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Direito das Obrigações - CCJ0013

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DIREITO CIVIL II - CCJ0013
Semana Aula: 1
Direito das Obrigações
Tema
Direito das Obrigações    
Palavras-chave
Objetivos
      Apresentar o Plano de Ensino e o mapa conceitual da disciplina.
Apresentar as competências e habilidades que se pretendem desenvolver, destacando a necessidade de constante articulação com outras disciplinas como Direito Civil I.
Apresentar a metodologia dos casos concretos e a forma como serão cobrados durante o semestre.
Comentar e apresentar a bibliografia básica e complementar da disciplina, destacando os textos que foram encaminhados com o material didático e eventuais livros que estejam à disposição na Biblioteca Virtual da Estácio.
Destacar a necessidade de trazer para sala de aula o Código Civil.
Destacar a importância do processo de auto-aprendizagem.
Apresentar a importância social e jurídica da disciplina Direito Civil II.
Conceituar obrigação e Direito das Obrigações.
Diferenciar responsabilidade, obrigação e sujeição.
Diferenciar Direitos Reais e Direitos Obrigacionais.
Conceituar e identificar as figuras híbridas (obrigações ?propter rem?; ônus reais; obrigações com eficácia real).
Identificar e compreender as fontes das obrigações.
 
Estrutura de Conteúdo
Conceito de obrigações
Conceito de Direito das Obrigações
Diferenças entre responsabilidade, obrigação e sujeição
Direitos Reais e Direitos Obrigacionais
Figuras Híbridas: obrigações ?propter rem?; ônus reais; obrigações com eficácia real.
Fontes das obrigações: fonte mediata e fonte imediata
Procedimentos de Ensino
O presente conteúdo deve ser trabalhado já na primeira aula, após a apresentação da disciplina. É possível trabalhá-lo em uma única semana, podendo o professor dosar o conteúdo de acordo com as condições (objetivas e subjetivas) apresentadas pela turma.
 
Assim, ao longo do primeiro encontro o intuito é de apenas apresentar uma síntese do conteúdo do plano de ensino da disciplina, discorrendo sobre seu âmbito focal, a partir da aplicação da metodologia explicativa, através da qual o aluno possa começar a familiarizar-se com a matéria. A partir daí, o docente deve prioritariamente discorrer sobre a metodologia de ensino centrada na resolução de casos concretos. A seguir, apresentar a bibliografia básica e complementar. Assim, poderá adentrar ao conteúdo programático do primeiro encontro e fornecer ao aluno o campo estrutural do Direito das Obrigações e sua base principiológica. 
 
Deverá então, discorrer sobre a relação do Direito Civil com a Constituição Federal de 1988, para, a partir deste entendimento, retomar o conceito de repersonalização e do fenômeno da constitucionalização do Direito Civil, bem como, destacar a unificação do direito obrigacional, ideia que no Brasil ganhou força com Orozimbo Nonato, Philadelpho Azevedo e Hahnemann Guimarães no Anteprojeto de Código de Obrigações apresentado em 1941 e com Francisco Campos e Caio Mário com o Código das Obrigações apresentado em 1961. A unificação do direito obrigacional só foi efetivada (ainda que parcialmente), no entanto, com o art. 2.045, do Código Civil de 2002 que determinou a revogação da Parte Geral do Código Comercial. 
 
Assim, sugerimos alguns tópicos que podem se constituir como um referencial norteador à apresentação do conteúdo programático estabelecido para estes dois primeiros encontros da primeira semana de aula: conceitos importantes a desenvolver: relações sociais em geral; relações jurídicas; sociedade e complexidade social - necessidade de contratar; fazer algo e receber em troca. Obrigações sociais, morais, religiosas e jurídicas - distinção entre elas e a tutela estatal; força coercitiva advinda da norma, lei ou contrato. Relação entre a liberdade do indivíduo e as obrigações impostas pela sociedade para a vida social. Breve histórico sobre o direito obrigacional no Direito Romano em que a obrigação possuía um cunho eminentemente pessoal. Ex.: poder de tornar o indivíduo um escravo por cota de endividamento. Enfatizar o fato pelo qual no Direito das Obrigações se encontra o suporte econômico da sociedade capitalista, ressaltando a questão da circulação da riqueza. Obrigações em relação ao Estado: obrigações tributárias. Esclarecer que as obrigações decorrentes do Direito de Família serão tratadas posteriormente em disciplinas próprias. 
 
Conceito de obrigação (ob+ligatio)
 
 A palavra obrigação pode assumir vários significados, dependendo do contexto a que estiver se referindo. Dessa forma, em sentido amplo, obrigação é um dever, que pode estar ligada a uma acepção moral ou jurídica uma vez que exprime qualquer espécie de vínculo. Do ponto de vista moral, as pessoas têm obrigações diversas, fruto da cultura, dos costumes e da própria convivência social. Assim, são exemplos de obrigações morais, a obrigação de ir à missa, comparecer a eventos familiares, contribuir com campanhas sociais, pagar dízimo em Igreja, dentre outras. 
 
Quando a obrigação está dentro da órbita jurídica, há um dever jurídico, que se relaciona à observância de uma lei específica, ou um contrato firmado entre as partes. Assim, exemplos de obrigações jurídicas seriam: a obrigação de pagar um tributo, de comparecer a uma audiência, de cumprir um contrato de prestação de serviços, dentre muitas outras. 
 
Importante apontar que não há uma definição no Código Civil. Ensina Clovis Beviláqua (1977) que obrigação é relação transitória do Direito que nos constrange a dar, fazer ou não fazer alguma coisa, em regra economicamente apreciável, em proveito de alguém que, por ato nosso ou de alguém conosco juridicamente relacionado, ou em virtude de lei, adquirir o direito de exigir de nós uma ação ou omissão?.
 
Washington de Barros Monteiro (2008) critica a ausência da responsabilidade e define obrigação como relação jurídica de caráter transitório, estabelecida entre o devedor e o credor e cujo objeto consiste numa prestação pessoal econômica, positiva ou negativa, devida pelo primeiro ao segundo, garantindo-lhe o adimplemento através de seu patrimônio. 
 
Silvio Venosa (2003) afirma que obrigação é a relação jurídica transitória, de cunho pecuniário, unindo duas (ou mais) pessoas, devendo uma (o devedor) realizar uma prestação à outra. 
 
Neste ponto, o professor deve destacar as seguintes diferenciações:
 
1)   Obrigação e responsabilidade: a obrigação  se refere a um dever de realizar uma prestação (schuld/débito), sendo, portanto, dever originário. A responsabilidade (haftung) é a consequência jurídica patrimonial do credor ao descumprimento de uma obrigação (decorrente da lei ou da vontade das partes), portanto, trata-se de um dever secundário (derivado). A doutrina aponta que pode haver obrigação sem responsabilidade com seria o caso das obrigações naturais, bem como, pode haver responsabilidade sem obrigação, como seria o caso do fiador.
 
2)   Obrigação e estado de sujeição: Antunes Varela explica que na obrigação ter-se-á, ao lado do dever jurídico de prestar, um direito à prestação. No estado de sujeição haverá tão somente uma subordinação inelutável a uma modificação na esfera jurídica de alguém, por ato de outrem. Assim, no estado de sujeição uma pessoa não terá nenhum dever de conduta, devendo sujeitar-se, mesmo contra sua vontade, a que sua esfera jurídica seja constituída, modificada ou extinta pela simples vontade de outrem, ou melhor, do titular do direito potestativo, eventualmente coadjuvado pela autoridade pública.
3)    Obrigação e ônus jurídico. Ensina Inácio de Carvalho Neto (2009, p. 26) que dever jurídico é a necessidade que corre a todo indivíduo de observar as ordens ou comandos do ordenamento jurídico, sob pena de incorrer numa sanção, como o dever universal de não perturbar o exercício do direito do proprietário. A sujeição, a necessidade de suportar as consequências jurídicas do exercício regular de um direito potestativo, tal como é o caso do empregado ao ser dispensado pelo empregador. São potestativos, dentre outros,o direito de resgate do foreiro, o do condômino de pedir a divisão da coisa comum e o do locador de despejar o locatário, o ônus jurídico, a necessidade de agir de certo modo para tutela de interesse próprio. Trata-se, pois, de noções que não se confundem com a de obrigação, embora se costume falar em obrigação negativa e universal (dever jurídico) de todo indivíduo abster-se de atos turbativos da propriedade alheia, de sujeitar-se (sujeição), sem poder impedir as consequências do exercício de um direito alheio, e de registrar a escritura para adquirir a propriedade (ônus jurídico). 
 
Feitas as distinções, é possível afirmar que o Direito das Obrigações[1] consiste num complexo de normas que regem relações jurídicas de ordem patrimonial que tem por objetivo prestações de um sujeito em proveito de outro (Clóvis Beviláqua). 
 
Ensina Carlos Roberto Gonçalves (2009) que o Direito das Obrigações consiste num complexo de normas que regem relações jurídicas de ordem pessoal e patrimonial, que têm por objeto prestações de um sujeito em proveito de outro. 
 
Então, pode-se destacar como características deste ramo do Direito Civil: prevalência da autonomia privada; prevalência do favor debitoris; imutabilidade no tempo e no espaço (evolução lenta); prestabilidade à unificação do Direito Privado. O Direito das Obrigações, sem dúvida, possui cunho pecuniário[2]; sem este aspecto econômico, pode ser obrigação jurídica, mas não se insere no mundo do Direito das Obrigações, como o caso da obrigação de servir às forças armadas e obrigações do proprietário de cumprir certos regulamentos administrativos sentido lato. Por tudo isso, é possível afirmar que o Direito das Obrigações exerce grande influência na vida econômica uma vez que se estende a todas as atividades de natureza patrimonial.
 
FIGURAS HÍBRIDAS
 
Direitos Reais e Direitos Obrigacionais não se confundem. Ensina Inácio de Carvalho Neto (2009, p. 22) que no Direito das Obrigações, as relações são pessoais (não ligadas especificamente a uma coisa determinada), e se dão entre duas ou mais pessoas determinadas. Já no Direito das coisas, a relação ocorre entre o titular do direito real e todas as demais pessoas que devem respeitar o direito daquele titular, aquilo que se chama de relação jurídica absoluta, expressão que por vezes sofre crítica da doutrina. Ademais, os direitos reais são perpétuos, ao passo que os direitos obrigacionais são transitórios, tendendo sempre à extinção. Com efeito, é característica marcante dos direitos pessoais a sua duração efêmera. Seja pelo cumprimento, que é o meio normal de extinção das obrigações, seja por meios indiretos, como a novação, a compensação, a remissão, a confusão, etc., seja até mesmo por outros meios como a prescrição ou a renúncia, fato é que, mais cedo, ou mais tarde, a obrigação irá se extinguir.
 
Os direitos reais são poderes jurídicos, direitos e imediatos, do titular sobre a coisa e, por isso, tem como elementos essenciais: sujeito ativo, coisa e relação de poder. Os direitos obrigacionais são vínculos jurídicos pelos quais o credor pode exigir do devedor uma determinada prestação, então, possui como elementos essenciais: sujeito ativo; sujeito passivo; prestação. 
 
Assim, em breve resumo pode-se apontar como diferenças que o direito real quanto ao objeto incide sobre uma coisa; quanto ao sujeito passivo é indeterminado; quanto à duração é perpétuo; quanto à formação é numerus clausus; quanto ao exercício incide diretamente sobre uma coisa, sem necessidade da existência de um sujeito passivo; quanto à ação pode ser exercida em face de qualquer um que detenha indevidamente a coisa. O direito obrigacional quanto ao objeto exige o cumprimento de uma obrigação; quanto ao sujeito passivo é determinado ou determinável; quanto à duração é transitório; quanto à formação é numerus apertus; quanto ao exercício exige um sujeito passivo; quanto à ação só pode ser exercida em face de quem figura na relação jurídica como sujeito passivo.
 
Essas diferenças são importantes porque há figuras que não conseguem ser inseridas em uma ou em outra categoria, constituindo uma categoria intermediária entre o direito real e o pessoal. São figuras híbridas ou ambíguas, constituindo, na aparência, um misto de obrigação e de direito real. 
 
Obrigações propter rem (ob rem, ambulatórias, in rem scriptae)
 
As obrigações in rem, ob, ou propter rem, para Arnold Wald derivam da vinculação de alguém a certos bens, sobre os quais incidem deveres decorrentes da necessidade de manter-se a coisa. Assim, considera que as obrigações reais, ou propter rem, passam a pesar sobre quem se torne titular da coisa. Logo, sabendo-se quem é o titular, sabe-se quem é o devedor. Portanto, são obrigações que se constitui entre duas determinadas pessoas, mas em função de uma coisa. Então, o devedor está ligado ao vínculo não em razão da sua vontade, mas em decorrência de sua particular situação em relação a uma coisa.
 
Essas obrigações só existem em razão da situação jurídica do obrigado, de titular do domínio ou de detentor de determinada coisa. Caracterizam-se pela origem e transmissibilidade automática. Consideradas em sua origem, verifica-se que provêm da existência de um direito real, impondo-se a seu titular. Se o direito de que se origina é transmitido, a obrigação segue, seja qual for o título translativo. A transmissão ocorre automaticamente, isto é, sem ser necessária a intenção específica do transmitente. 
 
São obrigações propter rem: a do condomínio de contribuir para a conservação da coisa comum (CC, art. 624); a do proprietário de um imóvel no pagamento do IPTU; a maioria dos direitos de vizinhança. 
 
Assim, é oportuno fixar as características dessas figuras: 1º) vinculação a um direito real (surgem ex vi legis); 2º) possibilidade de exoneração do devedor pelo abandono do direito real, renunciando o direito sobre a coisa; 3º) transmissibilidade por meio de negócios jurídicos, caso em que a obrigação recairá sobre o adquirente; 4º.) submetem-se às ações de natureza pessoal. 
 
É de bom alvitre ressaltar a natureza jurídica dessas obrigações, pois se encontram na zona fronteiriça entre os direitos reais e os pessoais. Não são elas nem uma obligatio, nem um jus in re, constituindo figuras mistas, no dizer de Maria Helena Diniz (2008, p. 10-18). Entretanto, há aqueles que atribuem maior importância ao aspecto real da relação. Como também, aqueles, que apontando uma prestação num facere, não se enquadra à natureza do direito real. 
 
Orlando Gomes afirma que, apesar de ser predominante no Direito positivo brasileiro a tese da realidade das obrigações propter rem, é irrecusável que constituem vínculo jurídico pelo qual uma pessoa, embora substituível, fica adstrita a satisfazer uma prestação no interesse de outra. Assim, verifica-se que qualificados de acordo com a teoria da realidade, seriam tutelados por meio de ações reais. No entanto, a tendência é para admitir que o credor tem ação pessoal contra o devedor, assim se procede, por exemplo, na cobrança de IPTU. 
 
Ônus Reais
São obrigações que limitam a fruição e a disposição da propriedade, mas que não se confundem com os direitos reais de garantia. Os ônus reais representam direitos sobre coisa alheia e se impõem erga omnes gerando créditos pessoais em favor do titular. São, portanto, gravames que incidem sobre determinados bens como, por exemplo, a constituição de renda (art. 804, CC), enfiteuse, servidão, usufruto...
 
Diferenciam-se das obrigações propter rem porque nestas o devedor responde apenas pelo débito atual (responde pela prestação constituída durante sua relação com a coisa), tendo por conteúdo uma prestação negativa; já nos ônus reais o devedor pode ser responsabilizado pessoalmente e seu conteúdo é uma prestação positiva. Enquanto naquelas as ações são de natureza pessoal; nestes as ações são de natureza real.
Obrigações com eficácia real
A obrigação tem eficácia real quando se transmite e é oponívela terceiro que adquira direito sobre determinado bem, como é o caso da locação que é oponível ao adquirente da coisa locada. São obrigações pessoais, transmissíveis e que podem se opostas contra terceiros, alcançando, assim, a dimensão de direito real.
FONTE DAS OBRIGAÇÕES
Diz-se fonte de obrigação o fato jurídico (fonte genérica) de onde nasce o vínculo obrigacional. Trata-se da realidade ?sub specie iuris? que dá vida à relação creditória: o contrato, o negócio unilateral, o fato ilícito, etc. Investiga-se, portanto, a origem de uma relação obrigacional.
 
A fonte tem uma importância especial na vida da obrigação, por virtude da atipicidade da relação creditória. Chama-se fonte de uma obrigação o fato jurídico de que emerge essa obrigação, ao fato jurídico constitutivo da obrigação. 
 
A sistematização das fontes das obrigações foi feita, ao longo dos séculos, de maneiras diversas. A primeira classificação de cunho mais científico foi firmada nas Institutas de Justiano: a) Contratos; b) Quase-contratos; c) Delitos; d) Quase-delitos. Posteriormente, Pothier acrescentou a lei e a equidade, classificação que inspirou o legislador do Código Napoleônico e foi mantida no vigente Código Civil Francês.
 
Atualmente, no sistema brasileiro, ainda prevalecem controvérsias quanto à sistematização das fontes, sendo variados os critérios adotados. Sugere-se que o professor apresente brevemente algumas destas classificações, mas construa a sua própria em conjunto com os alunos.
 
O Código Civil Brasileiro reconhece expressamente três fontes de obrigações: o contrato, o ato ilícito e as declarações unilaterais de vontade. 
 
Segundo Silvio Rodrigues, a fonte imediata é sempre a lei, sendo as demais fontes consideradas mediatas: 
a)     obrigações por fonte imediata da vontade humana: contratos e manifestações unilaterais de vontade (exemplo os títulos ao portador); 
b)     obrigações que tem por fonte o ato ilícito: constituem-se por meio de uma ação ou omissão, dolosa ou culposa do agente, causando dano à vítima. Estas obrigações emanam diretamente de um comportamento humano contrário a um dever legal ou social; 
c)     obrigações que tem por fonte direta e imediata a lei: neste rol encontram-se os deveres de estado (prestação alimentícia, guarda de filhos menores, etc.), bem como pelas condutas que a imputação pode ocorrer por responsabilidade objetiva, quer do particular ou da Administração Pública por risco administrativo, perante danos causados aos administrados (art. 37, §6o. da CF/88). 
 
Mesmo assim, o elenco de fontes parece não bastar para designar a sua amplitude. Desta forma as obrigações podem surgir, por fonte imediata, independente da vontade das partes, pela ocorrência de fato ilícito, ou por decorrência direta da lei. Pode decorrer da atividade judicial, como no caso das decisões judiciais constitutivas de direitos, nas quais a relação jurídica só gerará obrigações quando determinada por meio da jurisdição.
 
É importante que o professor frise que também há controvérsia quanto ao que é fonte imediata (causa eficiente das obrigações) e o que é fonte mediata (condições determinantes do nascimento da obrigação). Autores como Maria Helena Diniz, Silvio Rodrigues, Orlando Gomes e Caio Mário entendem que sempre será fonte imediata a lei; já autores como Inácio de Carvalho Neto, Paulo Luiz Netto Lôbo e Silvio Venosa, entendem que a lei será sempre a fonte mediata uma vez que a lei dá ao ato apenas suporte jurídico mediato (e parece ser esta a tendência da doutrina mais moderna). O professor deve expor suas motivações e apontar, sob o seu ponto de vista, qual compreende ser a mais correta.
LEITURA COMPLEMENTAR 1
 
A propósito do tratamento do direito obrigacional no Código Civil de 2002, apresenta-se a contribuição valiosa do texto elaborado pelo desembargador carioca Sylvio Capanema, a seguir: O NOVO CÓDIGO CIVIL E A REFORMULAÇÃO DA TEORIA DAS OBRIGAÇÕES E DOS CONTRATOS
 
A socialidade, eticidade e efetividade, que caracterizam o novo Código Civil, revelam-se, ainda mais, no complexo e desafiante mundo das obrigações e dos contratos, submetido que foi a um intenso processo de releitura. De um modelo individualista, solidamente alicerçado nos velhos dogmas do Estado Liberal, que transformava os princípios da autonomia da vontade e da imutabilidade dos contratos em valores quase absolutos, passamos agora para um sistema profundamente comprometido com a função social do direito, e preocupado com a construção da dignidade do homem e de uma sociedade mais justa e igualitária. 
 
A boa-fé objetiva, que passa a exigir dos contratantes uma efetiva conduta honesta, leal e transparente, transformou-se em dever jurídico, em cláusula geral, implícita em todos os contratos, substituindo o velho conceito de boa-fé subjetiva, que traduzia mera exortação ética, que pouco contribuía para garantir equações econômicas justas. Como se não bastasse, converteu-se a boa-fé em primeiro critério de hermenêutica dos negócios jurídicos, o que representará sua louvável e necessária purificação ética. E a nova técnica das cláusulas gerais, de princípios indefinidos, que aumenta, e muito, a discricionariedade dos juízes, permitindo-lhes adotar, diante do caso concreto, as medidas necessárias para compor o conflito de interesses, será o mais poderoso mecanismo de efetiva realização e acesso à justiça, acelerando a entrega da prestação jurisdicional. 
 
Entre tantas inovações, que oxigenam as relações obrigacionais, vamos destacar as que nos parecem representar mudanças paradigmáticas, capazes de promover a redenção ética da sociedade brasileira. A execução das obrigações de fazer e não fazer resulta muito mais efetiva, já que se confere ao credor, em caso de urgência, e independentemente de autorização judicial, o direito de mandar executar ou desfazer o fato, para depois ser ressarcido pelo devedor inadimplente (parágrafos únicos dos artigos 249 e 251). 
 
Imperdoável lacuna do antigo Código foi agora suprida, inserindo-se capítulo expresso que disciplina a assunção da dívida, inclusive com um certo alento para os que se dispõem a assumir débitos garantidos por hipoteca, hipótese em que o silêncio do credor, ao final de 30 dias, representará anuência com a transferência. 
 
Parece-nos, entretanto, que a regra de maior significado social está consagrada no artigo 317, que autoriza o juiz, a requerimento da parte prejudicada, corrigir, quanto possível, o valor real da prestação, sempre que por motivos imprevisíveis sobrevier desproporção manifesta do valor da prestação devida entre o momento de seu nascimento e o do pagamento. Fácil é perceber que o juiz será, agora, o grande equilibrador ético e econômico das relações obrigacionais, cabendo-lhe velar pela preservação da equação financeira dos negócios jurídicos, restaurando a comutatividade inaugural. Pessoalmente temos entendido que esta revisão superveniente poderá ser feita mesmo que o desequilíbrio resulte de um fato previsível, mas desde que sejam imprevisíveis os seus efeitos, posição também já manifestada pela maioria dos participantes do memorável encontro organizado pelo Superior Tribunal de Justiça, do qual resultaram os primeiros enunciados interpretativos. 
 
No cálculo das perdas e danos decorrentes do inadimplemento das obrigações pecuniárias, além da atualização monetária, dos juros moratórios, custas e honorários de advogado, se permite, agora, desde que não tenha sido ajustada cláusula penal, que o credor reclame indenização suplementar, demonstrando que os juros foram insuficientes para ressarci-lo integralmente.
 
 Do mesmo modo, e como se vê do artigo 416, autoriza-se o credor a demandar pelo integral ressarcimento de seus danos, caso a cláusula penal arbitrada se revele insuficiente, mas desde que fique tal possibilidade expressamente consignada, competindo ao credor a prova do prejuízo excedente. 
 
No sensível campo da teoria geral dos contratos, os artigos 421 e 422 representam um novotempo, e, por si só, já justificariam o Código, redimindo-o de seus inevitáveis erros. O primeiro vincula os contratos a uma função social, colocando-os a serviço não só das partes, mas também de toda a sociedade, e o segundo passa a exigir dos contratantes uma efetiva conduta honesta, o que se traduzirá em maior lealdade e transparência, além de equações econômicas permanentemente equilibradas e justas. 
 
Nos contratos de adesão, hoje tão freqüentes, se estabelece que a interpretação se fará sempre em favor do aderente, vedando-se renúncias prévias a direitos inerentes à natureza do negócio. 
 
Vale ainda ressaltar o fortalecimento dos direitos dos adquirentes, em caso da existência de vícios redibitórios, ampliando-se os prazos decadenciais para o ajuizamento das ações edilícias, o que aproxima o Código Civil do direito consumerista. Parece-nos indispensável observar, quanto à este aspecto, que se estabeleceu louvável e necessária simetria entre o Código Civil e o de Defesa do Consumidor, que, agora, se completam, unificando os regimes de proteção da parte contratual mais vulnerável. 
 
Percebe-se que o novo Código recepciona, e com vigor, os princípios do dirigismo contratual, para equilibrar os contratos em que uma parte é mais frágil que a outra, da transparência, da informação e da boa-fé. 
 
Como se não bastasse, também se fortalece, no novo Código, a teoria do risco, no que concerne à responsabilidade civil, consagrada no Código de Defesa do Consumidor, afastando-se cada vez mais a obsoleta teoria da culpa provada, que passa a ser a exceção, quando, antes, era regra geral. Ao contrário do que muitos temiam, o Código do Consumidor não foi revogado, passando a interagir com o Civil, criando agora um poderoso sistema de proteção do hipossuficiente. 
 
Outras leis especiais, já bem recepcionadas pela sociedade, e que disciplinam, com eficiência, seus respectivos mercados, como a Lei do Inquilinato, também foram preservadas, não se tornando o Código uma lei exaustiva, a regular todo o direito privado, e permitindo a manutenção de micro-sistemas, mais ágeis e flexíveis, que possam acompanhar as rápidas mutações econômicas e as turbulências políticas. 
 
Notável conquista representa o novo capítulo que disciplina o regime jurídico dos contratos preliminares, destacando-se o artigo 464, que permite ao juiz, a pedido do interessado, suprir a vontade da parte inadimplente, conferindo caráter definitivo à promessa, salvo se a isto se opuser a natureza da obrigação. O velho dogma da imutabilidade dos contratos resulta temperado, com a adoção, ainda que tardia, da teoria da onerosidade excessiva, que assegura a qualquer das partes pedir a resolução ou a modificação do contrato que, por motivos imprevisíveis, tiver rompida a sua base econômica, causando insuportável prejuízo a um dos contratantes. 
 
Neste particular, vale a pena ressaltar que se estabelece a diferença entre a lesão, a que se refere o artigo 157, e a onerosidade excessiva, de que trata o artigo 478. A primeira traduz vício de consentimento, defeito do negócio jurídico, sendo antecedente à sua celebração, conduzindo à anulação do contrato. Verifica-se quando alguém, aproveitando-se da premente necessidade de outrem, ou de usa inexperiência, lhe impõe uma prestação desproporcional à contraprestação. A onerosidade excessiva, ao contrário, é sempre superveniente ao nascimento do contrato, decorrente de fatos extraordinários e imprevisíveis, que rompam a sua base econômica, não constituindo um vício de vontade, e trazendo, como conseqüência, o direito de resolver ou modificar o pacto. 
 
A rápida circulação dos contratos, exigência de uma economia cada vez mais célere e sofisticada, e antes tão dificultada, pela exacerbada aplicação do princípio da relatividade, agora se viabiliza, com a adoção de figuras novas, como a do contrato com pessoa a declarar (artigos 467 a 471), no qual a parte se reserva o direito potestativo de, em certo tempo, indicar uma outra pessoa que virá substituí-la na relação contratual, sub-rogando-se em todos os seus direitos e deveres. 
 
Na disciplina dos contratos em espécie, e em decorrência da unificação das obrigações civis e comerciais, passaram a figurar modelos que antes se aninhavam no Código Comercial, como, por exemplo, os contratos de comissão, agência e distribuição, corretagem e estimatório, ampliando o campo dos contratos típicos. Como se pode perceber, do apertado resumo que procuramos fazer, as relações obrigacionais resultam, no novo Código, muito mais éticas e efetivas, permitindo a construção de um modelo que realize uma função social. 
 
Em inúmeros dispositivos se percebe, claramente, a já referida técnica das cláusulas abertas, o que confere muito maior responsabilidade aos magistrados, que terão que fixar os seus limites e consolidar os conceitos enunciados. Foi por isto que o Professor Miguel Reale, coordenador do projeto, afirmou que o Código está, agora, na mão dos juízes, que deixam de ser, apenas, a ?boca da lei?, para exercer uma função efetiva de realização e distribuição da justiça. De nada adiantarão as mudanças, frustrando-se as justas expectativas da sociedade, se o Judiciário não interpretar o Código segundo os ideais que o inspiraram, aplicando-o com coragem e fidelidade, o que lhe permitirá cumprir o seu redentor papel de reformador social. 
 
Este novo tempo, que emerge do Código Civil, exigirá também um novo Poder Judiciário, com maior liberdade de atuação, inclusive política, modernizado pelas conquistas tecnológicas, livre de ingerências externas, e integrados por juízes que se sintam comprometidos com a função social do direito. O Judiciário fluminense não só está preparado para o desafio, como certamente o vencerá!? 
 
LEITURA COMPLEMENTAR 2
 
Texto confeccionado por Sylvio Capanema de Souza. Distinção entre obrigação e responsabilidade. 
 
Pode haver obrigação sem responsabilidade: ex. débitos prescritos. Assim como pode haver responsabilidade sem obrigação: ex. fiador, que pagará a dívida somente em caso de inadimplemento. 
 
A obrigação, do latim obligatio (ob+ ligatio), que significa ação de prender, deriva do verbo obligare (atar, ligar, vincular). A obrigação não se confunde com: sujeição, ônus e dever jurídico. A sujeição tem o significado de obediência. Ex. um direito potestativo (que significa a impossibilidade de uma pessoa em não cumprir um determinado comando): a existência de um prédio encravado e o direito de o proprietário desse bem obter uma passagem forçada (art. 1.285 CCv), o direito de o locador despejar o locatário (arts. 59 e 60 da Lei 8.245/91). Portanto, nos exemplos dados (direitos potestativos), há a sujeição e não a obrigação daquele que se encontra na situação passiva. 
 
Ônus, por sua vez, é a necessidade de seguir uma dada conduta em benefício próprio, como, verbi gratia, o ônus da prova (art. 333, do CPC). O dever jurídico, no entanto, é a necessidade de todos no cumprimento dos comandos legais, sob pena de sanção. Aí vem a diferenciação da obrigação com as figuras acima expostas (sujeição, ônus e dever jurídico), pois ela caracteriza-se e diferencia-se diante do fato de uma determinada pessoa se encontrar obrigada a realizar uma certa conduta no interesse de outra, denominada prestação (determinada no negócio jurídico). 
 
A obrigação é um efeito jurídico e como tal sempre possui um fato que lhe dá origem. Dos fatos jurídicos nascem as obrigações. Daí, do fato, a fonte da obrigação. 
 
Para efeitos didáticos, as fontes das obrigações seriam as seguintes: os negócios jurídicos bilaterais (contratos), de que trata os arts. 104 e segs. Do CCv/2002; atos jurídicos unilaterais (arts. 854 e segs. do CCv/2002 - promessa de recompensa (arts. 854 e segs.), gestão de negócios (arts. 861 e segs.), pagamento indevido ( arts. 876 e segs.) e enriquecimento sem causa (arts. 884 e segs.); atos ilícitos (arts. 186/188 do CCv); e a lei. 
 
Portanto, a afirmativa de que a única fontedas obrigações são os fatos jurídicos procede, pois se um fato está previsto legalmente e tem o condão de criar efeitos obrigacionais, ele passa a ser um fato jurídico. A lei é considerada fonte obrigacional por ser possível dar a um fato conseqüências jurídicas, mediante a criação de uma norma, que poderá criar uma nova relação obrigacional. A obrigação, pois, é sempre um dever jurídico originário.
 
 
Ao final da aula o professor deve perguntar se ainda existem dúvidas com relação aos tópicos abordados. Após, deve realizar breve síntese dos principais aspectos abordados nesta primeira semana, preparando o aluno para o próximo tópico: estrutura da relação obrigacional.
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[1] Afirma Inácio de Carvalho Neto (2009, p. 21) que ?a locução Direito das Obrigações está mais difundida, apesar de estar sujeita a críticas, sob o argumento de que põe o acento tônico num dos lados da relação jurídica, precisamente o passivo. Outros preferem denominá-lo Direitos de Crédito, salientando o aspecto ativo, incorrendo no mesmo vício da unilateralidade. A primeira é mais expressiva, desde que se tome o vocábulo obrigação no sentido romano, de vínculo jurídico entre duas pessoas e não, na acepção mais restrita, do dever de prestar que incumbe ao sujeito passivo da relação jurídica?.
[2] Importante esclarecer ao aluno que o Direito de Família é o menos patrimonial de todos os ramos do Direito Civil. Em suma, o Direito Patrimonial é o campo do Direito Civil onde as pessoas se relacionam entre si, por meio de contratos, e onde as pessoas se relacionam com as coisas, adquirindo propriedade, com o objetivo de formar um patrimônio, que será transferido aos herdeiros após a morte. No direito patrimonial predomina a autonomia privada, onde a liberdade dos particulares é grande, embora o Estado se faça presente por meio de normas de ordem pública. 
Estratégias de Aprendizagem
Indicação de Leitura Específica
Recursos
 Quadro e pincel, Retroprojetor, Data show 
Aplicação: articulação teoria e prática
 
Caso Concreto 1
Da leitura do material didático, autor Flávio Tartuce, p. 03-39, responda:
a)     É correto afirmar que as normas de Direito Obrigacional são hoje as que mais se aplicam com frequência? Explique sua resposta.
b)     Os princípios da eticidade e da socialidade se aplicam ao direito obrigacional? Ao responder, explique os princípios.
c)     Há diferença entre obrigação, dever, responsabilidade, ônus e estado de sujeição? Explique sua resposta e dê um exemplo de cada situação.
 
Caso Concreto 2
Identifique as fontes das seguintes obrigações:
Obrigação alimentar decorrente de parentesco.
Obrigação de indenizar uma pessoa que foi atropelada.
Pagar uma recompensa.
Pagar o café comprado na cantina durante o intervalo.
Pagar uma  nota promissória.
 
Questão Objetiva
Assinale a alternativa correta:
a)     A obrigação se refere a um dever de realizar uma prestação, portanto, é dever jurídico derivado, decorrente, por exemplo, de um contrato de compra e venda.
b)     A responsabilidade é a consequência patrimonial do descumprimento de uma obrigação, tratando-se, portanto, de dever jurídico originário, como é o caso do dever de indenizar.
c)     A servidão é uma espécie de obrigação ?propter rem? uma vez que limita a fruição e a disposição da propriedade.
d)     A obrigação de pagar o condomínio é considerada um ônus real.
e)     O vínculo jurídico é considerado o elemento abstrato ou imaterial das obrigações uma vez que é o liame que une o sujeito ativo ao sujeito passivo, conferindo ao primeiro o direito de exigir do segundo uma determinada prestação.
Avaliação
Caso Concreto 1
Da leitura do material didático, autor Flávio Tartuce, p. 03-39, responda:
a)     É correto afirmar que as normas de Direito Obrigacional são hoje as que mais se aplicam com frequência? Explique sua resposta.
b)     Os princípios da eticidade e da socialidade se aplicam ao direito obrigacional? Ao responder, explique os princípios.
c)     Há diferença entre obrigação, dever, responsabilidade, ônus e estado de sujeição? Explique sua resposta e dê um exemplo de cada situação
Gabarito: 
a)     Entende-se que sim, pois, conforme fria o autor a partir da citação de Fernando Noronha (p. 04) ?é possível conceber a hipótese de uma pessoa viver uma vida inteira sem necessidade de conhecer o Direito das Sucessões, ou a maior parte do Direito de Família (casamento, regimes de bens), ou até as partes mais significativas do Direito das Coisas. Mas não é possível viver à margem daquelas atividades do dia-a-dia regidas pelo Direito das Obrigações?.  Daí sua importância.
b)     O princípio da eticidade impõe a boa-fé objetiva e a propriedade às relações jurídicas. O princípio da socialidade a observação a boa-fé. Portanto, princípios plenamente aplicáveis às relações obrigacionais, ainda mais quando se considera a obrigação como um processo (?processo de colaboração contínua e efetiva entre as partes) (p. 05-06).
c)     O dever jurídico se contrapõe ao direito subjetivo, tratando-se, portanto, de um comando emanado do direito objetivo, impondo-se a todos, como o dever de não danificar o patrimônio alheio. Obrigação é uma relação jurídica de caráter patrimonial e transitória entre credor e devedor que possui por objeto o cumprimento de uma prestação como aquela que decorre de um contrato de compra e venda.  O ônus se caracteriza pela necessidade de se observar um determinado comportamento para obtenção de uma vantagem em proveito próprio, como levar a registro no Cartório de Títulos e Documentos um contrato para gerar efeitos em face de terceiros. O estado de sujeição se caracteriza quando a pessoa é obrigada a se sujeitar a uma determinada situação como é o caso dos impedimentos matrimoniais. Trata-se de poder  jurídico do titular do direito, não havendo correspondência a qualquer outro dever. A responsabilidade é a consequência patrimonial do descumprimento de uma obrigação, portanto, trata-se de dever derivado, como o caso das indenizações. (p. 15-20)
 
Caso Concreto 2
Identifique as fontes das seguintes obrigações:
Obrigação alimentar decorrente de parentesco.
Obrigação de indenizar uma pessoa que foi atropelada.
Pagar uma recompensa.
Pagar o café comprado na cantina durante o intervalo.
Pagar uma  nota promissória.
 
Gabarito: 
Tem por fonte o fato jurídico parentesco ? determinado pela lei (ato jurídico em sentido estrito).
Tem por fonte um ato ilícito cuja consequência é o dever de indenizar.
Tem por fonte um ato unilateral.
Tem por fonte um contrato de compra e venda (negócio jurídico bilateral).
Tem por fonte um título de crédito.
 
Questão Objetiva
Assinale a alternativa correta:
a)     A obrigação se refere a um dever de realizar uma prestação, portanto, é dever jurídico derivado, decorrente, por exemplo, de um contrato de compra e venda.
b)     A responsabilidade é a consequência patrimonial do descumprimento de uma obrigação, tratando-se, portanto, de dever jurídico originário, como é o caso do dever de indenizar.
c)     A servidão é uma espécie de obrigação ?propter rem? uma vez que limita a fruição e a disposição da propriedade.
d)     A obrigação de pagar o condomínio é considerada um ônus real.
e)     O vínculo jurídico é considerado o elemento abstrato ou imaterial das obrigações uma vez que é o liame que une o sujeito ativo ao sujeito passivo, conferindo ao primeiro o direito de exigir do segundo uma determinada prestação.
 
Gabarito: E. Letra A ? a obrigação é um dever jurídico originário. Letra B ? a responsabilidade é um dever jurídico derivado. Letra C ? a servidão é considerada uma obrigação com ônus real. Letra D ? a obrigação é pagar o condomínio é ?propter rem?.
Considerações Adicionais

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