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Descrição, Narração e Dissertação

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� O nosso objetivo é a sua Aprovação
Redação
INTRODUÇÃO
 As diferenças entre descrição, narração e dissertação
1 - Tudo o que se escreve recebe o nome genérico de redação (ou composição). Existem três tipos de redação: descrição, narração e dissertação. É importante que você consiga perceber a diferença entre elas, leia primeiramente as seguintes definições.
Descrição: é o tipo de redação na qual se apontam as características que compõem em determinado objeto, pessoa ambiente ou paisagem.
Narração: é a modalidade da redação na qual contamos, um ou mais fatos, que ocorreram em determinado tempo, lugar, envolvendo certos personagens.
Dissertação: é o tipo de redação na qual expomos idéias gerais seguidas de argumentos que as comprovem (explicações correntes).
 
2 - Veja agora três exemplos dessas modalidades:
Descrição
Sua estrutura era alta e seu corpo, esbelto. A pele morena refletia o sol dos trópicos. Os olhos negros e amendoados espalhavam a luz interior de sua alegria de viver e jovialidade. Os traços bem desenhados compunham uma fisionomia calma, que mais parecia uma pintura.
Narração
Em uma noite chuvosa do mês de agosto, Paulo e o irmão caminhavam pela rua mal-iluminada que conduzia à sua residência. Subitamente foram abordados por um homem estranho. Pararam, atemorizados, e tentaram saber o que o homem queria, receosos de que se tratasse de um assalto. Era, entretanto, somente um bêbado que tentava encontrar, com dificuldade, o caminho de sua casa.
Dissertação
Tem havido muitos debates sobre a eficiência do sistema educacional brasileiro. Argumentam alguns que ele deve ter por objetivo despertar no estudante a capacidade de absorver informações dos mais diferentes tipos e relaciona-las com a realidade circundante. Um sistema de ensino voltado para a compreensão dos problemas socioeconômicos e que despertasse no aluno a curiosidade científica seria por demais desejável.
3 - Note os exemplos e defina cada qual na sua modalidade.
Acreditamos firmemente que só o esforço conjunto de toda a nação brasileira conseguirá vencer os gravíssimos problemas econômicos, por todas há muitos conhecidos. Quaisquer medidas econômicas, por si só não são capazes de alterar a realidade se as autoridades que as elaboram, não contam com o apoio da opinião pública, em meio a uma comunidade de cidadãos conscientes. ( )
Nas proximidades deste pequeno vilarejo existe uma chácara de beleza incalculável. Ao centro avista-se um lago de águas cristalinas. Através dela vemos a dança rodopiante dos pequenos peixes. Em volta deste lago pairam importantes árvores seculares que se sucederam pelas gerações. A relva brilhante ao sol estende-se por todo aquele local, imprimindo à paisagem um clima de tranqüilidade e aconchego. ( )
As crianças sabiam que a presença daquele cachorro vira-lata em seu apartamento seria alvo da mais rigorosa censura da mãe. Não tinha nenhum cabimento, um apartamento tão pequeno que mal cabia – acolhia Álvaro, Alberto e Anita, além de seus pais, ainda tinham de dar abrigo a um cãozinho. Os meninos esconderam o animal em um armário próximo ao corredor e ficaram sentados na sala à espera dos acontecimentos. No fim da tarde, quando a mãe do trabalho voltou, não tardou em descobrir o intruso e a expulsá-lo sob os olhos aflitos de seus filhos.
( )
Joaquim trabalhava em um escritório que ficava no 12º andar de um edifício da Avenida Paulista. De lá avistava todos os dias a movimentação incessante dos transeuntes, os freqüentes congestionamentos dos automóveis e a beleza das arrojadas construções que se sucediam do outro lado da avenida. Estes prédios moderníssimos alternavam-se com majestosas mansões antigas. O presente e o passado ali se combinavam e, contemplando aquelas mansões, podia-se, por alto, imaginar o que fora, nos tempos de outrora, a paisagem desta mesma avenida, hoje tão modificada pela ação do progresso. ( )
Dizem as pessoas ligadas ao estudo da Ecologia que são incalculáveis os danos que o homem vem causando a mio ambiente. O desmatamento de grandes extensões de terra, transformando-as em verdadeiras regiões desérticas, os efeitos nocivos da poluição e a matança indiscriminada de muitas espécies são apenas alguns dos aspectos a serem mencionados. Os que se preocupam com a sobrevivência e o bem-estar das futuras gerações, temem que a ambição desmedida do homem acabe por tornar esta terra inabitável. ( )
O candidato à vaga de administrador entrou no escritório onde iria ser entrevistado. Ele se sentia inseguro, apesar de ter um bom currículo, mas sempre se sentia assim quando estava por ser testado. O dono da firma entrou, sentou-se com ar de extrema seriedade e começou a lhe fazer as perguntas mais variadas. Aquele interrogatório parecia interminável. Porém, toda aquela sensação desagradável dissipou-se quando ele foi informado de que o lugar era seu. 
( )
Diferença entre tema e título
	O primeiro passo, antes de começar, é reconhecer a diferença entre tema e título. Tema é o assunto sobre qual irá escrever, ou seja, a idéia que será definida ao longo de sua composição. Título, por outro lado, é a expressão, geralmente curta, apenas uma vaga referência ao assunto que abordará. Observe a diferença entre eles nos exemplos seguintes:
Título: “O jovem e a política”
Tema: “Ultimamente temos notado um enorme interesse dos jovens. Em participar da vida política desta nação”.
É evidente que para o título poderiam caber inúmeros temas diferentes do que foi apresentado anteriormente. A partir do exemplo apresentado anteriormente, constatamos que existem as seguintes diferenças entre tema e título.
Título
É uma referência vaga a um assunto.
É uma expressão mais curta que o tema.
Na maioria das vezes não contém verbo.
Tema
É uma afirmação sobre um determinado assunto, em que se percebe uma tomada de posição.
É uma oração que apresente começo, meio e final.
Por ser oração deve apresentar pelo menos um verbo.
Exemplo de tema e título
Titulo: “As contradições na era da comunicação”
Tema: “Grande parte da mídia procura relatar as notícias de forma sensacionalista ou comercial visando apenas vender sua notícia. Isto é a causa de muitas divergências na forma de entendimento dos fatos, por parte da imprensa entre um e outro meio de comunicação”. 
As relações de causa e conseqüência
	Depois de aprendermos sobre tema e título, veremos agora a relação de causa e conseqüência, que será o desenvolvimento da dissertação.
	Para obtermos os parágrafos do desenvolvimento da redação, faremos a pergunta: Por que? ao tema: “Por que grande parte da mídia procura relatar as notícias de forma sensacionalista ou comercial visando apenas vender sua notícia? Se encontrarmos uma resposta, teremos o segundo parágrafo da redação”.
	Para conseguirmos o terceiro parágrafo que também faz parte do desenvolvimento, faremos outra pergunta ao tema: O que acontece e razão disso? Encontrando a resposta, teremos aí o fim do desenvolvimento da redação.
Exemplo 1:
Tema: “O Brasil tem enfrentado, nestes últimos anos, gravíssimos problemas econômicos”. 
Causa: Falta um emprego melhor do dinheiro na política econômica, e um grande erro que atravessa gerações; o orçamento é maior que a receita, no Brasil, gasta-se mais do que se arrecada. 
Conseqüência: Há sempre a necessidade de buscar capital estrangeiro para cobrir o déficit. Não há dinheiro para se fazer investimento na produção. Sem produção, não há capital de giro, fazendo-se necessário que o governo busque mais recursos financeiros aos credores internacionais, dinheiro esse que só é usado para pagar dívida.
Exemplo 2:
Tema: “A maior parte da classe políticanão goza de muito prestígio e confiabilidade por parte da população”.
Causa: A maioria dos políticos sempre usa dos mesmos artifícios para se elegerem. Esses artifícios são as promessas ditas durante toda campanha eleitoral que são batizadas de plataforma de governo, mas, quase nunca são cumpridas. Outro fator que diminui a credibilidade são os escândalos envolvendo dinheiro ou favorecendo certos grupos.
Conseqüência: Entra governo e sai governo e não vemos muitas diferenças pra melhora das cidades, estados, e no país como um todo.
As promessas feitas na campanha se perdem, ora na burocracia, ora na falta de boa vontade por parte dos nossos governantes. Os escândalos envolvendo políticos os deixam automaticamente desprestigiados, pois quase sempre acabam em “pizza” ou o que é pior, acontece um novo escândalo que acaba encobrindo o anterior.
Esquema de dissertação com a relação de causa e conseqüência
Título/Tema
1o parágrafo apresentação do tema com uma ligeira ampliação.
 Introdução
2o parágrafo causa> com explicações adicionais.
 desenvolvimento 
3o parágrafo conseqüência> com explicações adicionais.
 Desenvolvimento
4o parágrafo conclusão> expressão inicial + reafirmação do 
 conclusão tema + observação + opinião. 
Redação
Tema: “Constatamos que, no Brasil, existe um grande número de correntes migratórias que se deslocam do campo para as pequenas ou grandes cidades”.
Título: “O problema das correntes migratórias”
	Todos sabemos que, em nosso país, há muito tempo, observa-se um grande número de grupos migratórios, os quais, provenientes do campo, deslocando em direção às cidades, procurando assim melhores condições de vida.
	Ao exterminarmos algumas das causas deste êxodo, verificamos que a zona rural apresenta inúmeros problemas os quais dificultam a permanência do homem no campo. Podemos mencionar por exemplo: a seca, a questão da distribuição da terra e a falta de incentivo à atividade agrária por parte do governo.
	Em conseqüência disso, vemos, a todo instante, a chegada deste enorme contingente de trabalhadores rurais no meio urbano. As cidades encontram-se despreparadas para absorver estes migrantes e oferecer-lhes condições de subsistência e de trabalho. Cresce, portanto, o número de pessoas vivendo à margem dos benefícios oferecidos por uma metrópole; por falta de opções, dirigem-se para as zonas periféricas e ocasionam a ploriferação das favelas.
	Por tudo isso, só nos resta admitir que a existência do êxodo rural somente agrava os problemas no campo. Fazem-se, portanto, necessárias algumas medidas para tentar fixar o homem na terra. Assim, os cidadãos rurais e urbanos deste país encontrariam, com certeza, melhores condições de vida.
Redação
A NARRAÇÃO
Tipos de Narrador
Conforme definimos no capítulo anterior, narrar é contar um ou mais fatos que ocorreram com determinados personagens, em local e tempo definidos. Em outras palavras, é contar uma história, que pode ser real ou imaginária.
Quando você vai redigir uma história, a primeira decisão que deve tomar é se você vai ou não fazer parte da narrativa. Tanto é possível contar uma história que ocorreu com outras pessoas quanto narrar fatos acontecidos com você. Essa decisão determinará o tipo de narrador a ser utilizado em sua composição. Este pode ser, basicamente, de dois tipos:
1 – Narrador em 1ª pessoa: é aquele que participa da ação, ou seja, que se inclui na narrativa. Trata-se do narrador-personagem.
Exemplo:
Estava andando pela rua quando de repente tropecei em um pacote embrulhado em jornais. Peguei-o vagarosamente, abri-o e vi, surpreso, que lá havia uma grande quantia em dinheiro.
2 – Narrador em 3ª pessoa: é aquele que não participa da ação, ou seja, não se inclui na narrativa. Temos então o narrador-observador. 
Exemplo:
João estava andando pela rua quando de repente tropeçou em um pacote embrulhado em jornais. Pegou-o vagarosamente, abriu-o e viu, surpreso, que lá havia uma grande quantia em dinheiro.
Observação:
	Em textos que apresentam o narrador em 1ª pessoa, ele não precisa ser necessariamente o personagem principal; pode ser somente alguém que, estando no local dos acontecimentos, presenciou-os.
Exemplo:
Estava parado no ponto de ônibus, quando vi, ao meu lado, um rapaz que caminhava lentamente pela rua. Ele tropeçou em um pacote embrulhado em jornais. Observei que ele o pegou com todo o cuidado, abriu-o e viu, surpreso, que lá havia uma grande quantia em dinheiro.
Elementos da Redação
Depois de escolher o tipo de narrador que você vai utilizar, é necessário ainda conhecer os elementos básicos de qualquer narração.
Todo texto narrativo com um FATO que se passa em determinado TEMPO e LUGAR. A narração só existe na medida em que há ação; esta ação é praticada pelos PERSONAGENS.
Um fato em geral, acontece por uma determinada CAUSA e desenrola-se envolvendo certas circunstâncias que o caracterizam. É necessário, portanto, mencionar o MODO como tudo aconteceu detalhadamente, isto é, de que maneira o fato ocorreu. Um acontecimento pode provocar CONSEQÜÊNCIAS, as quais devem ser observadas.
Assim, os elementos básicos do texto são:
1 – FATO (o que se vai narrar);
2 – TEMPO (quando o fato ocorreu);
3 – LUGAR (onde o fato se deu);
4 – PERSONAGENS (quem participou do ocorrido ou observou);
5 – CAUSA (motivo que determinou a ocorrência);
6 – MODO (como se deu o fato)
7 – CONSEQÜÊNCIAS.
Uma vez conhecidos esse elementos, resta saber como organiza-los para elaborar uma narração. Dependendo do fat a ser narrado, há inúmeras formas de dispô-los. Todavia, apresentaremos um esquema de narração que pode ser utilizado para contar qualquer fato. Ele propõe-se a situar os elementos da narração em diferentes parágrafos, de modo a orienta-lo sobre como organizar adequadamente sua composição.
Esquema de Narração
	1º parágrafo
	Explicar que fato será narrado.
Determinar o tempo e o lugar.
	2º parágrafo
	Causa do fato e apresentação dos personagens
	3º parágrafo
	Modo como tudo aconteceu (detalhadamente)
	4º parágrafo
	Conseqüências do fato.
Observações:
1 – É bom lembrar que, embora o elemento Personagens tenha sido citado somente no 2º parágrafo (onde são apresentados com mais detalhes), eles aparecem no decorrer de toda narração, uma vez que são os desencadeados da seqüência narrativa.
2 – O elemento Causa pode ou não existir em sua narração. Há fatos que decorrem de causa específica (por exemplo, um atropelamento pode ter como causa o descuidado de um pedestre ao atravessar a rua sem olhar). Existe, em contrapartida, um número limitado de fatos dos quais não precisamos explicar as causas, por serem evidentes (por exemplo, uma viagem de férias, um assalto a banco, etc.).
3 – Os três mencionados na Introdução, ou seja, fato, tempo e lugar, não precisam necessariamente aparecer nesta ordem. Podemos especificar, no início, o tempo e o local, para depois enunciar o fato que será narrado.
Utilizando esse recurso, você pode narrar qualquer fato, desde os incidentes que são noticiados nos jornais com o título de ocorrências policiais (assaltos, atropelamentos, seqüestros, incêndios, colisões e outros) até fatos corriqueiros, como viagens de férias, passeatas grevistas, festas de torcida de futebol, comemorações de aniversário, brigas, tombos e acontecimentos inesperados ou incomuns, bem como quaisquer outros.
É importante ressaltar que o esquema apresentado é apenas uma sugestão de como se pode organizar uma narração. Você tem inteira liberdade para basear-se nele ou não. Mostramos apenas uma das várias possibilidades existentes de se estruturarem textos narrativos. Caso deseje, poderá inverter a ordem de todos os elementos e fazer qualquer outra modificação que ache conveniente, sem prejuízo do entendimentodo que você quer transmitir. O fundamental é conseguir contar uma história de modo satisfatório.
A NARRAÇÃO OBJETIVA
Observe agora um exemplo de narração sobre um incêndio, criado com o auxílio do esquema estudado. Lembre-se de que, antes de começar a escrever, é preciso escolher o tipo de narrador. Optamos pelo narrador em 3ª pessoa.
O incêndio
Ocorreu um pequeno incêndio na noite de ontem, em um apartamento de propriedade do Sr. Marcos da Fonseca.
No local habitam o proprietário, sua esposa e seus dois filhos. Todos eles, na hora em que o fogo começou, tinham saído de casa e estavam jantando em um restaurante situado em frente ao edifício. A causa do incêndio foi um curto-circuito ocorrido no precário sistema elétrico do velho apartamento.
O fogo despontou em um dos quartos que, por sorte, ficava na frente do prédio. O porteiro do restaurante, conhecido da família, avistou-o imediatamente foi chamar o Sr. Marcos. Ele, mais que depressa, ligou para o corpo de Bombeiros.
Embora não tivessem demorado a chegar, os bombeiros não conseguiram impedir que o quarto e a sala fossem inteiramente destruídos pelas chamas. Não obstante o prejuízo, a família consolou-se com o fato de aquele incidente não ter tomado maiores proporções, atingindo os apartamentos vizinhos.
Vamos observar as características dessa narração. O narrador está em 3ª pessoa, pois não toma parte na história; não é membro da família, nem o porteiro do restaurante, nem um dos bombeiros e muito menos alguém que passava pela rua na qual se situava o prédio. Outra característica que deve ser destacada é o fato de a história ter sido narrada com objetividade: o narrador limitou-se a contar os fatos sem deixar que seus sentimentos, suas emoções transparecessem no decorrer da narrativa.
Este tipo de composição costuma aparecer nas “ocorrências policiais” dos jornais, nas quais os redatores apenas informam os fatos, sem se deixar envolver emocionalmente com o que estão noticiando. Este tipo de narração apresenta cunho impessoal e direto.
Exercício:
Agora vamos treinar. Pegue o seu caderno e imagine que você é redator em um jornal e precisa redigir uma narração, informando sobre um assalto ocorrido. Consulte, se julgar necessário, o esquema estudado anteriormente para sua melhor orientação. Faça uma narração objetiva, com narrador em 3ª pessoa.
A NARRAÇÃO SUBJETIVA
Existe também um outro tipo de composição chamada narração subjetiva. Nela os fatos são apresentados levando-se em conta as emoções, os sentimentos envolvidos na história. Nota-se claramente a posição sensível e emocional do narrador ao relatar os acontecimentos. O fato não é narrado de modo frio e impessoal; ao contrário, são ressaltados os efeitos psicológicos que os acontecimentos desencandeiam nos personagens. É, portanto, o oposto da narração subjetiva.
Daremos agora um exemplo de narração subjetiva, elaborada também com o auxílio do esquema já visto. Escolhemos o narrador em 1ª pessoa. Esta escolha é perfeitamente justificável, visto que, participando da ação, ele envolve-se emocionalmente com maior facilidade na história. Isso não significa, porém, que uma narração subjetiva requeira sempre um narrador em 1ª pessoa e vice-versa.
Como a fúria de um vendaval
Em uma certa manhã acordei entediada. Estava em minhas férias escolares do mês de julho. Não pudera viajar. Fui ao portão e avistei, três quarteirões ao longe, a movimentação de uma feira livre.
Não tinha nada para fazer, e isso estava me matando de aborrecimento. Embora soubesse que uma feira livre não constitui exatamente o melhor divertimento do qual o ser humano pode dispor, fui andando, a passos lentos, em direção àquelas barracas. Não esperava ver nada de original, ou mesmo interessante. Como é triste o tédio! Logo que me aproximei, vi uma senhora alta, extremamente gorda, discutindo com um feirante.
O homem, dono da barraca de tomates, tentava em vão acalmar a nervosa senhora. Não sei porque brigavam, mas sei o que vi: a mulher, imensamente gorda (monstruosa), erguia seus enormes braços e, com os punhos cerrados, gritava contra o feirante. Comecei a me assustar, com medo de que ela destruísse a barraca (e talvez o próprio homem) devido à sua fúria incontrolável. Ela ia gritando e se empolgando com sua raiva crescente e ficando cada vez mais vermelha, assim como os tomates, ou até mais.
De repente, no auge de sua ira, avançou contra o homem já atemorizado e, tropeçando em alguns tomates podres que estavam no chão, caiu, tombou, mergulhou, esborrachou-se no asfalto, para o divertimento do pequeno público que, assim como eu, assistiu àquela cena incomum.
Sugestão:
Releia esta narração, transcrevendo em seu caderno palavras ou expressões que revelam emoção, sentimentos, de modo a localizar os pontos que fazem dela uma narração subjetiva.
Observação:
	Sua narração pode ter a extensão que lhe convier. Você pode aumenta-la ou diminuí-la suprimindo detalhes menos importantes. Lembre-se: quando um determinado parágrafo ficar muito extenso, você pode dividi-lo em dois. Destacamos, mais uma vez, que o esquema dado é uma orientação geral e não precisa ser necessariamente seguido; ele pode sofrer variações referentes ao número de parágrafos ou à ordem de disposição dos elementos narrativos.
Exercício:
Faça agora um treino. Elabora uma narração subjetiva, com narrador em 1ª pessoa, utilizando os elementos básicos do texto narrativo (todos ou alguns). Conte um fato inteiramente inesperado que aconteceu com você dentro de um ônibus. Não se esqueça de criar um título interessante.
O discurso do narrador
Comparando os dois modelos de narração apresentados neste capítulo, você poderá perceber a diferença entre narrador em 1ª e 3ª pessoas, a maneira como se elabora uma narração utilizando o esquema estudado, a existência da narração objetiva em oposição à narração subjetiva e alguns outros aspectos.
É importante também que você observe um outro fato sobre o qual ainda não fizemos comentário. Lendo as narrações O incêndio e Com a fúria de um vendaval, você notará com facilidade que o narrador contou uma das histórias com suas próprias palavras. Ele não introduziu diálogos na redação registrando a fala dos personagens. Essas duas narrações foram elaboradas sem que o narrador introduzisse o discurso direto, isto é, o diálogo entre os personagens.
Nas próximas lições, veremos como você pode fazer suas narrações utilizando ou não o discurso direto.Não se esqueça também de que o esquema de narração estudo não precisa ser seguido à risca. Se julgar importante fazer qualquer alteração, nada o impede de faze-lo, desde que sua composição não perca as características de organização e clareza indispensáveis a todas as narrações.
Redação
A DESCRIÇÃO
A Descrição de Pessoas ou a Técnica do Retrato
Descrever uma pessoa não é tão simples quanto parece. Vários fatores precisam ser levados em conta quando nos dispomos a faze-lo. Entretanto, todo o conjunto de elementos que compõem o perfil de um ser humano pode ser dividido basicamente em dois grupos: o das características físicas e o das características psicológicas.
Entendemos por características físicas a aparência externa, isto é, tudo o que pode ser observado externamente quando analisamos alguém: a altura, o peso, a cor da pele, a idade, os cabelos, os traços do rosto, a voz e o modo de se vestir (que, evidentemente, não é componente físico de alguém, mas é um aspecto exterior).
Por outro lado, entendemos por características psicológicas tudo o que se associa ao comportamento das pessoas, ou seja, a personalidade, o temperamento, o caráter, as preferências (referentes a certas atividades esportivas ou artísticas), as inclinações (aptidões para determinadas tarefas), a postura em relação a si mesma e aos outros e os objetivos (metas profissionais ou pessoais a serem alcançadas no futuro). É, enfim, aquilo que caracterizaseu modo de agir ou ser.
Uma boa descrição deve levar em conta se não todos, pelo menos a maioria dos aspectos físicos e também dos psicológicos. Devemos optar por aqueles que mais nos impressionam e mais fielmente podem fornecer um retrato da pessoa, de modo que o leitor do nosso texto possa visualiza-la ou reconhecê-la.
A esta altura, você pode estar pensando em como organizar uma composição dispondo adequadamente esse número bastante grande de elementos. Vamos nos deter agora no esquema a ser utilizado para a descrição de pessoas, que tem por objetivo auxilia-lo a organizar suas idéias – assim, ele é um ponto de partida para a sua redação.
Este esquema comporta duas variações no que se refere à ordem de apresentação das características físicas e psicológicas do retrato. A seguir, passaremos a detalhar essas possibilidades.
Esquema de descrição de pessoas – variação 1
Título
	 1º parágrafo
	Primeira impressão ou abordagem de qualquer aspecto de caráter geral.
	 2º parágrafo
	
 altura
 peso
 cor da pele
Características Físicas idade
 cabelos olhos
 traços do rosto nariz
 voz boca
 vestimenta
	 3º parágrafo
	 
 personalidade
 temperamento
 caráter
Características preferências
 Psicológicas inclinações 
 postura 
 objetivos 
	 4º parágrafo
	Retomada de qualquer outro aspecto do caráter geral.
Vamos detalhar esse esquema. No primeiro parágrafo, ou seja, na Introdução, você deve fornecer uma idéia geral da pessoa a ser descrita. Assim, evite, nesse momento a referência a pormenores pouco significativos. Não seria conveniente você começar sua descrição com uma frase do tipo: Ele tem uma pinta na face esquerda”. Isso tornaria sua redação bastante inadequada. Por isso, procure começar por um aspecto capaz de apresentar o ser descrito como um todo. Por exemplo: “Ele parece ser uma pessoa simpática, que sempre faz amigos com facilidade”. Esta ou outra afirmação da mesma natureza é o que denominamos aspecto de caráter geral. Um outro exemplo deste procedimento seria começar a redação dizendo qual foi a primeira impressão que lhe causou, quando você a conheceu.
No início do segundo parágrafo, começando, portanto, o Desenvolvimento, você apontará detalhadamente as características físicas do indivíduo. Essas características devem ser mencionadas segundo uma determinada ordem. Parece-nos adequado que o sentido da descrição seja de cima para baixo, uma vez que, em geral, observamos inicialmente o que está à altura de nossos olhos, ou seja, o rosto de alguém. Não teria cabimento começar o segundo parágrafo com uma frase como esta: “Seu pé era um tanto grande”.
Abordando as características físicas, falaríamos inicialmente da altura e do peso. Como não se trata de uma descrição técnica, não há necessidade de especificar dimensões em metros, centímetros ou gramas. Bastam referências vagas, como “grande estatura”, “nem gordo nem magro” e outras expressões semelhantes.
É bom observarmos também que, em se tratando de certos elementos como cabelos e olhos, seria bom que houvesse uma certa riqueza de detalhes. Dizer que alguém tem cabelos castanhos é muito vago, pois grande parte da população se enquadra nesta afirmativa. Convém relatar outros aspectos além da cor. Podemos falar de seu comprimento, se são ondulados, lisos ou crespos, de sua cor e brilho, da maneira como estão cortados e penteados, se há franja, se o corte é arredondado, se estão repartidos. Na descrição dos olhos, seria interessante mencionar, além da cor, seu formato (arredondados, oblíquos, amendoados, etc.) e, dependendo do caso, outros detalhes complementares, como os cílios e as sobrancelhas, os quais contribuem, para a expressividade do rosto.
Outros elementos que compõem os traços do rosto não precisam ser descritos com tantos detalhes. São suficientes algumas poucas referências.
Em seguida fala-se da voz. Em geral, o que se comenta neste item (profundamente relacionado com o aspecto psicológico, assim como alguns outros) diz respeito ao to, entoação e volume. Explicando melhor, se a pessoa fala rapidamente ou de modo mais pausado, em um tom alto ou mais baixo e se demonstra um sotaque característico de qualquer região.
Segue-se então a análise das roupas, ou seja, do modo como a pessoa se veste. Podemos comentar se costuma usar roupas esportivas ou sociais, fazendo referências a detalhes mais significativos dos trajes. É bom lembrar que o modo como alguém se veste costuma estar intimamente ligado acertos elementos das características psicológicas. Às vezes, através das roupas, podemos fazer uma vaga idéia do que a pessoa pensa ou de como se comporta.
Abordemos agora as características psicológicas. Por vezes torna-se difícil distinguir alguns itens mencionados no esquema: tentemos diferencia-los.
Analisando a personalidade de alguém, você fará comentários sobre a maneira como defende suas idéias: com firmeza ou deixando-se levar facilmente pelas opiniões dos outros. Dirá o quanto tem idéias formadas no que se refere a certos assuntos ou não.Convém mencionar também se demonstra vocação para exercer a liderança do grupo ou revela um tipo de comportamento mais passivo, que prefere acompanhar sugestões ou obedecer a ordens.
Quanto ao temperamento, observamos se o indivíduo é extrovertido (expande suas emoções, demonstra seus sentimentos, expões claramente suas idéias) ou introvertido (calado, dificilmente deixa transparecer suas reações ou sentimentos diante de fatos e não tem por hábito emitir suas idéias, principalmente se não for solicitado). Ainda neste item analisamos se a pessoas parece ser alegre ou triste, entusiasmada ou derrotista, tranqüila ou facilmente irritável, otimista ou pessimista, etc. Podemos tentar avaliar também o grau de sensibilidade que apresenta: se parece excessivamente sentimental ou se demonstra certa frieza.
O caráter trata, por sua vez, das qualidades ou defeitos que uma pessoa possa apresentar. Aspectos como estes devem ser levados em conta: honestidade, sinceridade, lealdade e preocupação com seus semelhantes, por exemplo.
É interessante também que se fale das preferências da pessoa descrita em vários campos: músicas ou artes em geral, esportes, formas de lazer, leituras, etc.
Sobre suas inclinações, falaríamos a respeito de algumas aptidões facilmente observáveis. Certas pessoas demonstram grande interesse e vocação para atividades artísticas; outras gostam de executar trabalhos manuais; há as que apresentam extrema facilidade de comunicação, e assim por diante. É dessa forma, um pequeno relato sobre a vocação que cada um tem para exercer determinada atividade.
Ao próximo item damos o nome de postura. Explicamos anteriormente que é o posicionamento do indivíduo em relação a si mesmo e aos outros. Isso tem direta relação com o que se poderia chamar de visão de mundo ou ideologia. Na abordagem deste item, podemos captar alguns aspectos básicos que compõem o conjunto de suas idéias sobre a vida. Então, tentaremos perceber como ele se vê, enquanto ser que faz parte de uma comunidade, e como entende que deva ser sua atuação junto à sociedade a que pertence. É importante notar como encara os problemas econômicos, sociais e políticos que envolvem e o que pensa das questões importantes que preocupam o seu meio.O último item mencionado dentre as características psicológicas é objetivos. Aqui diremos que a pessoa espera alcançar na vida: exercer algum cargo em especial, ter uma profissão específica, viajar para determinado lugar ou qualquer outro sonho que possa ter.
Por fim, a Conclusão. Neste último parágrafo não convém terminar a descrição com um detalhe insignificante, mas com uma afirmação de caráter geral, como foi feito na Introdução. Podemos sugerir que termine a redação falando sobre a maneira como a pessoa descrita costuma relacionar-se com os outros; você pode também afirmar algo sobre sua simpatia e comunicabilidade. Enfim, faça qualquer observação final, procurando referir-se à pessoa como um todo.
Observações:
1 – Depois dessa longa explicação você até poderá pensar que sua redação será imensa. Não é bem assim. Na explicação levantamos uma série de possibilidades, mas você irá selecionar apenas aspectos mais significativos para a caracterização da pessoa que estiver sendo descrita. Isso quer dizer que você poderá deixar de analisar certos itens (em especial das características psicológicas) sobre os quais não houver dados ao seu alcance. Assim sendo, cabe a você determinar a extensão de sua descrição, com base nas possibilidades de análise que levantamos.
2 – Na apreensão das características do ser descrito, você Poe se utilizar, em certos momentos, dos outros sentidos além da visão, como a audição, tato, paladar, e olfato. Assim, teria uma análise mais completa do que a simples observação do que se pode ver, enriquecendo o texto. Embora a visão seja o sentido através do qual captamos praticamente todas as características físicas, podemos também nos valer às vezes dos outros quatro sentidos. Veja alguns exemplos: audição: ”voz melodiosa”; tato: “pele macia”; olfato: “perfume agradável de seus cabelos”.
3 – O número de parágrafo do Desenvolvimento pode ser aumentado de dois para três ou quatro, dependendo do quanto se tenha a dizer.
4 – A ordem dos elementos pode sofrer alterações durante a elaboração do que você está redigindo. Não é necessário seguir à risca a seqüência indicada no esquema.
Veja agora como podemos, com o auxílio do esquema de descrição de pessoas – variação 1, elaborar uma composição.
Tancredo: o político da esperança
Qualquer pessoa que o visse, quer pessoalmente ou através dos meios de comunicação, era logo levada a sentir que dele emanava uma serenidade e autoconfiança próprias daqueles que vivem com sabedoria e dignidade.
De baixa estatura, magro, calvo, tinha a idade de um pai que cada pessoas gostaria de ter e de quem a nação tanto precisava naquele momento de desamparo. Seus olhos oblíquos e castanhos transmitiam confiança. O nariz levemente arrebitado e os lábios finos, em meio ao rosto arredondado, traçavam o perfil de alguém que sentíamos ter conhecido durante a vida inteira. Sua voz era doce e ao mesmo tempo dura. Falava e vestia-se como um estadista. Era um estadista.
Sua característica mais marcante foi, sem dúvida, a ponderação na análise dos problemas políticos e socioeconômicos. Respeitado em todo o mundo pela condição de líder preocupado com o destino das futuras gerações, de conhecedor profundo das questões deste país, colocava sempre o espírito comunitário acima dos interesses individuais. Seu grande sonho foi provavelmente o de pôr toda sua capacidade a serviço da nação brasileira, tão ameaçada pelas adversidades econômicas e tão abandonada, como sempre fora, por aqueles que se diziam seus representantes.
Verdadeiro exemplo de homem público ficará para sempre na memória dos seus contemporâneos e no registro histórico dos grandes vultos nacionais.
Observação:
Note que, embora o esquema utilizado nesta descrição separe os aspectos físicos e psicológicos em parágrafos diferentes, nada impede que você faça algumas poucas referências psicológicas no segundo parágrafo, que trata das características físicas. No entanto, pela leitura dessa redação, verificamos que no segundo parágrafo predominam os elementos referentes às características físicas, enquanto o terceiro parágrafo trata das características psicológicas da pessoa descrita, conforme nos sugere o esquema de descrição anterior.
Existe, entretanto, uma outra forma de organizarmos nossas idéias quando queremos descrever uma pessoa. Podemos apresentar as características físicas e as psicológicas ao mesmo tempo, Este procedimento parece-nos bastante adequando, uma vez que vários dos elementos pertencentes às características físicas podem ser facilmente relacionados a certas características psicológicas. Veja alguns exemplos de como podemos fazer esta associação: os olhos tendem a refletir emoções: a fisionomia, como um todo, é facilmente associada a um traço de personalidade; e as roupas em muito se relacionam com condições socioeconômicas e até com a própria ideologia do ser descrito.
Esse procedimento cria, certamente, uma integração entre o que se percebe externamente e o que o interior da pessoa reflete, produzindo um efeito harmonioso na descrição.
Para compor uma relação desse tipo, precisaremos orientar-nos por um outro esquema:
Esquema de Descrição de pessoas – variação 2
Título
	1º parágrafo
	Primeira impressão ou abordagem de qualquer aspecto de caráter geral.
	2º parágrafo
	Análise das características físicas, associadas às características psicológicas (1ª parte)
	3º parágrafo
	Análise das características físicas, associadas às características psicológicas (2ª parte)
	4º parágrafo
	Retomada de qualquer outro aspecto de caráter geral.
Observação:
Lembramos novamente que o Desenvolvimento, apresentando no esquema em dois parágrafos, pode ser ampliado para três ou quatro, dependendo de sua conveniência.
Leia agora um exemplo de redação elaborada com o auxílio do esquema de descrição de pessoas – variação 2.
Maria, Maria
Quando a vi pela primeira vez praticamente nem a vi. As pessoas, em sua maioria, não costumam prestar muita atenção às varredoras de rua. Mas Maria parece não se importar com isso, porque também não presta muita atenção às pessoas que passam por ela, uma vez que está sempre olhando para baixo, à procura do que varrer.
É baixa e magra, como convém a alguém que sempre comeu muito pouco, e sua pele tem a coloração típica dos que tomam sol, chuva, mormaço, ou qualquer coisa que não se possa escolher ou evitar. Seus cabelos crespos e negros parecem encolher-se ainda mais, para não sofrerem a ação do vento impregnado de poeira e poluição. Olhos amendoados, também negros, sem brilho: inexpressivos. Com certeza refletem a sensação de que é inútil expressar-se, seja para reclamar de qualquer coisa. Mas são olhos duros, de quem protesta, pelo silencio, contra a dor simplesmente contra o peso da rotina fatigante, cumprida à risca, para ninguém achar defeito. O nariz levemente achatado e os lábios grossos são a confirmação dos traços da raça. Boca fechada, apesar do muito que queria dizer. Fechada, como se recomenda aos que deseja, manter o emprego, ainda que tão árduo.
Maria tem habilidades manuais. Quando criança, queria ser costureira de lindos vestidos. Agora quer sobreviver de maneira honrada. Seu uniforme de funcionária da limpeza pública em nada se parece com os vestidos do seu sonho de menina. Ela deixa agora os sonhos para seus dois filhos, porque é a única coisa que pode deixar como herança. Isso é o exemplo de sua luta, da sua esperança que tira do nada.
Exilada em sua própria cidade, pelo tempo que lhe toma o trabalho, quase não vê a família, mas persiste e acima de tudo acredita, pois “quem traz na pele essa marca possui a estranha mania de ter fé na vida”.(
Encerrando as considerações sobre como se elabora uma descrição, temos dois comentários a fazer.
Perceba que a pessoa que faz uma descrição pode ou não incluir-se em alguns momentos. No primeiro modelo de descrição (sobre Tancredo Neves), em nenhum momento houveessa inclusão. Entretanto, na segunda descrição, vemos que a pessoa que redige aparece no texto, na seguinte frase: “Quando a vi pela primeira vez...” Concluímos assim que, ao fazer sua descrição, você pode ou não colocar-se em cena, am alguns momentos, dependendo de sua vontade ou da oportunidade de faze-lo.
Para finalizar, saiba que nada o impede de acrescentar outros elementos referentes às características físicas ou psicológicas, afora os citados no primeiro esquema estudado, bem como fugir das orientações fornecidas. Elas apenas visam a ajuda-lo na ordenação de seu pensamento e, conseqüentemente, de seu trabalho. Você, por exemplo, pode iniciar sua descrição por um elemento que provoque impacto, mas deve ser criativo o suficiente para manter o interesse no decorrer da composição. Enfim, o que importa é o resultado final: uma redação coerente, criativa e interessante.
Conclusão
Introdução
Desenvolvimento
Conclusão
Desenvolvimento
Introdução
Conclusão
Desenvolvimento
Introdução
( O título e a frase desta redação foram tirados da música “Maria, Maria”, de Milton Nascimento e Fernando Brant.

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