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Livro- Texto - Historia Medieval

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Prévia do material em texto

Autor: Prof. Gabriel Lohner Gróf 
Colaboradores: Prof. Francisco Alves da Silva
 Prof. Vinícius Albuquerque
 Profa. Ivy Judensnaider
História Antiga e Medieval
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Professor conteudista: Gabriel Lohner Gróf
Gabriel Lohner Gróf, natural de São Paulo, é bacharel, licenciado e mestre em História pela Universidade de São 
Paulo, com ênfase em História Antiga da Mesopotâmia. Sua formação possui um duplo caminho: procura, por um 
lado, investigar as modalidades de organização burocrática nas sociedades mesopotâmicas e, por outro, tem grande 
preocupação em construir uma ponte entre os conhecimentos acadêmicos e a sociedade.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
G118h Gróf, Gabriel Lohner.
História antiga e medieval. / Gabriel Lohner Gróf. – São Paulo: 
Editora Sol, 2014.
180 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XIX, n. 2-075/14, ISSN 1517-9230.
1. Pré-história. 2. História antiga. 3. História medieval. I. Título.
CDU 93/99
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Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Cristina Z. Fraracio
 Virgínia Bilatto
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Sumário
História Antiga e Medieval
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................9
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................9
Unidade I
1 PRÉ-HISTÓRIA ................................................................................................................................................... 11
1.1 Definição .................................................................................................................................................. 11
2 OS PERÍODOS DA PRÉ-HISTÓRIA .............................................................................................................. 12
2.1 Paleolítico ................................................................................................................................................ 12
2.2 Neolítico ................................................................................................................................................... 16
2.2.1 Neolítico Pré-cerâmico A .................................................................................................................... 18
2.2.2 Neolítico Pré-cerâmico B..................................................................................................................... 18
2.3 Idade dos Metais ................................................................................................................................... 21
2.3.1 Revolução Urbana .................................................................................................................................. 22
3 MESOPOTÂMIA ................................................................................................................................................. 26
3.1 Introdução ............................................................................................................................................... 26
3.2 Localização geográfica ....................................................................................................................... 28
3.3 Economia ................................................................................................................................................. 31
3.3.1 Agricultura ................................................................................................................................................. 32
3.3.2 Atividades complementares ............................................................................................................... 33
3.4 História política ..................................................................................................................................... 34
3.4.1 O período Uruk......................................................................................................................................... 34
3.4.2 Período Dinástico Antigo (2800 a.C. – 2350 a.C.) ...................................................................... 35
3.4.3 Império Sargônico (2350 a.C. – 2112 a.C.) .................................................................................... 36
3.4.4 Terceira Dinastia de Ur (2112 – 2004) ............................................................................................ 37
3.4.5 Primeiro Império Babilônico (1763 a.C. – 1750 a.C.) ............................................................... 37
3.4.6 A crise da Idade do Bronze ................................................................................................................. 39
3.4.7 O Império Neoassírio ............................................................................................................................. 39
3.4.8 Império Neobabilônico ......................................................................................................................... 40
3.5 Cultura mesopotâmica ....................................................................................................................... 42
3.5.1 Religião ....................................................................................................................................................... 42
3.5.2 Mitologia .................................................................................................................................................... 43
3.5.3 Escrita .......................................................................................................................................................... 44
3.5.4 Ciências ....................................................................................................................................................... 45
4 EGITO .................................................................................................................................................................... 46
4.1 Condições geográficas .......................................................................................................................46
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4.2 Economia ................................................................................................................................................. 48
4.3 Sociedade ................................................................................................................................................ 51
4.4 Cultura ...................................................................................................................................................... 53
4.4.1 Religião ....................................................................................................................................................... 53
4.4.2 Arte e arquitetura ................................................................................................................................... 56
4.4.3 Escrita egípcia ......................................................................................................................................... 58
4.4.4 Ciências ....................................................................................................................................................... 60
4.5 História política ..................................................................................................................................... 60
4.5.1 Período Pré-dinástico (8000 a.C. a 3100 a.C.) ............................................................................. 60
4.5.2 Império Antigo ......................................................................................................................................... 61
4.5.3 Império Médio .......................................................................................................................................... 61
4.5.4 Novo Império ............................................................................................................................................ 62
Unidade II
5 GRÉCIA ANTIGA ............................................................................................................................................... 73
5.1 Período Pré-Homérico ........................................................................................................................ 74
5.1.1 Civilização minoica ................................................................................................................................ 74
5.1.2 Civilização micênica ............................................................................................................................. 79
5.2 Período Homérico ................................................................................................................................. 84
5.3 Período Arcaico .................................................................................................................................... 85
5.3.1 A formação da pólis ............................................................................................................................. 86
5.3.2 Esparta ......................................................................................................................................................... 88
5.3.3 Atenas ........................................................................................................................................................ 91
5.3.4 Oligarquia ................................................................................................................................................... 91
5.3.5 Tirania .......................................................................................................................................................... 92
5.3.6 Democracia ................................................................................................................................................ 93
5.4 Período Clássico ................................................................................................................................... 95
5.5 As Guerras Médicas ............................................................................................................................ 95
5.5.1 A ofensiva persa ..................................................................................................................................... 95
5.5.2 A ofensiva grega .................................................................................................................................... 99
5.6 A hegemonia ateniense e a Guerra do Peloponeso ............................................................100
5.7 A hegemonia de Esparta e de Tebas e o enfraquecimento das cidades-estado .....102
5.8 Período Helenístico ...........................................................................................................................103
5.9 A filosofia grega .................................................................................................................................105
6 ROMA .................................................................................................................................................................107
6.1 Monarquia .............................................................................................................................................107
6.2 A República Romana .........................................................................................................................112
6.2.1 As lutas sociais em Roma ..................................................................................................................114
6.2.2 A expansão romana ............................................................................................................................. 116
6.2.3 A crise da República ............................................................................................................................119
6.3 O Império Romano ...........................................................................................................................122
6.3.1 O Alto Império ....................................................................................................................................... 123
6.3.2 Baixo Império ........................................................................................................................................ 126
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Unidade III
7 ORIGENS DO FEUDALISMO........................................................................................................................136
7.1 Heranças ................................................................................................................................................136
7.2 Invasões ..................................................................................................................................................137
7.3 O Império Franco ................................................................................................................................139
7.3.1 A Dinastia Merovíngia ....................................................................................................................... 140
7.3.2 A Dinastia Carolíngia ...........................................................................................................................141
8 A SOCIEDADE FEUDAL .................................................................................................................................143
8.1 Os que lutam ........................................................................................................................................1448.2 Os que trabalham ...............................................................................................................................148
8.3 Os que rezam........................................................................................................................................149
8.4 A crise do feudalismo .......................................................................................................................151
8.4.1 Cruzadas .................................................................................................................................................. 152
8.4.2 Revolução Agrícola ............................................................................................................................. 153
8.4.3 Renascimento(s) ................................................................................................................................... 153
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APRESENTAÇÃO
Este livro-texto será seu instrumento de trabalho para a realização da disciplina História Antiga e 
Medieval, com a qual esperamos que você conheça os eventos decisivos na constituição das primeiras 
sociedades. É importante analisar os processos formativos, dando ênfase aos aspectos econômicos e 
políticos das sociedades como fatores de transformação. No caso da História Antiga e Medieval, devem-se 
articular as conexões entre os processos históricos do mundo ocidental e oriental. Você deverá, ao final 
do curso, ser capaz de analisar criticamente a historiografia relativa ao período estudado, estabelecendo 
relações existentes entre o passado e o momento histórico atual, interpretador desse passado.
Esperamos que este material contribua para a formação de professores capazes de dotar seus alunos 
de um espírito crítico e investigativo.
INTRODUÇÃO
Seja bem-vindo ao estudo da História Antiga e Medieval! Você deve se recordar, dos tempos de 
escola, que esse é um período muito longo, que se inicia por volta de 3500 a.C., com o surgimento da 
escrita, e vai até 1453 d.C., quando a cidade de Constantinopla, capital do Império Bizantino, caiu nas 
mãos dos turcos otomanos. No meio do caminho houve ainda a queda do Império Romano de Ocidente 
em 476 d.C., evento que marca a passagem da Idade Antiga para a Idade Média. E esses períodos 
podem ser subdivididos ainda mais, como Alto e Baixo Império Romano, Alta e Baixa Idade Média etc. 
Como você pode perceber, a periodização é uma ferramenta importante para o historiador, pois ela 
permite delimitar entre dois períodos certa continuidade estrutural e, da mesma forma, evidenciar as 
transformações sociais relativas às mudanças cronológicas.
Mas isso não deve ser nenhuma novidade para você, acostumado desde criança a estudar História 
dividida em períodos. Quais os períodos? História Antiga, História Medieval, História Moderna e História 
Contemporânea, cada um deles delimitado por fatos relevantes. O que talvez você ainda não saiba é 
que essa periodização é uma dentre muitas outras possíveis! Quem escreve a história é, antes de tudo, 
uma pessoa (o historiador) que, influenciada pelo seu contexto econômico, social e político, elege no 
passado os eventos que julga os mais relevantes. Nossa periodização é de origem francesa, devido 
à influência que exerceu sobre a cultura brasileira no século XIX. Na periodização dos ingleses, há a 
História Antiga (3600 a.C. – 500 d.C.), História Pós-Clássica (500 d.C. – 1500 d.C.) e História Moderna, 
subdividida em História Moderna Inicial (1500 – 1750), História Moderna Média (1750 – 1914) e História 
Contemporânea (1914 até hoje).
Cada período tem uma característica especial. A Idade Contemporânea, na periodização francesa, 
refere-se ao período em que predomina um tipo de governo liberal representativo – graças à Revolução 
Francesa, que demoliu o antigo regime – e com hegemonia do capitalismo como sistema econômico, 
sendo a burguesia a classe dominante atualmente. A Idade Moderna, por sua vez, refere-se ao antigo 
regime, caracterizado pelo absolutismo e pelo mercantilismo. Mas e a História Antiga? Quais suas 
características? É possível considerá-la como um período coeso, levando em conta a diversidade das 
experiências históricas de sociedades tão distintas?
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Podemos grosso modo dizer que a História Antiga é um período no qual surgiram as primeiras 
civilizações do Oriente Médio, tradicionalmente consideradas como civilizações hidráulicas do modo 
de produção asiático, e quando floresceram as sociedades ditas clássicas, no caso, Grécia e Roma, nas 
quais se estruturou o modo de produção escravista. Mas qual a relação entre elas? No século XIX, as 
sociedades europeias, na busca de um passado, elegeram os gregos e os romanos como seus precursores, e 
as civilizações orientais foram consideradas como um negativo das sociedades clássicas, contrapondo um 
governo despótico de natureza religiosa com instituições democráticas e bem organizadas, como aquelas 
encontradas em Atenas e em Roma. Ou seja, na busca de um passado, as nações europeias do século XIX 
revestiram-se de qualidades manifestas nas civilizações clássicas, ao mesmo tempo em que condenavam 
tipos de governo despóticos representados pelas civilizações orientais. Isso configura uma visão chamada 
pelos historiadores atuais de eurocêntrica, ou seja, uma visão da história segundo os europeus.
Da mesma forma que as civilizações orientais eram consideradas como a negação das civilizações 
clássicas, ou ainda um estágio anterior na grande evolução histórica das sociedades, a tomada de 
Roma pelos Hérulos em 476 d.C. foi considerada o marco da decadência de Roma, a destruição da 
cultura clássica e o início de uma grande noite, que se estendeu por séculos até a retomada da cultura 
Greco-romana pelos renascentistas. E essa destruição, segundo visões mais antigas, aconteceu por 
causa da corrupção moral dos romanos em um estágio no qual as sociedades entram naturalmente em 
decadência, afastando-se de suas configurações originais; a corrupção, os excessos dos imperadores, 
a luxúria, a má administração, a deturpação das instituições: tudo isso seria o sinal de uma crise 
endêmica que resultaria no desaparecimento de uma civilização. A partir da queda de Roma, imperaria a 
fragmentação política, o misticismo, a obscuridade e a violência, tipicamente associados à Idade Média.
Atualmente, os historiadores estão procurando romper com essa visão, que é muito difundida na sociedade, e 
têm realizado estudos críticos com o objetivo de superar aquela visão eurocêntrica, evolucionista e preconceituosa. 
Hoje sabemos, por exemplo, que o poder oficial na Mesopotâmia era contrabalançado por assembleias de homens 
livres (os awilum na Babilônia), o que garantia a supremacia de instâncias políticas locais (CHARPIN, 2000, p. 69). 
No caso de Roma, hoje se utiliza o conceito de “transformação” em vez de “crise” ou “decadência”, uma vez que, 
durante o chamado Baixo Império surgiram correntes de pensamento e expressões artísticas dignas de nota, 
assim como a penetração dos bárbaros ocorreu durante um longo período, já assimilado ao Império, a visão da 
“queda”, difundida pelo historiador do século XVIII Edward Gibbon, não encontra mais sustentação.
E esse é o trabalho do profissional de História: a reflexão e a crítica. Você deve estar sempre consciente de 
que o conhecimento, antes de tudo, é uma construção cujas peças e ferramentas são escolhidas por alguém 
que é filho de seu tempo. Uma característica da História ensinada nas escolas é sua ênfase na economia comoa base dos processos históricos. A economia é expressa no conjunto de relações sociais que caracterizam um 
modo de produção. Aqui, faremos referência ao modo de produção asiático, ao modo de produção escravista 
e ao modo de produção feudal. Embora consagrados no meio escolar, devemos ter atenção em como tais 
conceitos foram construídos e de que forma eles se adéquam às sociedades estudadas.
Portanto, use as informações deste livro-texto com o espírito crítico característico de um historiador. 
Não o tome apenas como um manual de referência para os seus estudos. Leia, avalie, julgue, critique 
e discorde se achar necessário. A ideia é que, para que você dote seus alunos de espírito crítico, é 
necessário treiná-lo durante sua formação. Bons estudos!
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HISTÓRIA ANTIGA E MEDIEVAL
Unidade I
1 PRÉ-HISTÓRIA
1.1 Definição
O termo “Pré-história” se refere ao momento da trajetória humana em que a escrita não existia. 
Como os documentos escritos, por muito tempo, foram os principais instrumentos do historiador, a 
invenção da escrita é considerada um divisor de águas que separa dois momentos distintos da história 
humana, e por muito tempo a ausência ou a presença de escrita foi um critério usado – de forma 
preconceituosa – para medir o nível de sofisticação intelectual de sociedades diversas. Hoje em dia, o 
historiador utiliza fontes bastante diversificadas para compreender o passado e considera história tudo 
o que é relativo à aventura humana sobre a Terra. Nesse sentido, a Pré-história também foi um período 
histórico!
Para compreender as sociedades humanas da Pré-história, devemos utilizar outros meios que não a 
escrita, oferecidos principalmente pela Arqueologia: recuperação e análise de vestígios, como machados, 
pontas de flechas, restos de cerâmica, estatuetas votivas e até mesmo restos preservados de tecidos. 
Esses artefatos, por sua vez, são categorizados segundo sua função social e dá-se uma especial atenção 
aos materiais e técnicas de produção. A partir da análise de tais objetos inseridos em seus contextos de 
escavação, é possível resgatar principalmente os aspectos econômicos das sociedades pré-históricas.
Figura 1 – O trabalho do arqueólogo permite resgatar os vestígios do passado na ausência de fontes escritas; atualmente, o 
historiador também tem desenvolvido métodos de interpretação de objetos
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Unidade I
Dessa forma, devemos notar que a divisão dos períodos da Pré-história se relaciona diretamente 
com os materiais e as técnicas de produção daqueles artefatos, o que, na visão dos antropólogos do 
século XIX, atestaria momentos distintos da evolução das sociedades humanas. Essa evolução seria 
medida pela capacidade dos instrumentos usados, que refletiriam, por sua vez, o nível intelectual e 
espiritual dos grupos humanos. Segundo essa visão, caçadores e coletores que utilizavam instrumentos 
de ossos ou de “pedra lascada” seriam necessariamente menos avançados do que grupos sedentários que 
utilizavam cerâmicas e instrumentos de “pedra polida”. Embora essa visão seja amplamente desafiada 
por estudiosos atuais, ela ainda é consagrada nos meios escolares e influencia nossas considerações 
sobre o homem pré-histórico. Você precisa ficar atento a isso!
A “longa noite” da Pré-história correspondeu à maior parte da existência humana na Terra e, ao 
contrário do que muitos pensam, foi sem dúvida a mais criativa. O homem surgiu na África, em algum 
momento obscuro por volta de 200.000 a.C., e sua trajetória atingiu um ponto decisivo por volta de 
50.000 a.C., com o desenvolvimento de uma vida cultural atestada nas pinturas rupestres, instrumentos 
musicais e artefatos religiosos, como estatuetas. A presença de enterramentos rituais atesta ainda a 
crença em um pós-vida, e a fala, segundo neurocientistas e arqueólogos, consagrou-se como ferramenta 
de comunicação do Homo sapiens, antes balbuciada pelos seus ancestrais, como o Homo erectus.
A Pré-história foi dividida a partir do sistema das três idades pelo arqueólogo dinamarquês Christian 
Thomsen, em 1820 – Idade da Pedra, Idade do Bronze e Idade do Ferro – e aperfeiçoada posteriormente por 
John Lubbock, que criou os termos Paleolítico e Neolítico, mantendo a Idade dos Metais. Essa divisão, no 
entanto, tem sido cada vez mais detalhada, já que as inúmeras descobertas após a obra de Lubbock forçaram os 
estudiosos a estabelecer cronologias mais precisas e localizadas, em vez de grandes periodizações generalizadas.
2 OS PERÍODOS DA PRÉ-HISTÓRIA
2.1 Paleolítico
O Paleolítico corresponde ao período de tempo transcorrido entre 2,5 milhões de anos antes do presente. 
Foi o momento em que os primeiros ancestrais do homem atual passaram a usar ferramentas de pedra 
até aproximadamente 12000 a.C., e quando os agrupamentos humanos iniciais começam a se sedentarizar 
devido a mudanças climáticas. O termo que designa esse período vem do grego palaeos (antigo) e lithos 
(pedra), referindo-se a uma maneira pretensamente rudimentar de fabricação de ferramentas de pedra. 
Durante essa época, inicia-se a trajetória humana na Terra, provavelmente na região que corresponde à atual 
Etiópia, em algum momento por volta de 200.000 anos antes do presente (ou AP). Devido a fatores climáticos 
e populacionais, os primeiros seres humanos iniciam uma onda migratória, há aproximadamente 50.000 AP, 
tendo ocupado praticamente todos os territórios do planeta – com exceção da Antártida – já em 20.000 AP.
O Homo sapiens, assim como seus ancestrais e congêneres (como o Homem de Neanderthal), era um 
caçador e coletor, ou seja, dependia exclusivamente da natureza para o seu sustento. Coletava frutos 
silvestres e caçava animais para a obtenção de carne, de peles (para proteção) e de ossos (para a fabricação 
de instrumentos). Além da carne de grandes mamíferos e frutos, o homem também desenvolveu técnicas 
de pesca, alimentando-se de peixes e ostras. Com o crescente aumento populacional, os humanos 
causaram um grande impacto na natureza, levando diversas espécies de animais e plantas à extinção.
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HISTÓRIA ANTIGA E MEDIEVAL
O uso de ferramentas era fundamental para sua sobrevivência, uma vez que os hominídeos não 
dispunham de recursos biológicos tais como dentes, garras ou pelos. Embora considerada pejorativamente 
como primitiva, a tecnologia paleolítica era bastante inovadora e extremamente variada em objetos e 
materiais, sobressaindo-se as pontas de flecha em ossos, os machados de pedra, facas de sílex, buris 
e até mesmo grandes agulhas de costura. Tais objetos permitiam aos hominídeos não apenas caçar 
e processar animais, mas também fabricar vestimentas e novos instrumentos, com o uso de pedras 
preparadas previamente para tal finalidade. Esses objetos eram tão importantes que, por meio de um 
ato simbólico funerário, muitos eram enterrados junto com seu antigo possuidor.
Por percussão 
direta
Por percussão 
indireta
Retoque por 
pressão
Figura 2
O domínio do fogo, ocorrido há cerca de 300.000 AP graças a algum corajoso Homo erectus, foi 
um dos acontecimentos de maior relevância para o homem. Do ponto de vista econômico, ampliou 
a variedade da dieta humana, uma vez que o cozimento propiciava o preparo de alimentos de difícil 
digestão quando crus, além de acelerar o descongelamento de carne em regiões de baixas temperaturas. 
Além de tais benefícios, o fogoaquecia, permitindo a colonização de áreas inóspitas, e afastava os 
predadores, servindo também como fonte de iluminação em cavernas e em rituais religiosos. O processo 
do domínio do fogo não é claro, mas provavelmente é fruto de uma longa observação de processos de 
combustão ocorridos na natureza.
Por meio da observação da organização social de grupos caçadores e coletores atuais, bem como 
a ausência de vestígios que demonstrem um assentamento humano permanente anterior a 8.000 
a.C., conclui-se que os hominídeos organizavam-se em bandos de até 100 indivíduos, cujas principais 
características são: igualitarismo (ou a ausência de uma hierarquia social), economia comunitária e os 
laços familiares como principal elo de ligação entre os membros de um grupo. Dado o caráter predatório 
da economia paleolítica, o nomadismo era uma característica fundamental dos primeiros agrupamentos 
humanos, sendo realizado dentro de um perímetro específico ao longo dos meses. Pesquisas recentes 
demonstram, inclusive, a presença de um acampamento central que servia como referência para os 
grupos em transumância.
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Unidade I
Figura 3 – A Etnografia é uma área de estudo da Antropologia que estuda grupos humanos atuais cujas características se 
assemelham a grupos que desapareceram no passado. Na imagem, a tribo dos caçadores-coletores Qagyuhl
Por volta de 50000 AP, o Homo sapiens desenvolve um mecanismo fundamental que o separa de 
seu estado de natureza, e não é a utilização de ferramentas e nem mesmo a qualidade técnica de seus 
instrumentos com relação aos artefatos rudimentares, utilizados até mesmo por alguns animais. O que 
define o homem como tal é justamente a sua capacidade de construir uma linguagem que, como meio 
de expressão da capacidade de significar o mundo, é matéria-prima da cultura, definida como um 
conjunto de signos e símbolos compartilhados. A habilidade de dar significado ao mundo que a rodeia 
é uma das maiores realizações de nossa espécie, resultado dos desenvolvimentos biológicos altamente 
complexos do cérebro humano.
 Lembrete
Embora seja comum a grande divisão entre História e Pré-história, 
referente ao uso da escrita, não devemos nos esquecer de que onde há 
atividade humana, há história. Assim, o desenvolvimento da linguagem é 
um dos eventos mais significativos da história humana, embora se localize 
temporalmente na Pré-história.
A presença de enterramentos rituais sugere o desenvolvimento de crenças religiosas. Essa 
preocupação com o pós-vida e a crença em seres divinos foram de grande importância para fortalecer 
os laços sociais e a coesão do grupo, unido em torno de um culto comum. Representações de figuras 
zooantropomórficas são comuns no registro arqueológico e podem estar associadas a divindades 
responsáveis pelas forças da natureza. Outra característica cultural importante é a existência de 
pinturas rupestres. Os motivos dividem-se em animais – cavalos, touros selvagens, cervos etc. 
–, seres humanos e figuras abstratas, e sua finalidade é intensamente discutida: alguns autores 
acreditam que esses desenhos serviam como uma espécie de “talismã” que trazia sucesso à caça; 
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outros imaginavam que tais pinturas eram realizadas em um ritual específico feito pelo sacerdote 
do grupo, e os animais desenhados seriam representações de forças naturais que transcendem a 
mera caça.
Figura 4 – As pinturas rupestres demonstram o desenvolvimento da capacidade de dar significado às forças naturais
 Lembrete
O termo “AP” (antes do presente) é um conceito alternativo ao de a.C. 
(antes de Cristo), normalmente usado para longas temporalidades em que 
a datação cristã é ineficiente para estabelecer a escala de tempo desejada.
As figuras femininas – Vênus – eram bastante difundidas no período, provavelmente 
representando uma divindade feminina cultuada em uma extensa área que abrangia Europa, África 
e Ásia. As principais características dessas estatuetas eram a ênfase dada a aspectos que sugeriam 
a fertilidade – como os grandes seios, ventre e quadris largos. Celebrar a maternidade era vital em 
uma época em que a altíssima mortalidade chegou a reduzir drasticamente a população humana. 
Outras realizações artísticas do período foram adornos, como braceletes, colares e vestígios de ocre 
sugerindo pinturas rituais.
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Unidade I
a) b)
Figura 5 – As estatuetas chamadas “Vênus” possuem atributos femininos exagerados, 
o que indica a prática de cultos relacionados à fertilidade durante o Paleolítico
 Saiba mais
A origem do homem é um assunto largamente debatido e controverso, 
principalmente em relação ao famoso “elo perdido”, ou seja, nosso ancestral em 
comum com os outros primatas. Esse elo seria, no caso, uma espécie que ainda 
não foi descoberta ou uma falha na Teoria da Evolução? Sugerimos as obras:
DARWIN, C. A origem do homem e a seleção sexual. Curitiba: Hemus, 2002.
MARTIN, F. D. Breve historia del Homo sapiens. Madri: Nowtilus, 2009.
.
2.2 Neolítico
O período compreendido entre 12.000 e 5.000 a.C. é denominado Neolítico, ou “pedra polida”, em 
razão da sofisticação dos instrumentos de pedra com relação ao Paleolítico. Esse período foi marcado por 
mudanças climáticas radicais, com um rápido aumento de temperatura, responsável pelo derretimento 
das calotas polares formadas durante a última Era Glacial. A elevação da temperatura e da umidade levou 
ao desenvolvimento de grandes áreas de clima temperado e o aumento do volume dos rios auxiliou na 
formação de microambientes úmidos. Isso estimulou uma grande complexidade ambiental, facilitando 
assim o sedentarismo.
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HISTÓRIA ANTIGA E MEDIEVAL
Esses impactos ambientais transformaram radicalmente a economia humana e a organização das 
comunidades. A economia predatória da caça e da coleta vai sendo progressivamente substituída por 
uma produtiva, baseada no plantio de cereais e na domesticação de animais. Esse processo, no entanto, 
ocorreu lentamente e a caça e a coleta ainda possuíam grande importância durante as fases iniciais do 
Neolítico, momento de sofisticadas manipulações genéticas de espécies selvagens de cereais como trigo, 
cevada, feijões e milho.
Qualquer que seja sua origem, a criação de animais deu ao homem o controle 
de seu abastecimento de alimento, da mesma forma que o cultivo da terra 
[...] devemos lembrar também que a produção de alimentos não substitui 
imediatamente a coleta (CHILDE, 1978, p. 90).
O progressivo domínio do cultivo desses alimentos levou a um notável incremento produtivo, 
formando excedentes que permitiram ao homem libertar-se cada vez mais das imposições da 
natureza. A possibilidade de armazenar alimentos viabilizava a existência de um tempo livre, 
dedicado à experimentação e pesquisa de técnicas de cultivo e desenvolvimento de ferramentas; 
logo surgiram as primeiras diferenciações sociais relacionadas à propriedade de bens. Para referir-se 
a esse momento, o arqueólogo Gordon Childe utilizou o conceito de Revolução Neolítica (também 
chamada Primeira Revolução Agrícola): uma alteração radical nas estruturas sociais em virtude da 
sedentarização.
[...] a economiacomo um todo não pode existir sem um esforço cooperativo. 
As atividades cooperativas exigidas pela vida neolítica encontraram expressão 
exterior nas instituições sociais e políticas. As novas forças controladas 
pelo homem, em consequência da Revolução Neolítica e do conhecimento 
obtido e aplicado no exercício de novos ofícios, devem ter reagido sobre as 
perspectivas do homem (CHILDE, 1978, p. 105).
Atualmente, o Neolítico é dividido em três fases: Neolítico Acerâmico A (ou seja, sem cerâmica), 
entre 12000 e 8500 a.C.; Neolítico Acerâmico B, de 8500 a 6500 a.C.; e Neolítico Cerâmico, de 6500 a 
4500 a.C., quando se inicia a Idade dos Metais com o Calcolítico ou Idade do Cobre. Childe afirmava que 
a cerâmica era uma marca distintiva do Neolítico e as classificações atuais demonstram que ela surgiu 
apenas no final do período.
 Observação
Sempre que lidamos com teorias, vale lembrar que elas sempre podem 
ser atualizadas. Quando Gordon Childe escreveu suas primeiras obras, na 
década de 1920, o conhecimento sobre a Pré-história ainda estava em 
seus estágios iniciais. Atualmente, graças a novas tecnologias de datação, 
podemos detalhar o passado pré-histórico cada vez mais.
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Unidade I
2.2.1 Neolítico Pré‑cerâmico A
Durante esse período, o homem se conservava seminômade, contando com a existência de um lugar 
central a partir do qual era realizado o deslocamento do grupo. Em determinado momento, os grupos 
fixavam-se temporariamente. As habitações eram circulares – lembrando provavelmente cabanas 
temporárias usadas pelos nômades – e o chão das casas ficava abaixo do nível do solo. Em algumas 
aldeias, como a do sítio de Natuf, em Israel, é possível observar ainda a presença de torres de guarda ou 
mesmo muralhas. O que define essa fase como Neolítica é a presença de vestígios de cereais cultivados, 
sobretudo cevada e trigo.
 Lembrete
O homem do Paleolítico caracterizou-se pela sua economia predatória, 
ou seja, era um caçador e um coletor, vivendo da oferta disponível de 
produtos naturais. A transição para o sedentarismo não foi progressiva, 
preservando nos momentos iniciais do Neolítico algumas características 
do período anterior. Lembremos que a cronologia é uma ferramenta do 
historiador, e não corresponde diretamente à realidade, sendo apenas uma 
aproximação.
Uma cultura característica desse momento é a de Natuf (ou natufiense), localizada no Levante 
– Síria e Palestina. As variações climáticas típicas do final do período glacial levaram a um enorme 
contraste em termos de recursos entre locais, bem próximos uns dos outros. Nessa cultura, nota-se o 
desenvolvimento de uma economia mista pautada na produção e na caça/coleta, o que não implicou 
diretamente a permanência total de um assentamento, mesmo em uma situação na qual a criação de 
um excedente fosse possível.
Os assentamentos desse período constituíam-se em povoados mais ou menos fixos, localizados em 
áreas que favoreciam a coleta de cereais silvestres e a outra, de acampamentos sazonais provavelmente 
voltados para a exploração da fauna selvagem. As habitações, bastante simples, eram escavadas, de modo 
que o trabalho investido nessas construções sugere um tempo relativamente largo de permanência no 
local. Por outro lado, a experiência acumulada por gerações teria levado a um raciocínio lógico no que se 
refere à disponibilidade média de recursos naturais por temporada de estadia. Temos ainda nessa época 
uma importante inovação: o uso de cereais na alimentação básica. A observação de espécies silvestres 
e as maneiras de reprodução dessas plantas convergiram em um esforço sistemático de produção 
de cereais, por se constituírem em fontes básicas de carboidratos e por possuírem um alto índice de 
preservação.
2.2.2 Neolítico Pré‑cerâmico B
Por volta de 9000 a.C. há o desaparecimento da cultura natufiense coincidente com o surgimento de 
povoamentos mais fixos, contando com edifícios construídos com tijolos de barro. A produção agrícola 
sob um regime de chuvas que permitia a agricultura sem irrigação desenvolveu-se consideravelmente 
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nesse período e passou a ganhar uma importância ainda maior na economia local, devido à escassez 
de recursos naturais e à concorrência de grupos vizinhos. Assentamentos como Jericó sugerem ainda 
a existência de grandes concentrações populacionais, o que certamente levaria a conflitos sociais que 
demandassem a existência de uma esfera administrativa. É notável ainda a substituição de casas ovais 
por outras retangulares.
Figura 6 – Reconstituição do assentamento de Çatal Hüyük, na atual Turquia
O sítio arqueológico de Çatal Hüyük, na Turquia, é um bom exemplo desse período. Esse grande 
assentamento possuía casas retangulares, umas juntas às outras; em tais moradias, só era possível 
entrar por cima. Não havia ruas e o teto das casas era usado como vias de acesso. Nessa cidade, são 
características as estatuetas no estilo “Vênus” e cultos em que crânio bovinos eram utilizados como 
símbolo. Os enterramentos eram realizados dentro das próprias residências e, após algum tempo, o 
cadáver era exumado e sua cabeça cortada, sendo colocada em um altar.
O desenvolvimento de técnicas de plantio levou ao incremento da produção alimentar e seu papel 
privilegiado nas economias locais, sobretudo entre 8000 e 6000 a.C., quando a cerâmica começa a ser 
fabricada (razão pela qual Çatal Hüyük pode ser considerado como um sítio na transição do Neolítico 
Pré-cerâmico para o Cerâmico). O fato capital dessas transformações está na emergência de uma 
indústria especializada e perfeitamente adaptável ao incremento produtivo, uma vez que o tempo de 
fabricação de peças de cerâmica, assim como a especificidade das suas formas, se encaixa com perfeição 
em um contexto de crescimento demográfico. Ainda, o desenvolvimento da agricultura leva à exploração 
de novos contextos geográficos para o cultivo de cereais sem a necessidade de irrigação, com um clima 
mais hospitaleiro e níveis de chuva mais adequados.
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Figura 7 – A cerâmica foi uma invenção que se adequou ao desenvolvimento do cultivo de cereais. 
Estes, pela sua durabilidade, poderiam ser armazenados, e o excedente poderia ser consumido na entressafra. 
Os recipientes utilizados para o armazenamento eram de cerâmica, cuja matéria-prima é de fácil acesso
A agricultura e a pecuária ocupavam um papel central, mas a caça e a coleta eram ainda fontes 
complementares de alimentação. Do ponto de vista técnico, a progressiva introdução do cobre como 
matéria-prima representou uma importante guinada tecnológica por ser um material muito mais flexível 
do que a pedra e igualmente resistente, além de estimular contatos comerciais entre regiões diferentes 
em busca de minérios ou de ferramentas pré-fabricadas. No entanto, a cultura de Çatal Hüyük parece 
ter sido violentamente interrompida, não possuindo nenhuma ligação aparente com desenvolvimentos 
posteriores na Ásia Menor ou em outras regiões.
Uma marca desse período foi a construção de grandes templos megalíticos, cuja função é debatida 
entre os historiadores. Esses templos podem estar associados ao desenvolvimento da noção de 
territorialidade, uma vez que o trabalho investido em sua construção pressupõe uma ligação com um 
determinado território. Um exemplo bem conhecido é oStonehenge, localizado na atual Inglaterra.
Figura 8 – O Stonehenge é um observatório astronômico. Em seu centro, localiza-se um altar iluminado pelo sol da manhã do 
solstício de inverno do hemisfério norte
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2.3 Idade dos Metais
Por volta de 5000 a.C., desenvolveu-se a metalurgia, já bastante difundida no Oriente Médio. O 
Calcolítico inaugura a Idade dos Metais, sendo também conhecido com Idade do Cobre, um breve 
período de transição entre o Neolítico e a Idade do Bronze. Apesar de curto, é durante o Calcolítico que 
surgiram diversas melhorias técnicas que permitiram um incremento na produção e, consequentemente, 
na geração de excedentes. Pela sua durabilidade e maleabilidade, difundiu-se rapidamente por todo o 
Oriente Médio.
O machado de pedra, ferramenta característica de pelo menos parte da Idade da 
Pedra, é um produto doméstico que podia ser feito e usado por qualquer pessoa, 
num grupo autônomo de caçadores ou camponeses. Não exige especialização 
do trabalho nem um comércio fora do grupo. O machado de bronze, que o 
substitui, não só e uma ferramenta superior como também pressupõe uma 
estrutura econômica e social mais complexa (CHILDE, 1978, p. 24).
Os principais inventos técnicos foram as foices de metal, resistentes, maleáveis e relativamente 
fáceis de obter, e a charrua, que permitia arar a terra, semeando-a ao mesmo tempo. A roda também é 
inventada nesse período, revolucionando os meios de transporte e engenharia. Esses inventos levaram 
a uma alteração profunda nas sociedades: as melhorias técnicas permitiram uma ocupação intensiva 
do solo, gerando excedentes produtivos e estimulando trocas comerciais. Os excedentes, por sua vez, 
estimularam a especialização do trabalho, já que permitiam que uma parte da população se dedicasse à 
atividade artesanal ou administrativa, sem se preocupar em produzir seu sustento. Assim, as sociedades 
apresentavam os primeiros indícios de estratificação, surgindo comunidades complexas, marcadas pela 
divisão social do trabalho, em que o igualitarismo deixa de existir.
Figura 9 – A metalurgia surgiu, segundo Childe (1978), como uma atividade especializada, possibilitada graças ao incremento da 
divisão social do trabalho. Na imagem, guerreiros em bronze encontrados no norte da Europa
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Unidade I
A cultura de Ubaid, no sul mesopotâmico, é um exemplo notável desse período, ainda mais por ter 
antecedido diretamente a Revolução Urbana. Essa cultura floresceu por volta de 5000 a.C. e rapidamente 
se expandiu para o Norte, subjugando as culturas de Halaf e de Samarra, do centro-norte da Mesopotâmia. 
Ela se caracterizou pela introdução de técnicas de irrigação com o aproveitamento das águas dos rios 
Tigre e Eufrates, um legado que será mantido pelas sociedades mesopotâmicas posteriores. Possuíam 
uma cerâmica com formas bastante variadas, decoradas com motivos geométricos e produzidas em 
nível industrial; selos cilíndricos, pequenos objetos utilizados como marcadores de propriedade; uma 
vasta produção de objetos de cobre: artefatos de uso pessoal, ferramentas e armas. Outra característica 
marcante da cultura Ubaid é a presença de edifícios religiosos monumentais, dedicados a deuses que 
seriam posteriormente adorados pelos sumérios.
O nível de organização social e das necessidades da sociedade foram similares em uma larga área do 
Antigo Oriente Próximo pouco tempo antes do período Ubaid, enquanto tornam-se diferentes durante 
a fase que resultou em uma notável distinção no começo do [período] Uruk (NISSEN, 1989, p. 249).
2.3.1 Revolução Urbana
A Revolução Neolítica é uma fase em um longo período de gestação de fenômenos sociais e 
econômicos que desembocam na Revolução Urbana, ocorrida por volta de 4000 a.C., caracterizada 
pelo surgimento das cidades e do Estado. É um processo de longa duração, que tem suas origens no 
Oriente Médio, berço das primeiras civilizações. Os agrupamentos humanos crescem rapidamente e 
vão perdendo suas características comunitárias, dando lugar a organizações humanas de caráter mais 
societário, incluindo aí as primeiras manifestações de diferenciação e hierarquização social típicas de 
chefias. Com isso, é possível dizer que vai surgindo uma sociedade de trabalhadores, estes compreendidos 
como um segmento social específico diferente das comunidades paleolíticas, na medida em que nestas 
o trabalho era imperativo e todos trabalhavam. Surge a divisão social do trabalho, que estimula, por sua 
vez, a especialização técnica.
 Observação
Ao dizermos que a sociedade perde seu caráter comunitário, significa 
que o agrupamento caracterizado pelo igualitarismo e pelas relações de 
proximidade entre as pessoas vai perdendo espaço para a associação, ou 
seja, devido à divisão do trabalho e ao aumento populacional, as relações 
entre as pessoas passam a ser intermediadas pelo poder nascente.
As trocas comerciais começam a desempenhar um importante papel. A distribuição dos 
primeiros assentamentos relaciona-se com a extensão das áreas de exploração em seu entorno. 
Em um primeiro momento, a conexão entre assentamentos é dificultada pela grande extensão do 
entorno, ou seja, a unidade ecológica básica na qual tais grupos se inseriam deveria ser extensa 
o bastante para arrecadar uma variedade mínima de produtos necessários para a manutenção da 
vida. Dentro dessa lógica, o desenvolvimento posterior da agricultura reduziu o entorno desses 
povos, o que teria movido os contatos.
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México
Peru
Oceano Pacífico
Oceano Pacífico
Civilizações Urbanas Datação aproximada
Mesopotâmia 3500 a.C.
Egito 3000 a.C.
Índia 2500 a.C.
China 1500 a.C.
América 1500 a.C.
Creta 1900 a.C.
Grécia 900 a.C.
Índia
ChinaMesopotâmia
Grécia
Creta
Egito
Oceano Glacial Ártico
Oceano 
Atlântico
Oceano 
Atlântico
Oceano Índico
Figura 10 – O mapa demonstra os locais em que surgiram as primeiras civilizações. 
As quatro primeiras, segundo a tabela, surgiram próximas a rios
Um aspecto fundamental desse processo é o da ocupação progressiva em planícies fluviais, devido ao 
potencial agrícola, não havendo mais necessidade de se ocupar exclusivamente vales que ofereceriam 
recursos naturais abundantes para uma economia assentada na caça e na coleta. Com o desenvolvimento 
das técnicas agrícolas, a área necessária para alimentar uma população reduziu-se progressivamente, 
fazendo com que locais antes pouco procurados passassem a fazer parte do “leque” de opções. Nessas 
condições, a produção agrícola tornou-se indispensável e passou a constituir a forma principal de 
garantir os recursos alimentares básicos, exigindo um nível de comprometimento e especialização que 
dificultava a dedicação de um indivíduo em outra ocupação.
A divisão estava montada em produtores de alimentos, artesãos básicos e artesãos de luxo. No entanto, 
não é apenas o nível de especialização que estruturava essa divisão, mas o crescimento da demanda por 
diferentes produtos em um ambiente de conexão econômica entre diversos assentamentos. Resumindo, 
a especialização do trabalho possuía uma dupla restrição: uma técnica centrada nas habilidades e 
competências necessárias para se realizar uma determinada atividade e outra de tempo, de dedicação 
exclusiva. A população, nesse caso, deveria ser grande obastante para produzir consumidores, sendo 
possível pensar em importação e exportação de bens, de maneira que a produção fosse cada vez mais 
situada em centros especializados e retirada progressivamente de contextos de fabricação familiar.
Portanto, desenvolveram-se historicamente diferentes formas de produção relacionadas com 
desenvolvimentos tecnológicos que garantiam uma maior produtividade, desde que voltada para além 
da satisfação das necessidades básicas mais imediatas. A produção de alimentos, que em um primeiro 
momento teve um caráter complementar à caça e à coleta, aos poucos tornou-se preponderante, e os 
desenvolvimentos tecnológicos nessa área contribuíram para a ocupação de áreas cada vez menores; 
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Unidade I
com isso, desenvolveram-se conexões econômicas mais sólidas entre grupos vizinhos. A produção de 
artefatos, por sua vez, acompanhava um crescimento de uma demanda associada aos desenvolvimentos 
de técnicas agrícolas. Isso estimulava uma crescente especialização do trabalho interna: artesãos e 
agricultores, surgindo, posteriormente, administradores.
O resultado foi a criação das primeiras cidades, que podiam ser definidas como um local no qual 
se verificava a especialização do trabalho e o exercício do poder estatal. Para descrever esse processo, 
Gordon Childe criou o conceito de Revolução Urbana, cuja marca é o sacrifício da independência 
econômica. A irrigação é um fator determinante na perda de autossuficiência econômica, pelo volume 
de trabalho imposto e pela estimulação da divisão social do trabalho. Ainda, o aumento do volume e 
especialização de trabalho e a complexidade das obras impunham a necessidade de importação de 
matérias-primas, montando uma rede de comércio altamente lucrativa (CHILDE, 1978).
A revolução está na maneira “revolucionária” de produção e distribuição de excedente, ou seja, 
a alocação da riqueza socialmente produzida na cidade mesopotâmica de Uruk, a primeira de todas. 
Essa redistribuição de riqueza seria a base de todas as relações sociais entre a população e o poder 
nascente. O templo como instituição intermediadora de grande parte das relações sociais representou 
uma modalidade de exercício de poder totalmente nova, a qual propiciou um acúmulo de bens sem 
precedentes, da mesma forma que aumentou a concentração de riquezas.
 Saiba mais
Existem diversos filmes e documentários sobre a Pré-história que podem 
suscitar discussões bastante interessantes sobre o período:
2001: Uma odisseia no espaço. Dir. Stanley Kubrick. Estados Unidos; 
Reino Unido: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM); Stanley Kubrick Productions, 
1968. 160 minutos.
A CAVERNA dos sonhos esquecidos. Dir. Werner Herzog. Canadá; Estados 
Unidos, França; Alemanha; Reino Unido: Creative Differences; History Films; 
Ministère de la Culture et de la Communication, 2010. 90 minutos.
A GUERRA do fogo. Dir. Jean-Jacques Annaud. Canadá; França; 
Estados Unidos: International Cinema Corporation (ICC); Ciné Trail; Belstar 
Productions,1976. 100 minutos.
Modo de produção asiático
O século XIX na Europa foi um momento de intensas transformações. Por um lado, o capitalismo 
industrial se consolidava como o modo de produção hegemônico. Por outro, a miséria se alastrava e os 
movimentos operários ganhavam muita força. A fim de conter o avanço operário, surgiram os Estados 
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nacionais, cuja finalidade era a defesa dos interesses da burguesia. O foco dos autores é uma análise das 
origens do Estado – mais propriamente uma origem “conceitual” – sob o desenvolvimento do capitalismo 
industrial. Uma radical transformação sociopolítica economicamente orientada que consolida a posse 
dos meios de produção pela burguesia, que encontra no poder estatal uma instituição asseguradora de 
seus interesses.
Para Marx e Engels, era necessário diferenciar as sociedades modernas das antigas orientais, em 
que as formas de dominação política e social pertenciam a um Estado-proprietário capaz de coordenar 
obras de irrigação que só poderiam ter sucesso por meio da centralização do poder. O déspota anularia 
uma luta através da religião, mantendo uma relação com seus súditos por meio de um sistema de 
tributação, cujo sentido era o de manter o poderio militar e ideológico do Estado. As origens desse 
Estado, portanto, encontram-se na consolidação de mecanismos de poder despótico, financiados por 
uma crescente produção que resulta em um desenvolvimento técnico que possa elevar a produtividade 
e a consequente tributação.
A questão da propriedade da terra é um dos eixos fundamentais do modo de produção asiático. 
Por meio de um intrincado mecanismo econômico-ideológico, a figura do soberano passa a encarnar a 
do proprietário por excelência, sem que isso signifique a impossibilidade da existência da propriedade 
comunal.
A soberania não passaria, no fundo, da “concentração da propriedade da terra 
em escala nacional”; por conseguinte, seriam possíveis tanto formas coletivas 
quanto individuais de possessão ou usufruto, mas ficaria descartada a 
propriedade privada do solo das sociedades “asiáticas” (CARDOSO, 1990, p. 10).
A coletividade da posse da terra estaria relacionada, segundo Cardoso, à noção de pertencimento a 
uma comunidade, mas dentro de uma noção de “unidade englobante”, encarnada na figura do déspota 
que delegaria ao indivíduo a possibilidade de trabalhar uma parcela de sua propriedade. Em última 
instância, trata-se de uma modalidade de arrendamento associada à alienação do trabalho, na medida 
em que as grandes obras públicas surgem como realizações do Estado e não da força coletiva em si. A 
propriedade privada dos meios de produção, eixo fundamental da sociedade burguesa, não poderia ter 
surgido nesse tipo de Estado, portanto, considerado diferente e não como a origem do Estado europeu.
O alemão Karl Wittfogel discorreu sobre as dinâmicas de poder encontradas em sociedades orientais, 
lançando uma célebre teoria: a administração da irrigação era fonte de poder nos primeiros Estados. 
Wittfogel se propõe a analisar a natureza desse poder sob a ótica do materialismo histórico, mais 
precisamente por meio das formulações marxistas, que têm sua origem na observação da sociedade 
hindu e chinesa. O Estado Oriental, para o autor, é um Estado agrário, mas especificamente hidráulico, 
que seria fruto da necessária cooperação de populações para levar a cabo o trabalho de irrigação; os 
reis-sacerdotes assegurariam a coesão do modelo social assim constituído (WITTFOGEL, 1977).
Wittfogel procurou realizar, como diz o subtítulo de seu livro, um “estudo comparativo do poder 
total”, utilizando a China como um ponto de partida para compreender a origem do poder despótico. 
Nesse sentido, o surgimento do Estado estaria associado a uma necessidade gerencial. Em termos gerais, 
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uma sociedade se define pelo seu modo de produção atrelado ao exercício do poder, havendo diversos 
tipos como: sociedades hidráulicas, sociedades guerreiras, sociedades comerciais, sociedades feudais, 
dentre outras. O despotismo oriental surgiu como um tipo de exercício de poder em conjunto com 
sociedades hidráulicas orientais, em que o Estado é total (WITTFOGEL, 1977).
Na visão de Karl Wittofgel, a cidade de Uruk – representante da Revolução Urbana – seria uma 
sociedade hidráulica simples, em que o Estadoaparece como o único detentor das terras cultiváveis, não 
havendo complexidade alguma em termos de propriedade de terras. Nesse caso, o poder seria realmente 
absoluto, confirmado pela burocracia nascente, e poderoso o suficiente para assegurar a mobilização 
de grande quantidade de mão de obra, constituindo-se como uma sociedade tipicamente oriental. No 
entanto, as maiores críticas ao seu modelo referem-se à excessiva generalidade de suas categorias, 
imputando à obra um caráter anacrônico. Ainda, as pesquisas recentes revelaram a imprecisão dos 
vestígios relacionados aos canais de irrigação, o que torna o modelo explicativo de Wittfogel duvidoso 
para a Mesopotâmia (ADAMS; NISSEN, 1972).
Figura 11 – Karl Marx afirmava que o modo de produção asiático correspondia à primeira forma de organização econômica da 
humanidade, mas não vê conexões diretas com o modo de produção capitalista
3 MESOPOTÂMIA
3.1 Introdução
O termo “Mesopotâmia” tem origem nas palavras gregas mesos (meio, entre) e potámos (água, rio), 
podendo ser traduzido como “terra entre rios”: o Eufrates e o Tigre. As terras situadas entre estes rios 
apresentam uma grande diversidade ecológica: ao sul, uma região mais seca e plana, onde é impossível 
a agricultura sem canais de irrigação, com a presença de pântanos próximos ao Golfo Pérsico, e ao 
norte é notável a presença de uma terra mais fértil, cujo volume de chuvas permite a realização de 
uma agricultura “seca” – sem o uso de irrigação – baseada em frutos, como damascos e tâmaras. As 
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montanhas e os planaltos que rodeiam a região são ainda locais propícios para o pastoreio, uma atividade 
secundária em relação à agricultura, e eram o lar dos nômades, sempre em constante atitude de ameaça 
aos povos sedentários da planície. Dada tal diversidade ecológica, o termo Mesopotâmia parece mais 
válido para descrever uma cultura comum, cujos fundamentos foram lançados pelo povo sumério, pelo 
menos desde 2800 a.C., e que foi sobrepujada pela invasão de Ciro da Pérsia, em 539 a.C.
Figura 12 – Mesopotâmia: “terra entre rios”
A Mesopotâmia foi o local em que ocorreu a Revolução Urbana, na qual se gerou uma divisão 
social do trabalho, a produção “industrial” de vasos de cerâmica, uma arquitetura monumental, arte 
altamente sofisticada, a escrita utilizada em um complexo sistema administrativo e um Estado com 
traços religiosos. Tais transformações evidenciam a formação de uma sociedade cuja desigualdade 
era constantemente reafirmada por mecanismos simbólicos recorrentes nas tradições míticas e na 
imponência das edificações religiosas. Essa sociedade desigual foi resultado do acúmulo de excedente 
agrícola característico do final da Pré-história, fato relacionado com a perda da autossuficiência das 
comunidades tradicionais (CHILDE, 1978).
Os desdobramentos políticos durante toda a história mesopotâmica estão relacionados com 
a manutenção ou conquista de rotas comerciais, disputas, entre nômades e sedentários, pela posse 
das terras férteis, subjugação de povos para a obtenção de tributos, conflitos internos sucessórios, 
movimentos de fragmentação e unificação, de equilíbrio entre potências e de confrontos entre o templo 
e o palácio. É necessário ainda sublinhar a importância da cosmogonia mesopotâmica na conformação 
de uma sociedade altamente hierarquizada, o que refletiria, por sua vez, as relações estabelecidas entre 
os próprios deuses. Um tema recorrente das narrativas míticas foi, sem dúvida, o embate de forças entre 
a ordem e o caos, sendo a primeira representada por um princípio masculino de estabilidade, garantia de 
funcionamento das instituições, colheitas abundantes e aplicação da justiça divina na Terra; em suma, 
prosperidade geral representada pelo sedentarismo.
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A cidade surge como o lugar da realização dessa ordem, enquanto o caos, princípio feminino de 
instabilidade, representado pelo mar, traria a destruição das instituições, a fome, a subversão dos 
costumes e a ira divina sobre os mortais, e era frequentemente associado aos odiosos nômades da 
montanha. Cabia, por meio de atos justos e corretos, inclusive do próprio governante, manter a ordem 
por meio da máxima reprodução do mundo divino na terra, respeitando os princípios religiosos. Alguns 
dos deuses mais importantes do panteão sumero-acádico são Enlil, Inanna (Ishtar), Dumuzi (Tammuz), 
entre outros. Cada cidade possuía um deus-patrono e, muitas vezes, as conquistas de uma cidade sobre 
outra são representadas miticamente pelo combate e vitória de um deus sobre outro.
 Observação
Fazendo justiça às nossas heranças orientais, frequentemente 
obscurecidas pelo que se convencionou chamar de “milagre grego”, os 
sumérios e acádios foram responsáveis por um sem-número de invenções 
que são fundamentais em nossa sociedade. Uma dessas invenções é a escrita, 
surgida como uma inovação em tempos de crise, e que permitiu a ampliação 
das comunicações e o aperfeiçoamento da máquina administrativa, bem 
como conformou uma riquíssima tradição literária. Um dos exemplos mais 
notáveis é a epopeia de Gilgamesh, que narra a busca do rei guerreiro de 
Uruk pela imortalidade, reservada afinal apenas para os deuses. Há também 
o desenvolvimento de noções básicas para o nosso cotidiano, como as 
convenções de tempo (dia de 24h, hora de 60 minutos, ano de 360 dias, 
aperfeiçoado somente mais tarde pelos egípcios e romanos), os problemas 
matemáticos comuns em tabletes babilônicos, os códigos legais como os 
de Eshnunna e de Hamurabi, entre tantas contribuições. Estudemos mais 
detalhadamente a sociedade mesopotâmica.
3.2 Localização geográfica
É possível discorrer sobre geografia mesopotâmica em termos de unidade estrutural, o que não 
significa homogeneidade. Seria a unidade geográfica correspondendo à integração econômica de 
populações habitando diferentes ecossistemas, tornando coerente a diversidade ambiental; variabilidade 
e complementaridade econômica – seja em macroescala, referindo-se ao Oriente Médio como um todo 
ou microescala, referindo-se diretamente à Mesopotâmia – são conceitos-chave para se compreender 
as relações interculturais na região, associativas ou concorrentes.
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Taurus
Hindu Kush
África
Elburz
Planalto 
do Irã
Zagros
Masopotâmia
Mar Negro Mar Cáspio
Mar da Arábia
Oceano Índico
Anatólia
Cáucaso
Figura 13 – A Mesopotâmia inserida no quadro físico geral do Oriente Médio. 
As regiões em verde representam planícies, enquanto as regiões em vermelho representam cadeias de montanhas
O Oriente Médio é o resultado de uma série de choques entre as placas africana, turca e árabe, 
que foram responsáveis tanto pelo crescimento de cadeias montanhosas por meio de um processo 
de orogênese, como pela formação de extensas planícies, resultantes justamente da subducção 
das plataformas em choque, onde correm os rios mesopotâmicos cujas nascentes se localizam nos 
contrafortes dos montes Tauros, atual Turquia. São as cadeias de montanhas as responsáveis por barrar o 
avanço da umidade litorânea, assim como dificultar a vazão das massas de ar quente e seco provenientes 
do Saara, o que eleva a temperatura principalmente na península Arábica e no Sul mesopotâmico. Ao 
norte, a temperatura se ameniza devido à altitude e é possível encontrarchuvas com mais regularidade, 
permitindo uma agricultura “seca”.
No entanto, não só os fatores geológicos possuem influência no meio ambiente médio-oriental. 
Devemos também levar em consideração as mudanças climáticas radicais pelas quais o planeta passou 
entre 12000 e 8000 a.C., com um brusco aumento de temperatura responsável pelo derretimento das 
calotas polares formadas durante a última Era Glacial. No Oriente Médio, essa elevação da temperatura 
e da umidade levou ao desenvolvimento de um clima temperado de altitude nas encostas dos Zagros 
e dos Tauros, assim como propiciou o surgimento de uma vegetação pantanosa mais ao sul, até as 
grandes planícies desérticas. O aumento do volume dos rios também auxiliou na formação desses 
pântanos, assim como no aparecimento de microambientes mais ou menos úmidos, sobretudo na 
região do sul mesopotâmico. Na Palestina, há a predominância do clima mediterrânico e, na Síria, o 
regime do Eufrates leva a uma maior umidificação do ar, assim como proporciona um contato fluvial 
com regiões mais ao sul.
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Em termos de vegetação, podemos distinguir tipos específicos, segundo sua localização: no escudo 
formado pelos Montes Tauros e Zagros, encontramos vegetação tipicamente temperada como coníferas 
e pinheiros; no Levante, uma vegetação esparsa mediterrânica, com o predomínio de arbustos típicos de 
regiões mais secas, bem como cevada e trigo, que foram em sua forma domesticada logo incorporadas 
na alimentação básica dos agrupamentos regionais; mais ao sul, no sopé da cadeia montanhosa e do 
planalto iraniano, uma região de estepe com pouca vegetação, mas úmida o bastante para proporcionar 
uma agricultura sem irrigação, o que contrariamente ocorre no extremo sul, na península arábica e 
na desembocadura dos rios Eufrates e Tigre, com o predomínio de um clima árido onde o crescimento 
de qualquer espécie vegetal economicamente aproveitável dependia exclusivamente da ação humana. 
Aliás, a intervenção do homem foi um fator de grande impacto no meio ambiente médio-oriental, 
sobretudo com relação ao uso da água e da exploração madeireira, além da extinção de inúmeras 
espécies animais como o leão asiático, alvo predileto da caça real.
O Eufrates e o Tigre cortam uma vasta planície árida, desde o sopé do Tauros e do Zagros até 
desaguarem – atualmente em um único rio – no Golfo Pérsico. Por “Mesopotâmia” temos um conceito 
que pressupõe unidade, primariamente geográfico, criado por Heródoto, para se referir à região entre os 
dois rios mencionados; e outro cultural, cuja coesão encontra-se a partir do substrato cultural sumério 
que permeou a região por três milênios. No entanto, do ponto de vista natural, há mais diferenças do que 
semelhanças e tais particularidades influenciaram na conformação de um quadro econômico e político 
pautado na concorrência entre as primeiras cidades-estado mesopotâmicas, bem como favoreceram 
potencialmente a associação (ou concorrência) de sociedades vizinhas, com o intuito de complementar 
mutuamente as economias locais, carentes de matéria-prima no hostil ambiente desértico. A arqueóloga 
inglesa Susan Pollock definiu a Mesopotâmia como
Um corredor criado quando a plataforma arábica se chocou contra o 
continente asiático, levantando os Montes Zagros e baixando o nível 
das massas de terra a sudoeste deles. Dentro destas depressões, o Tigre 
e o Eufrates e seus tributários depositaram enormes quantidades de 
sedimentos aluviais, formando as planícies da Baixa Mesopotâmia 
(POLLOCK, 1999, p. 4).
Dos dois rios, o Eufrates foi o mais importante economicamente. Por ser mais lento do que o 
Tigre, a quantidade relativa de sedimentos que carrega em seu leito é maior, assim como o nível 
de evaporação bastante superior torna-o mais denso e favorece a formação de diques naturais 
nas margens mais próximas. O Tigre, mais curto, é também menos caudaloso e mais rápido, e suas 
cheias são potencialmente mais destrutivas, além do fato de que ocorrem em uma época perigosa 
para as culturas agrícolas. Durante as cheias, os sedimentos se espraiam para fora do leito do 
rio e, quando este volta ao seu curso normal, deixa os sedimentos nas margens, tornando o solo 
nesta região mais fácil de ser manejado para a construção de canais e mais espesso e nutritivo 
do que o solo básico. Como resultado desse processo, há a formação de três tipos de solo, cada 
qual favorecendo o plantio e desenvolvimento de espécies diversas: próximo à margem, há uma 
camada mais alta de sedimentos, mais nutritiva e espessa, mais elevada do que o entorno e, por 
isso, mais adequada para uma maior diversidade botânica, devido ao alto poder de drenagem. 
Vegetais e legumes diversos são mais facilmente cultivados nesse tipo de solo. Entre o solo mais 
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alto de sedimentos e o básico, há uma camada intermediária, não tão favorável para o cultivo de 
uma grande variedade, mas ainda propício para a cultura de cereais diversos. Por último, distante 
aproximadamente 20 km do rio, há um solo característico de climas áridos, com vegetação xerófita 
de aproveitamento econômico diverso, constituindo-se eminentemente em pastagens naturais e 
madeira para combustível.
Figura 14 – Rio Eufrates, no Iraque. Berço da Revolução Urbana
No extremo sul, as terras baixas favoreceram a ocorrência de pântanos, geralmente formados 
pela captura da água das raríssimas chuvas e por remanescentes das cheias imprevisíveis dos 
rios. Trata-se de um ecossistema altamente complexo, extremamente variado, cujo aproveitamento 
econômico da argila se faz extremamente importante em uma região carente de minérios. Ainda, 
há fortes indícios de que o modo de vida dos habitantes dessas regiões pantanosas tenha mudado 
muito pouco desde os primeiros assentamentos, com aproveitamento da palha para a construção 
de habitações, de barcos estreitos e compridos utilizados na pesca e como meio de transporte. 
As características climáticas são bastante severas: além das temperaturas extremamente quentes 
agravadas pela baixa umidade do ar, sobretudo de maio a outubro, a sequência de anos em que as 
precipitações ultrapassam os 200 mm é irregular, sendo impossível qualquer atividade agrícola sem 
a utilização de recursos avançados para melhor aproveitamento do solo e irrigação. No entanto, 
o sul mesopotâmico é o berço das primeiras cidades, frutos de um ambiente que, embora hostil, 
apresentava um grande índice de variabilidade ecológica.
3.3 Economia
A economia mesopotâmica baseava-se principalmente em três atividades:
•	 A agricultura, praticada graças a um complexo sistema de canais de irrigação, cuja função era 
controlar as imprevisíveis cheias do Eufrates e do Tigre e monitorar o nível de salinização do solo. 
O solo fertilizado pelas cheias foi também um importante fator de sucesso da atividade agrícola, 
capaz de gerar uma quantidade considerável de excedentes.
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•	 A pecuária, realizada em menor escala, que atendia a demandas por transporte de pessoas e 
cargas, alimentação, couro e lã, além de gerar animais consumidos em banquetes sacrificiais.
•	 E o comércio de longa distância, motivado pela carência de matérias-primas nas mais diversas 
regiões e pela obtenção de artigos de prestígio usados pela elite. A pesca também era realizada, 
principalmente próxima ao Golfo Pérsico

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