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--------------Parvovirose canina-------------- Adrielly Alves Araújo É uma doença infectocontagiosa causada pelo PARVOVÍRUS, que tem tropismo por células de alta taxa de replicação, principalmente enterócitos, células da medula óssea, epitélios, etc. O acometimento desses tecidos levam a quadros de: Gastroenterite com vômitos e diarreia pútrida hemorrágica severa, devido às lesões causadas pela sua replicação nas células das criptas intestinais. Imunossupressão devido a replicação do vírus nas células tronco da medula e pela destruição de tecidos linfoides. ------ Epidemiologia ------ O parvovírus é um vírus de DNA não envelopado, ou seja, possui grande resistência ambiental o que lhe permite ser disseminado por fômites ou pelo contato com secreções que permaneceram no ambiente por algum tempo. Mesmo com essa grande resistência a maioria dos fatores, como dessecamento e calor ele é sensível a HIPOCLORITO DE SÓDIO que pode ser usado como desinfetante na concentração de 5%. Ele não possui a DNA polimerase, por isso depende de achar essa enzima nas células do hospedeiro, presentes principalmente naquelas possuem alta taxa de replicação. O parvovírus possui dois tipos virais, o PVC-1 que não é patogênico, e o PVC-2 que é patogênico e possui três variantes, o PVC-2a, o PVC-2a e PVC-2c, sendo o PVC-2c o mais patogênico de todos, podendo infectar e causar uma forma grave da doença mesmo em cães adultos e previamente vacinados. Cães adultos, mesmo vacinados podem agir como portadores sãos, ou seja, não adoecem porém excretam o vírus por determinado período de tempo. Não existe predisposição de sexo, mas sim de idade, na qual são acometidos cães de até um ano, mas principalmente de até 6 meses, mas todas as idades podem desenvolver a doença. Não possui sazonalidade e animais infectados podem excretar o vírus até 3 dias antes de demonstrarem qualquer sinal clínico, com pico de excreção entre o 7º e 8º dia depois dos sinais clínicos. Não existe tratamento para parvovirose, o animal se cura pelo seu próprio sistema imunológico, os tratamentos são para desidratação, etc. Uma vez curado o cão pode ser recolocado no seu ambiente propriamente desinfectado depois de 3 semanas. A parvovirose apresenta predisposição de raças: Rottweiler* Doberman Pinscher Labrador Pastor alemão Springer Spaniel Pitbull Yorkshire Porém qualquer outra raça pode ser acometida, inclusive SRDs. *Os Rottweiler são os mais afetados, com 50% de mortalidade quando comparado aos 20% de outras raças. --------- Patogenia --------- Depende do estado imune do animal, idade, da virulência e patogenicidade do agente infeccioso, carga infecciosa ingerida, doenças entéricas concomitantes como parasitoses, etc. Ao ingerir o vírus ele se replica primariamente nos tecidos linfoides da orofaringe e timo levando a uma viremia de 3 a 7 dias depois. Com o vírus no sangue ele chega a medula óssea e aos tecidos linfoides. Nos tecidos linfoides se replica gerando LINFOCITOSE. Na medula leva a uma LEUCOPENIA GRAVE por hipoplasia mieloide. Ambas, linfocitose e leucopenia levam a imunossupressão. Além disso, as células das criptas intestinais também são destruídas pela replicação viral e tornam-se uma porta de entrada para microrganismos presentes no trato digestório que adentram a circulação sanguínea e com a baixa imunidade levam a SEPSE do animal. A destruição destas criptas também leva a perda de vilosidades e comprometimento da absorção causando DIARREIA, além de comprometer a microcirculação próxima levando a HEMORRAGIAS = diarreia hemorrágica, que é pútrida devido aos resquícios de inflamação e destruição dos enterócitos. --------- -Clínica------- ---- A parvovirose possui duas formas: Forma entérica: com acometimento dos enterócitos. É a forma mais comum acometendo cães jovens, principalmente os de até 6 meses filhotes de cadelas não vacinadas, não vacinados ou com vacinação incompleta. Possui período de incubação de 4 a 8 dias, e seus sinais são apatia, vômitos frequentes, diarreia hemorrágica fétida, anemia, intussuscepção das alças intestinais devido ao peristaltismo aumentado hipertermia inicial como resposta a viremia seguida de hipotermia decorrente da hipovolemia causada pela hemorragia e desidratação. Pode ocorrer, ainda, pneumonia pela ação de bactérias oportunistas com a baixa imunidade, e Síndrome da resposta inflamatória sistêmica. A forma entérica grave pode levar a morte em 1-2 dias por choque hipovolêmico, sepse e/ou CID, além de poder causar falência renal por falta de volume sanguíneo. Forma cardíaca: menos comum devido a vacinação, e se dá por infecção intrauterina ou orofecal em filhotes de 3 a 12 semanas acometendo o músculo cardíaco está em crescimento = células com alta taxa de replicação, causando uma MIOCARDITE VIRAL. Leva a uma insuficiência cardíaca e dificuldade respiratória podendo culminar em morte súbita. ------- Diagnóstico ------- Leucopenia com linfopenia, anemia, desidratação. Diagnóstico presuntivo pelos sinais clínicos junto da anamnese. Isolamento viral por cultivo viral, testes moleculares como ELISA e PCR, HEMAGLUTINAÇÃO com hemácias de suínos*, INIBIÇÃO DA HEMAGLUTINAÇÃO*, snap tests, etc. Nas necrópsia se congestão intestinal, esplênica, hepática e renal, lesões na mucosa intestinal, pode ter pneumonia. Na forma cardíaca tem-se dilatação cardíaca, edema pulmonar, congestão visceral. O diagnóstico diferencial se dá pela exclusão de Isosporose, Coronavirose e parasitoses como a por Ancylostoma caninum que causa uma diarreia similar, lembrando que sempre pode haver infecções concomitantes.
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