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www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 1 2º LICENCIATURA www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 2 GESTÃO E INOVAÇÃO TECNOLÓGICA IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro 3 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 Sumário CONCEITO DE CIÊNCIA ......................................................................................................... 4 INOVAÇÃO TECNOLÓGICA:............................................................................................... 14 INOVAÇÃO DE PROCESSO TECNOLÓGICO ....................................................................... 16 MODELOS DE MUDANÇAS TECNOLÓGICAS ..................................................................... 18 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO - SI ........................................................................................ 25 ESTRATÉGIAS DE INOVAÇÃO ............................................................................................. 26 OS GRANDES PRINCÍPIOS DA INOVAÇÃO ......................................................................... 33 FORMAS DE ACESSO À TECNOLOGIA .............................................................................. 34 COOPERAÇÃO ENTRE UTILIZADORES DO CONHECIMENTO .......................................... 37 GESTÃO DO CONHECIMENTO ............................................................................................ 46 PROPOSIÇÕES PARA UMA EMPRESA INOVAR ................................................................. 49 REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 61 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro 4 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 CONCEITO DE CIÊNCIA A ideia de ciência a que talvez nós estejamos mais acostumados diz respeito a certa visão tradicional constantemente encontrada na mídia não especializada ou em declarações públicas de autoridades em respeito às supostas virtudes da ciência. Quem nunca assistiu a filmes descrevendo o trabalho de frios cientistas de jaleco branco isolados em seu laboratório que numa atitude neutra, desenvolvem pesquisas que podem mudar o destino da humanidade para sempre, com a mais absoluta imparcialidade científica? Tal estereótipo tem lá sua razão de ser, pois a visão tradicional de ciência, envolve um número de premissas que tendem a ser aceitas sem maiores questionamentos. Por exemplo há a ideia de que objetos no mundo natural são objetivos e reais e tem uma existência independente da dos seres humanos. A ação humana é basicamente incidental ao caráter objetivo do mundo externo. Consequentemente, o conhecimento científico é determinado pelas características estruturais do mundo físico. Assim, fazer ciência significa trabalhar com uma série de métodos e procedimentos sobre os quais há consenso geral. Considerando tudo isso, pode-se então afirmar que a ciência é uma atividade individualista e cognitiva1 (Woolgar, 1996). Tal definição de ciência começou a ser construída no século 17, quando da invenção das ciências naturais. No entanto o seu uso como paradigma de toda e qualquer investigação científica deu-se no século 19, quando o filósofo francês August Comte criou 1 Ato de adquirir um conhecimento IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro 5 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 o termo positivismo‘ 2 para nomear uma doutrina geral de acordo com a qual todo conhecimento genuíno é baseado na experiência sensível e somente pode ser avançado por meio da experimentação e da observação sistemática. Atualmente o termo positivismo é aplicado às ciências sociais com a intenção de identificar o cientista social como um observador da realidade social. Assim, o produto da investigação do cientista social pode ser formulado de modo análogo ao das ciências naturais, isto é, em leis ou generalizações do mesmo tipo das estabelecidas em relação aos fenômenos naturais. Scientiae Scientiae era simplesmente o termo latino para conhecimento. O termo cientista‘ teve uma de suas primeiras aparições por volta de 1840 num discurso de William Whewell cuja intenção era a de diferenciar os filósofos naturais dos outros filósofos. A ideia de ciência que surgiu no século 17 e perdura até hoje é oriunda de algumas instituições filosóficas medievais e de certas atividades religiosas. Por exemplo, em 1663 foi fundada na Inglaterra por ordem real, a sociedade real para aprimoramento por experimento do conhecimento natural. A ciência moderna foi influenciada também por filósofos como Francis Bacon, cuja ênfase na lei positiva da natureza deslocava preocupações dos princípios dedutivos escolásticos da lógica, da matemática e da observação simples para a colaboração sistemática da especulação, articulação e experimentação. Muitas pessoas 2 Sistema criado por Augusto Comte que se baseia nos fatos e na experiência, e que deriva do conjunto das ciências positivas, repelindo a metafísica e o sobrenatural. Obs: Metafísica - Ciência do supra-sensível. Parte da Filosofia que estuda a essência dos seres. Inventário sistemático de todos os conhecimentos provenientes da razão pura. Conhecimento geral e abstrato. IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro 6 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 que lidam com ciência acreditam que somente atividades que se enquadrem no conceito acima podem ser consideradas cientÍficas‘. Essa visão de ciência derivada das ciências naturais modificou-se ao longo do tempo. Por exemplo, durante muito tempo houve a ideia de que uma tese só era científica se fosse baseada em fatos ao invés de opiniões. Isso foi depois substituído pela ideia de que uma tese para ser científica tinha de ser provável. Tal critério por sua vez foi derrubado pelo princípio da falsificação, do filósofo Karl Popper (1934). No livro “a lógica da descoberta científica” Popper afirma que uma tese só é científica se for falsificável. Por exemplo, a teoria da relatividade de Einstein baseava-se, entre outras coisas, na ideia de que corpos sólidos defletem a luz. Tal proposição era altamente improvável, na perspectiva da física Newtoniana, ainda então dominante. Se fosse falsa, a proposição colocaria a perder (falsificaria) a teoria inteira. Seguindo esse raciocínio, a psicanálise, por exemplo não pode ser considerada uma teoria científica, já que não é falsificável. Não há como provar a existência do inconsciente. A capacidade da teoria freudiana de acomodar e explicar todo o comportamento humano era vista por Popper como o aspecto mais fraco do trabalho de Freud, já que a levava a uma falta de condição de previsibilidade. Assim, teorias psicanalíticas Não são precisas o suficiente para que tenham implicaçõesnegativas, ficando então imunizadas contra a falsificação experimental. Considerando tal noção de ciência como verdadeira, somos levados a concluir que a atividade do verdadeiro cientista – aquele do jaleco branco em seu laboratório – IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro 7 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 é altamente organizada dentro dos princípios científicos para descobrir a verdade. Mais do que isso, acreditamos também que o conhecimento científico desenvolve-se através de uma linha sucessiva de descobertas que vão se acumulando. Infelizmente tal prática limpa parece estar longe de qualquer verdade – positivista ou não. Para verificar se a atividade científica dos cientistas linha-dura era realmente científica nos termos deles, cientistas sociais conduziram uma boa quantidade de estudos etnográficos 3 envolvendo longos períodos de intensiva e sustentada observação participante de atividades laboratoriais diárias (e.g. Knorr Cetina, 1981; Lynch, 1985; Latour & Woolgar, 1986; Traweek, 1988). Primeiro foi verificado que as atividades científicas dos cientistas de laboratório se davam em meio a extrema desordem e bagunça. Segundo, ao contrário do que se supunha, cientistas tinham, na prática, poucas oportunidades de refletir sobre a verdade de um dado resultado. Ao invés disso, eles demonstravam uma atitude bastante pragmática: ficavam excitados com a publicação de resultados não porque estes revelavam a verdade, mas por deixarem aberta a possibilidade de se estruturar um próximo e talvez decisivo experimento. Terceiro, decisões sobre que tipo de experimento realizar, tipos de instrumentos a usar, e sobre as interpretações mais apropriadas eram altamente dependentes das condições locais, circunstâncias e oportunidades. Pode-se concluir então que a atividade científica parece ser melhor classificada como construtiva do que como descritiva. Como diz Woogar (1988), cientistas não se 3 Etnografia: Ramo da Antropologia que trata historicamente da origem e filiação de raças e culturas; antropologia descritiva. Obs: Antropologia - Conjunto de estudos sobre o homem, como ser animal, social e moral. IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro 8 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 engajam meramente na descrição passiva de fatos pré-existentes sobre o mundo. Ao contrário, se preocupam com uma formulação ativa e com uma construção do caráter do mundo. Nas suas atividades diárias, cientistas constroem rascunhos, memorandos, e- mails, cartas, artigos, gráficos, figuras, etc. Uma quantidade de avaliações e decisões laboratoriais são implícitas no chamado “material básico” do laboratório. Metais usados em experimentos, por exemplo, são escolhidos entre uma variedade de fontes, animais usados em testes são cuidadosamente criados e alimentados, e a água usada em experimentos é purificada de acordo com procedimentos pré-estabelecidos. Os instrumentos e objetos usados em laboratórios também são considerados neutros por serem meramente usados ou aplicados aos materiais ou organismos que fazem parte da pesquisa. Ocorre que mesmo a utilização de meras máquinas, envolve humanos, e consequentemente, depende de processos interpretativos. Muitos aparelhos usados em laboratórios são desenhados de acordo com princípios estabelecidos a partir de investigações anteriores. Por exemplo o espectrômetro4 de ressonância nuclear magnética não é uma caixa preta neutra, mas o resultado de vinte anos de pesquisa em física. Ao usar tal aparelho, cientistas invocam uma atitude neutra que na verdade é derivada e formatada em consequência de uma grande quantidade de seleções, intervenções e decisões empreendidas por comunidades anteriores de cientistas. Portanto a prática científica parece ser muito mais criativa e construtiva do que tem sido veiculado por versões objetivistas da ciência. 4 Instrumento usado na determinação do índice de refração, medindo-se o ângulo externo de um prisma de uma substância e também o seu ângulo de desvio mínimo para luz de uma espécie dada. IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro 9 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 Outra ideia de ciência Há uma outra ideia sobre ciência que é inclusive mais velha do que a que foi apresentada anteriormente. Esta ao invés de relacioná-la com a metodologia de pesquisa tendo a experimentação ao centro, a define como uma abordagem sistemática. Trata-se da ciência dos significados ou hermenêutica. Uma ciência hermenêutica estabelece uma diferença entre explicação e interpretação, entre verdade e significado. Uma pessoa pode não descobrir a verdade sobre a própria vida, mas pode estruturar o seu significado. O cientista que adota este paradigma não busca a verdade lá fora, tal como o cientista natural. Tal verdade se faz presente através da criação de alguma coisa como “dados de pesquisa”. Freud por exemplo faz isso tratando sonhos e outros pedaços de evidência como dados e então vai além das aparências para encontrar a “verdade” ou “significado”. Nesse caso, porque há um processo de criação do objeto de estudo, o mundo é interpretado de alguma forma antes que seja estudado. Assim, o pesquisador assume sua ontologia. Portanto o método hermenêutico5 envolve avaliação, que por sua vez pode ter uma relação reflexiva com a vida do pesquisador, podendo influenciar o seu redirecionamento. Uma abordagem científica que favorece a hermenêutica é o construcionismo social. Construcionistas sociais enfatizam que processos de avaliação estão presentes em toda a prática científica tanto em ciência natural, quanto em ciência social, pois em ambas as crenças e valores pessoais do cientista assim como as ideologias da sua cultura influenciam as descobertas. Assim, não há cientista, mas um eu científico, construído, tal como outros Deus, dos materiais disponíveis nos processos que prevalecem. 5 Arte de interpretar o sentido das palavras, das leis, dos textos etc. Interpretação dos textos sagrados e dos que têm valor histórico. IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro 10 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 8 A ciência é uma atividade social com um papel na história da nossa cultura, e uma prática com dimensões políticas. Por enfatizar método, razão e apelo à evidência, a ciência se estabeleceu como autoridade superior à experiência subjetiva e aos pronunciamentos religiosos. Toda atividade científica começa como um empreendimento hermenêutico estruturado em significados. Mesmo a mais experimental das perspectivas assume um significado implícito, já que tem de determinar o que interessa, quais ideias ou problemas valem a pena ser investigados. A linguagem científica tem sido dominada por uma separação entre evidência e teoria e tem confiado na distinção entre a descrição dos eventos ou observações e os pronunciamentos que os explicam. A epistemologia da ciência demanda que haja padrões ou regularidades e uma ordem subjacente a ser descoberta. A ordenação usual é através de teorias onde leis são teoremas num sistema dedutivo e os padrões da natureza são revelados por experimentos que testam essa ordem teórica. Sem tal estruturação não haveria sentido em fazer ciência. Na verdade é o status dessa ordenação e como ela surge queé constantemente disputado. Historicamente, o debate começou com a tese de Francis Bacon de que teorias devem derivar de uma crença na verdade da natureza. Seu empirismo desafiava uma prática acadêmica baseada no conhecimento dedutivo aristotélico e acabou se tornando uma visão amplamente aceita de que indução e descobertas empíricas deviam ser a base suprema do raciocínio científico. Após Bacon, os debates se concentraram na realidade das teorias e fatos com empíricos e racionalistas divergindo sobre papel da evidência e o status da teoria na criação da ordem explicativa. O empírico Hume insistia que todo o ordenamento teórico é estruturado na experiência, que é a base do conhecimento. Já Descartes enfatizava o papel da razão na geração do conhecimento indicando que o conceito de causalidade é necessário para a organização da experiência em teoria e evidência. Kant resumiu o debate entre racionalismo e empirismo ao declarar que nós vemos causas no mundo dos fenômenos, mas elas existem somente na realidade psicológica devido ao nosso maquinário cognitivo inato (argumento transcendental). Assim a noção de “causa” é uma construção da mente humana. IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro 11 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 Os construcionistas vão além do argumento Kantiano em seu ceticismo6 sobre a realidade das teorias e entidades ao sugerir que a ordem teórica não é encontrada na natureza, mas lida nela. Os significados dos padrões observados dependem da interpretação humana e não das sombras da aparência. Além disso, nossa leitura da natureza é limitada não por causa dos sentidos humanos, mas porque os processos de construção do conhecimento e a natureza fundamentalmente social da mente humana são objeto de convenções linguísticas e sociais. O importante aqui não é somente o que teorias referenciam ou representam, mas também como elas são elaboradas. Os atos de perceber, observar e raciocinar são situados na prática social. Nós estamos sempre dentro de uma linguagem e de uma sociedade. A razão e a experiência são dimensões de como nós organizamos e fazemos o conhecimento. Em resumo, nós enxergamos através das lentes embaçadas das nossas representações culturais. 6 Doutrina filosófica dos que duvidam de tudo e afirmam não existir a verdade, que, se existisse, seria o homem incapaz de conhecê-la. Estado de quem duvida de tudo; pirronismo. IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro 12 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 Representação e objetos O realismo epistemológico7 encontrado em versões tradicionais da ciência assume que o mundo pode ser imaginado numa relação direta entre representação e objeto. A ideia de representação é um conjunto de crenças e práticas de acordo com as quais várias entidades (significados, causas, motivos, intenções, fatos, objetos, etc.) existem a priori em relação às suas representações superficiais (documentos, aparências, signos, imagens, ações, comportamento, linguagem, conhecimento, etc.). Construcionistas sociais negam tal percepção da realidade por a entenderem como algo socialmente construído, de modo múltiplo e dinâmico. Em outras palavras, a noção humana de realidade resulta de um intrincado processo de construção e negociação profundamente enraizadas na cultura (Bruner, 1990). Assim, observações, científicas ou não, são mais bem entendidas se situadas dentro de um contexto e de uma perspectiva. Portanto, objetos, eventos e o mundo real não existem independentemente da interpretação humana. O construcionismo social moderno deve muito da sua existência ao pragmatismo8, movimento filosófico liderado por pensadores como William James e John Dewey. James afirmou que significados são estabelecidos a partir de ações no mundo, não por reflexão intelectual. A sociologia 9 do conhecimento, iniciada por Karl Mannheim também teve impacto no construcionismo. Mannheim argumentava que o conhecimento se desenvolvia como um processo social, dessa forma, a origem das ideias podia ser objeto de investigação sociológica. Assim ao invés de formular perguntas ao modo da ciência tradicional, isto é, se tal ideia é verdadeira ou falsa, a pergunta torna-se “por quê esse tipo de conhecimento, nesse momento da história?”. 7 Epistemologia: Teoria ou ciência da origem, natureza e limites do conhecimento. 8 Ênfase no pensamento filosófico na aplicação das idéias e das conseqüências práticas de conceitos e conhecimentos; filosofia utilitária. Tratamento dos fenômenos históricos com referência especial às suas causas, condições antecedentes e resultados. Consideração das coisas de um ponto de vista prático. 9 Ciência que se ocupa dos assuntos sociais e políticos, especialmente da origem e desenvolvimento das sociedades humanas em geral e de cada uma em particular. Segundo Augusto Comte, o conjunto das ciências que tratam do homem na sociedade, isto é, sob o aspecto moral, jurídico, político, econômico etc. Ciência ou estudo das leis fundamentais das relações, IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro 13 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 O excessivo relativismo do construcionismo social porém gerou certas inquietações de ordem ética, moral e política por dar a entender que se tudo é relativo, qualquer coisa pode ser válida. Tal constatação pode levar a uma certa comodidade política e existencial. Diante de tal indagação, Edwards et al. (1995) responde que não há contradição entre ser um relativista e ser um membro de uma dada cultura com compromissos, crenças e um senso comum compartilhado de realidade. A ideia de que derrotar o realismo implica necessariamente que todos os nossos valores ficaram deteriorados não é mais convincente do que a ideia de que a vida sem Deus é destituída de significado e valor. A morte de Deus não fez o resto do mundo desaparecer. Na verdade o deixou para nós fazermos. O que restou para nós não foi um mundo sem significado ou valor, um mundo de absoluta imoralidade onde tudo é permitido, tal como concluído por Nietzsche e Dostoyevsky, mas precisamente o contrário. Há uma quantidade de valores e significados sobre os quais se pode argumentar, alterar, defender e inventar, incluindo o metavalor de que alguns desses significados e valores podem ser declarados universais e auto evidentes. Auto evidência aqui é o resultado ao invés da negação da argumentação. Em outras palavras, ao considerarmos conhecimento, realidade e verdade como construções humanas, somos levados a trabalhar e defender um ponto de vista. Assim, não são os valores humanos que se tornam decadentes e sim certos “valores autorais” (Bruner, 1990) ou a autoridade final que pode decidir sobre a verdade para além do diálogo, do debate, e da argumentação. Portanto o conceito de “verdade científica” torna-se relacionado a como as coisas são na prática, com a ideia de ação e não de contemplação. 14 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro 14 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 INOVAÇÃO TECNOLÓGICA: Arte ou Método? CONCEITOS INICIAIS As demandas novas e crescentes por produtos econômica e ambientalmente corretos e inesperados desafios decorrentes desteprocesso no mundo globalizado atual exigem que se pense e atue de uma nova maneira. É preciso ressaltar que inovação tecnológica está associada à sobrevivência das empresas no mercado. É preciso unir criatividade e a ação inovadora que resultem em vantagem competitiva frente aos seus competidores. De acordo com dados de pesquisas já realizadas pelo Ministério de Ciência e Tecnológica (MCT), as quais iremos analisar com maior detalhe nas próximas aulas, uma boa parte das empresas reconhecem que a Inovação é fundamental para alcançar ou sustentar uma vantagem competitiva num mercado em acelerada transformação, mas ainda é bem restrito no Brasil o número de empresas que efetivamente trabalham pela inovação. Para que a inovação tecnológica ocorra em sua plenitude, alguns aspectos são fundamentais: ▪ É preciso primeiramente aprender a ousar com responsabilidade e antes, superar o medo de ousar; ▪ O sucesso de um negócio está relacionado à capacidade do empreendedor de buscar o diferente para fazer com maior eficácia e eficiência, buscando sempre realizar atividades com maior eficiência e eficácia o quase-impossível; ▪ É preciso ―aceitar que a única certeza é que tudo mudará; IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro 15 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 Agindo deste modo, as ameaças podem ser transformadas em oportunidades de melhoria. Ainda é importante ressaltar que há uma confusão entre os significados entre ―criatividade com ―inovação. São dois termos distintos, porém correlatos. "Criatividade é pensar coisas novas. Inovação é fazer coisas novas”. A inovação, portanto, é fruto da criatividade. A criatividade é o meio, o processo e não o produto. Ou seja, é necessário que se tenha um raciocínio criativo para produzir ideias novas que vão gerar coisas novas, ou seja, INOVAÇÃO. Iremos estudar mais detalhamente estes conceitos. Aliás, é fundamental iniciarmos nosso estudo sobre inovação tecnológica nas empresas definindo alguns conceitos. Á propósito, onde podemos encontrar facilmente estas definições? Bem, estas definições são amplamente divulgadas pela FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos), que é órgão federal responsável em promover as ferramentas necessárias para que a Inovação Tecnológica ocorra de maneira mais significativa no Brasil. Deste modo, podemos acessar o site da FINEP(http://www.finep.gov.br/o_que_e_a_finep/conceitos_ct.asp) no qual um glossário bastante rico está disponível para consulta. Deste site, retiramos as seguintes definições sobre Inovação: ―INOVAÇÃO: Significa a solução de um problema tecnológico, utilizada pela primeira vez, descrevendo o conjunto de fases que vão desde a pesquisa básica até o uso prático, compreendendo a introdução de um novo produto no mercado em escala comercial, tendo, em geral, fortes repercussões socioeconômicas. LONGO, W.P. Conceitos Básicos sobre Ciência e Tecnologia. Rio de Janeiro, FINEP, 1996. v.1. ―INOVAÇÃO: É a introdução no mercado de produtos, processos, métodos ou sistemas não existentes anteriormente ou com alguma característica nova e iferente da até então em vigor.GUIMARÃES, Fábio Celso de Macedo Soares. FINEP. Rio de Janeiro, 2000. ―INOVAÇÃO não é arte é método. ―INOVAÇÃO é o instrumento específico do espírito empreendedor. É o ato que contempla os recursos com a nova capacidade de criar riqueza. IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro 16 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 INOVAÇÃO DE PROCESSO TECNOLÓGICO De acordo com o descrito no site da FINEP: ―É a adoção de métodos de produção novos ou significativamente melhorados, incluindo métodos de entrega dos produtos. Tais métodos podem envolver mudanças no equipamento ou na organização da produção, ou uma combinação dessas mudanças, e podem derivar do uso de novo conhecimento. Os métodos podem ter por objetivo produzir ou entregar produtos tecnologicamente novos ou aprimorados, que não possam ser produzidos ou entregues com os métodos convencionais de produção, ou pretender aumentar a produção ou eficiência na entrega de produtos existentes. Por exemplo, uma mudança de processo em telecomunicações para introdução de uma rede inteligente pode permitir a oferta ao mercado de um conjunto de novos produtos, tais como espera de chamada ou visualização da chamada. OECD. Oslo Manual. Paris, OCDE/Eurostat, 1997, cap.3, pag.51. INOVAÇÃO DE PRODUTOS E PROCESSOS TECNOLÓGICOS (PPT) Também de acordo com o descrito no site da FINEP: ―Compreende as implantações de produtos e processos tecnologicamente novos e substanciais melhorias tecnológicas em produtos e processos. Uma inovação PPT é considerada implantada se tiver sido introduzida no mercado (inovação de produto) ou usada no processo de produção (inovação de processo). Uma inovação PPT envolve uma série de atividades científicas, tecnológicas, organizacionais, financeiras e comerciais. Uma empresa inovadora em PPT é uma empresa que tenha implantado produtos ou processos tecnologicamente novos ou com substancial tecnológica durante o período em análise. A exigência mínima é que o produto ou processo deve ser novo (ou substancialmente melhorado) para a empresa (não precisa ser novo no mundo). Estão incluídas inovações relacionadas com atividades primárias e secundárias, bem como inovações de processos em atividades similares. OECD. Oslo Manual. Paris, OCDE/Eurostat, 1997, cap.3. pág 47. De acordo com estas definições, fica claro que a Inovação Tecnológica abrange vários aspectos relacionados entre si. IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro 17 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 Outra questão importante é a diferença entre Inovação e Invenção. Também de acordo com o descrito no site da FINEP, ―INVENÇÃO é uma concepção resultante do exercício da capacidade de criação do homem, que represente uma solução para um problema técnico específico, dentro de um determinado campo tecnológico e que possa ser fabricada ou utilizada industrialmente. O certificado de adição de invenção é um aperfeiçoamento ou desenvolvimento introduzido no objeto de determinada invenção. A proteção é cabível para o depositante ou titular da invenção anterior a que se refere (Art. 76 da LPI). O desenho industrial é a forma plástica ornamental de um objeto ou o conjunto ornamental de linhas e cores que possa ser aplicado a um produto, proporcionando resultado visual novo e original na sua configuração externa e que possa servir de tipo de fabricação industrial (Art. 95 da LPI). INPI. Patentes e Desenhos Industriais. Disponível na Internet. http://www.inpi.gov.br. Portanto, INVENÇÃO é um termo intimamente ligado com INOVAÇÃO. Toda INVENÇÃO pode vir a gerar uma INOVAÇÃO, desde que seja inserida no mercado consumidor com êxito, ou seja, com sucesso. Deste modo, a Inovação Tecnológica está intimamente relacionada em como fazer melhor o que já fazemos bem, em como fazer em menos tempo, com mais economia, em menos etapas, com mais facilidade e com menos recursos. Inovar é gerar alternativas melhores para velhas soluções ou alternativas novas para resolver novos e velhos problemas. Assim, se você fizer diferente e melhor alguma atividade, isto pode fazer a diferença entre liderar ou correr atrás do líder. Para fazer diferente é preciso pensar diferente. Um novo olhar exige uma percepção e um raciocínio ampliados. As boas ideias nascem, acimade tudo, pela curiosidade, pela ousadia em perguntar o porquê das coisas. A inovação surge quando acreditamos que tudo pode ser melhorado. Com esta breve introdução da disciplina, iremos agora propor algumas atividades a fim de propiciar um melhor entendimento dos conceitos aqui discutidos. 24 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro 18 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 MODELOS DE MUDANÇAS TECNOLÓGICAS O atual cenário da economia é caracterizado pela competição cada vez mais acirrada, a qual modelos tradicionais e técnicas eficazes de gestão são rapidamente disseminados, exigindo das organizações uma maior capacidade de formular e implementar estratégias que possibilitem superar os crescentes desafios de mercado e atingir seus objetivos de curto, médio e longo prazos. A velocidade de ocorrência das mudanças no ambiente competitivo pode estar associada a vários fatores, onde destacam-se o desenvolvimento tecnológico, a integração de mercados, o deslocamento da concorrência para o âmbito internacional, a redefinição do papel organizacional, além das alterações do perfil demográfico e dos hábitos dos consumidores. Tais mudanças têm exigido uma reestruturação das estratégias adotadas pelas organizações e uma capacidade contínua de inovação e adaptação, através dos Sistemas de Informação (SI) e da Tecnologia da Informação (TI). Os Sistemas de Informação podem ser definidos como um conjunto de elementos ou componentes inter-relacionados que armazena, coleta, processa e distribui dados e informações com a finalidade de dar suporte às atividades de uma organização. Já a Tecnologia da Informação pode ser todo e qualquer dispositivo que tenha capacidade para tratar dados e ou informações, tanto de forma sistêmica como esporádica, quer esteja aplicada ao produto ou no processo através de recursos tecnológicos e computacionais para a geração e uso das informações nas organizações, incluindo aquelas utilizadas ao processamento e transmissão de dados, voz, gráficos e vídeos. Dessa forma, o principal benefício que a tecnologia da informação traz para as organizações é a sua capacidade de melhorar a qualidade e a disponibilidade deinformações e conhecimentos importantes para a empresa, seus clientes e fornecedores. IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro 19 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 Os sistemas de informação mais modernos oferecem às empresas oportunidades sem precedentes para a melhoria dos processos internos e dos serviços prestados ao consumidor final. O uso da reengenharia de processos para direcionar os novos sistemas de informação proporciona um aumento significativo da satisfação dos clientes, e/ou a redução de custos, ao contrário das iniciativas que envolvem o uso de tecnologia apenas para fazer mais rápido o mesmo trabalho. A atual economia mundial está vivendo um momento de profundas transformações, em que se opera a mais inovadora das revoluções já experimentadas. O ambiente e as formas de gestão das organizações vêm sendo completamente modificados em decorrência da transformação dos valores e das mudanças tecnológicas e demográficas ocorridas nos últimos anos. O ambiente empresarial está mudando continuamente, tornando-se mais complexo e menos previsível, e cada vez mais dependente de informação e de toda a infra-estrutura tecnológica que permite o gerenciamento de enormes quantidades de dados. A tecnologia está gerando grandes transformações, que estão ocorrendo a nossa volta de forma ágil e sutil. É uma variação com consequências fundamentais para o mundo empresarial, causando preocupação diária aos empresários e executivos das corporações, com o estágio do desenvolvimento tecnológico das empresas e/ou de seus processosinternos. A convergência desta infra-estrutura tecnológica com as telecomunicações que aniquilou as distâncias, está determinando um novo perfil de produtos e de serviços. Com o desenvolvimento da Sociedade do Conhecimento, novas formas de pensar, diferentes daqueles valores emergentes da época da industrialização estão surgindo, pois as máquinas que antes apenas substituíam a força física, agora complementam a capacidade mental do ser humano, ou seja, o modo de produção de bens vem sendo substituído pelo modo de produção do conhecimento. Dessa forma, as organizações começaram a valorizar um recurso primordial para sua sobrevivência: a informação. As empresas diagnosticaram que pela gestão da informação tornaram-se competitivas, organizadas e aptas a responder às mudanças exigidas pelo cenário econômico mundial. IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro 20 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 O real desafio das instituições não é identificar a mudança a qual se adaptar, e sim, entender e avaliar corretamente o escopo dessas mudanças para que possam também planejá-las, pois, as organizações além de serem produtos do meio em que existem, também são agentes de mudanças. Um dos primeiros usos do termo estratégia foi feito há aproximadamente 3.000 anos pelo estrategista chinês Sun Tzuo, que afirmava que ―todos os homens podem ver as táticas pelas quais eu conquisto, mas o que ninguém consegue ver é a estratégia a partir da qual grandes vitórias são obtidas. Segundo MINTZBERG (1996), o termo estratégia assumiu o sentido de habilidade administrativa na época de Péricles (450 a.C.), quando passou a significar habilidades gerenciais (administrativas, liderança, oratória, poder). Mais tarde, no tempo de Alexandre (330 a.C.), adquiria o significado de habilidades empregadas para vencer um oponente e criar um sistema unificado de governança global. Estratégia significava inicialmente a ação de comandar ou conduzir exércitos em tempo de guerra – um esforço de guerra. Representava um meio de vencer o inimigo, um instrumento de vitória na guerra, mais tarde estendido a outros campos do relacionamento humano: político, econômico e ao contexto empresarial, mantendo em todos os seus usos a raiz semântica, qual seja, a de estabelecer caminhos. Origina-se assim como um meio de “um vencer o outro", como uma virtude de um general de conduzir seu exército à vitória, utilizando-se para isso de estratagemas e instrumentos que assegurassem a superioridade sobre o inimigo. Não existe um conceito único, definitivo de estratégia. O vocábulo teve vários significados, diferentes em sua amplitude e complexidade, no decorrer do desenvolvimento da Administração Estratégica. THOMPSON JR. e STRICKLAND III (2000) definem estratégia como sendo um conjunto de mudanças competitivas e abordagens comerciais que os gerentes executam para atingir o melhor desempenho da empresa. (...) é o planejamento do jogo de gerência IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro 21 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 para reforçar a posição da organização no mercado, promover a satisfação dos clientes e atingir os objetivos de desempenho.Já WRIGHT, KROLL e PARNELL (2000), que a definem como planos da alta administração para alcançar resultados consistentes com a missão e os objetivos gerais da organização. A Administração Estratégica teve uma constituição tardia em relação a outras disciplinas tradicionais do Conhecimento Administrativo. Surgiu como uma disciplina híbrida, sofrendo influências da sociologia e daeconomia; é, essencialmente, uma evolução das teorias das organizações (VASCONCELOS, 2001). Somente a partir da década de 1950 passou a receber maior atenção dos meios acadêmico e empresarial, quando então alavancou o seu desenvolvimento, notadamente a partir dos anos 60 e 70. Até os anos 50, a preocupação dos empresários se restringia aos fatores internos às empresas, como a melhoria da eficiência dos mecanismos de produção, uma vez que ainda não existia um ambiente de hostilidade competitiva, o mercado não era muito diversificado e oferecia oportunidades de crescimento rápido e não muito complexo. Catalisada pelos esforços de guerra, a partir dos anos 50 a complexidade do mundo empresarial aumentou, passando a exigir um perfil gerencial mais empreendedor, respostas mais rápidas e corretas à ação de concorrentes, uma redefinição do papel social e econômico das empresas e uma melhor adequação à nova postura assumida pelos consumidores. É nesse cenário que se constituiu a AE. Seu objetivo principal pode ser definido como uma adequação constante da organização ao seu ambiente, de maneira a assegurar a criação de riquezas para os acionistas e a satisfação dos seus stakeholders (reclamantes da empresa: acionistas, empregados, clientes e fornecedores). A Administração Estratégica é, atualmente, uma das disciplinas do campo da Administração de maior destaque e relevância, pela produção científica e também pelo número de consultorias organizacionais. Qualquer organização, conscientemente ou não, adota uma estratégia, considerando-se que a não adoção deliberada de estratégia por uma organização pode ser entendida como uma estratégia. Além disso, a importância maior da AE está no fato de se constituir em um conjunto de ações administrativas que possibilitem aos gestores de uma organização mantê-la integrada ao seu ambiente e no curso correto de desenvolvimento, assegurando-lhe atingir seus objetivos e sua missão. A estratégia, IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro 22 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 nesse contexto, assim como a organização e o seu ambiente, não é algo estático, acabado; ao contrário, está em contínua mudança, desempenhando a função crucial de integrar estratégia, organização e ambiente em um todo coeso, rentável e sinérgico para os agentes que estão diretamente envolvidos ou indiretamente influenciados. Analisando-se a evolução do pensamento estratégico, observa-se que ele passou por diferentes fases e contextos semânticos. Desde sua origem milenar, o vocábulo estratégia assumiu diversos significados, sem, contudo, perder sua raiz semântica. Representa hoje um importante instrumento de adequação empresarial a um mercado competitivo e turbulento, preparando a organização para enfrentá-lo e utilizando-se, para isso, de suas competências, qualificações e recursos internos, de maneira objetiva e sistematizada. A estratégia empresarial, apesar de ter sua elaboração concentrada na alta administração, deve ser conhecida por todos os funcionários da organização, os quais devem atuar de forma participativa na sua implantação. Essa atuação dos funcionários como colaboradores é necessária em razão do caráter transitório e adaptativo dessa estratégia, que é um processo contínuo e propenso a mudanças e adequações, mergulhado em um contexto de incertezas macroeconômicas. Em virtude da turbulência do ambiente de mercado atual, a Administração Estratégica deve ser vista como um processo contínuo, no qual as estratégias devem ser constantemente revistas, pois nem sempre se alcançam os objetivos pretendidos. Uma estratégia pretendida pode ser realizada em sua forma original, modificada ou até mesmo de forma completamente diferente. Conforme Porter (1989), a estratégia identifica a posição da empresa no ambiente competitivo e a forma como ela poderá continuar ou, até mesmo, melhorar sua posição em relação a seus concorrentes. Fica evidente, assim, que os gerentes necessitam de informação sobre a organização e o ambiente externo da empresa, com vista a identificar ameaças e oportunidades, criando um cenário para uma resposta eficaz e competitiva. IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro 23 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 No entanto, Beuren afirma que: Assim, se o tipo de estratégia que orienta a organização está voltada à liderança em custos, então, a ênfase maior deve estar centrada no controle de custos, a fim de conseguir uma expansão de vendas praticando preços inferiores aos de seus concorrentes. (1998, p. 46) Uma mentalidade voltada somente para o lucro, dentro deste novo ambiente torna-se, a longo prazo, mais um obstáculo do que um orientador para um desempenho organizacional superior. A organização da Era da Informação, da estratégia centrada, possui enfoque maior na diferenciação nos produtos e serviços. Outros fatores devem ser perseguidos para a obtenção de vantagem competitiva, tais como: qualidade, tecnologia, inovação, dentre outros. Portanto, o tipo de estratégia que orientará a organização é determinante do escopo para alcançá-la. Observa-se, então, que a informação atua como diferenciador para a gestão estratégica das organizações. Contudo, o conjunto de informações necessárias para a elaboração da estratégia empresarial torna-se cada vez mais complexa em função da velocidade do movimento dos agentes do mercado. No entanto, os responsáveis pela elaboração da estratégia empresarial, a fim de identificar tanto as ameaças quanto as oportunidades em potencial para a empresa, requerem informações diferenciadas. BIO (1985), acrescenta que o planejamento e o controle são a essência para a tomada de decisão, uma vez que dependem de informações oportunas e confiáveis para os processos decisórios. Para Ricci, citado por Beuren: o processo de decisão pode ir de um extremo, onde as soluções ou respostas já estão programadas e podem ser automatizadas, até outro, onde os problemas são amplos e complexos, não previstos, não estruturados e demandam grande volume de informações. (1998, p. 47) IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro 24 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 Assim, não há um procedimento padrão nas organizações, no que diz respeito à divisão das funções do gerenciamento da informação na fase de execução estratégica. Porém, adotando formas de gerenciamento, através de um sistema, as informações serão direcionadas à soluções que problemas podem apresentar. IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro 25 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO - SI Tendo em vista que a economia industrial está sendo substituída pela economia da informação e, neste tipo de economia a concorrência é caracterizada pela maneira eficaz de utilização das informações, é necessário que as organizações utilizem o Sistema de Informação - SI como uma ferramenta estratégica fundamental que irá destacá-la pelos ganhos de qualidade e produtividade, na realização de seus objetivos e de sua missão. A distinção entre dado, informação e conhecimento é imprescindível para o melhor entendimento do funcionamento de um sistema de informação. Oliveira define que dado é qualquer elemento identificado emsua forma bruta que por si só não conduz a uma compreensão de determinado fato ou situação‖ (1996, p. 34). A partir do dado transformado, obtém-se a informação, o que habilitará que a empresa a alcançar seus objetivos pelo uso eficiente dos recursos, permitindo, através de seu gerenciamento, a tomada de decisões. Para gerar uma informação pela relação estabelecida entre dados, exige-se conhecimento. No entanto, Stair afirma que "conhecimento é o corpo ou as regras, diretrizes e procedimentos usados para selecionar, organizar e manipular os dados, para torná-los úteis para uma tarefa específica" (1998, p. 5). Portanto, o Sistema de Informação é um mecanismo de apoio à gestão, desenvolvido com base na tecnologia de informação e com o suporte da informática para atuar como condutores das informações, visando facilitar, agilizar e otimizar o processo decisório nas organizações. IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro 26 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 ESTRATÉGIAS DE INOVAÇÃO A inovação pode ser gerida, desde que se saiba para onde e como olhar. Para a fazer acontecer, os executivos são responsáveis pela busca constante de novas oportunidades. Mas, como adverte Peter Drucker, encontrar essas oportunidades e transformá-las em soluções exige uma grande disciplina Por: Peter Drucker Existe uma grande discussão em torno do conceito de «personalidade empresarial». Contudo, foram poucos os empresários com quem trabalhei nos últimos 30 anos queostentavam esses traços de personalidade. O que todos os empresários bem sucedidos parecem ter em comum não é um tipo específico de personalidade, mas um empenhamento dirigido para a prática sistemática da inovação. A inovação é a função específica da capacidade empresarial, seja num negócio já existente, numa instituição de serviço público ou num pequeno negócio iniciado por um indivíduo na cozinha da família. É o meio através do qual um espírito empreendedor cria novos recursos de produção de riqueza ou desenvolve recursos já existentes com um potencial refinado para a criação de riqueza. Existe atualmente uma grande confusão em torno da definição exata de «capacidade empresarial». O termo, contudo, refere-se não à dimensão ou longevidade de qualquer empresa, mas sim a um certo tipo de atividade. E é precisamente no centro desta atividade que está a inovação: o esforço para criar uma mudança intencional e centrada no potencial econômico ou social de uma empresa. IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro 27 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 As fontes de inovação Existem, obviamente, inovações que provêm de rasgos de genialidade. No entanto, a maioria das inovações e, especialmente, as de maior sucesso, resultam de uma procura consciente e intencional de oportunidades de inovação, que se resumem a apenas algumas situações. Existem quatro tipos de oportunidades que se encontram facilmente no interior das empresas ou das indústrias: • Ocorrências inesperadas; • Incongruências; • Necessidades de processo; • Alterações no mercado e na indústria. Existem, por seu turno, três fontes de oportunidades exteriores à empresa, que compõem o ambiente social e intelectual circundante: • Alterações demográficas; • Alterações na percepção; • Novos conhecimentos. Estas fontes podem, contudo, sofrer uma sobreposição. Dada a diferente natureza subjacente ao seu risco, dificuldade ou complexidade, o potencial para a inovação poderá residir em mais do que uma área ao mesmo tempo. Mas, em conjunto, estas oportunidades correspondem à grande maioria de todas as oportunidades que facilitam a inovação. • Ocorrências inesperadas. Consideremos, em primeiro lugar, a fonte mais fácil e simples de oportunidade de inovação: o inesperado. No início dos anos 30, a IBM desenvolveu a primeira máquina moderna de cálculo, concebida para ser utilizada em bancos. Mas em 1933 os bancos não compravam equipamentos novos. De IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro 28 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 acordo com Thomas Watson, Sr., fundador e presidente executivo da empresa durante um longo período, o que salvou a IBM foi a exploração de um sucesso inesperado: a Biblioteca Pública de Nova Irque estava interessada em adquirir uma máquina. Ao contrário dos bancos, as bibliotecas, na era do New Deal, possuíam recursos financeiros, e Watson acabou por vender mais de uma centena de máquinas a bibliotecas que, de outra forma, teriam ficado nos armazéns da IBM. Os sucessos e os fracassos inesperados são fontes extremamente produtivas de oportunidades de inovação, pois a maioria dos negócios não lhes presta atenção, negligencia-os e até os insulta. O cientista alemão que, por volta de 1905, sintetizou a novocaína, o primeiro narcótico não aditivo, tencionou utilizá-la em delicadas intervenções cirúrgicas, como a amputação. Os cirurgiões, contudo, preferiam utilizar a anestesia geral (o que ainda acontece). A novocaína despertou um forte interesse entre os dentistas. O seu inventor passou o resto da vida em escolas de medicina dentária, atacando os dentistas que davam um uso impróprio à sua nobre invenção, utilizando-a em situações que ele não tinha previsto. Embora este exemplo seja uma caricatura, ilustra da melhor forma a atitude que os gestores professam em relação ao inesperado: «Isto nunca deveria ter acontecido.» Os sistemas de registo empresariais ampliam ainda mais esta espécie de reacção, pois não dão qualquer tipo de atenção a possibilidades não previstas. O relatório típico mensal ou trimestral contém, na sua primeira página, uma lista dos problemas — ou seja, as áreas que não atingiram os resultados esperados. Este tipo de informação é necessária, pois ajuda a prevenir a deterioração do desempenho. Mas também restringe o reconhecimento de novas oportunidades. O primeiro reconhecimento de uma possível oportunidade aplica-se, geralmente, a uma área na qual a empresa está a ter um desempenho melhor do que o que foi inicialmente previsto. Assim, os negócios genuinamente «empreendedores», possuem duas «primeiras páginas» — uma página de problemas e outra de oportunidades — e os gestores despendem exatamente o mesmo tempo a analisar cada uma das páginas. • Incongruências. Os Laboratórios Alcon representam uma das histórias de sucesso da década de 60, pois Bill Conner, o co-fundador da empresa, explorou uma incongruência na tecnologia medicinal. A operação às cataratas era a terceira ou quarta intervenção cirúrgica mais comum. Durante os últimos 300 anos, os médicos 51 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro 29 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 sistematizaram-na a tal ponto que o único passo «fora de moda» que restava era o corte do ligamento. Os cirurgiões oftalmologistas aprenderam a cortar o ligamento com sucesso absoluto, mas era um procedimento tão diferente do resto da operação, que normalmente temiam fazê-lo. Este comportamento era incongruente. Durante 50 anos, os médicos estiveram ao corrente de uma enzima que poderia dissolver o ligamento sem haver necessidade de o cortar. Tudo o que Conner fez foi adicionar uma defesa a esta enzima que lhe dava mais alguns meses de vida. Os cirurgiões aceitaram imediatamenteo novo composto e a Alcon viu-se subitamente no meio de um monopólio mundial. Cerca de 15 anos mais tarde, a Nestlé comprou a empresa por um preço simpático. Uma incongruência deste tipo no que diz respeito à lógica ou ritmo de um processo é apenas uma possibilidade que poderá surgir entre as oportunidades de inovação. Uma outra fonte é a incongruência entre realidades económicas. Por exemplo, sempre que uma indústria possui um mercado em crescimento mas fracassa nas suas margens de lucro — como, por exemplo, as indústrias de aço dos países desenvolvidos entre 1950 e 1970 — estamos perante uma incongruência. A resposta inovadora: fábricas com dimensões mais reduzidas. • Necessidades de processo. Aquilo a que chamamos atualmente «media» teve as suas origens em duas inovações que se desenvolveram por volta de 1890 como resposta a uma necessidade de processo. Uma foi a máquina de impressão Linotype, de Ottmar Mergenthaler, que tornou possível a produção rápida e em larga escala de jornais. A outra diz respeito a uma inovação social, a publicidade moderna, inventada pelos primeiros verdadeiros editores de jornais, Adolph Ochs, do New York Times, Joseph Pulitzer, do New York World, e William Randolph Hearst. A publicidade abriu-lhes as portas para distribuírem notícias praticamente de graça, a partir dos lucros provenientes do marketing. • Alterações no mercado e na indústria. Uma das maiores histórias de sucesso da América empresarial diz respeito à firma de corretagem Donaldson, Lufkin & Jenrette, adquirida pela Equitable Life Assurance Society. A DL&J foi fundada em 1960 por três jovens licenciados pela Harvard Business School, que IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro 30 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 compreenderam que a estrutura da indústria financeira estava a sofrer alterações à medida que os investidores institucionais se tornavam dominantes. Estes jovens não possuíam praticamente nem capital nem contactos. Mesmo assim, em poucos anos, a empresa tornou-se líder na negociação de comissões de transações e uma das grandes estrelas de Wall Street. Foi a primeira empresa de corretagem a ser reconhecida legalmente e a ser cotada na bolsa. Quando uma indústria cresce rapidamente — o valor crítico poderá rondar os 40% de crescimento em 10 ou menos anos — a sua estrutura muda. Empresas estáveis, concentradas em defender aquilo que já têm, tendem a não contra-atacar quando um recém-chegado as desafia. Na verdade, quando as estruturas do mercado ou da indústria sofrem alterações, os líderes da indústria tradicional teimam em negligenciar os segmentos de mercado que estão a registar maiores crescimentos. As novas oportunidades raramente se enquadram na forma como a indústria abordou desde sempre o mercado, o definiu ou o organizou. Os inovadores sofrem, desta forma, a tendência para serem deixados sós durante longos períodos. • Alterações demográficas. Das fontes externas das oportunidades de inovação, as demográficas são as de maior confiança. O sucesso inicial do Club Mediterranée é exemplo disso. Durante os anos 70, os observadores poderiam ter detectado a emergência de um largo número de jovens ricos e educados na Europa e nos Estados Unidos. Descontentes com o tipo de férias que os seus pais, pertencentes à classe trabalhadora, gozavam em Brighton ou Atlantic City, estes jovens constituíam os clientes ideais para uma nova e exótica versão das «escapadelas» próprias da juventude. No entanto, só o Club Mediterranée percebeu a tendência e a antecipou. Os gestores sempre souberam que a demografia interessa, mas sempre acreditaram que as estatísticas populacionais se alteram lentamente, o que não aconteceu, por acaso, neste século. Na verdade, as oportunidades de inovações tornadas possíveis pelas alterações no número existente de pessoas — e na sua distribuição de idade, educação, ocupação e localização geográfica — estão entre as mais recompensadoras e menos arriscadas procuras de inovação. IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro 31 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 • Alterações na percepção. Em vez de celebrarem as grandes melhorias que conseguiram realizar na área da saúde nos últimos 30 anos, os americanos parecem concentrar-se na distância que ainda os separa da desejada imortalidade. Esta atitude criou muitas oportunidades para inovações: mercados para revistas de saúde, para todos os tipos de alimentos mais saudáveis e para aulas de exercício físico ou equipamento de jogging. Um dos negócios que tem apresentado crescimentos rápidos é o das empresas que fabricam equipamentos para exercitar o corpo em casa. Uma mudança na percepção não altera factos, mas modifica o seu significado e de forma extremamente rápida. Levou menos de dois anos para que os7computadores deixassem de ser considerados como grandes ameaças ou como coisas que só as grandes empresas poderiam usar para passarem a ser encarados como algo que se compra para calcular os impostos a pagar no final do ano. A economia não dita, necessariamente, uma mudança tão radical. O que determina alguém a ver um copo meio cheio ou meio vazio é mais uma questão de disposição do que um facto, e uma alteração de humor desafia, muitas vezes, a quantificação. Mas não é abstracto, é concreto. Pode ser definido e testado. E poderá ser explorado para uma oportunidade de inovação. • Novos conhecimentos. Na história das inovações, aquelas que são baseadas em novos conhecimentos — sejam eles científicos, técnicos ou sociais — estão muito bem posicionadas. Elas são as superestrelas da capacidade empreendedora: elas recolhem a publicidade e o dinheiro. Representam aquilo em que pensamos quando falamos de inovação, apesar de nem todas as inovações baseadas no conhecimento serem importantes. Para ser eficaz, este tipo de inovação exige, normalmente, mais do que um tipo de conhecimento. Consideremos uma das maiores inovações baseadas em conhecimentos eficazes: os bancos modernos. A teoria do banco «empreendedor» — ou seja, o uso intencional do capital para gerar desenvolvimento económico — foi formulada pelo conde de Saint-Simon durante a era de Napoleão. Apesar da proeminência de Saint-Simon, foi só 30 anos após a sua morte, em 1825, que dois IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro 32 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 dos seus discípulos, os irmãos Jacob e Isaac Pereire, estabeleceram o primeiro banco «empreendedor», o Crédit Mobilier, e desenvolveram aquilo que atualmente denominamos «capitalismo financeiro». Os Pereire não possuíam quaisquer conhecimentos de banca comercial moderna. O Crédit Mobilier falhou redondamente. Alguns anos mais tarde, dois jovens, um americano, J. P. Morgan, e um alemão, Georg Siemens, juntaram a teoria francesa de banca empreendedora e a teoria inglesa de banca comercial, que resultou nos primeiros bancos modernos de sucesso, o J. P. Morgan & Company, em Nova Iorque, e o Deutsche Bank, em Berlim. Dez anos mais tarde, um jovem japonês, Shibusawa Eiichi, adaptou o conceito de Siemens ao seu país e edificou os fundamentos da economia moderna japonesa. Estes exemplos ilustram como funciona a inovação com base no conhecimento. Longos períodos de incubação e a necessidade de uma convergência entre os diferentes tipos de conhecimento explicam os ritmos peculiares destas inovações, as suas atrações e perigos. Durante o longo período de gestação, há muita conversa epouca ação. Depois, quando os elementos finalmente convergem, assiste-se a grande excitação e atividade. Embora possa ser difícil, a inovação com base no conhecimento pode ser gerida. O sucesso exige uma análise cuidadosa das várias formas de conhecimento necessárias para tornar a inovação possível. J. P. Morgan como Siemens fizeram- no quando embarcaram nos seus negócios. Embora possa parecer paradoxal, a inovação com base em conhecimentos é muito mais dependente do mercado do que qualquer outro tipo de inovação. A empresa britânica De Havilland construiu o primeiro avião a jacto para passageiros sem antes ter analisado o mercado, não identificando por isso dois factores cruciais. Um dizia respeito à configuração, ou seja, a dimensão certa com a carga adequada para as viagens nas quais um avião a jacto deveria dar à companhia aérea maiores vantagens. O outro era igualmente simples: como poderiam as companhias aéreas financiar a compra de um avião tão caro? Como a De Havilland não efetuou a análise necessária, a Boeing e a Douglas, ambas americanas, tomaram conta da indústria dos aviões a jacto. Para o «empreendedor», existe muito mais do que do que somente a inovação sistemática — por exemplo, estratégias empreendedoras distintas e princípios de gestão inovadores, que são igualmente necessários para a empresa estável, para as organizações de serviço público e para os novos empreendimentos. Mas os alicerces da capacidade empreendedora, como prática e como disciplina, são a prática da inovação sistemática. IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro 33 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 OS GRANDES PRINCÍPIOS DA INOVAÇÃO Uma inovação sistemática e intencional inicia-se com a análise das fontes de novas oportunidades. Dependendo do contexto, as fontes terão importância distinta em épocas diferentes. Atenção ao mercado: Como a inovação é conceptual e perceptiva, os possíveis inovadores precisam ver, perguntar e ouvir. Seguidamente, devem procurar potenciais utilizadores para estudarem as suas expectativas e necessidades. Simplicidade: Para ser eficaz, uma inovação deve ser simples e centralizada. O maior elogio que uma inovação pode receber mede-se pelas seguintes palavras: «Isto é óbvio! Por que motivo não pensei nisso? É tão simples!» Mesmo a inovação que cria novos utilizadores e mercados deverá ser direcionada para uma aplicação específica. Especificidade: As inovações eficazes começam por ser pequenas. Tentam fazer algo específico. Poderá ter sido a ideia elementar de colocar o mesmo número de fósforos em todas as caixas (costumavam ser 50) que deu aos suecos um monopólio mundial durante meio século. Pelo contrário, ideias que «revolucionam uma indústria» dificilmente funcionam. Aspiração à liderança: Ninguém poderá prever se uma determinada inovação se transformará num grande negócio ou num feito modesto. Mas uma inovação de sucesso deverá aspirar, desde o início, a representar um standard, a determinar a direção de uma nova tecnologia ou indústria. Se uma inovação não aspirar à liderança desde o início, é pouco provável que seja inovadora o suficiente. Persistência: Acima de tudo, uma inovação requer mais trabalho do que genialidade. Exige conhecimento. Os inovadores raramente trabalham em mais do que uma área. Thomas Eddison, por exemplo, trabalhava estritamente no campo eléctrico. Na inovação, existe talento, ingenuidade e conhecimento. Mas quando tudo está dito e feito, o que a inovação exige é trabalho árduo, centralizado e intencional. IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro 34 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 FORMAS DE ACESSO À TECNOLOGIA A filosofia, a religião e as artes sempre tiveram um papel relevante no condicionamento do comportamento humano. Entretanto, com o desenvolvimento da ciência e da tecnologia, estas vieram ocupar, gradativamente, papel cada vez mais importante como agentes modeladores do modo de vida do homem. A Ciência, como fator dominante nas crenças do homem, existe há cerca de 350 anos; a Tecnologia, como fator preponderante na indústria e na economia, há 200 anos. Nestes breves períodos de tempo, entretanto, se demonstraram como forças revolucionárias incrivelmente poderosas e estamos apenas no princípio de suas ações transformadoras da vida humana. Através das descobertas científicas e das aplicações tecnológicas correspondentes, foi que o ser humano se tornou capaz de atingir os seus mais relevantes objetivos materiais e econômicos. A rápida acumulação de conhecimentos e o desenvolvimento das tecnologias associadas criaram as bases necessárias à realização destes objetivos. Como consequência, a inovação tecnológica, promovendo a produtividade, trouxe um progresso sem precedentes à indústria e se constitui, cada vez mais, em fator imprescindível à prosperidade. As diversas etapas da evolução humana têm sido, muitas vezes, descritas pelo que pode ser considerada a orientação tecnológica do período. Deste modo, tivemos a idade da pedra, a do bronze e do ferro, e assim sucessivamente. Presentemente, chegamos à fase mais adiantada de um período que se iniciou com a Revolução Industrial do século XVIII, se acelerou com a 2a. Guerra Mundial e culminou com a era em que vivemos: a era nuclear e da informática. Os efeitos da ciência e da tecnologia sobre a sociedade são profundos e abrangentes. O primeiro a considerar, trata do efeito intelectual direto sobre as pessoas, que tem provocado o abandono de muitas crenças tradicionais e a adoção de outras referendadas pelo método científico e pela técnica. IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro 35 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 Os efeitos sobre a indústria, e como consequência sobre a economia, são de tal importância que redimensionaram, drasticamente, a participação dos recursos humanos no sistema produtivo e vem exigindo repetidas reciclagens no treinamento dos empregados.No que diz respeito à guerra, os efeitos são dramáticos, culminando com a capacidade do homem em vir a destruir a humanidade, o que trouxe profundas modificações políticas, a par de novos conceitos na condução dos conflitos. Os efeitos considerados provocaram, por sua vez, profundas mudanças na organização social e trouxeram uma nova concepção sobre o lugar do homem no Universo. Como resultado de tudo isto, vivemos hoje em uma sociedade científico-tecnológica caracterizada pelo fato de que o conhecimento científico e a tecnologia afetam a vida diária de todos, bem como a organização política, econômica, social e militar. A nossa geração é a primeira com a possibilidade técnica de antever um futuro material seguro, de forma concreta, sem a implausível extrapolação dos conhecimentos existentes. O crescimento econômico continuado é, frequentemente, atacado, sob o fundamento de que destrói os valores ambientais que são, muitas vezes, mais valorizados por si mesmos do que pela sua capacidade de sustentação biológica ou física da existência humana. Nestas condições, embora a ciência e a tecnologia tenham nos assegurado os meios para atender às necessidades de todos, as evidências são poucas de que a aplicação real desses meios seja inteiramente compatível com outros objetivos como: democracia, liberdade pessoal, meio ambiente esteticamente satisfatório e preservação da natureza primitiva ou da dignidade individual. Estes objetivos,na verdade, representam valores culturais derivados e a cultura, certamente, faz parte das condições de contorno que condicionarão as decisões sobre a futura tecnologia. IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro 36 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 Evidentemente, os interesses das sociedades industrialmente avançadas e aquelas em países em desenvolvimento nem sempre podem coincidir. Se as sociedades materialmente mais avançadas decidirem que já têm o suficiente de progresso material e se voltarem para outros valores, elas poderão tentar impedir o desenvolvimento de outros países. Estes irão, certamente, se contrapor a seus intentos, indo a busca daquilo que as sociedades avançadas já alcançaram. Para consecução de seus objetivos, os países desenvolvidos poderão criar dificuldades e restrições à livre disseminação da tecnologia, e mesmo da ciência, estabelecendo assim uma nova forma de colonização, através do domínio exclusivo da Ciência e Tecnologia. É necessário estabelecer limites para o condicionamento da opinião pública, inclusive por processos subliminares. Por outro lado, os ambientalistas temem que a biotecnologia possa transformar a natureza de acordo com parâmetros fixados pelo homem e não pela própria natureza. Esta intromissão da tecnologia na natureza poderá alterar a própria percepção da vida pelo homem. Teme-se que as futuras gerações venham a perceber a vida apenas como mais um manipulável programa de computador. Não estamos certos também de que organismos geneticamente alterados - ainda que potencialmente benéficos para o homem - não venham a produzir consequências desastrosas quando liberados no meio ambiente. São inúmeras, portanto, as questões de ordem ética, legal e social que precisam ser analisadas e equacionadas. IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro 37 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 COOPERAÇÃO ENTRE UTILIZADORES DO CONHECIMENTO OS TIPOS DE CONHECIMENTO HUMANO Conhecimento consiste em uma crença verdadeira e justificada (Platão, 428ac a 347ac) – A forma de buscar as realidades vem do conhecimento, não das coisas, mas do além das coisas. Esta busca racional é contemplativa, isto significa buscar a verdade no interior do próprio homem. “Conhecimento é a relação que se estabelece entre sujeito que conhece ou deseja conhecer e o objeto a ser conhecido ou que se dá a conhecer.” Segundo Cortella (1999), o conhecimento é a relação na qual intervêm o sujeito e o objeto, não estando à verdade nem no sujeito, nem no objeto, mas precisamente na interação entre eles. Por que conhecer? O ser humano conhece basicamente movido por duas necessidades intrínsecas: sobrevivência e evolução. Como conhecer? O ser humano, assim como todo ser vivente, conhece o mundo ao seu redor através dos sentidos. Constata-se assim que, o conhecimento em sua manifestação mais elementar, é produto da percepção sensorial. Contudo, o ser humano vai, além disto, pois produz conhecimento através do raciocínio. Cervo e Bervian (2004) explicam esta diferença entre conhecimento sensível e conhecimento intelectual. O conhecimento sensível corresponde à apropriação física, por exemplo, a representação de uma onda luminosa, de um som, o que acarreta uma modificação de um órgão corporal do sujeito cognoscente. Observam que tal tipo de conhecimento é encontrado tanto em animais como no homem.Já o conhecimento intelectual ou racional corresponde a uma representação não sensível, o que ocorre com realidades tais como conceitos, verdades, princípios e leis. IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro 38 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 No processo de apreensão da realidade do objeto, o sujeito cognoscente pode penetrar em todas as esferas do conhecimento: ao estudar o homem, por exemplo, pode- se tirar uma série de conclusões sobre a sua atuação na sociedade, baseada no senso comum ou na experiência cotidiana; pode-se analisá-lo como um ser biológico, verificando através de investigação experimental, as relações existentes entre determinados órgãos e suas funções; pode-se questioná-lo quanto à sua origem e destino, assim como quanto à sua liberdade; finalmente, pode-se observá-lo como ser criado pela divindade, à sua imagem e semelhança, e meditar sobre o que dele dizem os textos sagrados. Apesar da separação metodológica entre os tipos de conhecimento popular, filosófico, religioso e científico, estas formas de conhecimento podem coexistir na mesma pessoa: um cientista, voltado, por exemplo, ao estudo da física, pode ser crente praticante de determinada religião, estar filiado a um sistema filosófico e, em muitos aspectos de sua vida cotidiana, agir segundo conhecimentos provenientes do senso comum. Para melhor entender cada um desses tipos de conhecimento, vamos inicialmente traçar um paralelo entre o conhecimento científico e o conhecimento popular, para depois sinteticamente identificar o que caracteriza cada um deles. O conhecimento científico e outros tipos de conhecimento Ao se falar em conhecimento científico, o primeiro passo consiste em diferenciá-lo de outros tipos de conhecimentos existentes. Para tal, analisemos uma situação muito presente no nosso cotidiano. O parto no âmbito popular (parteira) e o parto no âmbito da ciência da medicina (maternidade). Tipos de conhecimentos que se encontram mesclados neste exemplo: - Empírico, popular, vulgar: transmitido de geração em geração por meio da educação informal e baseado na imitação e na experiência pessoal. - Científico: conhecimento obtido de modo racional, conduzido por meio de procedimentos científicos. Visa explicar "por que" e "como" os fenômenos ocorrem. IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro 39 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 Correlação entre Conhecimento Popular e Conhecimento Científico O conhecimento vulgar ou popular, também chamado de senso comum, não se distingue do conhecimento científico nem pela veracidade, nem pela natureza do objeto conhecido. O que diferencia é a FORMA, O MODO OU O MÉTODO E OS INSTRUMENTOS DO CONHECER. Aspectos a considerar: A ciência não é o único caminho de acesso ao conhecimento e à verdade. Um objeto ou um fenômeno pode ser matéria de observação tanto para o cientista quanto para o homem comum. O que leva um ao conhecimento científico e outro ao vulgar ou popular é a forma de observação. Tanto o "bom senso", quanto à "ciência" almejam ser racionais e objetivos. Características do Conhecimento Popular Se o "bom senso", apesar de sua aspiração à racionalidade e objetivo, só consegue atingir essa condição de forma muito limitada, pode-se dizer que o conhecimento vulgar, popular, é o modo comum, corrente e espontâneo de conhecer, que se adquire no trato direto com as coisas e os seres humanos. "É o saber que preenche a nossa vida diária e que se possui sem o haver procurado ou estudado, sem a aplicação de um método e sem se haver refletido sobre algo". (Babini, 1957:21). Verificamos que o conhecimento científico diferencia-se do popular muito mais no que se refere ao seu contexto metodológico do que propriamente ao seu conteúdo. Essa diferença ocorre também em relação aos conhecimentos