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ROTAS DO NARCOTRÁFICO E DADOS ECONOMICOS
- Delimitação por tipos de drogas
PERU, BOLIVIA, COLOMBIA - coca
 “A Bolívia é considerada o terceiro maior produtor de coca, perdendo apenas para a Colômbia e o Peru, de acordo com o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UNODC apud MPAC, 2018, online)”. A produção de coca no país provém de uma longa tradição de consumo que se utiliza apenas de uma pequena parcela de toda produção da droga. “Os produtores de coca estão organizados em sindicatos que dão legitimidade aos cocaleiros dentro do país e negociam primordialmente políticas de erradicação compensada com o governo e as instituições de ajuda internacional” (THOUMI, p.8, 1995). 
Economicamente, a produção de coca se percebe como um cultivo excelente. Utiliza-se de um bom contingente de mão de obra pouco qualificada, cresce em áreas de difícil plantio de outros tipos de cultivo, gera lucros muito necessários para a economia e os cultivadores não tem problemas comuns de mercado como com os demais produtos agrícolas (Thoumi, p.8, 1995). Como explica Mansilla (1944:16, apud Thoumi, p.8, 1995), essa visão é disseminada entre os sindicatos bolivianos que creem que “as causas do subdesenvolvimento são de origem externa”. O imperialismo das grandes potências é mais uma vez colocado como impedimento ao desenvolvimento do potencial e da grandeza da nação. “A riqueza dos países do Norte estaria cimentada na pobreza e, sobretudo, na exploração dos países do Sul” (MANSILLA, 1944:16, apud Thoumi, p.8, 1995). 
“Todos os analistas que estudaram o papel da coca e da cocaína na Bolívia concluíram que durante as crises da economia mineira ao final dos anos 70 e princípio dos anos 80, a coca se converteu na principal fonte de emprego para os desempregados” (Thoumi, p.8, 1995). A partir de 1986 os resultados de análises macroeconômicas sobre o impacto da coca na economia boliviana mostraram que a quantidade de emprego e as altas nos índices econômicos se deram devido a indústria da coca que agiu como um importante facilitador no processo de reajuste pelo qual o país passou. Conclui-se que o ajuste estrutural teria causado problemas sociais de grande seriedade se não tivesse experimentado o crescimento simultâneo da indústria da coca (Painter, 1994, apud Thoumi, p.9, 1995). Além disso, o mercado da coca e da cocaína está relacionado a níveis relativamente baixos de violência. “Não houve por parte da sociedade a percepção de muitos efeitos negativos exceto possíveis aumentos no consumo e vício em drogas e pressão política externa, especialmente por parte dos Estados Unidos” (Thoumi, p.9, 1995). Existe uma percepção benigna dos impactos das drogas no país, como a importância da indústria como geradora de empregos e renda, a ausência de violência associada as drogas e a retórica anti-imperialista relacionada a defesa dos cultivos de drogas, com cita Thoumi (p.9, 1995). Esta percepção faz com que na Bolívia seja muito difícil se obter um grande apoio popular para a erradicação da produção e do tráfico de drogas ilícitas. 
No cenário internacional, o narcotráfico configurou-se como um dos maiores problemas presentes na agenda de segurança boliviana, com enfoque principal nas relações com o Brasil, uma vez que ambos compartilham uma boa parte das fronteiras. “A extensão de terra que se estende desde Corumbá, em Mato Grosso do Sul, até Assis Brasil, no Acre representa o limite fronteiriço com a Bolívia, totalizando 3,400 km de fronteira” (Rodrigues; Junqueira, p.43, 2018). A fronteira com o estado do Acre no Brasil se configura como uma das principais rotas de passagem para o narcotráfico na região. Segundo o MPAC (2018, online), “os traficantes entram no estado, abastece o mercado local e, daqui, seguem para as demais regiões do país, o que faz do Acre um dos principais estados de trânsito para escoamento de droga”. Um dos esforços conjuntos para erradicar o narcotráfico na região foi o Plano de Ação Boliviano-Brasileiro, implantado em 2011.
Desde o produtor, passando pelos portos de distribuição até o consumidor, o mercado ilegal de venda de drogas tem consequências expandidas para além do destino final das substâncias. Movimenta uma economia ilegal, influi diretamente nas elevações em níveis de violência, problemas sociais, tráfico de armas e deteriora a saúde pública e segurança interna dos Estados. 
Questionamentos acerca da efetividade das ações estatais na busca constante em combater os crimes que transpassam as fronteiras e atingem diretamente não só sociedades civis como a sociedade internacional, permeiam as novas estratégias e formulação de políticas anti-narcotráfico em todo o globo. Para os Estados Unidos, Europa Ocidental e outros países do Norte, a permanência do tema na construção de suas agendas de defesa e segurança gerou a necessidade de abordar de forma diferente a que vinham fazendo o combate as drogas. As mudanças destinaram-se principalmente a suas políticas domésticas, abarcando o problema a partir de uma ótica que o encarava como questão de saúde pública e não mais relacionado apenas com segurança. Em contrapartida, para as nações subdesenvolvidas ou em desenvolvimento, neste caso referindo-nos principalmente a América Latina, o foco permaneceu partindo da ótica de segurança. Medidas ineficientes continuaram a ser aplicadas, criminalização e combate militarizado as drogas se estenderam mesmo após a transformação nas políticas do primeiro mundo. A prolongação de ações ineficientes nos países subdesenvolvidos, apoiada por países como os EUA gerou questionamentos quanto ao intento destes em manter o Sul Global atrasado em relação ao Norte no que se refere as novas estratégias de combate ao narcotráfico. 
A importância do estudo focado no narcotráfico se dá pela atualidade, complexidade e impacto deste tema na sociedade internacional. Entende-se que esta pauta tem proporções e diversos ângulos pelos quais pode ser analisada, sendo assim será dada ênfase ao nível estatal de análise, abarcando os problemas e consequências relacionados ao narcotráfico. O conteúdo deste trabalho contribuirá para o incremento do arcabouço teórico referente ao tema, uma vez que este se mantém gerando novos questionamentos e problemas que implicam na dinâmica do sistema internacional e no comportamento dos Estados.

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