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AGENTE, ESCRIVÃO E PERITO CRIMINAL PF – Direito Contitucional – Licínia Rossi Material de apoio elaborado pela monitora Aline Oliveira 1 AGENTE, ESCRIVÃO E PERITO CRIMINAL PF Disciplina: Direito Constitucional Profa. Licínia Rossi Aula nº 05 MATERIAL DE APOIO – MONITORIA Índice I. Tópicos abordados em aula II. Jurisprudência Correlata 2.1. STJ – PET 9460 2.2. Súmula 101 do STF 2.3. Súmula 266 do STF 2.4. Súmula 267 do STF 2.5. Súmula 268 do STF 2.6. Súmula 474 do STF 2.7. Súmula 510 do STF 2.8. Súmula 625 do STF 2.9. Súmula 632 do STF 2.10. Súmula 629 do STF 2.11. Súmula 630 do STF 2.12. Súmula 2 do STJ I. TÓPICOS ABORDADOS EM AULA DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS 1. Segurança (continuação) 1.1. Art. 5º, XXXIII da CF 1.2. Direitos sociais 1.3. Art. 144 da CF 1.4. Guardas municipais 1.5. Greve 1.6. Segurança pública x responsabilidade civil do Estado 1.7. Art. 144, §1° da CF – Polícia Federal 1.7.1. Atividade de Polícia de Segurança 1.7.2. Aprofundamento - STJ na PET 9460 REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS 1. Art. 5°, LXVIII a LXXIII da CF 2. Espécies 2.1. Mandado de Segurança Individual – art. 5°, LXIX da CF 2.1.1. Aprofundamento 2.1.1.1. Lei 12.016/2009 2.1.1.2. Súmulas STF: 101, 266, 267, 268, 474, 510, 625, 632. 2.2. Mandado de Segurança Coletivo – art. 5°, LXX da CF 2.2.1. Legitimidade AGENTE, ESCRIVÃO E PERITO CRIMINAL PF – Direito Contitucional – Licínia Rossi Material de apoio elaborado pela monitora Aline Oliveira 2 2.2.2. Aprofundamento – Súmula 629 e 630 do STF 2.3. Habeas Data – art. 5°, LXXII da CF 2.3.1. Conceito 2.3.2. Legitimidade 2.3.3. Súmula 2 do STJ II. JURISPRUDÊNCIA CORRELATA 2.1. STJ – PET 9460 PETIÇÃO Nº 9.460 - DF (2012/0196168-7) RELATOR: MINISTRO HERMAN BENJAMIN REQUERENTE: UNIÃO ADVOGADO: ALEXANDRE ALVES FEITOSA E OUTRO(S) REQUERIDO: FEDERAÇÃO NACIONAL DOS POLICIAS FEDERAIS - FENAPEF CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. DIREITO DE GREVE. SERVIÇO PÚBLICO.POLÍCIA FEDERAL. ÓRGÃO ESSENCIAL À DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS. CONFLITO ENTRE DIREITOS FUNDAMENTAIS. NECESSIDADE DE PONDERAÇÃO. ORIENTAÇÃO DO STF. MI 708/DF. 1. É indiscutível a relevância jurídico-política do direito de greve dos trabalhadores, alçado pela Constituição da República à categoria de direito fundamental social ou de segunda geração (art. 9°), conforme clássica definição doutrinária. 2. A disciplina específica das funções da Polícia Federal é encontrada, na Constituição da República, em seu Título V, que versa sobre a defesa do Estado e das instituições democráticas. Daí se depreende a centralidade dessa instituição para a preservação da ordem jurídica inaugurada pelo constituinte de 1988. 3. Indubitável a legitimidade do pleito dos policiais federais por vencimentos adequados às essenciais funções exercidas, o que se afigura imprescindível para garantir a atratividade da carreira e uma bem- sucedida política de recrutamento, de modo a selecionar os melhores candidatos. Em outras palavras, mais do que um pleito corporativo, é do interesse da própria sociedade e do Estado brasileiro que seus policiais federais tenham remuneração satisfatória. 4. Entretanto, o caso concreto apresenta sério conflito entre o direito de greve pelo servidor público e o direito social à fruição de serviços públicos adequados e contínuos, cuja solução exige a aplicação de juízo de ponderação. 5. No MI 708/DF, o STF reconheceu que, em razão das particularidades do caso concreto e dos serviços essenciais em questão, é possível fixar regime mais rígido que o imposto pelos arts. 9° e 11 da Lei 7.783/1989, bem como conceder Medida Cautelar para a garantia de percentual mínimo de servidores em atividade, "ou mesmo a proibição de qualquer tipo de paralisação", o que, evidentemente, requer situação de excepcionalíssima gravidade, sob pena de completo esvaziamento de tão relevante direito constitucional. 6. O STJ, por sua vez, vem reconhecendo o direito de greve dos servidores públicos, mas tem imposto limites ao seu exercício, com a finalidade de manter a continuidade do serviço público (Pet 7.884/DF, Rel. Ministro Hamilton Carvalhido, Primeira Seção, DJe 7/2/2011; AgRg na Pet 7.883/DF, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Rel. p/ acórdão Ministra Eliana Calmon, Primeira Seção, DJe 21/6/2010). 7. O periculum in mora fica suficientemente demonstrado pelo risco de dano aos bens jurídicos protegidos pela atuação da Polícia Federal (art. 144, § 1°, da CF), caso prossiga a paralisação, sem qualquer critério. 8. Por seu turno, o fumus boni iuris encontra-se presente nos limites impostos pela ordem jurídica ao exercício do direito de greve em atividades essenciais à sociedade. 9. Liminar parcialmente deferida para determinar a manutenção em atividade dos servidores da Polícia Federal nos seguintes termos: a) 100% (cem por cento) nas hipóteses de plantão em unidades instaladas em portos e aeroportos e para o atendimento das requisições da Justiça Eleitoral, nos 1° e 2° turnos das eleições; b) 70% (setenta por cento) nas atividades de Polícia Judiciária, de inteligência e em unidades de fronteira; c) 50% (cinquenta por cento) nas funções de Polícia Administrativa; d) 30% (trinta por cento) nas tarefas residuais. Estabeleço multa diária no valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais), em caso de descumprimento. DECISÃO Trata-se de Ação Cominatória com pedido de liminar inaudita altera pars proposta pela União contra a Federação Nacional dos Policiais Federais � FENAPEF, que busca estabelecer limites ao movimento grevista deflagrado pelos servidores públicos da Polícia Federal, especialmente os AGENTE, ESCRIVÃO E PERITO CRIMINAL PF – Direito Contitucional – Licínia Rossi Material de apoio elaborado pela monitora Aline Oliveira 3 ocupantes dos cargos de Agente, Escrivão e Papiloscopista. Relata a autora que a greve teve início em 7.8.2012, após rejeição da proposta de reajuste apresentada pelo Governo Federal, e que alcança todo o território nacional. Ressalta a importância das funções exercidas pela Polícia Federal. Defende a necessidade de manutenção das atividades em percentuais adequados à essencialidade de cada serviço exercido pelo órgão. Alega que há evidente risco de dano irreparável para o Estado e à sociedade, caso a paralisação tenha prosseguimento. Apresenta pedido de provimento liminar que determine a manutenção do trabalho, durante a greve, nos seguintes percentuais: a) 100% (cem por cento) dos servidores escalados para plantões em unidades instaladas em portos e aeroportos; b) 100% (cem por cento) de todos os servidores escalados para atenderem às requisições da Justiça Eleitoral, nos 1° e 2° turnos das eleições, conforme planejamento operacional para o evento; c) 80% (oitenta por cento) dos servidores lotados nas atividades de Polícia Judiciária, de inteligência e em unidades de fronteira; d) 50% (cinquenta por cento) dos servidores vinculados às funções de Polícia Administrativa; e) 30% (trinta por cento) nas demais atividades. Requer seja imposta multa de R$ 100.000,00 (cem mil reais) por dia de descumprimento da decisão. É o relatório. Decido. Os autos foram recebidos neste Gabinete em 14.9.2012. Em análise perfunctória, reputo preenchidos os requisitos necessários para a concessão da liminar.É indiscutível a relevância jurídico-política do direito de greve dos trabalhadores, alçado pela Constituição da República à categoria de direito fundamental social ou de segunda geração (art. 9°), conforme clássica definição doutrinária. A disciplina específica das funções da Polícia Federal é encontrada, na Constituição da República, em seu Título V, que versa sobre a defesa do Estado e das instituições democráticas. Daí se depreende a centralidade dessa instituiçãopara a preservação da ordem jurídica inaugurada pelo constituinte de 1988. Indubitável a legitimidade do pleito dos policiais federais por vencimentos adequados às essenciais funções exercidas, o que se afigura imprescindível para garantir a atratividade da carreira e uma bem- sucedida política de recrutamento, de modo a selecionar os melhores candidatos. Em outras palavras, mais do que um pleito corporativo, é do interesse da própria sociedade e do Estado brasileiro que seus policiais federais tenham remuneração satisfatória. In casu, contudo, existe sério conflito entre o direito de greve pelo servidor público e o direito social à fruição de serviços públicos adequados e contínuos, cuja solução exige o necessário juízo de ponderação. Conforme previsão do art. 37, VII, da Constituição, o direito de greve no serviço público será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica, a qual ainda não foi promulgada. Diante da reiterada omissão legislativa quanto à regulamentação do aludido art. 37, VII, o STF, no Mandado de Injunção 708/DF, em notório avanço jurisprudencial quanto à função desse instituto, reconheceu o direito de greve dos servidores públicos mediante a aplicação, por analogia, da Lei 7.783/1989, que disciplina a greve no setor privado. Insta observar, por oportuno, as principais balizas delineadas pela Suprema Corte no tocante ao exercício desse direito. Colho da ementa do aludido precedente: 4. DIREITO DE GREVE DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS. REGULAMENTAÇÃO DA LEI DE GREVE DOS TRABALHADORES EM GERAL (LEI No 7.783/1989). FIXAÇÃO DE PARÂMETROS DE CONTROLE JUDICIAL DO EXERCÍCIO DO DIREITO DE GREVE PELO LEGISLADOR INFRACONSTITUCIONAL. (...) 4.2 Considerada a omissão legislativa alegada na espécie, seria o caso de se acolher a pretensão, tão-somente no sentido de que se aplique a Lei no 7.783/1989 enquanto a omissão não for devidamente regulamentada por lei específica para os servidores públicos civis (CF, art. 37, VII). 4.3 Em razão dos imperativos da continuidade dos serviços públicos, contudo, não se pode afastar que, de acordo com as peculiaridades de cada caso concreto e mediante solicitação de entidade ou órgão legítimo, seja facultado ao tribunal competente impor a observância a regime de greve mais severo em razão de tratar-se de "serviços ou atividades essenciais", nos termos do regime fixado pelos arts. 9º a 11 da Lei n° 7.783/1989. Isso ocorre porque não se pode deixar de cogitar dos riscos decorrentes das possibilidades de que a regulação dos serviços públicos que tenham características afins a esses "serviços ou atividades essenciais" seja menos severa que a disciplina dispensada aos serviços privados ditos "essenciais". 4.4. O sistema de judicialização do direito de greve dos servidores públicos civis está aberto para que outras atividades sejam submetidas a idêntico regime. Pela complexidade e variedade dos serviços públicos e atividades estratégicas típicas do Estado, há outros serviços públicos, cuja essencialidade não está contemplada pelo rol dos arts. 9o a 11 da Lei no 7.783/1989. Para os fins desta decisão, a enunciação do regime fixado pelos arts. 9º a 11 da Lei no 7.783/1989 é apenas exemplificativa (numerus apertus) (...) AGENTE, ESCRIVÃO E PERITO CRIMINAL PF – Direito Contitucional – Licínia Rossi Material de apoio elaborado pela monitora Aline Oliveira 4 6.4. Considerados os parâmetros acima delineados, a par da competência para o dissídio de greve em si, no qual se discuta a abusividade, ou não, da greve, os referidos tribunais, nos âmbitos de sua jurisdição, serão competentes para decidir acerca do mérito do pagamento, ou não, dos dias de paralisação em consonância com a excepcionalidade de que esse juízo se reveste. Nesse contexto, nos termos do art. 7º da Lei no 7.783/1989, a deflagração da greve, em princípio, corresponde à suspensão do contrato de trabalho. Como regra geral, portanto, os salários dos dias de paralisação não deverão ser pagos, salvo no caso em que a greve tenha sido provocada justamente por atraso no pagamento aos servidores públicos civis, ou por outras situações excepcionais que justifiquem o afastamento da premissa da suspensão do contrato de trabalho (art. 7º da Lei no 7.783/1989, in fine). 6.5. Os tribunais mencionados também serão competentes para apreciar e julgar medidas cautelares eventualmente incidentes relacionadas ao exercício do direito de greve dos servidores públicos civis, tais como: i) aquelas nas quais se postule a preservação do objeto da querela judicial, qual seja, o percentual mínimo de servidores públicos que deve continuar trabalhando durante o movimento paredista, ou mesmo a proibição de qualquer tipo de paralisação; ii) os interditos possessórios para a desocupação de dependências dos órgãos públicos eventualmente tomados por grevistas; e iii) as demais medidas cautelares que apresentem conexão direta com o dissídio coletivo de greve. 6.6. Em razão da evolução jurisprudencial sobre o tema da interpretação da omissão legislativa do direito de greve dos servidores públicos civis e em respeito aos ditames de segurança jurídica, fixa-se o prazo de 60 (sessenta) dias para que o Congresso Nacional legisle sobre a matéria. 6.7. Mandado de injunção conhecido e, no mérito, deferido para, nos termos acima especificados, determinar a aplicação das Leis nos 7.701/1988 e 7.783/1989 aos conflitos e às ações judiciais que envolvam a interpretação do direito de greve dos servidores públicos civis. (MI 708, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, DJe-206 DIVULG 30-10-2008 PUBLIC 31-10-2008 EMENT VOL-02339-02 PP-00207 RTJ VOL-00207-02 PP-00471) (destaquei).Embora tenha concretizado o direito de greve dos servidores públicos pela integração analógica da Lei 7.783/1989, o STF, em atenção ao princípio da continuidade do serviço público, ponderou que o Tribunal competente para a apreciação do dissídio pode estabelecer "regime de greve mais severo em razão de tratar-se de 'serviços ou atividades essenciais', nos termos do regime fixado pelos arts. 9º a 11 da Lei n° 7.783/1989". Ademais, explicitou que ao mesmo órgão julgador compete apreciar e julgar Medidas Cautelares, entre as quais se encontram "aquelas nas quais se postule a preservação do objeto da querela judicial, qual seja, o percentual mínimo de servidores públicos que deve continuar trabalhando durante o movimento paredista, ou mesmo a proibição de qualquer tipo de paralisação" (destaquei). Por se tratar de direito fundamental radicado na Constituição Federal, cumpre preservar a interpretação constitucional firmada pelo seu intérprete maior. Assim, admite-se, em função das particularidades do caso concreto e dos serviços essenciais em questão, a fixação de regime mais rígido que o imposto pelos arts. 9° e 11 da Lei 7.783/1989, bem como a concessão de Medida Cautelar para a garantia de percentual mínimo de servidores em atividade, "ou mesmo a proibição de qualquer tipo de paralisação", o que, evidentemente, requer situação de excepcionalíssima gravidade, sob pena de completo esvaziamento de tão relevante direito constitucional. Na linha desse entendimento, o STJ vem reconhecendo o direito de greve dos servidores públicos, mas tem imposto limites ao seu exercício, com a finalidade de manter a continuidade do serviço público. Confiram-se: AÇÃO DECLARATÓRIA DE ABUSIVIDADE DE GREVE DE SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS. COMPETÊNCIA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA DA LEI Nº 7.783/89. PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS. NÃO ABUSIVIDADE DA PARALISAÇÃO. SERVIÇOS ESSENCIAIS. FIXAÇÃO DE PERCENTUAL MÍNIMO. 1. A partir do julgamento do Mandado de Injunção nº 708/DF pelo Supremo Tribunal Federal, o Superior Tribunal de Justiça passou a admitir, originariamente, os dissídios coletivos de declaração sobre a paralisação do trabalho decorrente de greve pelos servidores públicos civis e asrespectivas medidas cautelares quando em âmbito nacional ou abranger mais de uma unidade da federação, aplicando-se a Lei nº 7.783/89 enquanto a omissão não for devidamente regulamentada por lei específica para os servidores públicos civis, nos termos do inciso VII do artigo 37 da Constituição Federal. (...) 5. O "Termo de Acordo" firmado entre as partes, conquanto não configure Acordo ou Convenção Coletiva de Trabalho, não tenha força vinculante, não gere direito adquirido, nem ato jurídico perfeito em face dos princípios da separação e da autonomia dos Poderes e da reserva legal (artigos 2º, 61, parágrafo 1º, inciso II, alíneas "a" e "c", e 165 da Constituição da República), constitui causa legal de exclusão da alegada natureza abusiva da greve, nos termos do inciso I do parágrafo único do artigo 14 da Lei nº AGENTE, ESCRIVÃO E PERITO CRIMINAL PF – Direito Contitucional – Licínia Rossi Material de apoio elaborado pela monitora Aline Oliveira 5 7.783/89, deflagrada com o objetivo de exigir o cumprimento da sua cláusula nona, após esgotados os meios pacíficos de solução do conflito. 6. As entidades sindicais têm o dever de manter a continuidade dos serviços públicos essenciais, cuja paralisação resulte em prejuízo irreparável ao cidadão, entre os quais, os de pagamento de seguro- desemprego e de expedição de Carteira de Trabalho, fazendo imperioso o retorno de servidores no percentual mínimo de 50%, em cada localidade, para a prestação dos serviços essenciais, à falta de previsão legal expressa acerca do índice aplicável. 7. Pedido parcialmente procedente. (Pet 7.884/DF, Rel. Ministro HAMILTON CARVALHIDO, PRIMEIRA SEÇÃO, DJe 7/2/2011). ADMINISTRATIVO � AGRAVO REGIMENTAL � GREVE � LEGALIDADE �COMPETÊNCIA DO STJ � PRESERVAÇÃO DOS SERVIÇOS ESSENCIAIS � ACORDO PRÉ EXISTENTE � MULTA. 1. Impõe-se a competência do STJ pelo caráter nacional da greve,perpetrada pelos servidores do Ministério do Meio Ambiente e Recurso Renováveis (IBAMA) e do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBIO), representados pela Associação Nacional dos Servidores da Carreira de Especialista em Meio Ambiente: ASIBAMA. 2. Direito de greve constitucionalmente garantido aos servidores públicos (art. 37, VII, CF), dentro dos limites da Lei 7.783/89, em aplicação analógica. 3. Legalidade da paralisação, examinada perfunctoriamente, em caráter liminar, porque provocada por fato superveniente ao acordo celebrado em 2008: não revisão da carreira de especialista em meio ambiente. 4. Permanência dos serviços essenciais na área de fiscalização e licenciamento em sua totalidade, pela insuficiência de manter-se apenas 30% (trinta por cento). 5. Estabelecida em decisão primeira, pelo relator a multa de R$ 100.000,00 (cem mil reais) por dia de paralisação dos serviços, considera-se demasia a majoração da multa para atender a pedido da UNIÃO, em sede de exame acautelatório e provisório. 6. Agravo regimental provido em parte. (AgRg na Pet 7.883/DF, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, Rel. p/ Acórdão Ministra ELIANA CALMON, PRIMEIRA SEÇÃO, DJe 21/6/2010). No julgamento da Pet 7.883/DF, a Primeira Seção determinou a permanência dos serviços na área de fiscalização e licenciamento ambiental � impedindo, portanto, a paralisação �, por reputá-los essenciais e por reconhecer insuficiente o percentual mínimo de 30% (trinta por cento) do quadro em atividade. No tocante ao valor da astreinte, prevaleceu o entendimento pela razoabilidade da multa de R$ 100.000,00 (cem mil reais) por dia de paralisação dos serviços. Embora o contexto fático seja distinto, as razões que motivaram a concessão daquela cautela para a proteção do meio ambiente também se fazem presentes na hipótese dos autos, em que podem ser gravemente afetados bens jurídicos muito caros ao nosso Estado Democrático de Direito, tais como a ordem política e social (art. 144, § 1°, I, da CF/88), a saúde pública (art. 144, § 1°, II), a soberania do País e a segurança das fronteiras (art. 144, § 1°, III) e a garantia da aplicação da lei penal nas infrações de interesse da União (art. 144, § 1°, IV). O periculum in mora fica suficientemente demonstrado pelo risco de dano aos bens jurídicos protegidos pela atuação da Polícia Federal, caso prossiga a paralisação. Por seu turno, o fumus boni iuris encontra- se presente nos limites impostos pela ordem jurídica ao exercício do direito de greve em atividades essenciais à sociedade. Entendo que os serviços em regime de plantão nas unidades de portos e aeroportos, pela essencialidade do controle de imigração e emigração, bem como a atuação exercida pela Polícia Federal durante as eleições que se realizarão recomendam a manutenção integral dos quadros relacionados a essas atividades, tal como pleiteado na inicial. Em tais atividades, reputo configurada a excepcionalidade referida pelo STF no MI 708/DF, motivo pelo qual se legitima a proibição de qualquer tipo de paralisação. Acolho também os pedidos para a manutenção dos percentuais de 50% (cinquenta por cento) e 30% (trinta por cento), respectivamente, dos servidores relacionados às funções de Polícia Administrativa e às atividades residuais. Por fim, considero razoável manter apenas 70% (setenta por cento) dos servidores lotados nas atividades de Polícia Judiciária, de inteligência e em unidades de fronteira, uma vez que a limitação a 80% (oitenta por cento) em tais setores restringiria excessivamente o exercício � já limitado � do direito de greve do servidor público. Diante do exposto, defiro parcialmente a liminar, nos termos da fundamentação, e fixo multa diária de R$ 100.000,00 (cem mil reais) para a hipótese de descumprimento da manutenção dos serviços nos percentuais acima reconhecidos. Cite-se a parte requerida para responder no prazo legal. Após, vista ao Ministério Público. Publique-se. AGENTE, ESCRIVÃO E PERITO CRIMINAL PF – Direito Contitucional – Licínia Rossi Material de apoio elaborado pela monitora Aline Oliveira 6 Intimem-se. Brasília (DF), 19 de setembro de 2012. MINISTRO HERMAN BENJAMIN Relator (Ministro HERMAN BENJAMIN, 24/09/2012) 2.2. Súmula 101 do STF - O mandado de segurança não substitui a ação popular. 2.3. Súmula 266 do STF - Não cabe mandado de segurança contra lei em tese. 2.4. Súmula 267 do STF - Não cabe mandado de segurança contra ato judicial passível de recurso ou correição. 2.5. Súmula 268 do STF - Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial com trânsito em julgado. 2.6. Súmula 474 do STF - Não há direito líquido e certo, amparado pelo mandado de segurança, quando se escuda em lei cujos efeitos foram anulados por outra, declarada constitucional pelo supremo tribunal federal. 2.7. Súmula 510 do STF - Praticado o ato por autoridade, no exercício de competência delegada, contra ela cabe o mandado de segurança ou a medida judicial. 2.8. Súmula 625 do STF - Controvérsia sobre matéria de direito não impede concessão de mandado de segurança. 2.9. Súmula 632 do STF - É constitucional lei que fixa o prazo de decadência para a impetração de mandado de segurança. 2.10. Súmula 629 do STF - A impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de classe em favor dos associados independe da autorização destes. 2.11. Súmula 630 do STF - A entidade de classe tem legitimação para o mandado de segurança ainda quando a pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da respectiva categoria. 2.12. Súmula 2 do STJ - Não cabe o habeas data (cf, art. 5., lxxii, letra "a") se não houve recusa de informações por parte da autoridade administrativa.
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