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Alterações fisiológicas do envelhecimento e as principais doenças nos sistemas

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Alterações fisiológicas do envelhecimento e as principais doenças nos sistemas:
 Osteomioarticular:
cardiorrespiratório:
Neurológico:
Uroginecológico:
Musculatura
A massa muscular diminui quase 50% entre os 20 e 90 anos, e a força muscular, que é máxima por volta dos 30 anos, sofre perda de 15% por década a partir dos 50 anos. Essa perda é mais acelerada, chegando a 30%, por década, aos 70 anos e, praticamente a metade aos 80 anos. Essa redução ocorre tanto em número quanto no volume das fibras. Entretanto, a força muscular do diafragma sofre pouca alteração, enquanto a força da musculatura da panturrilha diminui significativamente ao longo dos anos (McLean e Kiel, 2015).
Foi observada uma associação entre níveis baixos de vitamina D e fraqueza muscular, entretanto a concentração ótima para a função da musculatura continua desconhecida. Sabe-se que a suplementação de vitamina D traz benefícios na força muscular quando os níveis dessa vitamina estão abaixo de 20 ng/mℓ (50 nmol/ℓ) (Girgis et al., 2013).
O trabalho muscular é necessário para a manutenção de quase todas as funções do corpo como postura, locomoção, respiração e digestão. A atividade física, independentemente da idade, aumenta a força e a velocidade muscular, além de prevenir perda óssea, quedas, hospitalizações e melhorar a função articular. Portanto, os profissionais devem estar aptos a identificar os indivíduos com baixa massamuscular e força, pois mesmo os mais frágeis podem melhorar seu desempenho com intervenções na atividade física (Xue et al., 2011).
Os exercícios praticados com regularidade diminuem os fatores de risco para doenças cardíacas, diabetes e alguns tipos de câncer. Promovem o bem-estar, melhoram o ritmo do sono e alcançam benefícios para além do físico, como maior integração social, ajudando na esfera psicológica.
Alterações cardiovasculares
Ao contrário do que se acreditava, o coração é um órgão autorregenerativo. No coração normal morrem, por apoptose diariamente, cerca de três milhões de miócitos, sendo repostos pelas células tronco cardíacas. Ao longo da vida essa população de miócitos é reposta 18 vezes, independente de doenças cardíacas.
No coração idoso ocorre perda progressiva dos miócitos, devido a um declínio progressivo da habilidade de duplicação das células-tronco cardíacas. Entretanto, observa-se aumento de seu volume celular. A diminuição da capacidade contrátil causa aumento do coração que esconde a atrofia das células contráteis. Em uma aparente contradição, as câmaras cardíacas dilatadas e o coração senil, embora atrófico em número celular, morfologicamente, é hipertrófico. Há redução progressiva do número de células do nódulo sinusal. Comparada com uma pessoa de 20 anos, aos 75 anos permanecem somente 10% delas. Observa-se também perda de fibras na bifurcação do feixe de His. Daí a maior chance de arritmias cardíacas (Libertini, 2014). 	
O envelhecimento compromete severamente algumas partes do sistema cardiovascular enquanto outra são mantidas sem alterações (Quadro 14.1).
Estrutura cardíaca
Ocorre hipertrofia do ventrículo esquerdo, provocando aumento da pressão arterial dependente da idade. O aumento médio é de 1 g/ano nos homens e 1,5 g/ano nas mulheres. O volume diastólico final diminui somente nas mulheres e, portanto, não está correlacionado com a idade. Também se observa aumento no número e na espessura das fibras colágenas presentes no miocárdio. Nos muito velhos a massa ventricular esquerda pode diminuir, provavelmente devido ao extremo sedentarismo. O acúmulo da proteína amiloide é encontrado em aproximadamente 50% dos pacientes acima de 70 anos. Se faz parte do processo de envelhecimento, ainda é discutível (Lakatta, 2000) (Quadro 14.2).
Estrutura arterial
O aumento da rigidez da parede arterial é um fenômeno universal e contribui para muitas alterações do sistema cardiovascular. A diferença se dá na camada média, diferentemente do que ocorre na aterosclerose, em que o comprometimento está na camada íntima. Com o aumento da rigidez das paredes, as artérias aumentam de diâmetro e de espessura. Após os 60 anos a elasticidade está bem diminuída, aumentando a impedância do fluxo sanguíneo durante a sístole (Quadro 14.3).
O aumento da velocidade da onda de pulso aórtico e a diminuição da pressão diastólica são outras consequências da rigidez aórtica. Como a perfusão coronariana acontece durante a diástole pode-se provocar um dano ao paciente coronariopata ao prescrevermos anti-hipertensivos (Lakatta, 2000; Smulyan e Safar, 2000).
Parâmetros funcionais
A frequência cardíaca de repouso é modulada pelo equilíbrio entre a inervação simpática e a
parassimpática, sendo esta última dominante. A frequência cardíaca máxima durante o exercício vai diminuindo com o avanço da idade e tem sido definida pela fórmula 220 – idade. A sensibilidade ao sistema nervoso autônomo não é uniforme no organismo podendo estar preservada em um local e comprometida em outro (Parati e Di Rienzo, 2003).
Existe marcante diminuição na resposta do sistema cardiovascular a estimulação beta-adrenérgica com consequente diminuição da frequência cardíaca máxima. Para compensar essa baixa resposta há aumento das catecolaminas plasmáticas, especialmente durante exercícios físicos. Entretanto, a resposta é tímida, havendo aumento do volume diastólico final.
A fração de ejeção ventricular esquerda, em repouso, não está alterada no idoso saudável, porém em resposta ao exercício ela está diminuída em relação ao adulto jovem. Há piora do enchimento ventricular esquerdo com maior compensação da sístole atrial. Essa modificação explica, em parte, por que a fibrilação atrial pode precipitar a insuficiência cardíaca em idosos e também a presença da quarta bulha, um achado normal no exame físico de pessoas acima de 75 anos, em ritmo sinusal (Taffet, 2015).
Sistema nervoso
Os avanços técnicos possibilitam aumentar o número de anos que vivemos na faixa etária idosa, quando as doenças neurológicas são muito prevalentes. Por isso, o conhecimento do processo biológico do envelhecimento do sistema nervoso é fundamental.
Alterações estruturais. A diferença do tamanho do cérebro entre indivíduos adultos e idosos tem pequeno significado funcional. O volume do cérebro diminui em torno de 7 cm3 por ano após os 65 anos de idade, com maior perda nos lobos frontal e temporal e perda maior da substância branca do que da substância cinzenta. Ofluxo cerebral diminui heterogeneamente de 5 a 20% com deterioração dos mecanismos que mantêm o fluxo sanguíneo cerebral com a flutuação da pressão arterial (Wagner et al., 2012).
O cérebro do adulto tem aproximadamente 86 bilhões de neurônios e 10 a 15 vezes o número de células gliais. Cada neurônio tem, em média, 10.000 conexões. A perda do volume cerebral é de 2 a 3% por década depois dos 50 anos e o peso diminui 8% comparado ao peso máximo quando adulto. A perda neuronal é mais evidente nos neurônios maiores no cerebelo e no córtex cerebral. Também pode haver perdas como no locus ceruleus – neurônios catecolaminérgicos –, na substância nigra – neurônios dopaminérgicos – e no hipocampo – neurônios colinérgicos. No hipotálamo, na ponte e na medula a perda é mínima. Com o envelhecimento também se observa diminuição das sinapses. Essas modificações estão mais ligadas à apoptose do que a processos inflamatórios ou isquêmicos. Novos neurônios são formados ao longo da vida, entretanto, a perda é maior do que sua formação (Walhovd et al., 2011).
Em resposta ao dano neuronal, as células gliais aumentam. Esse acúmulo de células gliais, denominado gliose, representa uma resposta compensatória protegendo a função neuronal e a plasticidade. O númerode células da micróglia, pertencentes ao sistema imune, permanece sem mudanças. Há perda dos axônios e redução da mielina que cobre esses axônios levando a rarefação da substância branca periventricular denominada no exame de ressonância magnética de leucoaraiose. Estudos de imagem mais especializadas como na tomografia poremissão de pósitron (PET) podem mostrar alterações no metabolismo cerebral, associadas ao envelhecimento, como a diminuição do metabolismo da glicose nos lobos temporais e em
outras áreas (Wagner et al., 2012).
Em algumas pessoas, o número de dendritos diminui, perdendo assim as sinapses, alterando a neurotransmissão, piorando a comunicação do sistema nervoso. Entretanto, em decorrência da plasticidade cerebral pode ocorrer aumento da densidade dos dendritos, assim como seu prolongamento, como uma reação de manutenção da função cerebral. Nos quadros demenciais a perda dendrítica é acentuada e progressiva, diminuindo a plasticidade e a dinâmica dos processos cerebrais (Dorszewska,2013).
Enovelados neurofibrilares e placas senis são encontrados no envelhecimento normal, porém em menor extensão que na doença de Alzheimer.
Além das modificações do sistema nervoso central, há também mudanças dos nervos periféricos e da musculatura. As células do corno anterior da medula diminuem. Ocorre redução da mielina nos nervos sensoriais. A consequência dessas mudanças inclui perda da sensação vibratória, do tato e da dor, assim como disfunção autonômica afetando a reatividade pupilar, a regulação da temperatura corporal e o controle vascular cardíaco e periférico (Elkind, 2003).
Parte da cognição pode sofrer certa deterioração nas pessoas idosas saudáveis, como a velocidade do processamento cognitivo, menor destreza para executar movimentos finos e problemas com a memória recente (van der Zee, 2015).
Alterações bioquímicas
A acetilcolina diminui devido à diminuição dos neurônios colinérgicos e muscarínicos, reduzindo sua síntese e liberação. Também a dopamina e seus receptores no estriado e na substância negra podem estar diminuídos e a sua administração como L-DOPA, em cérebros normais, pode levar a melhora do desempenho de algumas tarefas cognitivas (Chowdhury et al., 2013).
Na mesma célula pode coexistir o neurotransmissor e o peptídio que modulará a ação do neurotransmissor. O equilíbrio dessas ações é fundamental para a manutenção da função do sistema nervoso. O comprometimento das funções está ligado mais ao desequilíbrio desse processo do que à alteração de um neurotransmissor isoladamente. Além disso, cada neurotransmissor tem seu tempo de envelhecimento. Por isso, o desequilíbrio dessas substâncias ocorre anos antes da detecção clínica da doença (Timiras, 2007) (Quadro 14.4).
Alterações metabólicas e circulatórias
Além dos neurotransmissores, outras substâncias estão alteradas no sistema nervoso central (SNC). No cérebro há diminuição tanto da água extracelular quanto da intracelular; lentidão da síntese proteica; aumento na oxidação das proteínas e sua glicosilação, com aumento do acúmulo intraneural (emaranhados neurofibrilares); diminuição da síntese lipídica pela variação dos substratos lipídicos; alteração na membrana lipídica e na condução nervosa; alterações circulatórias relacionadas à aterosclerose; diminuição do fluxo sanguíneo cerebral e da utilização da glicose (Timiras, 2007) (Quadro 14.5). O cérebro, diferente da maioria dos outros órgãos, produz sua energia da oxidação anaeróbica da glicose. O fluxo sanguíneo e o consumo de oxigênio são iguais no adulto jovem e no idoso, na ausência de doenças. Entretanto, na presença de aterosclerose o fluxo sanguíneo é reduzido e o cérebro, para se
proteger, extrai mais oxigênio do sangue. Isquemia, hipoxia e hipoglicemia ativam os receptores glutamato induzindo toxicidade com consequente morte neuronal. A barreira hematencefálica protege, por meio do endotélio, a entrada de substâncias tóxicas do sangue no cérebro. Com o envelhecimento essa barreira torna-se permeável a muitas substâncias, podendo ser uma das causas de demência (Timias, 2007
Alterações cognitivas e comportamentais
As memórias processual e semântica são bem conservadas com o avanço da idade. A habilidade de reconhecer objetos e faces, assim como a percepção visual, permanecem estáveis ao longo da vida. As memórias episódicas e laborativa e a função executiva são as mais afetadas no envelhecimento. A velocidade de processamento e a função executiva diminuem com a idade, especialmente após os 70 anos. As capacidades de atenção e concentração diminuem a habilidade para desempenhar múltiplas tarefas ao mesmo tempo.
A capacidade de solucionar problemas e aprender informações novas diminui após os 30 anos. Já a fluência verbal fica comprometida após os 70 anos. Todo esse declínio pode levar a diminuição do desempenho nos testes cognitivos. Apesar de todas as alterações descritas, o sistema nervoso se mantém íntegro graças à sua plasticidade e à sua capacidade de compensar e reparar os danos ocorridos, sendo possível manter-se funcionalmente estável no meio social, no trabalho e em casa (Harada et al., 2013).
Marcha, postura e equilíbrio
O sistema nervoso participa, praticamente, de todas as funções orgânicas. Uma das mais importantes para a pessoa idosa é o controle da marcha e do equilíbrio. A instabilidade postural representa um dos gigantes da geriatria devido às suas complicações (ver Capítulo 94). Várias são as estruturas centrais e periféricas responsáveis por essa função de independência motora (Quadro 14.6).
Com o avanço da idade a marcha se altera. Na maioria das vezes a mulher, tanto adulta jovem quanto idosa, tem um desempenho pior quando comparada ao homem. É comum uma certa hesitação no andar, menor balanço dos braços e passos menores. Ao mudar de direção no caminho faz a volta com o corpo em bloco. A postura típica, mais rígida, como se estivesse em alerta para se defender de alguma queda, caracteriza-se pela base alargada, retificação da coluna cervical, um certo grau de cifose torácica, flexão do quadril e dos joelhos (Figura 14.1). Esse conjunto de fatores indica piora da estabilidade, podendo até nos fazer pensar em parkinsonismo (Baehr et al., 2000).
As alterações da marcha podem ajudar no diagnóstico clínico. A assimetria dos passos faz pensar em artrite ou hemiplegia; a falta de movimentos dos ombros em parkinsonismo; aumento da base em comprometimento do cerebelo; uma flexão mais acentuada do tronco pode revelar dificuldade de visão ou de propriocepção ou algum dano no sistema vestibular. Para vencer essas dificuldades o idoso diminui o tamanho dos passos e anda mais devagar. O grande problema nos distúrbios da marcha é a queda, com todas as complicações posteriores (Clarke e Sokoloff, 1999) (ver Capítulo 94).
Sistema respiratório
Alterações morfológicas no tórax e nos pulmões com o envelhecimento
Com o envelhecimento há grandes modificações tanto na arquitetura quanto na função pulmonar, contribuindo para o aumento da frequência de pneumonia, aumento da probabilidade de hipoxia e diminuição do consumo máximo de oxigênio pela pessoa idosa (Quadro 14.8). Os primeiros sinais de piora da respiração pulmonar já podem ser vistos por volta dos 25 anos (Quadro 14.9). Os pulmões se tornam mais volumosos, os ductos e bronquíolos se alargam e os alvéolos se tornam flácidos, com perda do tecido septal. 
A consequência é o aumento de ar nos ductos alveolares e diminuição do ar alveolar com piora da ventilação e perfusão (Taffet et al., 2014).
Concorrem para o declínio da capacidade respiratória os maus hábitos de vida, a poluição do local de moradia e trabalho e as doenças concomitantes.
Respiração
A inspiração e a expiração se dão da mesma forma no adulto. Na inspiração participam os músculos intercostais externos para elevarem as costelas e o diafragma, responsável por 75% do aumento do volume torácico durante a respiração de repouso. A expiração se faz, basicamente, de forma passiva.
Também estão envolvidos os músculos intercostais internos que, ao se contraírem, puxam as costelas para baixo e para dentro, diminuindo o volume torácico. Caso seja necessárias as musculaturas abdominal e dos ombros podem participar como músculos auxiliares dos movimentos respiratórios. Além das alterações descritas, há falha no controlecentral (medula e ponte) e nos quimiorreceptores carotídeos e aórticos com diminuição da sensibilidade a PCO2, PO2 e ao pH, limitando a adaptação da pessoa idosa ao exercício físico.
A maioria dos músculos sofre um certo grau de sarcopenia, daí a capacidade de a função pulmonar piorar em algumas pessoas pela diminuição da força e da resistência da musculatura respiratória, tornando a tosse menos vigorosa. A função mucociliar é lenta, prejudicando a limpeza de partículas inaladas e facilitando a instalação de infecções (Svartengren et al., 2005).
Todas as modificações do sistema respiratório são lentas, mas progressivas. A partir dos 25 anos a VO2 máxima diminui em 5 mℓ/kg/min/década. O tórax se torna enrijecido devido à calcificação das cartilagens costais e os pulmões distendidos pela diminuição da capacidade de as fibras elásticas retornarem após a distensão na inspiração. Com isso o volume pulmonar e a capacidade ventilatória diminuem. A capacidade vital pode chegar a diminuir 75% entre a 7a e a 2a década, enquanto o volume residual aumenta em torno de 50%. A consequência é a inadequada oxigenação do sangue, enquanto a PCO2 não se altera (Taffet et al., 2014).
Surfactante
O surfactante é um líquido secretado pelos pneumócitos tipo II, localizado na superfície interna doalvéolo, com a finalidade de manter sua tensão baixa. Sua produção está diminuída nos idosos. 
Na deficiência do surfactante os alvéolos poderão colabar na expiração, fazendo atelectasias. O surfactante também tem função protetora, impedindo a entrada de partículas, e aumenta a capacidade de os macrófagos pulmonares destruírem bactérias. Ainda na deficiência de surfactante, há o aumento da permeabilidade alveolar, podendo levar ao edema pulmonar. Apesar de sua perda progressiva, a maioria dos idosos é capaz de levar uma vida normalmente ativa.
Sistema hematopoético
O conceito de que havia alterações significativas do sistema hematopoético está sendo revisto. Parece que o processo de envelhecimento é mais lento nas células hematopoéticas, quando comparadas com as outras células. Especula-se que a reserva das células pluripotenciais possa ser poupada, contribuindo para a explicação da longevidade do indivíduo. Já a função da medula óssea não se modifica. Entretanto, podem se tornar evidentes, sob condições de estresse, como no tratamento quimioterápico.
No nascimento quase toda a medula óssea apresenta atividade hematopoética, mas desde a infância ela começa a ser progressivamente substituída por tecido adiposo. No adulto sua atividade concentra-se na pélvis e no esterno. Por volta dos 70 anos a celularidade da medula óssea no osso ilíaco é 30% menor que no adulto jovem. Apesar dessa modificação a contagem celular no sangue periférico é mantida (Artz,2012).
Multiplicação celular
O potencial proliferativo da maioria das células-tronco hematopoéticas é limitado e diminui com o envelhecimento. Uma vez que a célula entre no ciclo de divisão torna-se mais suscetível a mutações devido à redução da fidelidade de reparo do DNA. Essa pode ser a explicação do surgimento de leucemia secundária ao transplante de medula óssea (Robertson et al., 2000).
A perda de telômero em tecidos normais começa no adulto jovem e progride gradualmente com o envelhecimento. A perda sequencial do DNA telomérico da parte final do cromossomo a cada divisão celular poderia alcançar um ponto crítico que serviria de gatilho para o envelhecimento e para influenciar o equilíbrio entre renovação e multiplicação das células-tronco. O encurtamento do telômero é observado nos portadores da síndrome de Werner, nos quais ocorrem alterações precoces do envelhecimento (Gilleece, 2003).
Eritropoese
A vida das hemácias, em torno de 120 dias, exige contínua renovação dessa população celular pela medula óssea, mesmo nos muito idosos, visto que sua principal função é transportar oxigênio através da circulação para todas as células e tecidos do corpo, de acordo com suas necessidades.
Embora o envelhecimento não seja causa de anemia observa-se mudança do perfil hematológico (Quadro 14.10), sugerindo uma exaustão das células-tronco hematológicas pluripotenciais, tornando os idosos mais suscetíveis a esta doença. Também ocorre aumento da produção de radicais livres, os quais alteram as funções celulares e a integridade de suas membranas. Com isso, as hemácias deformadas são retiradas de circulação e a medula óssea acelera a produção em uma tentativa de reparar o dano.
Entretanto, a aceleração desse processo pode alterar a composição das membranas das hemácias, não conseguindo o equilíbrio da renovação dessas células, podendo surgir anemia e agregação das hemácias (Eisenstaedt, 2006).
Os principais moduladores hormonais da eritropoese são a eritropoetina (EPO), a testosterona e a interleucina (IL)-3. Os trabalhos mostram não haver diferença significativa nos níveis dessas substâncias nos indivíduos idosos relativas à produção hematopoética.
O feedback entre hemoglobina e EPO está mantido, mas a secreção de EPO em resposta à anemia por deficiência de ferro está diminuída. Isso ocorre porque as citocinas pró-inflamatórias, como a IL-6, aumentam com o avanço da idade, reduzindo a resposta das células-tronco. Admite-se que haja maior produção de IL-6 pelos monócitos, pelas células T, células endoteliais e células ósseas (Silva, 2005).
Embora o número de plaquetas não se altere com o envelhecimento, o fibrinogênio, os fatores V, VII, VIII e IX, o cininogênio de alto peso molecular e a pré-calicreína aumentam, assim como os fragmentos da degradação da fibrina (dímero D), fazendo com que se considere o envelhecimento um estado prócoagulante, importante fator de risco para trombose venosa profunda (Isaia et al., 2011).
Sistema urinário
Há perda do tecido renal, especialmente após os 50 anos. Em seu lugar observam-se tecido gorduroso e fibrose. Essa modificação inicia-se no córtex, comprometendo a concentração urinária, alcançando os glomérulos, piorando também a filtração renal.
A função renal começa a diminuir de maneira progressiva, chegando a sua metade aos 85 anos. Aos 60 anos, o rim pesa em média 250 g; aos 70 anos, 230 g; e aos 80 anos, 190 g. Paralelamente ocorre diminuição do fluxo plasmático de 600 mℓ/min para 300 mℓ/min. Para compensar, os rins mantêm uma vasodilatação com o aumento das prostaglandinas contribuindo para o aumento da lesão renal com o uso de anti-inflamatórios não esteroides.
A avaliação renal é feita mediante simples exames de urina e sangue, facilitando os estudos das alterações que acontecem com o envelhecimento. O rim pode ser afetado diretamente como acontece nas lesões do néfron (Figura 14.3) ou indiretamente como no caso de doenças cardiovasculares. Da mesma forma a lesão renal pode levar a alterações a distância como distúrbios hidreletrolíticos e hipertensão arterial. Ainda, pela sua função excretora, o declínio da função renal pode levar a intoxicação medicamentosa, particularmente perigosa no idoso (Sands, 2012).
Função renal
O glomérulo filtra o plasma, formando o filtrado glomerular que praticamente não tem proteínas. Em condições normais 99% do filtrado são reabsorvidos, havendo a produção de mais ou menos um litro de urina por dia. Podemos medir o filtrado por meio do clearance plasmático e da excreção na urina de inulina ou creatinina, pois essas substâncias são filtradas, mas não são secretadas nem absorvidas. Uma pessoa jovem tem uma taxa de filtração em torno de 125 mℓ/min. A insulina precisa ser injetada na veia e para a dosagem da creatinina é necessário coleta de urina por 1 dia inteiro. Apesar de bons parâmetros, ambos trazem dificuldades. Por isso, o clearance da creatinina (ClCr) é calculado, facilmente, usando-se uma fórmula em que só precisamos saber o peso, a idade, o sexo e a creatininaplasmática do paciente e aplicar os dados seguindo a fórmula: 
Sabe-se que o resultado do ClCr para as pessoas idosas não é uma medida precisa, pois a creatinina é uma proteína muscular e suaprodução está diminuída enquanto sua secreção tubular está aumentada, fazendo com que a creatinina plasmática permaneça estável a despeito da diminuição da filtração glomerular (Giannelli et al., 2007).
 Principalmente como guia para ajuste de dose de medicamentos eliminados pela filtração glomerular, a equação de Cockcroft and Gault (Schuck et al., 2004) leva em conta a massa magra corporal (MMC) (Clark, 2000):
As mulheres têm 10% menos que os valores encontrados nos homens. O clearance da creatinina para mulheres é o ClCr para os homens multiplicado por 0,85. A massa magra corporal é calculada de acordo com a fórmula a seguir:
MMC para homens = 50 kg + 2,23 kg por cada 2,54 cm acima de 152,4 cm
MMC para mulheres = 45,5 kg + 2,3 kg por cada 2,54 cm acima de 152,4 cm
As fórmulas utilizadas para estimar a taxa de filtração glomerular devem ser avaliadas com mais cautela nos indivíduos idosos, especialmente para os ≥ 90 anos. Quando houver necessidade de uma avaliação mais apurada devemos avaliar a função renal com a prova da cistatina C. Um aumento de 50% de seus níveis é observado entre os 40 e 90 anos (Christensson e Elmståhl, 2011).
Alterações das funções glomerular e tubular
As alterações ocorridas com o envelhecimento na função glomerular não comprometem o bem-estar da pessoa idosa. Entretanto, como acontece com outros órgãos, não há reserva para seu pleno funcionamento em caso de sobrecarga. Sob estresse como infecção ou dieta rica em proteína, a taxa de filtração glomerular piora significativamente, aumentando a permeabilidade celular com perda de proteína bem maior que os traços normalmente observados na urina. É possível a manutenção da função tubular em nível suficiente ao longo dos anos. Entretanto, muitas pessoas idosas sofrem perda da habilidade de concentrar ou diluir a urina de tal monta que se tornam incapazes de equilibrar o organismo frente a uma
desidratação ou a uma sobrecarga hídrica. Se administrarmos solução hipertônica de cloreto de sódio a uma pessoa idosa o hormônio antidiurético (ADH) se elevará, porém não haverá retenção de água como normalmente se poderia esperar. Esse fato nos leva a concluir que o problema de concentração urinária não é devido à diminuição do ADH e sim à diminuição de resposta do túbulo coletor ao ADH (Sands,2012).
Para manter o funcionamento do rim adequadamente, a pessoa idosa deverá ingerir 2,5 a 3 ℓ de líquidos ao dia. É difícil para essas pessoas seguirem tal orientação, pois muitas vezes evitam, de propósito, beber líquidos por medo de sofrerem constrangimentos devido à incontinência. Existem outros fatores que colaboram para a dificuldade em manterem-se hidratados como a diminuição do reflexo da sede, a solidão, a imobilidade e outros.
Como mencionado anteriormente, há diminuição da capacidade renal de concentração e conservação do sódio, estando os idosos mais propensos à hiponatremia e à hipopotassemia quando em uso de diurético ou na vigência de dietas restritivas. A ureia contribui para estabelecer um gradiente osmótico na medula renal e concentra a urina nos túbulos coletores. Como a pessoa idosa muitas vezes faz uma dieta pobre em proteínas e tem déficit na produção hepática de ureia a uremia também pode estar diminuída (Lindner et al., 2014).
O padrão do ritmo urinário apresenta-se modificado na pessoa idosa, passando a eliminar água e eletrólitos mais à noite que durante o dia. Essa alteração, conhecida como poliúria noturna, ocorre por múltiplos fatores como a diminuição da capacidade renal de concentração e conservação do sódio, assim como alteração da função do sistema renina-angiotensina-aldosterona.
Outros fatores também concorrem para essa diferença como mostrado no Quadro 14.11.
Outras alterações funcionais do sistema renal são redução da acidificação da urina e piora da excreção de cargas ácidas. Esse é mais um fator contribuinte para a nefrotoxicidade relacionada a medicamentos e a contrastes intravenosos (Pucelikova et al., 2008), diminuição da hidroxilação da vitamina D (Lima etal., 2014) e da regulação do sistema renina angiotensina. Entretanto, a produção da eritropoetina em resposta à hemoglobina parece não sofrer alteração (Kanasaki et al., 2012).
Sistema endócrino
O sistema endócrino, como o sistema nervoso, coordena respostas fisiológicas aos fatores ambientais, melhorando a sobrevida individual. As alterações hormonais influenciam o declínio funcional, as incapacidades, as doenças da pessoa idosa e a longevidade.

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