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UTILIZAÇÃO DOS COMPONENTES BIOGÊNICOS RECENTES DO 
SEDIMENTO NA CARACTERIZAÇÃO GEOAMBIENTAL 
DA PRAIA DE ITAPUÃ, SALVADOR, BAHIA 
 
SANTOS, M. V. P.1,2; CAMPOS, M. C.1,2; MORAES, S. S.1 
 
1. Grupo de Estudos de Foraminíferos. Universidade Federal da Bahia, Instituto de Geociências, sala 206C. Campus 
Universitário de Ondina, Rua Barão de Jeremoabo, s/n. CEP: 40.170-280, Salvador-BA. E-mails: 
mperalva@hotmail.com; maicampos@hotmail.com e smoraes@ufba.com 
2. Curso de Pós-Graduação em Ecologia e Intervenções Ambientais. Centro Universitário Jorge Amado. Rua José 
Peroba, 123, Edf. Empresarial Sagarana (Campus Costa Azul). CEP: 41.770-235, Salvador-BA. 
 
 
RESUMO 
O presente trabalho teve como objetivo descrever a Praia de Itapuã, Salvador - BA, quanto aos 
seus aspectos geoambientais, tendo por descritores os componentes biogênicos do sedimento, 
as características morfodinâmicas da praia e a vegetação local. A praia foi subdividida em 
quatro áreas: Farol de Itapuã, Rua K, Quiosque de Janaína e Sereia. Foram obtidas 45 
amostras, as quais foram submetidas à análise granulométrica e também à identificação dos 
grãos bióticos e de seu grau de arredondamento. As algas calcárias foram o componente 
principal (>45%), seguidas pelos foraminíferos (>14%) e equinodermos (>5%), sendo a 
distribuição da maioria dos grãos influenciada pela localização das comunidades vivas. O nível 
4 de arredondamento foi dominante na primavera, enquanto o 0 (zero) predominou no verão, 
refletindo mudanças nas taxas de retrabalhamento e deposição do sedimento. Areia média foi 
a fração granulométrica predominante, mas foi detectada uma interferência local na direção e 
intensidade das ondas nas praias do Quiosque de Janaína e da Sereia. A praia de Itapuã é 
dissipativa e sua vegetação está bastante alterada, havendo indícios de comprometimento da 
zona de pós-praia. Os resultados do presente estudo indicam que, se o avanço urbano 
continuar, esta praia perderá sua área de recuo natural da linha de costa, comprometendo o 
ecossistema costeiro e implicando na perda do seu valor histórico, turístico e recreacional. 
 
 
Palavras-chave: sedimento bioclástico, morfodinâmica de praias, vegetação litorânea 
 
 
INTRODUÇÃO 
As praias são ecossistemas oriundos do acúmulo de partículas não consolidadas distribuídas 
ao longo da margem do seu corpo d’água, podendo ser expostas ou protegidas da ação dos 
agentes mesológicos, os quais em conjunto resultam na sua variabilidade natural (AMARAL, 
2000), inclusive sua morfodinâmica. Tal variabilidade pode ser comprometida pela retirada da 
vegetação e avanço da área urbana sobre a pós-praia, diminuindo assim, o acúmulo 
sedimentar. Os agentes mesológicos influenciam também a formação e distribuição do 
sedimento, o qual, quanto à sua origem, pode ser classificado em: siliciclástico, se oriundo de 
rochas e/ou minerais; ou bioclástico, originado de fragmentos esqueletais (TINOCO, 1989). 
Assim, o presente trabalho teve como objetivo descrever a Praia de Itapuã, Salvador - BA, 
quanto aos seus aspectos geoambientais, tendo por descritores os componentes biogênicos do 
sedimento, as características morfodinâmicas da praia e a vegetação local. 
 
 
MATERIAIS E MÉTODOS 
A praia de Itapuã, localizada na Orla Atlântica de Salvador com cerca de 1,5 Km de extensão 
(SILVA, 2009), foi subdividida em quatro áreas: Farol de Itapuã, Rua K, Quiosque de Janaína e 
Sereia (Fig. 1), nas quais foram demarcados, respectivamente, 13, 16, 7 e 9 pontos amostrais. 
Foram realizadas duas campanhas de amostragem: outubro de 2009 (primavera) e março de 
2010 (verão). Os dados da morfodinâmica e vegetação foram registrados por meio de 
observação direta e fotografias. Já os bioclastos foram obtidos através de amostragem do 
sedimento superficial em transectos localizados no mesolitoral. Em laboratório, as amostras 
foram lavadas e secas para a triagem dos primeiros 300 grãos biogênicos, os quais foram 
identificados como: algas coralinas, Halimeda, foraminíferos, briozoários, poríferos, poliquetas, 
crustáceos, gastrópodos, bivalves, escafópodos e equinodermos. Os grãos foram classificados 
segundo a escala de arredondamento de Pilkey et al. (1967) (Fig. 1) e para a análise 
granulométrica (peneiramento a seco) foram consideradas as frações: cascalho (>2,000 mm), 
areia grossa (2,000 – 0,500 mm), areia média (0,500 – 0,250 mm) e areia fina (0,250 – 0,062 
mm). Foi calculada a abundância relativa a fim de analisar a representatividade das categorias 
biogênicas e aplicou-se o teste do qui-quadrado (p<0,05) para verificar a heterogeneidade da 
distribuição destas no ambiente. 
 
 
Figura 1 – Localização e aspectos analisados na Praia de Itapuã. a) Localização da área de 
estudo, extraído de Silva (2009). b) Grau de arredondamento dos bioclastos. c-d) Frequência 
relativa dos bioclastos por estação. e-f) Frequência relativa dos níveis de arredondamento dos 
bioclastos por estação. g-j) Morfodinâmica e vegetação das Praias do Farol de Itapuã (g), Rua 
K (h), Quiosque de Janaína (i) e Sereia (j). 
 
 
RESULTADOS E DISCUSSÕES 
Foram analisados 10.200 grãos, os quais apresentam diferença significativa em ambas as 
estações, p<0,05. Houve predominância de algas calcárias (52,11% na primavera e 49,51% no 
verão), foraminíferos (17,50% e 18,91%) e equinodermos (6,31% e 5,97%), sendo os dois 
primeiros transportados da plataforma até a praia enquanto que os últimos, por serem 
autóctones, se depositam na própria região. 
A presença de afloramentos rochosos na zona de infra maré age como obstáculo à propagação 
da energia hidrodinâmica, que tende a ser reduzida na face praial, favorecendo a deposição de 
Halimeda e escafópodos, principalmente na praia da Sereia na primavera quando predomina a 
areia fina. Comunidades vivas de caranguejos e gastrópodos estão presentes sobre o arrecife, 
o que pode explicar a alta concentração de fragmentos destes organismos no Farol de Itapuã. 
Briozoários, poliquetas e bivalves apresentaram uma distribuição quase igualitária em ambas 
as estações. Já os poríferos foram mais representativos na praia da Sereia na primavera e no 
Quiosque de Janaína no verão, devido à presença da areia fina nestes locais. Os poliquetas 
sofrem um aumento populacional durante a primavera, possivelmente relacionado a um maior 
teor de matéria orgânica (REIS et al., 2000), o que justifica a elevação do número de seus 
fragmentos no verão. 
Quanto ao grau de arredondamento, observa-se que o nível de desgaste dos grãos muda entre 
as estações (Fig. 1). Na primavera há um predomínio de grãos mais arredondados (nível 4) 
sugerindo um retrabalhamento do sedimento, enquanto que no verão predomina os grãos sem 
arredondamento (nível 0), indicando a adição de fragmentos recentes. 
Quanto à granulometria, a fração areia média é dominante, todavia foi observada uma 
mudança na intensidade da energia hidrodinâmica nas praias do Quiosque de Janaína (passa 
de areia média para fina no verão) e da Sereia (muda de areia fina para areia média), 
sugerindo que estas duas podem estar sujeitas a uma interferência local na direção e 
intensidade das ondas. 
A praia de Itapuã, em seu contexto geral, é do tipo dissipativa. Comparando-se a vegetação 
atual com a descrita por Ferreira (1977), nota-se que a mesma encontra-se bastante alterada, 
comprometendo assim sua zona de pós-praia. Tal situação pode acarretar na modificação da 
morfodinâmica praial, uma vez que a vegetação que serviria de proteção está desaparecendo. 
 
 
CONCLUSÕES 
Na praia de Itapuã as algas calcárias, foraminíferos e equinodermos foram dominantes nas 
duas estações amostradas, sendo a distribuição destes grãos e também dos gastrópodos, 
poliquetas e caranguejos atrelada à localização das comunidades vivas na área estudada. 
Briozoários e bivalves apresentaram uma distribuição quase igualitária em ambas as estações,enquanto que Halimeda, escafópodos e poríferos acompanharam a deposição da areia fina. 
Os resultados do grau de arredondamento sugerem um retrabalhamento do sedimento na 
primavera e uma deposição de fragmentos recentes no verão. A granulometria sugere uma 
interferência local na direção e intensidade das ondas nas praias do Quiosque de Janaína e da 
Sereia. 
A praia de Itapuã é do tipo dissipativa e com uma vegetação atual quase que totalmente 
modificada em todas as praias, o que já está interferindo na sua zona de pós-praia. Assim, os 
resultados do presente estudo indicam que se o avanço urbano continuar sobre a praia, esta 
tenderá a perder sua área de recuo natural da linha de costa, comprometendo o ecossistema 
costeiro e implicando na perda do seu valor histórico, turístico e recreacional. 
 
 
REFERÊNCIAS 
AMARAL, A. C. Z. 2000. Avaliação e ações prioritárias para a conservação da biodiversidade 
da zona costeira e marinha. Diagnóstico sobre praias arenosas. 
FERREIRA, M. T. G. M. 1977. Foraminíferos da zona de intermarés de Itapuã – Salvador, 
Bahia. Dissertação (Mestrado em Geologia) - Instituto de Geociências, Universidade Federal da 
Bahia, Salvador. 
PILKEY, O. H.; NORTON, R. W.; LUTERNAUER, J. 1967. The carbonate fraction of beach and 
dune sands. Sedimentology. v.8, p. 311-327. 
REIS, M. O. et al. 2000. Polychaete zonation on sandy beaches of São Sebastião Island, São 
Paulo State, Brazil. Revista Brasileira de Oceanografia, v.48, n.2, p. 107-117. 
SILVA, I. R. et al. 2009. Avaliação da capacidade de suporte das praias do bairro de Itapoã, 
Salvador, Bahia. In: Encuentro de Geografos de América Latina – Caminando em uma América 
Latina em transformación, 12., 2009, Montevideo. Anais do XII EGAL, Montevideo. 
TINOCO, I. M. 1989. Introdução ao estudo dos componentes bióticos dos sedimentos marinhos 
recentes. Recife: Editora Universitária da UFPE.

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