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ESTADO DO MARANHÃO SECRETARIA DE ESTADO DA GESTÃO E PREVIDÊNCIA POLÍCIA MILITAR DO MARANHÃO Criminalística 1- Objetivos da disciplina Carga horária: 30h OBJETIVO GERAL: Capacitar os candidatos com os conhecimentos especializados em Criminalística. OBJETIVOS ESPECÍFICOS: Apresentar os principais temas relacionados à Criminalística e sua definição; Apresentar conceitos e definições sobre local de crime; Desenvolver o estudo sobre a prova material e subjetiva e suas classificações; Apresentar técnicas de isolamento e preservação de local de crime; 2- Conteúdos I. Criminalística: Definições e Objetivos. II. Locais de Crime: Conceitos e Definições. III. Metodologia da Produção de Prova em Local de Crime. IV. Identificação, descrição, preservação de provas objetivas e subjetivas. V. Toxicologia. VI. Aspectos críticos em local de preservação de prova de crime. VII. Locais de acidente de trânsito. 3- Metodologia Aulas expositivas; Uso de imagens e vídeos. 4- Avaliação Avaliação objetiva individual. 5- Referências Bibliográficas LISBOA, Fernanda Nascimento O usos de drogas ilícitas habitualmente ou em serviço. 99 f. Monografia – Centro de Ciências Sociais e Jurídicas- Universidade do Vale do Itajaí, 2011. TONINI, Rita Wetler Apostila de Toxicologia Ocupacional- Pós Grad ESTADO DO MARANHÃO SECRETARIA DE ESTADO DA GESTÃO E PREVIDÊNCIA POLÍCIA MILITAR DO MARANHÃO Disponível em: http://www.ebah.com.br/content/ABAAAfPPEAJ/apostila- toxicologia#; Acessado: 12/04/18. BORGES, Ricardo Batista Apostila de Química Forense- Perícia Criminal e Ciências Forenses – Instituto de Pós-graduação e Graduação (IPOG) BRASIL. Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Rio de Janeiro.Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto- lei/del3689.htm>. Acesso em: 12/04/2018. _____. Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941. Código de Processo Penal. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto- lei/del3689.htm>. Acesso em: 12/04/2018. Código de Processo Penal Militar. Caderno de conscientização sobre o local de crime a as evidências materiais em especial para pessoal nãoforense. United Nations Office on drugs and crime. ONU. New York. 2010. (tradução Ministério da Justiça) Curso de Preservação de Local de Crime da Rede Nacional de Educação à Distância/ SENASP. 2012. SGANZERLA, Rogério Barros. A mistificação da Prova Pericial como forma de busca da verdade. Revista Direito e Liberdade - ESMARN - v. 14, n. 2, p. 190 – 207 – jul/dez 2012. CORDIOLI, Celito. Apostila de criminalística. Santa Catarina, 1996. ESPÍNDULA, Alberi. Criminalística aplicada. Apostila do Curso de Criminalística Aplicada/ SSPDS-CE. Espíndula – Consultoria, Cursos & pericias Ltda, abr., 2009. MALLMITH, Décio de Moura. Apostila Local de Crime. Departamento de Criminalística/ SSP. Porto Alegre/ RS. 2007. ROCHA, Luiz Carlos. Investigação policial: teoria e prática. São Paulo: Saraiva, 1998. http://criminalisticaforense.wordpress.com (acessado em : 06/06/2013) SÊMPIO, Hélder Taborelli. A Polícia Militar na preservação do local de crime. 51p. Cuiabá, MT, 2003. 44p. Monografia (Especialização em Gestão de Segurança Pública), Faculdade de Administração, Economia e Ciências Contábeis, Universidade Federal de Mato Grosso. 2003. ARANHA, Adalberto José Q. T. de Camargo. Da prova no processo penal. 3. ed. atualizada e ESTADO DO MARANHÃO SECRETARIA DE ESTADO DA GESTÃO E PREVIDÊNCIA POLÍCIA MILITAR DO MARANHÃO ampliada. São Paulo: Saraiva, 1994. LIMA, Francisco Ribeiro. Criminalística contemporânea: Polícia Científica. Fortaleza: Intergráfica, 2006. WEATHERFORD. Jack. Gengis Khan e a Formação do Mundo Moderno. 2010. BRASIL. Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997. Institui o Código de Trânsito Brasileiro. Disponível em: Acesso em: 14/04/2018. ______.______. Resolução nº 544, de 19 de agosto de 2015. Estabelece a classificação de danos decorrentes de acidentes, os procedimentos para a regularização, transferência e baixa dos veículos envolvidos. GOIÁS. Polícia Militar. Procedimento operacional padrão: POP. 3. ed. rev. e amp. Goiânia: PMGO, 2014. GOMES, Ordeli Savedra. Código de trânsito brasileiro comentado e legislação complementar. Jurua. 2015. ESTADO DO MARANHÃO SECRETARIA DE ESTADO DA GESTÃO E PREVIDÊNCIA POLÍCIA MILITAR DO MARANHÃO 1. CRIMINALÍSTICA: DEFINIÇÕES E OBJETIVOS 1.1 Histórico A Criminalística teve seu começo no final do séc. XIX, quando Hans Gross, Professor e Magistrado, ao perceber que os métodos utilizados pela polícia, baseados na tortura e castigos corporais, não mais se mostravam eficazes. Assim, propôs que os métodos da Ciência moderna fossem utilizados para solucionar crimes. A partir do estudo de diversas ciências produziu a obra “Handbuch für Untersuchungsrichter als System der Kriminalistik”, ou simplesmente “System der Kriminalistik”, que pode ser traduzido como “Manual para Juízes de Instrução”. A literatura deixa dúvidas quanto à data da primeira edição deste trabalho: 1870, 1883 ou após 1890. Criou ainda em 1899, o “Arquivo de Antropologia Criminal e de Criminalística” (Archiv für Kriminal- Antropologie und Kriminalistik) que, em junho de 1944, já contava com 114 volumes. Tais obras proporcionam aos criminalistas atuantes e aos peritos criminais, preciosas informações no âmbito geral da Criminologia e também da Criminalística. Com isso, Gross é reconhecido como fundador da Criminologia e também da Criminalística, termo por ele criado. Figura 01: Hans Gross (1847-1915) ESTADO DO MARANHÃO SECRETARIA DE ESTADO DA GESTÃO E PREVIDÊNCIA POLÍCIA MILITAR DO MARANHÃO Em continuação, Edmond Locard, médico e advogado nasceu em Saint-Chamond em 13 de dezembro de 1877, e também conhecido como um dos pioneiros da Criminalística na França. Seus métodos são universalmente reconhecidos e lhe valeram a alcunha de “Pai da Moderna Criminologia”. Em 10 de janeiro de 1910 Locard criava o “Laboratório de Polícia” ou, segundo outros, do “Laboratório de Polícia Técnica” de Lyon, o primeiro do gênero em todo o mundo. Os estudos realizados por Locard sobre as impressões digitais levaram-no a demonstrar em 1912, que os poros sudoríparos que se abrem nas cristas papilares dos desenhos digitais, obedecem também aos postulados da “imutabilidade” e da “variabilidade”; criou assim a técnica microscópica de identificação papilar a que deu o nome de “Poroscopia”. No domínio da documentoscopia, Locard criou o chamado “Método Grafométrico”, baseado na avaliação e comparação dos valores mensuráveis da escrita. Apresentou notáveis contribuições no tocante à falsificação dos documentos escritos e tipográficos, ao grafismo da mão esquerda e à anonimografia. Interessou-se, além do mais, pela identificação dos recidivistas, publicando artigos e obras neste domínio. Entre os anos de 1931 a 1940 publicou a sua obra clássica, o “Traité de Criminalistique”, em seis volumes. O resumo do que se contém nesta obra Figura 02: Edmund Locard (1877-1966) ESTADO DO MARANHÃO SECRETARIA DE ESTADO DA GESTÃO E PREVIDÊNCIA POLÍCIA MILITAR DO MARANHÃO acha-se condensado no manual de “Technique Policière” cuja segunda edição foi traduzida para o castelhano, sob o título de “Manual de Técnica Policiaca”. 1.2 Definição da CriminalísticaA criminalística é considerada uma disciplina nascida da Medicina Legal, que é quase tão antiga quanto à própria humanidade. Uma vez que em épocas passadas o médico era pessoa de notório saber, sendo sempre consultado. No século XIX era a medicina legal que tratava da pesquisa, da busca e da demonstração de elementos relacionados com a materialidade do crime. Mas com os avanços dos diversos ramos das ciências, como a Química, a Biologia e a Física, houve a necessidade de uma maior especialização, o que fez com que outros profissionais passassem a ser consultados. Desse modo, surge à necessidade da criação de uma nova disciplina para a pesquisa, análise e interpretação de vestígios encontrados em locais de crimes. Logo, desde o seu surgimento a criminalística visa estudar o crime de forma a não distorcer os fatos, zelando pela integridade e sempre perseguindo a evidência, com o fim de promover a justiça e como um meio de obter os argumentos decisórios para a prolação da sentença (ZARZUELA, 1996). Dois são os seus princípios básicos: a. Princípio de Locard (1877-1966): “Todo o contato deixa um traço (vestígio)”; b. Princípio da Individualidade: Dois objetos podem parecer indistinguíveis, mas não há dois objetos absolutamente idênticos. É a combinação destes dois princípios que torna possível a identificação e a prova científica. De acordo com o Princípio da Troca de Locard, qualquer um, ou qualquer coisa, que entra em um local de crime leva consigo algo do local e deixa alguma coisa para trás quando parte. Nesse sentido, a criminalística baseia-se no fato de que um criminoso deixa no lugar do crime, alguns vestígios, e por outro lado também recolhem na sua pessoa, na sua roupa e no seu material, outros vestígios, e todos eles imperceptíveis, mas característicos da sua presença ou da sua atividade (princípio de LOCARD). A criminalística ocupa-se fundamentalmente em determinar de que ESTADO DO MARANHÃO SECRETARIA DE ESTADO DA GESTÃO E PREVIDÊNCIA POLÍCIA MILITAR DO MARANHÃO forma se cometeu o delito e quem o cometeu, ou seja, a criminalística utiliza uma série de técnicas, procedimentos e ciências que estabelecem a verdade jurídica acerca do ato criminal. Vejamos algumas definições de criminalística que nos permitem ampliar esse entendimento, começando por um entendimento mais básico: “Criminalística é uma ciência, dentre aquelas consideradas auxiliares do Direito Penal”. Nesse sentido tem por objeto a descoberta do crime, bem como a identificação de seus autores. Ainda em busca de uma definição ampla, vejamos o que diz a Enciclopédia Saraiva de Direito sobre Criminalística: “Conjunto de conhecimentos que, reunindo as contribuições de varias ciências, indica os meios para descobrir os crimes, identificar os seus autores e encontra-los, utilizando-se da química, da antropologia, da psicologia, da medicina legal, da psiquiatria, da datiloscopia etc. que são consideradas ciências auxiliares do Direito Penal”. Com isso, para Leonardo Rodrigues, que faz uma moderna concepção do termo: “Criminalística é o uso de métodos científicos de observações e análises para descobrir e interpretar evidências”. Eraldo Rabelo faz uma conceituação mais abrangente, abordando vários aspectos da matéria: “Disciplina autônoma, integrada pelos diferentes ramos do conhecimento técnico-científico, auxiliar e informativa das atividades policiais e judiciárias de investigação criminal, tendo por objeto o estudo dos vestígios materiais extrínsecos à pessoa física, no quer tiver de útil à elucidação e à prova das infrações penais e, ainda, à identificação dos autores respectivos”. Trata-se de uma conceituação abrangente, em que são enquadrados todos os aspectos estruturais, funcionais e dinâmicos da matéria. Ou seja, contempla tanto a caracterização científica da Criminalística - como regida por leis, métodos e princípios próprios, com plena independência das demais ciências - quanto a sua função instrumental de auxílio à Justiça, no que tange ao esclarecimento das infrações penais. Das conceituações existentes em torno do tema, infere-se que a investigação criminalística baseia suas tarefas profissionais em estudo ESTADO DO MARANHÃO SECRETARIA DE ESTADO DA GESTÃO E PREVIDÊNCIA POLÍCIA MILITAR DO MARANHÃO científico das evidências materiais, de cuja análise e interpretação resultam a prova técnica elaborada de forma a se impor irrefutável quanto à materialização do fato típico, o estabelecimento da identidade do autor e o seu respectivo modus operandi. Assim, temos que os objetivos da criminalística são: a. Dar a materialidade do fato típico, constatando a ocorrência do ilícito penal; b. Verificar os meios e os modos como foi praticado um delito, visando fornecer a dinâmica do fenômeno; c. Indicar a autoria do delito, quando possível; d. Elaborar a prova técnica, através da indiciologia material. 1.3 Distinções entre a Criminalística e a Criminologia Sabendo da definição da Criminalística que é o conjunto de procedimentos científicos de que se vale a justiça moderna para averiguar o fato delituoso e suas circunstâncias, isto é, o estudo de todos os vestígios do crime, por meio de métodos adequados a cada um deles. A Criminologia trata- se de um conjunto de conhecimentos que se ocupa do crime, da criminalidade e suas causas, da vítima, do controle social do ato criminoso, bem como da personalidade do criminoso e da maneira de ressocializá-lo. Tendo em vista tais definições, obtemos a distinção entre a criminalística e a criminologia que se respalda na seguinte relação: A Criminologia estuda o criminoso e o quê leva alguém a delinquir (porquê?). A Criminalística estuda o local do crime, buscando apurar como ele se deu. (como?). 2. LOCAL DE CRIME Local de Crime é aquele local onde ocorreu um fato de qualquer natureza e que necessita da intervenção da polícia para o seu devido esclarecimento. Então, todo local onde tenha ocorrido uma contravenção, um crime, (independente de sua natureza) um acidente de tráfego ou de trabalho, um ESTADO DO MARANHÃO SECRETARIA DE ESTADO DA GESTÃO E PREVIDÊNCIA POLÍCIA MILITAR DO MARANHÃO achado de cadáver, um local de feto encontrado, um incêndio, um atentado terrorista, etc., recebe a denominação de “LOCAL DE CRIME” ou de “LOCAL DO FATO”, por que se torna necessário a elucidação das circunstâncias em que o mesmo se verificou. 2.1 Classificação do local de crime Para alguns estudiosos, é muito difícil estabelecer critérios de classificação de temas cuja amplitude não é especificamente definida. Contudo, a experiência nos conduz a classificá-lo da seguinte maneira: Quanto ao local em si: diz respeito às características físicas da área do local e divide-se em Local Interno, Local Externo e Local em veículo. Estes por sua vez, se subdividem em Ambiente Mediato e Ambiente Imediato. Local Interno: é uma área restrita, ou seja, compreendida no interior de recintos fechados que tanto podem ser prédios, como áreas delimitadas por cercas ou muros. Local Externo: se refere às áreas não restritas, tais como: as vias públicas, terrenos baldios, matas, florestas, campos e logradouros públicos. Local em Veículo: diz respeito a qualquer fato delituoso ocorrido no interior de um veículo, quer em movimento, parado ou estacionado. 2.2 Quanto a Área Imediato: é a área onde se verificou o fato. É o próprio cenário do crime onde o perito deve concentrar toda sua atenção e desenvolver todos os seus conhecimentos e praxes técnico-científicas. É esta parte do local que “fala”e que conduz ao esclarecimento do fato ocorrido. Mediato: Compreende as imediações do local onde ocorreu o fato. A investigação do ambiente mediato deve ser feita com bastante atenção e cuidados outros, haja vista que, é essa porção do local que conduzirá os peritos a perceberem e a interpretarem a dinâmica do fato. ESTADO DO MARANHÃO SECRETARIA DE ESTADO DA GESTÃO E PREVIDÊNCIA POLÍCIA MILITAR DO MARANHÃO Relacionado: Aquele que, apesar de diverso das áreas imediata e mediata da cena do crime, apresenta relações com o fato delituoso, nele se encontrando, por exemplo, objetos, armas, documentos, ou instrumentos que, de alguma forma, guardam ligação com a infração penal cometida. É de suma importância fazer-se esta classificação, devido a alguns crimes ou simples fatos que requerem a intervenção da Polícia ocorrer indiferentemente, quer em local interno, quer em local externo bem como no interior de veículos automotores como, por exemplo: homicídio, suicídio, achado de cadáver, acidente do trabalho, etc., que indiferentemente podem ocorrer num como nos outros. No entanto existem crimes ou simples fatos que ocorrem em locais específicos, por exemplo: um furto qualificado, ou arrombamento, ocorrem quase sempre em locais internos, enquanto um acidente de tráfego ocorre somente nas vias públicas. Não deve ser confundido LOCAL EM VEÍCULO com LOCAL DE ACIDENTE DE TRÁFEGO. 2.3 Quanto à natureza do crime Na ótica de Lima (2006, p. 63), o estudo do local de crime, sob esse aspecto, tem a finalidade de determinar a natureza jurídica do fato ocorrido, isto é, procura responder a seguinte pergunta: “o que aconteceu?”. Quanto a tal critério, considerando os que são de maior interesse prático para o dia-a-dia policial, assim como a maior incidência do fluxo de exames periciais, temos: a) Local de crime contra a pessoa Caracteriza o lugar onde tenha ocorrido qualquer ato de ofensa à integridade física da pessoa humana, característico da prática de fato delituoso. Sobre essa classificação, exemplifica Espíndula (2009, p. 45): Podemos colocar vários exemplos de crimes contra a pessoa, no entanto, os mais comuns, ou aqueles que ocorrem com mais frequência, são ESTADO DO MARANHÃO SECRETARIA DE ESTADO DA GESTÃO E PREVIDÊNCIA POLÍCIA MILITAR DO MARANHÃO os homicídios e os suicídios, envolvendo a morte da vítima: e, as tentativas de consumação de homicídios e os disparos de arma de fogo em geral, dentre aqueles em que a vítima não veio a falecer. b) Local de crime contra o patrimônio Referem-se aos sítios onde os bens materiais possam ter sido danificados e/ou subtraídos de maneira criminosa, como, por exemplo, os locais de furto, de roubo, de dano, entre outros. De acordo com Espíndula (2009, p. 45), tais locais de crime englobam “todos os delitos praticados, cuja intenção do autor era a de obter vantagem (ilícita) pecuniária ou patrimonial, por meio da apropriação de objetos, bens ou valores”. c) Local de crime contra a natureza A questão ambiental é um assunto em atual evidência e seus crimes afetam diretamente a coletividade, em razão de sua amplitude difusa. Os locais Figura 03: Crime contra pessoa. Figura 04: Crime contra patrimônio. ESTADO DO MARANHÃO SECRETARIA DE ESTADO DA GESTÃO E PREVIDÊNCIA POLÍCIA MILITAR DO MARANHÃO desse tipo de crime referem-se às áreas em que os recursos naturais, objetos do direito difuso, são criminalmente destruídos, contaminados ou danificados. Alguns exemplos podem ser elencados, tais como os locais de queimadas, de desmatamentos, os lançamentos de dejetos em mares e rios, etc. d) Locais de acidente de trânsito São sítios altamente complexos, principalmente, no que tange ao seu isolamento e à sua preservação, chegando a situações em que os locais são desfeitos por estarem prejudicando o fluxo do tráfego ou estarem oferecendo risco de ocorrência de outros acidentes. 2.4 Quanto ao Exame Nível de preservação do local em relação às condições de realização dos exames periciais. Figura 06: Crime contra o trânsito. Figura 05: Crime contra natureza. ESTADO DO MARANHÃO SECRETARIA DE ESTADO DA GESTÃO E PREVIDÊNCIA POLÍCIA MILITAR DO MARANHÃO Local Idôneo: São aqueles mantidos nas condições originais que foram deixados pelos atores da infração, sem alteração do estado das coisas, após a prática da infração penal, até a chegada dos peritos. Local Inidôneo: São aqueles em que após a prática de uma infração penal e antes da chegada e inspeção dos peritos no local, eles apresentam-se alterados, quer nas posições originais dos vestígios, quer na subtração ou acréscimos destes, modificado de qualquer forma o estado das coisas. (SÊMPIO. 2003, p. 09). 2.5 Corpo de delito O Art. 158 do CPP diz: “quando a infração penal deixar vestígios será indispensável o exame de corpo de delito direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado”. O Corpo de Delito é o elemento principal de um local de crime, em torno do qual gravitam os vestígios e para o qual convergem as evidências. É o elemento desencadeador da perícia e o motivo e razão última de sua implementação. As diferentes espécies de exames de corpo de delito são realizadas em particular, por três categorias de Peritos: Peritos Criminalisticos, Peritos Médicos Legistas e Peritos Odontolegistas. 3. METODOLOGIA DA PRODUÇÃO DE PROVA EM LOCAL DE CRIME Essa metodologia é utilizada para que o policial possa desempenhar suas funções no local de crime. De acordo com o Art. 6° do CPP- Decreto Lei nº 3.689 de 03 de Outubro de 1941, em que visa o conhecimento da prática da infração penal, temos: II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais; (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias; IV - ouvir o ofendido. ESTADO DO MARANHÃO SECRETARIA DE ESTADO DA GESTÃO E PREVIDÊNCIA POLÍCIA MILITAR DO MARANHÃO Com isso, a atuação do policial no local de crime compreende as várias fases que se constituíram em normas. 1 – Ao tomar conhecimento de um fato ocorrido: checar a fonte de informação (nome, endereço, idade, que relação ou interesse tem com o fato, se a informação for por telefone de que número esta ligando e ligar para o numero fornecido para a devida confirmação, etc.) com a finalidade de evitar “trotes”; Dar ciência a autoridade policial competente, narrando a natureza do fato e fornecendo-lhe as informações que lhes foram prestadas inerentes ao mesmo, tais como: data, hora e local exato da ocorrência, vias de acessos favoráveis, etc.; 2 – Ao chegar ao local providenciar o isolamento do mesmo a fim de preservá-lo, par que o policial execute esta tarefa, é necessário a observação do seguinte: a. Não permitir a entrada de qualquer pessoa nas áreas que contenham vestígios, antes da chegada do perito criminalístico; b. Em certos casos, não permitir a retirada de qualquer objeto ou pessoa, que se encontre no recinto, por ocasião de sua chegada ao local; c. Não permitir, que pessoas presentes, sob quaisquer pretextos, toquem nos objetos ou mudem suas posições, incluindo-se também nestas proibições; d. Não permitir sob nenhum pretexto que, antes da chegada do perito criminalístico ou criminal, qualquer outro profissional, independente de sua autoridade, adentre na áreaonde se verificou o fato, isto é, no cenário do crime; 3 - Se o fato tiver ocorrido em um local interno, interdita-lo totalmente; no caso de locais externos, interditar a área que contenha vestígios; se numa via terrestre, solicitar o auxílio de policiais do Batalhão de Trânsito no sentido de organizarem o trânsito procurando tanto quanto possível, não interromper o fluxo de veículos; quando a ocorrência for tipificada ESTADO DO MARANHÃO SECRETARIA DE ESTADO DA GESTÃO E PREVIDÊNCIA POLÍCIA MILITAR DO MARANHÃO como sendo um local em veículo, os cuidados deverão ser redobrados, dados as grandes variedades de fatores que poderão interferir no mesmo, contaminando-o e consequentemente mascarando os vestígios ali existentes. 4 - Arrolar de imediato as testemunhas, se por acaso houver, no que deverá tomar bastante cuidado; 5 - Em caso de manchas e, principalmente se o local for externo, protege-las das intempéries, (chuva, vento, etc.) utilizando-se de caixas de papelão ou similares, que apenas protejam e não as toque; 6 – Tomar bastante cuidado com superfícies polidas e/ou metálicas, pois as mesmas podem se constituir em suportes de fragmentos de impressões digitais; OBSERVAÇÕES: “NÃO EXISTE CRIME PERFEITO, O QUE EXISTE É UM LOCAL MAL INVESTIGADO”. (Autor desconhecido) “TEMPO QUE PASSA É VERDADE QUE FOGE”. (Edmond Locard) 3.1 Prova É o conjunto de meios idôneos e praticados no processo ou nele estranhados e tendentes à afirmação da existência positiva ou negativa de um fato destinado a fornecer ao juiz o conhecimento da verdade, a fim de gerar sua convicção quanto à existência ou inexistência dos fatos deduzidos em juízo. Todo meio usado pela inteligência do homem para a percepção da verdade. (ARANHA. 1994, p. 217) Prova Objetiva: tem por base os vestígios encontrados nos locais de crime, que são interpretados pelos Peritos por meio dos exames. Exemplo: laudo pericial. Prova Subjetiva: tem por base as informações colhidas da vítima, das testemunhas ou de qualquer pessoa relacionada com o fato. Exemplo: boletim de ocorrência expedido pela Polícia Militar. 4. IDENTIFICAÇÃO, DESCRIÇÃO E PRESERVAÇÃO DE PROVAS OBJETIVAS E SUBJETIVAS. ESTADO DO MARANHÃO SECRETARIA DE ESTADO DA GESTÃO E PREVIDÊNCIA POLÍCIA MILITAR DO MARANHÃO 4.1 Provas objetivas: Vestígio: Constituem-se em qualquer marca, objeto ou sinal sensível que possa ter relação com o fato investigado. A existência do vestígio pressupõe a existência de um agente provocador (que o causou ou contribuiu para tanto) e de um suporte adequado (local em que o vestígio se materializou). Evidência: é o vestígio que, após analisado pela perícia técnica e científica, possui relação como crime. Indício: Expressão utilizada no meio jurídico que significa cada uma das informações (periciais ou não) relacionadas com o crime. De acordo com o Decreto - Lei nº 3.689/1941 do CPP - TÍTULO VIIDA PROVA CAPÍTULO X DOS INDÍCIOS, temos: Art. 239. Considera-se indício a circunstância conhecida e provada, que, tendo relação com o fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias. 4.1.1 Tipos de vestígios a. Vestígio Verdadeiro: é aquele que tem uma relação direta com o autor do vestígio. Exemplo: a escrita; um fragmento de impressão digital, um documento; um objeto de uso pessoal; etc. b. Vestígio forjado: é aquele deixado com o propósito de confundir o investigador ou mascarar o vestígio verdadeiro. Exemplo: a falsificação ou auto - falsificação de uma escrita; o transplante de um fragmento de impressão digital; a alocação de um documento ou objeto pessoal de outrem; etc. c. Vestígio Ilusório: é todo elemento encontrado no local do crime que não esteja relacionado às ações dos atores da infração e desde que a sua produção não tenha ocorrido de maneira intencional. A produção de vestígio ilusório nos ESTADO DO MARANHÃO SECRETARIA DE ESTADO DA GESTÃO E PREVIDÊNCIA POLÍCIA MILITAR DO MARANHÃO locais de crime é muito grande, tendo em vista a problemática da falta de isolamento e preservação de local. Este é o maior fator da sua produção, pois contribuem para isso desde os populares que transitam pela área de produção dos vestígios, até os próprios policiais pela sua falta de conhecimento das técnicas de preservação. 5. TOXICOLOGIA É a ciência que tem como objeto de estudo o efeito adverso de substâncias químicas sobre os organismos vivos, com a finalidade principal de prevenir o aparecimento deste efeito, ou seja, estabelecer o uso seguro destas substâncias químicas. Dentre das áreas da toxicologia, a área de toxicologia social, é aquela que será mais utilizada pela autoridade policial, pois esta se refere do efeito nocivo dos agentes químicos usados pelo homem em sua vida de sociedade seja sob o aspecto individual ou social. 5.1 Drogas: Lei 11.343/2006 Art.1º Parágrafo único. Para fins desta Lei, consideram-se como “drogas as substâncias ou os produtos capazes de causar dependência”, assim especificados em lei ou relacionados em listas atualizadas periodicamente pelo Poder Executivo da União. As drogas podem ser classificadas quanto a sua origem em: a) Naturais: são aquelas que possuem efeitos alucinógenos naturalmente, sem precisar da adição de produtos químicos em laboratório. Exemplo: THC( tetra- hidrocarbinol), substância psicoativa presente na Cannabis Sativa(maconha); b) Semi-sintéticas: são aquelas que são feitas a partir de substâncias naturais, porém são alteradas por substâncias químicas em laboratório. Exemplo: Cocaína. c) Sintéticas: são aquelas que são produzidas em laboratório, por substâncias psicoativas que provocam alucinações. ESTADO DO MARANHÃO SECRETARIA DE ESTADO DA GESTÃO E PREVIDÊNCIA POLÍCIA MILITAR DO MARANHÃO Exemplo: metilenodioximetanfetamina (MDMA) o Ecstasy. As drogas podem ser classificadas também quanto os seus aspectos legais, desta forma elas podem ser lícitas (legais) que são aquelas que podem ser comercializadas livremente de forma legal, que não está proibido legalmente, como por exemplo, o álcool o tabaco; e ilícitas que são aquelas proibidas por lei tanto o seu uso como comercialização. A Lei 11.343/06 instituiu o Sisnad- Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas, na qual tem sua finalidade e objetivo determinados nesta lei, esta mesma lei em seu artigo 50. Fala sobre a prisão em flagrante e da atuação da autoridade policial no processo de investigação. Algumas Drogas: 6. ASPECTOS CRÍTICOS EM LOCAL E PRESERVAÇÃO DE PROVA DE CRIME Objetivando a preservação do local de crime é necessária à atenção especial aos vestígios encontrados cuidando para que não sejam destruídos nem alterados as posições e localizações dos mesmos. Porém para que seja Figura 07: Drogas ESTADO DO MARANHÃO SECRETARIA DE ESTADO DA GESTÃO E PREVIDÊNCIA POLÍCIA MILITAR DO MARANHÃO realizada uma correta preservação desse local, é preciso que o mesmo seja isolado. Faz parte do procedimento de preservação do local de crime a vigilância por partes das autoridades policiais a fim de impedir a entrada de pessoas no local e impedir que as ações de agentes naturais, como a chuva alterem o local. A norma que rege o artigo 6º, incisos I, II e III, do Código de Processo Penal, que determina: Artigo 6º: I – se possível e conveniente, dirigir-se ao local, providenciando para que se não alterem o estado e conservação das coisas, enquanto necessário; I - dirigir-se aolocal II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais; III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias; IV - ouvir o ofendido; Um esforço deve ser feito para não modificar as provas, para que seja possível avaliar a situação. Preservando a cadeia de custódia que é o processo usado para manter e documentar a história cronológica dos elementos materiais, que visa garantir a idoneidade e o seu rastreamento desde a identificação e coleta, até sua destinação final. Com isso, os procedimentos devem ser dados da seguinte forma: • Isolamento: delimitação da área física interna e externa do local de crime, por meio de recursos visíveis como cordas, fitas zebradas e outros, com a finalidade de impedir a entrada de pessoas não autorizadas; • Perímetro de isolamento: é a área demarcada e isolada, que compreende o local de crime Imediato e Mediato; • Preservação: não alteração do estado das coisas; • Guarnecimento: custódia do local pelo Estado, ou seja, pelos policiais. ESTADO DO MARANHÃO SECRETARIA DE ESTADO DA GESTÃO E PREVIDÊNCIA POLÍCIA MILITAR DO MARANHÃO Logo, a finalidade básica da preservação é evitar que os vestígios produzidos na cena do delito se deteriorem, se percam, ou sejam alterados de posição, por ações de pessoas estranhas aos acontecimentos delituosos. Facilitando assim, a elucidação dos fatos bem como a aplicação da Lei. Segundo Sganzerla (2012): “As provas são os materiais que permitem a reconstrução histórica e sobre as quais recai a tarefa de verificação das hipóteses, isso com a finalidade de persuadir o juiz, tendo este como seu destinatário final.” Que aborda a importância do isolamento de local de crime, pois, compete aos seguintes tópicos: • A idoneidade dos vestígios e provas; • A determinação da autoria do delito; • Os fatos determinantes nas circunstâncias do delito; • Influir decisivamente na aplicação das leis. 6.1 Conduta operacional na primeira intervenção Figura 08: Esquema representativo dos passos que ocorrem na investigação da cena do crime, segundo Siegel (2005) . ESTADO DO MARANHÃO SECRETARIA DE ESTADO DA GESTÃO E PREVIDÊNCIA POLÍCIA MILITAR DO MARANHÃO A polícia militar tem papel fundamental na preservação e isolamento do local do crime, impedindo que as evidências sejam contaminadas ou introduzias no local fazendo que a eficácia na perícia criminal seja mais atuante e discriminada evitando qualquer dano e também na forma importante no que tange chegar ao local do crime primeiramente. De acordo com a legislação, temos: CPP - Decreto Lei nº 3.689 de 03 de Outubro de 1941 Art. 169. Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a infração, a autoridade providenciará imediatamente para que não se altere o estado das coisas até a chegada dos peritos, que poderão instruir seus laudos com fotografias, desenhos ou esquemas elucidativos. CPPM - Decreto-Lei nº 1.002, de 21 de Outubro de 1969. Art. 12. Logo que tiver conhecimento da prática de infração penal militar, verificável na ocasião, a autoridade a que se refere o § 2º do art. 10 deverá, se possível: a) dirigir-se ao local, providenciando para que se não alterem o estado e a situação das coisas, enquanto necessário; Art. 339. Para o efeito de exame do local onde houver sido praticado o crime, a autoridade providenciará imediatamente para que não se altere o estado das coisas, até a chegada dos peritos. Logo, as ações do primeiro policial no local se competem aos seguintes tópicos: • Quanto à conduta operacional na primeira intervenção: a. Atentar a todas as movimentações de pessoas e veículos quando da aproximação e chegada ao local; b. Estacionar o veículo, em local seguro, em que possa visualizar o local do crime; c. Abordar o local com todo cuidado, especialmente com a sua segurança pessoal; d. Somente um entra no local. O outro cuida da segurança deles; e. Elaborar um diagnóstico preliminar, identificando a existência ou não de vítimas; ESTADO DO MARANHÃO SECRETARIA DE ESTADO DA GESTÃO E PREVIDÊNCIA POLÍCIA MILITAR DO MARANHÃO f. Traçar um plano de ação, com base na avaliação dos riscos, acionando o apoio, se necessário; g. No caso da existência de vítimas, adentrar o local em linha reta, ou pelo menor trajeto possível, verificar os sinais vitais e providenciar as ações de primeiros socorros. Caso necessário, acionar o Corpo de Bombeiros e/ou o Serviço de Atendimento Médico de Urgência; h. Em caso de óbito evidente, não tocar no corpo e nas vestes, exceto em situações de salvamento ou socorro de outras vítimas; i. Evitar cobrir o cadáver, independentemente do local ou tipo de cobertura; j. Sair do local pelo mesmo percurso de entra; k. Selecionar e isolar o perímetro dos locais de crime imediato e mediato. Nem os próprios policiais poderão se deslocar dentro da área isolada; l. Após as providências iniciais, prosseguir com a vigilância e preservação dos vestígios, até a chegada dos peritos criminais. Comunicar a central de operações. • Quanto à conduta operacional no isolamento e preservação: a. Sinalizar, desviar e controlar o trânsito de veículos e de pedestres, impedindo o acesso ao local do crime; b. No caso de evento em via pública, acionar o órgão responsável pelo trânsito local para efetuar o controle de tráfego e o isolamento da via; c. Identificar as pessoas que estejam no local do crime (nome, filiação, data de nascimento, documentos de identidade, endereço e telefone de contato) e, caso possuam qualquer dado ou informação acerca dos fatos, arrolá-las como testemunha; ESTADO DO MARANHÃO SECRETARIA DE ESTADO DA GESTÃO E PREVIDÊNCIA POLÍCIA MILITAR DO MARANHÃO d. Não mexer em armas, objetos ou instrumentos possivelmente vinculados ao crime, impedir que suas posições sejam modificadas; e. Não comer, beber, fumar, ou realizar outras atividades de caráter pessoal no local do crime; f. Realizar constante análise das condições de segurança no local e, caso necessário, adotar medidas corretivas e acionar apoio; g. No caso de suspeita de alteração do local de crime, identificar o possível causador, registrar a situação e informar aos peritos que comparecerem ao local; h. Recepcionar os demais PSP que chegarem ao local, relatando as informações necessárias; i. Informar ao responsável pelo trabalho pericial sobre possíveis vestígios deixados por terceiros que adentraram ao local do crime (por necessidade ou equivocadamente); j. Acompanhar, quando solicitado, os trabalhos periciais, anotando e conferindo o material apreendido e fazendo o registro no BO; k. Sem prejudicar as ações procedimentais de segurança e de preservação do local de crime, recepcionar e dar assistência especial aos familiares de vítimas, adotando medidas que sejam capazes de conter, com o devido respeito e atenção, comportamentos agressivos ou que interfiram na atividade de preservação do local do crime; l. Recepcionar a imprensa quando necessário, e divulgar as informações de forma objetiva, respeitando o canal de comando e a competência técnica. Impedir que repórteres e fotógrafos acessem o local de crime antes da realização dos trabalhos periciais; ESTADO DO MARANHÃO SECRETARIA DE ESTADO DA GESTÃO E PREVIDÊNCIA POLÍCIA MILITAR DO MARANHÃO m. No caso de iminente risco de perda dos vestígios (decorrente de condição meteorológica, por exemplo), e não estandoainda no local os peritos criminais, efetuar o levantamento fotográfico e fazer a coleta dos vestígios; n. Zelar pela cadeia de custódia; o. No caso de troca de equipe ou guarnição de serviço, transmitir ao sucessor todos os dados e informações colhidas durante a preservação do local do crime. • Quanto à conduta operacional após os trabalhos periciais: a. Após a realização dos trabalhos periciais, anotar os dados funcionais dos peritos e demais PSP que estiveram no local; b. Liberar o local somente com a expressa autorização da autoridade policial; c. Registrar as circunstâncias identificadas no local do crime (chuva ou sol; dia ou noite; topografia; vias de acesso; aberto ou fechado; acidentes geográficos; edificações próximas, outras julgadas relevantes) em boletim de ocorrência ou documento similar. 7. LOCAIS DE ACIDENTE DE TRÂNSITO Os locais de acidente de trânsito podem ser estudados através da compreensão dos sítios de colisão ou impactos que se referem à área na via (ou fora dela) onde efetivamente houve a interação entre o(s) veículo(s) e outros “participantes” diretos do acidente, o que pode englobar construções e outros objetos fixos, pessoas e animais. ESTADO DO MARANHÃO SECRETARIA DE ESTADO DA GESTÃO E PREVIDÊNCIA POLÍCIA MILITAR DO MARANHÃO Porém, no local podemos ter dois diferentes sítios a serem analisados para a elucidação dos fatos ocorridos no acidente, que são: • Sítio de colisão: área na via que demarca a interação entre o(s) veículo(s) e os demais elementos diretamente envolvidos. Por exemplo: em uma colisão com objeto fixo você poderá demarcar somente a área onde houve interação direta entre o veículo e o objeto (suponhamos, um poste) como Ponto de Colisão. • Sítio do Acidente: engloba todos os elementos que direta ou indiretamente influenciaram ou “participaram” do acidente. Por exemplo: um buraco 15 metros antes do sítio de colisão poderá fazer parte do sítio do acidente. Figura 09: Sitio de colisão. Figura 10: Sítio do acidente e Sítio de Colisão ESTADO DO MARANHÃO SECRETARIA DE ESTADO DA GESTÃO E PREVIDÊNCIA POLÍCIA MILITAR DO MARANHÃO 7.1 Ação policial no Local de acidente de Trânsito Em relação à ação dos primeiros policiais em um local de acidente de trânsito, compete aos mesmos, o que discorre na Legislação 5970/73, que exclui da aplicação do disposto nos artigos 6º, inciso I, 64 e 169, do Código de Processo Penal, nos casos de acidente de trânsito, e, dá outras providências no seguinte artigo: Art 1º Em caso de acidente de trânsito, a autoridade ou agente policial que primeiro tomar conhecimento do fato poderá autorizar, independentemente de exame do local, a imediata remoção das pessoas que tenham sofrido lesão, bem como dos veículos nele envolvidos, se estiverem no leito da via pública e prejudicarem o tráfego. Parágrafo único. Para autorizar a remoção, a autoridade ou agente policial lavrará boletim da ocorrência, nele consignado o fato, as testemunhas que o presenciaram e todas as demais circunstâncias necessárias ao esclarecimento da verdade. Como se pode observar, esta é uma lei que, autorizando o descumprimento de outra, pode prejudicar, sobremaneira, os exames periciais em locais de acidente de trânsito, uma vez que a exceção tende a se tornar regra, pois, inúmeras situações que não justificariam tal medida acabam tendo os locais desfeitos pelos policiais militares e, principalmente, pelos policiais rodoviários. Tal medida é justificada de acordo com Espíndula (2009, p. 49), pois, esses tipos de locais geram uma dificuldade natural no que diz respeito ao fluxo do sistema de trânsito, onde vários riscos são verificados no dia a dia, chegando-se a situações em que os locais são desfeitos por estarem prejudicando o fluxo do tráfego ou estarem oferecendo risco de ocorrência de outros acidentes. ESTADO DO MARANHÃO SECRETARIA DE ESTADO DA GESTÃO E PREVIDÊNCIA POLÍCIA MILITAR DO MARANHÃO 7.2 Procedimentos da Policia Militar nos locais de acidente de Trânsito 1. Tomar conhecimento das pessoas envolvidas e testemunhas que saibam efetivamente dos fatos, cuidando para que não se afastem do local antes de serem devidamente identificadas e qualificadas; 2. Examinar os documentos dos condutores e dos veículos, quanto à autenticidade e validade; Do condutor: Documentos de Habilitação: Carteira Nacional de Habilitação (CNH); a Permissão para Dirigir (PPD), as autorizações para conduzir ciclos, veículos de propulsão humana e tração animal. 3. Verificar junto ao Centro de Operações a situação dos veículos envolvidos através das placas de identificação, mesmo que a documentação esteja aparentemente regular (Ações corretivas nº 5 e 6); 4. Verificar as situações que envolvem o acidente em relação ao cometimento de qualquer crime previsto no CTB, ou outro texto legal, para possível condução dos criminosos a repartição pública competente; Com vítima PM isola o LC PC - ICRIM Sem vítima PM Lavra o BO ESTADO DO MARANHÃO SECRETARIA DE ESTADO DA GESTÃO E PREVIDÊNCIA POLÍCIA MILITAR DO MARANHÃO 5. Verificar pelas condições que se deram o acidente, se um dos envolvidos estava em fuga de crime cometido logo anteriormente; 6. Manter os ânimos das partes sempre estáveis, a fim de evitar maiores desentendimentos e vias de fato; 7. Preencher o BO/PM e BOAT; 8. Fotografar as partes laterais direita e esquerda, frente e traseira dos veículos acidentados, devendo ser justificada a impossibilidade de juntada das imagens; 9. Ser imparcial na confecção dos: BO/PM e BOAT, quanto à determinação de dolo ou culpabilidade entre os envolvidos, não fazendo julgamentos precipitados, nem comentar as causas do acidente com pessoas envolvidas, terceiros ou imprensa; 10. Esclarecimento: Para declarações à imprensa fornecer dados objetivos (número de envolvidos, veículos, vítimas, danos causados etc...), não fazendo juízo de valor e nem emitindo uma opinião antecipada dos fatos. Descrição do fato – Nesta parte o policial militar fará um relato objetivo e sucinto do acidente. A quantidade de informações deve ser a maior possível, desde que necessária ao esclarecimento dos fatos, mas limitada aos aspectos objetivos, não devendo o relatório trazer opiniões pessoais do relator, pois os dados subjetivos podem gerar expectativa de falsos direitos das partes envolvidas. O Relatório O relatório deve conter as seguintes informações: • Fonte da informação: Por exemplo: De acordo com as testemunhas..., Segundo versão dos condutores..., Pelos vestígios encontrados no local...; • Local de circulação dos veículos: especificação do nome da via em que circulavam; Sentido de circulação dos veículos; ESTADO DO MARANHÃO SECRETARIA DE ESTADO DA GESTÃO E PREVIDÊNCIA POLÍCIA MILITAR DO MARANHÃO • Descrição do acidente: Por exemplo: no cruzamento das vias ocorreu o abalroamento..., Frente ao nº 251 ocorreu a colisão..., Na altura do posto do INSS ocorreu o tombamento...; • Consequências do acidente: Danos de pequena, média ou grande monta; • Providências tomadas: Segundo versão dos condutores, VE-1 trafegava pela Av. Anhanguera no sentido oeste-leste, VE-2 trafegava pela Alameda Progresso no sentido norte-sul. No cruzamento das vias ocorreu o abalroamento entre os veículos que provocou danos materiais de média monta em VE-1 e pequenamonta em VE-2 e vítima com escoriações leves, que era passageira do VE-2. Foi feita a remoção do VE-1, através do guincho da PM, com fundamento no art. 230, V do CTB. VE-2 liberado ao condutor no local. Croqui Diagrama do acidente: também denominado croqui, é a parte mais importante do BOAT, em que se baseiam os peritos para a reconstituição do acidente, e de onde o julgador, nas ações cíveis e criminais, colhe elementos para fundamentar sua convicção no momento de decidir controvérsias entre as partes. Na confecção deste recomenda-se: • Desenhar o traçado viário na parte em que ocorreu o acidente; • Identificar as vias e o respectivo sentido de circulação; • Orientar o diagrama com a determinação dos principais pontos cardeais: norte, sul, leste e oeste; • Fixar o ponto de repouso dos veículos; • Determinar o sentido de circulação dos veículos; • Determinar a sinalização existente, tanto a horizontal como a vertical; • Posicionar o PI (ponto de impacto); • Determinar, se houver, fatores materiais adversos (buracos na pista, manchas de óleo, saliência na pista, etc.); ESTADO DO MARANHÃO SECRETARIA DE ESTADO DA GESTÃO E PREVIDÊNCIA POLÍCIA MILITAR DO MARANHÃO • Referir qualquer vestígio ou sinal decorrente do acidente (manchas de sangue, cacos de vidro, lanternas quebradas, marcas de frenagem, etc.). Figura 11: Diagrama do acidente.
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