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Manejo e Nutrição para Aumento da Eficiência Reprodutiva PRINCIPAIS CAUSAS DE FALHAS REPRODUTIVAS Doenças infecciosas; Falhas de origem nutricional; Manejo inadequado. DOENÇAS INFECCIOSAS Brucelose: - Sinais clínicos: Aborto no terço final da gestação; Retenção da placenta e esterilidade; Repetição de cios; Nas machos -> orquite e epididimite; Inflamação das articulações e abscessos subcutâneos (mais comum no cavalo). - Tratamento e Profilaxia: Não existe tratamento para brucelose. Exames anuais e descarte dos positivos. Vacinação das bezerras de 3 a 8 meses. Exigir teste negativo para brucelose quando adquirir novos animais para a propriedade. Leptospirose: - Sinais clínicos: Infertilidade; Abortos; Queda na produção de carne e leite * Os animais que tem Leptospirose, frequentemente, eliminam a bactéria na água. Quando o gado susceptível bebe essa água contaminada, a leptospirose pode ser disseminada. - Tratamento e Profilaxia: Vacinação semestral de todo o rebanho; Controle e erradicação de roedores em galpões e estábulos; Animais apresentando sinais da doença deve-se utilizar antibióticos a base de estreptomicina. Outras doenças infecciosas: - IBR/BVD. - Neosporose: Comum em cães e transmissível aos ruminantes; Causa -> infertilidade e aborto. - Campilobacteriose. - Trichomonose. NUTRIÇÃO X REPRODUÇÃO - A reprodução é uma das primeiras e principais funções afetadas em situações de desequilíbrio nutricional, os quais são primariamente resultantes de falhas no ajuste do balanço entre a disponibilidade de nutrientes e seus requerimentos, tanto pelos animais em reprodução como por aqueles que irão ainda iniciar sua vida reprodutiva. ALGUNS ASPECTOS DO EFEITO DA NUTRIÇÃO SOBRE A REPRODUÇÃO EM FÊMEAS BOVINAS - Nos mamíferos, os nutrientes absorvidos após a ingestão e posterior digestão são utilizados pelos tecidos envolvidos na manutenção e crescimento e no estabelecimento de reservas. Reservas de energia -> armazenadas na forma de lipídeos; Reservas de glicose -> armazenadas na forma de glicogênio; Reservas de aminoácidos -> armazenadas na forma de proteínas. - As bases fisiológicas das diferenças entre os animais, quanto a eficiência de crescimento, estão relacionadas à partição dos nutrientes entre os processos de deposição de proteína muscular e lipídeo e ao potencial de crescimento do animal. Homeostase -> condição de equilíbrio do organismo. Homeorrese -> mecanismos fisiológicos de reestabelecimento da homeostase, após uma fase de desequilíbrio. - As reservas energéticas corporais estão predominantemente na forma de lipídeos, armazenadas no tecido adiposo. Taxa de síntese: -> Balanço Energético Positivo (BEP). -> Acúmulo de lipídios nos adipócitos; Taxa de degradação: -> Balanço Energético Negativo (BEN). -> Ocorre primeiro a mobilização de triglicerídeos para obtenção de energia. Se essa reserva for esgotada, ocorre a mobilização de proteínas (perda de massa muscular/peso). - A síntese de lipídeos pode ocorrer de duas formas: A partir de ácidos graxos pré-formados presentes na dieta (lipoproteína lipase); Síntese de novos ácidos graxos a partir do acetato e do butirato (ruminantes) e de carboidratos como a glicose (monogástricos). - Em ambos os casos os ácidos graxos são esterificados a triglicerídeos. - O processo oposto é caracterizado pela lipólise, que ocorre no adipócito e envolve a hidrólise dos triglicerídeos. - O tecido adiposo desempenha, então, duas funções importantes: síntese e mobilização de lipídeos. - O acréscimo, na taxa de lipídeos estocados, representa o balanço entre a síntese e a mobilização de gordura. - A importância relativa destes processos é dependente do balanço de entrada e requerimentos calóricos para as funções de manutenção e produção como crescimento e lactação. FATORES NUTRICIONAIS QUE EXERCEM INFLUÊNCIA NA REPRODUÇÃO Balanço Energético Negativo (BEN): - Os adipócitos produzem a Leptina -> hormônio sinalizador da condição nutricional (do status metabólico) que o animal se encontra. - A Leptina atua no hipotálamo, interferindo na liberação de GnRH e, consequentemente, na liberação de gonadotrofinas (FSH e LH). - Na condição de BEP ocorre um aumento na concentração sérica da Leptina -> causando um aumento na liberação de GnRH e, consequentemente, de FSH e LH. - Na condição de BEN ocorre uma queda na concentração sérica de Leptina -> causando uma diminuição na liberação de GnRH pelo hipotálamo, diminuindo, assim, a liberação das gonadotrofinas pela hipófise. O primeiro a ser afetado pela queda da Leptina é o LH tônico, comprometendo a maturação folicular (Dominância -> maior gasto energético). - Na persistência do BEN -> há o comprometimento das outras fases do desenvolvimento folicular, uma vez que ocorre, também, o bloqueio do FSH. * Consequência -> atrofia ovariana. * Se o animal está ingerindo o suficiente -> está em equilíbrio (nem BEP e nem BEN) não ocorre comprometimento da liberação de FSH/LH. Escore de Condição Corporal (ECC): - Pode ser um espelho do balanço energético, porém não indica necessariamente o BEN ou o BEP. - O animal pode ter um ECC acima do ideal e estar em BEN por estar entrando em um período de restrição alimentar. - Por outro lado, o animal pode ter um ECC abaixo do ideal e estar em BEP por estar se recuperando de um período de restrição alimentar. Dietas altamente energéticas: - O animal ganhará reservas de energia. Efeitos tóxicos de compostos nitrogenados. - A ureia aumenta a digestibilidade da fibra, aumentando o ganho energético. - Aumento das reservas. Deficiência de vitaminas e/ou minerais. RETORNO A CICLICIDADE - Depende de vários fatores: Raça; Presença ou ausência de bezerro; Produção leiteira; Sanidade; Número de parições; Nutrição pré e pós-parto; Condição corporal ao parto. ANESTRO PÓS-PARTO (CONDIÇÕES FISIOLÓGICAS) BEN (espaço ruminal, ↓ leptina): - É necessário preparar o animal durante toda a gestação para que este não venha a parir com uma condição corporal deficiente. - O animal que pare com condição corporal deficiente, termina por esgotar suas reservas energéticas e entra em BEN (devido à alta demanda energética da produção leiteira). - O animal que entra em BEN, o retorno à ciclicidade é mais demorado, devido à queda da leptina, o que aumenta o intervalo entre partos. - Durante a gestação, o rúmen diminui sua capacidade devido ao crescimento fetal e uterino que ocupa parte da cavidade abdominal. Assim, a fêmea diminua a ingestão de alimento. Então, após o parto, a vaca não consegue ingerir grande quantidade de alimento para suprir suas necessidades energéticas, pois o rúmen ainda não voltou a sua capacidade normal, o que também faz com que ela entre em BEN. - A vaca atinge o pico de lactação em mais ou menos 30-50 dias pós-parto, quando o BEN é máximo. Depleção do estoque de LH - No início da gestação, ainda ocorre recrutamento de ondas (com atrésia dos folículos), pois ainda tem LH/FSH. - Ao longo da gestação, como o organismo passa muito tempo sob ação da Progesterona, os estoques de LH são afetados. Pois, a produção de LH/FSH se tornam mínimas. - Como os estoque de LH estão baixos, nos 15 primeiros dias de pós-parto ocorre o reestabelecimento desses estoques para posterior retorno ao cio. β-endorfinas: - A produção das β-endorfinas é estimulada pela amamentação. - Este hormônio age no hipotálamo fazendo feedback negativo para a liberação de GnRH. - A partir do 30º dia ocorre uma dessensibilização do hipotálamo ao feedback negativo das β-endorfinas, normalizando a liberação de GnRH. BALANÇO ENERGÉTICO E CONDIÇÃO CORPORAL PÓS-PARTO - O ECC vai de 1 a 5, onde 1 é um animal caquético e 5 é um animal obeso. O ideal é um ECC de 3/3,5. - No animal obeso, o comprometimento reprodutivo será mecânico, pois, a presença de gordura pélvica em excesso dificulta a captação de oócito e diminui os níveis séricos de estrógeno (adipócitos fazem sequestro de estrógeno).- No animal caquético, ocorre comprometimento fisiológico do eixo hipotalâmico-hipofisário-ovariano. Neste animal, o anestro pós-parto é mais longo, pois ela ficará mais tempo em BEN. - Fêmeas primíparas Não possuem desenvolvimento corporal completo; Possuem uma alta demanda energética; Mantença + Produção + Crescimento. - Fêmeas multíparas Mantença + Produção. FÊMEAS LACTANTES X FÊMEAS NÃO LACTANTES - Quanto maior o potencial de lactação, mais problemas para reprodução. - Fêmeas de alta produção leiteira possuem metabolismo mais alto do que fêmeas não lactantes. - Isso ocorre porque, durante a lactação essas fêmeas de alta produção recebem uma quantidade maior de alimento, consequentemente: Aumenta o processo de digestão; Aumenta o metabolismo; O sangue passa mais vezes pelo fígado. - Devido a esse metabolismo alto, a taxa de metabolização do estrógeno (E2), produzido pelos folículos, no fígado aumenta. - Assim, o nível sérico do E2 é sempre mais baixo do que em fêmeas não lactantes, e insuficiente para estimular o centro da ovulação. O que retarda o retorno da ciclicidade, pois atrasa o pico de LH. - Com isso, na tentativa de produzir estrógeno suficiente para estimular o centro da ovulação, o folículo dominante continua crescendo e passa a durar mais tempo do que o normal (onda folicular mais longa). - Consequências da onda folicular mais longa: Envelhecimento do folículo ovulatório; Baixa qualidade do oócito; Baixa taxa de concepção do oócito. - O mesmo mecanismo ocorre com o corpo lúteo (CL), pois a taxa de metabolização da progesterona (P4) no fígado também aumenta. - Consequentemente, o CL das fêmeas lactantes é maior, porem produzem menos P4 do que o CL de fêmeas não lactantes. - A concentração séria de P4 é baixa, pois as células do CL são de baixa qualidade. - Essa baixa concentração de P4, dificulta o desenvolvimento embrionário e a taxa de concepção diminui. INGESTÃO DE MATÉRIA SECA E FUNÇÃO REPRODUTIVA EM VACAS DE LEITE - Em vacas leiteiras, a correlação entre produção de leite e ingestão de matéria seca é alta e positiva, 0,88. - Essa alta ingestão alimentar pode influenciar diversos aspectos fisiológicos na vaca e em outros ruminantes. RESTRIÇÃO ALIMENTAR - Tanto a restrição nutricional crônica (prolongada) quanto a aguda (curta duração) comprometem o desenvolvimento folicular, a qual interfere na taxa de crescimento e no tamanho do folículo dominante ovulatório. - A nutrição influencia a função ovariana por modular principalmente a secreção do LH e, em menor intensidade, do FSH. - O LHtônico é o primeiro a ser comprometido -> as fêmeas não ciclam. Compromete a finalização do desenvolvimento folicular. - Se a restrição for crônica compromete, também, o FSH -> não ocorre nem o recrutamento folicular. Devido a inatividade, o ovário atrofia. - Em animais de boa condição corporal, as concentrações séricas de LH são mais elevadas que naqueles que apresentam perda de escore corporal. - Em animais superalimentados, o aumento da ingestão de matéria seca pode elevar a taxa de depuração do estradiol pelo fígado. Este decréscimo no estradiol pode estar associado com o aumento da concentração de FSH. - A restrição nutricional crônica leva à redução gradual na taxa de crescimento, no diâmetro máximo e na persistência do folículo dominante, tanto de novilhas quanto de vacas em lactação. - Em fêmeas que possuem uma ↑ ingestão, as taxas de metabolização do estrógeno e da progesterona são maiores. - Consequências das baixas concentrações séricas de E2 e P4: Aumento de ovulações múltiplas (Codominância); Aumento no tempo luteólise-ovulação; Aumento do tamanho do folículo; Aumento do tamanho do CL. - A baixa concentração sérica de progesterona antecipa a luteólise. - Normalmente a luteólise ocorre no 12º dia. Na fertilização, por volta do 6º/8º dia o embrião chega ao útero e produz o interferon que impede a luteólise. - Porém, como a luteólise é antecipada, não ocorre gestação. CONSUMO ALIMENTAR X COMPORTAMENTO ESTRAL - Em animais superalimentados o tempo de estro vai ser mais curto, devido à baixa concentração sérica de E2. Como consequência ocorre uma diminui do número de coberturas, pois o tratador/reprodutor vai ter dificuldade em observar/detectar o estro nessas fêmeas. - Quanto maior a produção de leite, menor a duração do estro. ESTRESSE CALÓRICO - Taurinos: Maior dificuldade de perda de calor; Aumento da temperatura corporal: -> comprometimento da qualidade do oócito. -> quando o animal está produzindo, ocorre o aumento da produção de calor e, assim, da temperatura corporal.
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