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Douglas_MALINOWSKI_PT2

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Sociologia e Antropologia Geral
Professor: Douglas Araújo
Aluno: Yuri robson fernandes
Resenha: “Parte II – Crime primitivo e sua punição” do livro Crime e Costume na Sociedade Selvagem, de Branislaw Malinowski.
NATAL
2019
Parte II – Crime primitivo e sua punição
	Na segunda parte da obra em tela, o critério do elemento novo na produção científica é posto em evidência, onde o autor admite que tal proposição está perpetrada em toda prática acadêmica, pois a partir de anomalias que fogem sistemas pré-estabelecidos e consolidado que, em tese, um certo fenômeno é melhor explicado ou entendido. O cientista é movido por esse anseio de mudar o cenário atual incrementando com elementos substancialmente novos a realidade conhecida, mas tudo isso se encaminha para uma só estrada, consolidando cada vez mais as bases do novo antigo horizonte, além de ampliando-o.
Não diferente disto, as ciências humanas também são afetadas por este espirito científico, onde no presente trabalho, são tecidas criticas a perspectiva que a Antropologia moderna que, para o estudo do crime nas mais variadas sociedades primitivas, como no estudo do desenvolvimento humano nessa área, tem como referencial principal a fuga da norma. Segundo Malinowski, por ser uma ciência muito nova, a antropologia sofre com tendências pré-científicas que busca explicar o mundo de forma ainda miraculosa, evidenciando as violações e banalizando a ordem estabelecida como é dada essa manutenção.
A abordagem usada foi oposta a aceita usualmente pelo meio acadêmico, uma grande inovação feita, pois o objeto do estudo foi a regularidade e a ordem em sua efetiva manutenção. Percebe-se que essa ordem é mantida entre os indivíduos e grupos da sociedade por meio de um conjunto de regras da lei civil, que é independente de difere de todas as outras regras e dogmas religiosos, mas que não são tão claras e objetivamente rígidas o suficiente.
Sobre a importância de abordar as ocorrências destoantes da regra se baseia na descrição da regra em si, como por exemplo, o direito materno, que rege as relações de parentesco e a quem esse ser deve certos cumprimentos e observância de regras, além da sucessão à posição social, ao poder e às honras, a herança econômica, os direitos ao solo e à cidadania local e o pertencimento ao clã totêmico. Junto com esse direito temos também a lei do casamento que define a ideia de relacionamento e os arranjos patrolocais.
No segundo capítulo são abordadas as influências da bruxaria e do suicídio como elementos legais, seus efeitos, respectivos, de coerção e expiação. A bruxaria é ferramenta legalmente amparada e usada por homens de grande influência nas sociedades selvagens. Os homens notáveis, de grande estima social, feiticeiros de grande habilidade, usam tais poderes para coerção daqueles que perturbam seus interesses e ou lhes provocam sentimento de grande paixão e indignação, perturbando a ordem vigente. A ganância que excede os limites socialmente aceitos e estabelecidos por sua posição social, habilidades que o diferenciam por sua excelência, a cobiça por mulheres de líderes ou feiticeiros notórias, entre outras coisas que possam levar essas pessoas a se vingarem por um meio legal que é a bruxaria.
A bruxaria se distancia e muito de uma ferramenta de manutenção jurídica, mas também não se constitui como uma forma criminal, mas só um dos elementos de restauração do equilíbrio provocado por um homem desprovido de poder, a favor de homem nitidamente poderoso, por meio de seus recursos pessoas e/ou conhecimentos adquiridos, como no caso do feiticeiro.
Essas duas práticas são essencialmente de cunho conservador, reestabelecendo a ordem e o bem estar antes comprometido. 
O suicídio é provocado quando o certa pessoa se sente em divida, pois sua honra foi comprometida por uma acusação desferida em público. Essa proclamação do delito para todo o clã os leva a uma comoção social, instalando em toda a comunidade uma indignação que provoca a rejeição ao infrator e o isola, numa sociedade de interdependência e necessidade mutua, impossibilitando tal ser de ter uma vida minimamente digna. Logo, a única forma de reverter tão desonra é o suicídio, onde ele chama a atenção de todos e clama por vingança pelos seus parentes, além de pedir perdão por seus delitos, seja uma violação das regras da exogamia, ou adultério, ou um dano injusto cometido, ou uma tentativa de escapar das suas obrigações.
O que é concluso neste capítulo é que não se á um sistema de manutenção judicial claramente definido e rígido suficiente para ser fixo na sociedade Trobriand. O crime é vagamente definido o que abre precedente e uma aplicação dúbia da punição, por baseada em leis elásticas que são dribladas por sistemas metódicos de evasão.
Ressalte-se que, a lei primitiva não é um conjunto homogêneo e perfeitamente unificado de regras, baseado em um princípio transformado em um sistema consistente. Já sabemos muito pelo nosso exame anterior dos fatos legais nas ilhas Trobriands. A lei dos nativos consiste, no contrário, de uma série de sistemas mais ou menos independentes, ajustados uns aos outros apenas parcialmente. Cada um desses o matriarcado, o direito paterno, a lei do casamento, as prerrogativas e os deveres de um chefe e assim por diante - tem certo campo completamente seu, mas pode transbordar além de seus limites legais. Isso resulta em um estado de equilíbrio tenso, com uma explosão ocasional.
 O estudo do mecanismo desse tipo de conflito entre princípios legais, abertos ou disfarçados é muitíssimo instrutivo e nos revela a verdadeira natureza da trama social cai uma tribo primitiva. Descreverei agora uma ou duas ocorrências e depois passarei a sua análise.
Os dois princípios do direito da mãe e o do amor cio pai concentram-se mais acentuadamente na relação de um homem com o filho de sua irmã e com o próprio filho, respectivamente. O sobrinho matririneo é seu parente mais próximo e o herdeiro legal de todas as suas dignidades e funções. Por outro lado, o próprio filho não é considerado um parente; legalmente, ele não está relacionado ao pai, o único elo é o status sociológico do casamento com a mãe.
 Em Kavataria, a aldeia adjacente à Missão e ao Posto do Governo, o filho do último chefe, certo Dayboya, destitui completamente os verdadeiros senhores, nisso apoiado pela influência dos europeus que, naturalmente, favoreciam Os direitos patrilineares. No entanto, esse conflito, hoje mais exacerbado e levado a cabo com força maior pelo princípio paterno, inevitavelmente apoiado pelo homem branco, é tão antigo quanto à tradição mitológica. Ele é expresso nas histórias contadas como entretenimento, as kukwanebu, em que o iatulaguya'u, o filho do chefe, é um tipo com um, arrogante, mimado, pretensioso, em geral alvo de brincadeiras.
 Nos mitos religiosos: às vezes ele é o vilão e às vezes o herói que luta - mas a oposição entre esses dois princípios é claramente acentuada. Mais convincente em relação à idade e à profundidade cultural do conflito é o fato que agora apresentarei, incorporado em muitas instituições. Entre a gente de categoria inferior, a oposição entre o direito da mãe e o amor do pai também existe e se manifesta na tendência do pai a fazer tudo o que pode pelo filho, à custa do sobrinho. Repetidamente, o filho tem de devolver aos herdeiros praticamente todos os benefícios e bens recebidos do pai, depois da morte deste. Naturalmente, é algo que traz Muito descontentamento, atritos e métodos indiretos de chegar a um acordo satisfatório.

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