ser empregados tubos de aço maleável ou fundido com aletas. Os economizadores podem ser: • separados; • integrais. Pré-aquecedor de ar Pode ser definido como equipamento que eleva a temperatura do ar antes que este entre na fornalha. O calor é cedido pelos gases residuais quentes ou pelo vapor da própria caldeira. Há três tipos de pré-aquecedor de ar, de acordo com os princípios de operação da caldeira: a) pré-aquecedor regenerativo; b) pré-aquecedor regenerativo (tipo Ljungstron); c) pré-aquecedor tipo colméia. Sopradores de fuligem (ramonadores) Este dispositivo permite uma distribuição rotativa de um jato de vapor no interior da caldeira, na superfície externa dos tubos. Chaminé É uma parte importante da caldeira: ajuda na tiragem devido à diferença de pressão atmosférica que existe entre a base e o topo, provocada pela diferença de temperatura dos gases de combustão. 2.3 Instrumentos e dispositivos de controle de caldeiras Dispositivos e instrumentos de controle são itens indispensáveis a qualquer unidade geradora de vapor, pois servem para garantir a operação segura, econômica e confiável do equipamento. Equipamen- to: trocador de calor. Tiragem: saída dos gases da combustão. 45 O funcionamento eficiente e seguro de uma caldeira depende da qualidade e da precisão de seus diversos instrumentos e dispositivos, principalmente pelo fato de que a maioria das caldeiras funcionam durante 24 horas por dia, submetidas a condições de pressão e temperaturas elevadas. Isso significa que instrumentos e dispositivos são itens indispensáveis a qualquer unidade geradora de vapor, pois servem para garantir operações seguras, econômicas e confiáveis. O grau de automação e modernização dos instrumentos e dispositivos de controle depende das características das caldeiras, da complexidade de unidade industrial e do nível de investimento e conscientização da empresa. • dispositivos de alimentação de água; • dispositivos de alimentação de combustível; • dispositivos de alimentação de ar. DISPOSITIVOS DE ALIMENTAÇÃO DE ÁGUA Esses desempenham um importante papel nas caldeiras, pois mantêm o nível de água necessário para atender à demanda de vapor. Devem ser muito bem controlados para repor exatamente a quantidade de água que foi evaporada e manter o regime de geração de vapor de forma segura para os operadores e os equipamentos. Que tal conhecer agora os tipos de dispositivos de alimentação! As caldeiras possuem os seguintes tipos de dispositivos de alimentação: 46 Os equipamentos para a alimentação de água podem variar no modelo e na capacidade, de acordo com a capacidade da caldeira. Os mais importantes são os injetores e as bombas d’água. Injetores São equipamentos para alimentação de água, usada em situações de emergência, em pequenas caldeiras de comando manual. O subitem C do item 13.1.4 da NR-13, determina a necessidade de um sistema injetor ou outro meio de alimentação de água, independentemente do sistema principal em caldeiras de combustíveis sólidos. Bomba d’água É um equipamento que deve ter uma pressão superior à pressão de operação da caldeira para que possa introduzir água no sistema. Sua instalação hidráulica é dotada de válvulas de retenção que evitam o retorno do líquido de trabalho. DISPOSITIVOS DE ALIMENTAÇÃO DE COMBUSTÍVEL São de vários tipos que dependem do combustível utilizado pela caldeira. Combustível líquido Para a queima de combustível líquido, dependendo das propriedades (viscosidade, temperatura) do óleo, é necessária uma bomba que apresente determinadas características, que garantam uma vazão uniforme para queima. Nesse caso particular, normalmente são utilizadas bombas de engrenagens, de rosca (fuso) ou palheta. Ao lado temos um esquema que representa uma bomba de engrenagens instalada. Combustível gasoso Para combustíveis gasosos (seja via reservatório ou via rede de gás 47 combustível ou residual), a alimentação é feita através de válvulas de controle de vazão, pressão e alívio. Combustível sólido Os combustíveis sólidos, uma vez processados, são introduzidos para queima através de esteiras rolantes e alimentação por gravidade ou juntamente com a injeção de ar. DISPOSITIVOS DE ALIMENTAÇÃO DE AR A queima só é possível na presença de ar (que contenha oxigênio), ou seja, os dispositivos de controle de alimentação de ar são imprescindíveis para a queima do combustível. Para caldeiras de maior eficiência, o percurso do ar/gases apresenta a seguinte sequência: 1. ventilador de tiragem forçada, responsável pela entrada de ar para combustão na caldeira; 2. pré-aquecedor de ar (para aquecimento do ar); 3. fornalha na qual se dá a combustão; 4. zona de convecção (superaquecedor e feixe tubular); 5. economizador; 6. pré-aquecedor; 7. ventilador de tiragem induzida, responsávelpela exaustão; 8. duto de gases; 9. chaminé. Visor de nível O visor de nível consiste de um tubo ou uma placa de vidro presa numa caixa metálica, que tem a finalidade de dar ao operador a noção exata da altura de água existente na caldeira. Processados: via martelo picador, moenda, etc. 48 Nas caldeiras flamotubulares, os visores normalmente são instalados de modo que o nível indicado garanta a presença de água no balão acima da última carreira de tubos. Nas aquatubulares, geralmente, o nível deve ficar situado em uma faixa de 50 a 70% do diâmetro do tubulão superior. Existem algumas caldeiras onde isso não ocorre e cabe ao operador certificar- se desta correspondência: nível do visor x nível real do tubulão. É importante que o operador mantenha uma atenção especial ao visor de nível, verificando vazamentos, nível de limpeza do vidro e efetuando as drenagens de rotina. SISTEMAS DE CONTROLE DE NÍVEL Os dispositivos para controle de nível de água podem ser: • com boia; • com eletrodos; • termostáticos; • termo-hidráulicos; • com transmissor de pressão diferencial. Sistema de bóia Consiste de uma câmara ligada ao tubulão de vapor e de uma boia ligada a uma chave, que comanda o circuito elétrico de acionamento da bomba d’água. 49 Sistema de eletrodos O controle é feito aproveitando-se a condutividade elétrica da água, e o tamanho diferente dos eletrodos, correspondendo cada tamanho a um nível de água. Esse dispositivo está instalado em recipiente cilíndrico, anexo à caldeira, de modo a acompanhar variações de nível d’água; os eletrodos estão ligados a um relê, que através de contatos elétricos comandam a bomba de alimentação de água, alarmes e em alguns casos até a parada de emergência da caldeira (Trip). Existem alguns dispositivos de controle que possuem um eletrodo adicional denominado eletrodo de segurança e que normalmente é instalado no corpo da caldeira (caldeiras flamotubulares). Sistema termostático Tem a finalidade de controlar o fluxo da água na caldeira. Seu funcionamento baseia-se no princípio da dilatação dos corpos pelo calor. Sua construção é bastante simples. É formado por dois tubos concêntricos: um externo e um interno. O tubo externo é o tubo de expansão e o interno serve para fazer a ligação com o tambor de vapor pela sua parte superior, onde recebe uma quantidade de vapor. Faz também ligação com o tambor de vapor em um ponto correspondente ao nível mínimo, recebendo a água do tambor de vapor pela parte de baixo. 50 O tubo termostático possui uma das extremidades rígida, ligada à serpentina de aquecimento e a outra permanece livre, a fim de poder dilatar-se e acionar a válvula de admissão de água. Se houver uma baixa no nível de água, a temperatura do elemento termostático aumentará devido ao aumento da quantidade do vapor dentro do tubo. Com isso, o tubo se dilata movimentando o conjunto de comando da válvula de admissão, aumentando o suprimento de água na caldeira. À medida que a água vai entrando no tambor de vapor, a quantidade de vapor dentro do tubo termostático vai diminuindo, dando lugar à água, que é bem mais fria que o vapor, fazendo, dessa forma, com que o tubo - que se havia expandido pelo calor - agora se contraia em virtude da mudança de temperatura. Sistema termo-hidráulico Consiste de um sistema, acionado por um conjunto hidráulico fechado, entre tubo interno e externo, tubo de conexão e fole da válvula reguladora. O nível de água no tubo interno do gerador acompanha o nível do tubulão. Quando o nível do tubulão diminui, o vapor passa a ocupar uma parte maior do tubo interno, e o calor adicional fornecido pelo aumento da quantidade de vapor no tubo interno do gerador, faz com que aumente a pressão do sistema hidráulico e o fole da válvula reguladora se expanda. 51 SISTEMA DE CONTROLE POR TRANSMISSÃO DE PRESSÃO DIFERENCIAL Esse sistema leva em conta a diferença de densidade que existe entre a fase líquida e o vapor da água. Esta diferença de densidade vai criar uma pressão diferencial no transmissor, cujo sinal será enviado ao controlador de nível. Este por sua vez atuará na válvula de admissão de água. Indicadores de pressão O manômetro é o instrumento indicador de pressão, essa por sua, deve ser monitorada permanentemente, pois se os sistemas de segurança autônoma falhar, o operador terá informações suficientes para iniciar outros sistemas de proteção. São mais conhecidos dois tipos de manômetro: • com mola; • tubular. Manômetro com mola O manômetro com mola, também chamado de manômetro de Bourdon, consiste de um tubo curvado, o qual, quando submetido a uma pressão superior à pressão atmosférica, tende a se endireitar, descrevendo um movimento que atua sobre as engrenagens fazendo girar a agulha indicadora. Os manômetros com mola são os mais utilizados em caldeiras e vasos de pressão. Manômetro tubular Desenvolvido por Schäffer e Budemberg, baseia-se na elasticidade produzida sobre uma lâmina ondulada que suporta, por um lado, a pressão atmosférica e, pelo outro, a pressão da caldeira. Ao variar a pressão da caldeira, muda-se a deformação da placa e, em consequência, a indicação fornecida pelo aparelho. Os manômetros indicam a pressão relativa (também denominada pressão manométrica) e não a pressão 52 P.M.T.A.: Pressão máxima de trabalho admissível. absoluta. Isso quer dizer que, para se obter a pressão denominada absoluta, tem-se de somar a pressão atmosférica local à pressão indicada no manômetro (pressão absoluta = pressão manométrica + pressão atmosférica). Cada caldeira tem a capacidade de pressão determinada por suas condições de projeto. Sendo assim, os manômetros utilizados devem ter a escala apropriada. A pressão máxima de funcionamento da caldeira poderá estar marcada sobre a escala do manômetro, para servir de alerta ao operador no controle da pressão. A escala (ou range) de um manômetro é a capacidade de indicação do instrumento. Válvula de segurança A válvula de segurança é um dispositivo capaz de descarregar todo o vapor gerado pela caldeira para a atmosfera, sem que a pressão interna da caldeira ultrapasse a P.M.T.A., com a válvula totalmente aberta. Para que uma válvula de segurança opere corretamente, deve-se: 1. abrir totalmente quando a pressão do vapor atingir um valor fixado, nunca antes disto; 2. permanecer aberta enquanto não houver queda de pressão; 3. fechar instantaneamente, vedando perfeitamente, assim que a pressão retornar às condições de trabalho do gerador; 4. permanecer fechada, sem vazamento, enquanto a pressão permanecer em valores inferiores à sua regulagem. Todas as caldeiras devem contar com dispositivos de segurança, como válvulas e sistemas de segurança contra falhas de chama. 53 Concen- tração da mistura: Ar/combus- tível. Em caldeiras aquatubulares que possuem superaquecedor, é padrão a seguinte instalação: uma válvula de segurança na linha de vapor superaquecido e duas no tubulão de vapor saturado, reguladas em pressões diferentes umas das outras. Cada válvula abrirá a uma pressão ligeiramente superior à válvula anterior. Fotocélula Os sistemas de proteção contra falhas de chama compostos por fotorresistores ou fotocélulas são aplicáveis em caldeiras que queimam líquidos, gases ou sólidos pulverizados e devem ser mantidos sob supervisão contínua, para evitar o procedimento incorreto de partida e a falta de chama por qualquer motivo. Ocorrendo uma dessas falhas, a fornalha da caldeira poderá ficar sujeita a uma explosão, caso não haja imediata interrupção do fornecimento de combustível. Conforme a concentração da mistura, a magnitude da explosão poderá tornar-se mais perigosa, causando danos irreparáveis ao equipamentoe provocando risco de vida ao seu operador. A primeira a abrir é a válvula da linha de vapor superaquecido, o que garantirá o fluxo de vapor em seus tubos. Caso a pressão no interior da caldeira continue subindo, uma das válvulas do balão abrirá. Quando necessário, a terceira também abrirá, ocasião em que todo o vapor gerado poderá ser descarregado por elas, impedindo que a pressão ultrapasse a pressão de operação. 54 Acendimento do piloto: Com gás, óleo diesel, ou querosene. Abertura: Após trava- mento da fotocélula. Válvula solenoide É um equipamento auxiliar de controle e destina-se a cortar rapidamente o suprimento de combustível em caso de falha de chama. DISPOSITIVOS AUXILIARES Os dispositivos auxiliares considerados mais importantes na caldeira são o pressostato, o programador, os ventiladores, o quadro de comando, os compressores. Pressostato O pressostato destina-se a controlar a pressão da caldeira, de modo a não permitir que ela ultrapasse certo valor preestabelecido. Para algumas caldeiras de combustível líquido e gasoso, o pressostato atua diretamente no fechamento da válvula solenoide que interrompe a entrada de combustível no queimador. Quando a pressão do vapor da caldeira estiver abaixo de um valor de ajuste (setpoint) preestabelecido, o pressostato manda um sinal para o programador sequencial, para início do processo de acendimento. Em certos tipos de pressostato, a atuação pode ser parcial numa válvula controladora, esse pressostato é denominado pressostato modulador. Para caldeiras de combustíveis sólidos, o pressostato atua diretamente na combustão, seja desligando o ventilador ou cortando a alimentação de combustível. Programador Tem como finalidade promover um ciclo com a sequência de acendimento. Para caldeiras de combustível líquido ou gasoso, geralmente esta sequência envolve: 1� acionamento do ventilador; 2� purga da fornalha; 3� acendimento do piloto; 4� abertura da válvula de combustível; 55 5� desligamento do piloto; 6� término da sequência de acendimento, ficando disponível para novo ciclo; 7� modulação de fogo baixo para fogo alto. Ventiladores Os ventiladores são equipamentos necessários para a purga de gases da fornalha e o insuflamento de ar para combustão; devem ser dimensionados para vencer as perdas de carga do sistema garantindo a tiragem. As caldeiras possuem ventiladores acionados por motor elétrico e/ou turbinas a vapor. Quadro de comando É a parte da caldeira onde estão os dispositivos que permitem todas as operações necessárias ao seu funcionamento. As caldeiras podem ter um quadro de comando local, instalado ao lado da caldeira com, no mínimo, os seguintes elementos: • chave do modo de comando; • chave liga/desliga bomba de água; • chave liga/desliga ventilador; • alarme sonoro de advertência; • lâmpadas piloto; • chave magnética de ligação do nível; • chave de acendimento manual da caldeira. As caldeiras mais complexas possuem uma sala de controle com instrumentos controladores, indicadores e registradores das variáveis de processo. Esta instrumentação pode ser pneumática, hidráulica, elétrica ou eletrônica dependendo das características particulares de cada caldeira. Alguns tipos de caldeiras possuem um compressor de ar para realizar o processo de pulverização, atomizando o combustível. Purga: exaustão. Chave do modo de comando: manual ou automá- tico. Alarme sonoro de advertên- cia: piloto, ventilador, pressão de vapor, nível, etc. 56 Meus parabéns! Você venceu mais uma batalha. Finalizou está lição e esta apto a colocar em prática todos os conhecimentos adquiridos no decorrer deste aprendizado. Exercícios Questão 1� Uma válvula de segurança operando corretamente deve: a) abrir rapidamente a um valor de pressão inferior à PMTA da caldeira; b) permanecer fechada enquanto não houver queda de pressão da caldeira; c) fechar rapidamente a uma pressão superior à PMTA da caldeira; d) abrir lentamente a uma pressão superior à PMTA da caldeira. Questão 2� O que é indicador de pressão? a) Instrumento utilizado para indicar a descompressão do equipamento. b) Instrumento utilizado para indicar a pressão de operação do equipamento. c) Instrumento utilizado para indicar a baixa e alta pressão do equipamento. d) Instrumento utilizado para indicar a pressão do combustível do equipamento. Questão 3� Qual é a finalidade do ventilador e exaustor em uma caldeira? a) Purga (exaustão) de gases da fornalha e o insuflamento de ar para combustão. b) Resfriar a caldeira. c) Climatizar o ambiente de trabalho próximo à caldeira. Viu como você consegue? Registre suas respostas na Aula Interativa. 57 d) Congelar a caldeira, para que não haja explosões. Questão 4� A parte da caldeira onde estão os dispositivos que permitem todas as operações necessárias ao seu funcionamento? a) Quadro de comando. b) Fornalha. c) Painel de comando. d) Caixa de fumaça. Questão 5� O manômetro é o instrumento indicador de pressão, essa por sua vez, deve ser monitorada permanentemente, pois se os sistemas de segurança autônoma falhar, o operador terá informações suficientes para iniciar outros sistemas de proteção. São mais conhecidos dois tipos de manômetro: a) com mola e tubular; b) sem mola e tubular; c) tubular e curvo; d) sem mola e curvo. 58 TRABALHANDO NAS CALDEIRAS 1. PARTIDA E PARADA 1.1 Caldeiras de combustíveis Os combustíveis das caldeiras podem ser: sólidos; líquidos/gasosos. CALDEIRAS DE COMBUSTÍVEIS SÓLIDOS Pré-partida A seguir as etapas para pré-partida: • verificação do nível de água no tanque de abastecimento; • verificação e realização do alinhamento da alimentação de água; • verificação geral das válvulas e instrumentos da caldeira; • verificação das condições operacionais da bomba de água de alimentação; • drenagem dos indicadores e controladores de nível (garrafa e visor) e teste do sistema de segurança (alarme e trip); • abertura dos drenos e dampers (ou persianas) do superaquecedor, onde for aplicável; Olá, estou de volta e dessa vez estou aqui para explicar a pré-partida, a partida, a operação e a parada de caldeiras de combustíveis sólidos, líquidos ou gasosos. E, segundo o item 13.4.4 da NR-13, toda caldeira a vapor deve estar obrigatoriamente sob operação e controle de operador de caldeira, sendo que o não-atendimento a esta exigência caracteriza condições de risco grave e iminente. 59 • ajuste do nível de água da caldeira na posição operacional; • verificação das condições operacionais dos ventiladores e sistema de tiragem da caldeira; • verificação das condições de alimentação elétrica dos painéis de comando e sinalização; • verificação da quantidade disponível de combustível e manutenção desse material próximo à caldeira; • verificação do funcionamento do mecanismo de alimentação de combustível; • verificação do funcionamento do mecanismo de acionamento das grelhas (rotativas ou basculantes); Partida A seguir as etapas para partida: • colocação de combustível seco, fino e um pouco de combustível líquido para facilitar a combustão inicial; • acendimento do fogo com tocha ou outro sistema disponível; • alimentação da fornalha de maneira a garantir aquecimento gradual dos refratários e grelhas da caldeira; • fechamento do respiro do tubulão superior após garantir eliminação total do ar, nas caldeiras que não possuem superaquecedor; • abertura lenta da válvula de saída de vapor para evitar golpe de aríete, quando a pressão de trabalho da caldeira é atingida e há liberação do vapor para consumo; • fechamento do respiro (damper) do superaquecedornas caldeiras que possuem superaquecedor. Operação A seguir as etapas para a operação de caldeiras de combustíveis: • observação atenta do nível de água da caldeira, fazendo os ajustes necessários; • observação das temperaturas do economizador e pré-aquecedor de ar, quando aplicável; • observação das indicações dos dispositivos de controle de temperatura e 60 pressão, fazendo os ajustes necessários; • realização de todos os testes de rotina da caldeira; • verificação dos tanques de suprimento de água a fim de confirmar se estão sendo suficientemente abastecidos; • verificação da reposição de combustível; • vistoria nos equipamentos a fim de detectar qualquer anormalidade (ruído, vibrações, superaquecimento); • verificação da temperatura dos gases da chaminé a fim de detectar se está dentro dos parâmetros normais; • observação da combustão através dos visores e da chaminé fazendo os ajustes necessários; • regulagem nos dampers quando necessário; • sopragem periódica de fuligem conforme rotina de cada equipamento, onde seja aplicável; • realização de descargas de fundo conforme recomendações do laboratório de análise de água; • fazer as anotações exigidas pelos superiores; • manutenção da ordem e da limpeza da casa de caldeiras; • notificação a outro operador habilitado ou a um superior para que se efetue sua substituição em caso de necessidade de se afastar da casa de caldeiras; • se a caldeira apagar subitamente durante a operação normal, a retomada do processo de acendimento somente deverá ocorrer após garantia de completa purga e exaustão dos gases remanescentes. Parada Para uma parada segura, siga as seguintes etapas: • sopragem de fuligem (ramonagem) em caldeiras aquatubulares dotadas destes dispositivos; • interrupção da alimentação de combustível e execução dos cuidados necessários com relação aos alimentadores (pneumáticos, rotativos, etc.); • manutenção do nível de água ajustando-o, conforme a vaporização que irá ocorrer e a quantidade de combustível disponível na fornalha; Sopragem de fuligem: ramonagem é operação para remo- ver a fuligem dos tubos de uma caldei- ra, em que é lançado um jato de vapor na superfície externa dos tubos, com a caldeira em funciona- mento. 61 • desligamento dos ventiladores e exaustores se o combustível remanescente na fornalha não é suficiente para geração de vapor; • abafamento da caldeira por meio do fechamento dos dampers e portas de alimentação da fornalha, garantindo vedação contra entradas de ar frio; • fechamento da válvula de saída de vapor; • abertura do respiro da caldeira, ou do superaquecedor, onde existir um; • basculamento das grelhas para possibilitar limpeza da fornalha. A rotina de parada prevê que o operador deve anotar o motivo da parada no livro da caldeira, deve anotar também as providências a serem tomadas para a correção de eventuais anormalidades. CALDEIRAS DE COMBUSTÍVEIS LÍQUIDOS/GASOSOS Pré-partida Para uma partida segura, siga as seguintes etapas: • verificação do nível dos tanques de água e de combustível; • verificação e execução do alinhamento da alimentação de água; • verificação e execução do alinhamento da alimentação de combustível e limpeza dos sistemas de filtros, se necessário; • para caldeiras a óleo combustível, início do processo de aquecimento e controle de temperatura até atingir temperatura suficiente para circulação do óleo; • acionamento da bomba e inicio da circulação de óleo até que a temperatura ideal do combustível para a partida da caldeira seja atingida; • verificação geral das válvulas e instrumentos da caldeira; • verificação das condições operacionais das bombas de alimentação de água e de combustível; • drenagem dos indicadores e controladores de nível (garrafa e visor) e teste do sistema de segurança (alarme e trip); • ajuste do nível de água da caldeira na posição operacional; • abertura de drenos e respiros da caldeira; • abertura de drenos e respiros do superaquecedor, nas caldeiras que os possuem. 62 • verificação das condições de alimentação elétrica dos painéis de comando e sinalização; • verificação das condições operacionais dos ventiladores e do sistema de tiragem da caldeira; • verificação, onde houver, das condições operacionais do compressor de ar utilizado na atomização do combustível; • verificação do posicionamento e condições dos eletrodos de ignição; • limpeza da fotocélula. Partida A seguir as etapas para uma partida segura: • ventilação ou purga da fornalha por um período suficiente para garantir a eliminação total de gases; • partida do compressor de ar para atomização, onde for aplicável; • verificação se os valores de temperatura e pressão do combustível são ideais para acendimento; • acendimento do queimador piloto; • alinhamento lento da válvula manual de combustível, certificando-se de que a caldeira está acesa; • para caldeiras com mais de um queimador, a sequência de acendimento recomendada pelo fabricante deve ser obedecida; • ajuste das condições de queima, garantindo estabilidade de chama; • desligamento do queimador piloto e verificação da estabilidade da chama; • aquecimento gradual com acompanhamento para não danificar o refratário e tubos respeitando-se a curva de aquecimento recomendada para cada tipo de caldeira; • verificação, durante a fase de aquecimento, de quaisquer anormalidades nos equipamentos e nos instrumentos indicadores de controle, tomando as providências para os ajustes necessários; • fechamento do respiro do tubulão superior, após garantir eliminação total do ar em caldeiras que não possuem superaquecedor; • passagem do controle da caldeira para o automático quando as condições de pressão atingirem valores preestabelecidos para tal, conforme procedimento 63 operacional; • atingida a pressão de operação, abertura lenta da válvula de saída de vapor para evitar o golpe de aríete e para liberar o vapor para consumo; • fechamento do respiro do superaquecedor, se houver. Operação A seguir as etapas para a operação em caldeiras de combustíveis líquidos/ gasosos: • observação atenta do nível de água da caldeira, fazendo os ajustes necessários; • observação das temperaturas do economizador e pré-aquecedor de ar, onde existirem; • observação das indicações dos dispositivos de controle de temperatura e pressão, fazendo os ajustes necessários; • realização de todos os testes de rotina da caldeira; • verificação do abastecimento dos tanques de suprimento de água; • verificação da reposição de combustível; • vistoria nos equipamentos, observando qualquer anormalidade (ruído, vibrações, superaquecimento). • verificação dos parâmetros de temperatura dos gases da chaminé; • observação da combustão através dos visores e da chaminé fazendo os ajustes necessários; • regulagem nos dampers quando necessário; • sopragem periódica de fuligem conforme rotina de cada equipamento; • realização de descargas de fundo conforme recomendações do laboratório de análise de água; • execução das anotações exigidas pelos superiores e dos registros necessários no livro da caldeira; • manutenção da ordem e da limpeza da casa de caldeiras; • nunca se ausentar da casa de caldeira sem notificar algum colega ou superior para que se efetue a substituição; • se a caldeira apagar subitamente durante sua operação normal, retomar o processo de acendimento somente após garantia de completa purga e exaustão dos gases remanescentes. 64 Parada Para uma parada segura, siga as seguintes etapas: •