Prévia do material em texto
NOME: WALÉRIA MIGUEL COELHO AVALIAÇÃO 1º ANO DE SERVIÇO SOCIAL NOTURNO 1) Fale sobre a influência da Escola Elvira Cruchaga na formação do Serviço Social na América Latina A Escola Elvira Matte de Cruchaga veio como uma complementação da escola fundada por Alejandro Del Rio que tem uma origem mais ligada à ação do Estado. Para entendermos como se deu o processo inicial até a formação das escolas, iremos retornar até a década de 20, onde Arturo Alessandri que representava a camada média e encabeçava um movimento reformista conseguiu aprovar uma proposta contendo um código de trabalho. Esta está marcada por um período de crise institucional e uma onda de protestos e greves. Nesse contexto as classes dominantes, através do estado se vê compelida a acolher as reivindicações da classe operária e outros setores populares. A burguesia chilena a institucionalizar essas reivindicações criando uma legislação. Tal legislação foi aprovada em 1924 e continha questões referente à previdência social, ao seguro operário obrigatório, habitação popular, direito de greve, sindicalização legal, proteção do trabalho infantil e feminino. Funda-se, nesse contexto a primeira escola de Serviço Social no Chile em 1925, tendo como seu fundante Alejandro Del Río (que era médico), que foi a Bélgica para conhecer os outros centros de formação acadêmica. Ele obteve uma resposta parcial ao criar uma escola para formar profissionais destinados a complementar o trabalho médico. As principais características dessa escola foram: sua origem que está próxima da esfera das necessidades de expansão estatal, e pela imposição das demandas das classes operárias. Houve a necessidade de adequação dos aparelhos estatais, bem como de profissionais de formação diferenciada para que pudesse atender ao crescimento da intervenção estatal no campo da assistência social. A Igreja não estará ausente do processo constitutivo do Serviço Social, por muitos anos ela foi à promotora de obras de caridade inspirada nos preceitos religiosos operando um apostolado que sustentava inúmeras “obras de misericórdia”. Só em 1929 a igreja promove a organização de sua primeira escola de Serviço Social, a escola Elvira Matte de Cruchaga, fundada por Miguel Cruchaga. Sua origem tem diversas motivações, entre elas: O interesse da igreja em criar um centro católico ortodoxo para a formação de agentes sociais adequados às mudanças sofridas pela sociedade chilena, e uma estratégia de conscientização da influência católica na criação de escolas de Serviço Social. Com o objetivo de recuperar o seu papel de condutor moral da sociedade. A Igreja também se viu impelida a situar-se no interior da questão social emergente com a modernização capitalista que mercantiliza a força de trabalho, redefine a família, promove concentrações urbanas, origina novas doenças etc. Esta nova escola era uma resposta de forma complementar e não antagônica, à criação da escola de Del Rio, uma vez que essa tinha a pretensão de promover a assistência médica. Já a escola Elvira Matte de Cruchaga cobriu um amplo espaço da questão social. Destaca-se que na sua atuação a inovação tinha maior ênfase. Outro espaço coberto foi a ênfase da necessidade de uma aproximação à ciência e a técnica. A escola tinha, também, uma intenção de compreensão mais global dos vetores que determinavam as desigualdades de classes na sociedade chilena inserindo a assistência social nesta problemática. Esta possibilidade diversificada de ação profissional lhe conferiu uma ampla margem de atuação em comparação com a escola de Del Río que tinha a sua condição real nas mãos dos médicos. Outro aspecto dessa diferenciação é o caráter confessional da segunda em relação à primeira, vinculado diretamente ao apostolado da igreja. Sob este foco a escola Elvira Matte de Cruchaga é um projeto destinado à organização dos leigos, com uma diretriz de formação profissional de acordo com os ditames da igreja. A igreja deu ao Serviço Social uma base orgânica continental e se manifesta em duas vertentes principais. Formação de escolas estatais cuja formação acadêmica de profissionais estava sob a direta gestão da igreja. Este papel difusor desempenhado pela igreja possibilitou-lhe o fortalecimento de uma tendência de vasto alcance latino americano. Com uma seleção rigorosa que exigia uma estrita escolha – como por exemplo ser maior de 21 anos e menos de 35 anos , atestado médico de boa saúde, antecedentes probatórios de honorabilidade e recomendação paroquial, bom aproveitamento nos estudos fundamentais de ciências humanas e apresentação de um texto manuscrito com um resumo da sua história pessoal em face das poucas vagas a escola, sob orientação de um espírito cristão. Direcionava-se segundo um óbvio elitismo, quase só as “damas da sociedade” conseguiam preencher tais requisitos. E a formação era feita em três anos. A formação tinha ênfase aos cursos voltados a saúde devido aos problemas das péssimas condições de salubridade e também a influência européia que ligava o Serviço Social a enfermagem. Essa tendência se repetiu nas escolas do Peru e de São Paulo. Ao lado do cuidado com a saúde houve um crescimento na importância do Serviço Social nas empresas. Com o passar dos anos houve uma diversificação nos campos de interesse tais como: a problemática operária rural e rural familiar, e da saúde e assuntos dos profissionais do Serviço Social. Alguns anos passados foram organizados as “semanas de estudo” que tinha os seus programas elaborados em sugestões das visitadoras onde elas compartilhavam experiências de trabalho e traziam novas propostas de métodos de atuação. Os conferencionistas que palestravam nestas semanas eram pessoas que ocupavam relevantes cargos nas instituições que demandavam o trabalho das visitantes. A escola católica chilena nasceu filiada a União Católica Internacional de Serviço Social, a UCISS que elegeu a escola para a tarefa de fomentar o Serviço Social na América Latina. A primeira atuação da difusão foi à criação no Uruguai em 1937 por estimulo da escola chilena com importante ajuda de Rebeca Izquierdo que foi diretora da escola chilena, anos depois em Buenos Aires, Izquierdo, que já havia ajudado na criação da escola do Uruguai promove a criação da escola na Argentina e em 1940 organiza-se na capital Argentina, em Bueno Aires através do Cardeal Luis Copelo a escola católica de Serviço Social. Na Colômbia a formação da escola católica também obteve colaboração de Elvira Matte de Cruchaga. Na Venezuela a escola foi fundada por sugestões da escola chilena. Em Cuba, apenas surgiu anos depois, do entusiasmo de um grupo de pessoas com o dinamismo da liderança de Elvira Matte de Cruchaga. No Peru para aliviar a tensão que se passava no país o general Oscar R. Benadives propõem um governo de paz e trégua para o principal grupo opositor (PARA). Benavides entendeu que a repressão não era mais viável e compreendeu que eram necessárias iniciativas de política social. Para poder controlar o povo, realizou várias medidas nas várias áreas que beneficiou principalmente a Escola de Serviço Social do Peru. Esse clima agitado é que explica a criação da Escola de Serviço Social do Peru em 1937, tendo papel central a esposa do Presidente, que desde 1934 solicitara a cooperação da Escola Elvira Matte de Cruchaga. No Brasil criava-se em 1936 a Escola de Serviço Social de São Paulo inspirada pela Ação Católica e Ação Social. Surge em 1937 no Rio de Janeiro o Instituto de Educação Familiar e Social que foi formado por duas escolas, sendo uma de Serviço Social e outra de Educação familiar. Em 1938 surge a Escola Técnica de Serviço Socialvoltada para questões dos menores. Além de promover a fundação de diversas escolas no continente, a escola chilena desenvolveu importantes atividades (conferências, publicações, congressos). Foi a instituição pioneira que serviu de modelo as outras escolas de formação. Foi, também, pioneiro nas ciências sociais no país andino. Não se trata de um paradigma para a profissão, mas com a atuação na história dá para perceber componentes atuais pra área. Em dez anos já se tinha um grupo de oito escolas católicas com influência da Elvira Cruchaga: Santiago, Montevidéu, Rio de Janeiro, São Paulo, Lima, Bogotá, Buenos Aires e Caracas. As escolas foram decisivas para a construção do conhecimento técnico de profissionais que desenvolviam ações sociais ligadas em especial ao cunho religioso e orientadas pelas encíclicas papais. Aplicando a técnica e a prática já existente, os profissionais do Serviço Social que se orientavam no Serviço Social Europeu e posteriormente Norte Americano foram aos poucos construindo e consolidando a profissão no espaço latino americano e contribuindo na redução das refrações da questão social. 2) Qual a proposta de Mary Richmond para a realização do Diagnóstico Social? Mary Richmond, da Sociedade de Organização da Caridade de Baltimore, exerceu importante papel no sentido de torná-la realidade. Sob responsabilidade dessa sociedade, passaram a ser ministrados cursos regulares destinados a formação de agentes voluntários. A influência de Richmond foi marcante nesse processo, devendo-se a ela a organização e a regência dos primeiros cursos de Filantropia Aplicada. Acolhendo a concepção dominante na sociedade burguesa de que os problemas sociais estavam associados a problemas de caráter; concebia a tarefa assistencial como eminente reintegradora e reformadora do caráter. Atribuía grande importância ao diagnóstico social como estratégia para promover tal reforma e para reintegrar o individuo a sociedade. O seu pensamento social influenciou a profissão de assistente social do mundo inteiro, cuja doutrina enfoca duas principais noções: “Diagnóstico Social” e “Caso Social”, que profetizavam o estudo dos casos não só a partir da observação como das razões que estariam por detrás, de modo a caminhar-se na compreensão plena de cada caso. Isto é, defendia que o êxito do trabalho ou a solução do problema estaria antes de tudo na compreensão da situação. Definiu o “diagnóstico social” como uma tentativa para se formar um juízo tão exato quanto possível da situação e da personalidade de um ser humano que tenha qualquer necessidade social, situação e personalidade estas em relação aos outros seres humanos de quem ele depende ou que dependam dele e em relação também das instituições sociais da sua comunidade. Os procedimentos utilizados por Mary para concretizar a investigação tinham como base a observação dos fatos, pensamentos ou quaisquer outros eventos, que pudessem ser comprovados, e para tal, deveria ser procurada a “evidência”, sendo que esta “evidência” é social, e deve ser relacionada com os fatos que constituem a história do cliente, de modo a fazer emergir a natureza do problema bem como a forma de o solucionar, contudo, toma o cuidado de chamar a atenção para o fato, de que embora possam haver “evidências” que parecem não ter importância, uma vez juntas com outras, adquirem um efeito cumulativo. Mary torna a inovar quando diz ainda que a Personalidade de uma determinada pessoa é fruto de tudo o que lhe é inato e particular e de tudo o que adquiriu através da educação, da experiência e das relações humanas, isto é, do meio envolvente, implicando assim que o “trabalho social de casos” implica, sobretudo, “ o desenvolvimento da personalidade pelo ajustamento consciente e compreensivo das relações sociais”. Seus primeiros cursos de preparo foram voltados para visitadoras domiciliares, sendo que foi através do trabalho dessas visitadoras sociais domiciliares que o serviço social iniciou suas primeiras atividades nas instituições públicas americanas. 3) Relacione Serviço Social e Questão Social A questão social surge quando surge o capitalismo e se intensifica no capitalismo monopolista. Antes a desigualdade tinha outras expressões, não vinha dessa exploração encoberta do trabalho, a exploração era explicita: como os servos da idade média que eram obrigados a fazer a corvéia para o seu senhor. No capitalismo o trabalho é livre, a pessoa recebe pelo que trabalha. Essa nova forma de exploração do trabalho com longas jornadas, salários baixos, locais insalubres, situação de adoecimento, entre outros, vai gerar a questão social, porque é neste momento que a resposta do Estado é a política social. Quando a ordem quase ruiu se dá conta que só com a violência não se sustenta essa sociabilidade. Não há duvidas em relacionar o aparecimento do Serviço Social com as mazelas próprias á ordem burguesa. Por “questão social”, no sentido universal do termo, significa o conjunto de problemas políticos, sociais e econômicos que o surgimento da classe operária impôs no curso da constituição da sociedade capitalista. Assim, a questão social está fundamentalmente vinculada ao conflito entre capital e o trabalho. Antes mesmo de finalizar o século XIX, ainda no ano de 1899, foi fundada a primeira escola européia, em Amsterdã (Holanda). Nesse mesmo ano, Alice Salomon iniciou em Berlim cursos para agentes socais que acabou por dar origem a primeira escola alemã de 1908. Os cursos destinados à formação de agentes sociais multiplicaram-se pela Europa e pelos Estados Unidos. Em 1908, fundou-se na Inglaterra a primeira escola de serviço social, não ainda com esta denominação, porém já incorporada a Universidade de Birmingham. Logo em seguida foram fundadas escolas em Paris, uma em 1911 de orientação católica, e outra, em 1913, de orientação protestante. Havia de um lado, uma conjuntura histórica especialmente grave, na qual estava gestando-se a I Guerra Mundial, e de outro, a enfática ação da Sociedade de Organização da Caridade. Ao final da II Guerra Mundial já se encontravam em funcionamento cerca de duzentas escolas distribuídas pela Europa. Relacionando-se não casualmente na sua origem com o agravamento da questão social dos países que as abrigavam, o surgimento das escolas não pode ser dissociado de um contexto político e histórico mais amplo. Sua trajetória se deu em meio a um complexo quadro social em que se combinavam questões políticas, ambições colonialistas de países poderosos e corrida armamentista internacional, variáveis complementadas pelo processo de consolidação e expansão do capitalismo em escala mundial.