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INOVAÇÃO TECNOLÓGICA- CONTEXTO MUNDIAL E RELAÇÕES SOCIAIS

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GESTÃO E INOVAÇÃO 
TECNOLÓGICA 
 
 
 
 
 
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Sumário 
 
 
 
CONCEITO DE CIÊNCIA ......................................................................................................... 4 
INOVAÇÃO TECNOLÓGICA:............................................................................................... 14 
INOVAÇÃO DE PROCESSO TECNOLÓGICO ....................................................................... 16 
MODELOS DE MUDANÇAS TECNOLÓGICAS ..................................................................... 18 
SISTEMAS DE INFORMAÇÃO - SI ........................................................................................ 25 
ESTRATÉGIAS DE INOVAÇÃO ............................................................................................. 26 
OS GRANDES PRINCÍPIOS DA INOVAÇÃO ......................................................................... 33 
FORMAS DE ACESSO À TECNOLOGIA .............................................................................. 34 
COOPERAÇÃO ENTRE UTILIZADORES DO CONHECIMENTO .......................................... 37 
GESTÃO DO CONHECIMENTO ............................................................................................ 46 
PROPOSIÇÕES PARA UMA EMPRESA INOVAR ................................................................. 49 
REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 61 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CONCEITO DE CIÊNCIA 
 
 
 
 
A ideia de ciência a que talvez nós estejamos mais acostumados diz respeito a certa 
visão tradicional constantemente encontrada na mídia não especializada ou em 
declarações públicas de autoridades em respeito às supostas virtudes da ciência. Quem 
nunca assistiu a filmes descrevendo o trabalho de frios cientistas de jaleco branco isolados 
em seu laboratório que numa atitude neutra, desenvolvem pesquisas que podem mudar o 
destino da humanidade para sempre, com a mais absoluta imparcialidade científica? Tal 
estereótipo tem lá sua razão de ser, pois a visão tradicional de ciência, envolve um número 
de premissas que tendem a ser aceitas sem maiores questionamentos. Por exemplo há a 
ideia de que objetos no mundo natural são objetivos e reais e tem uma existência 
independente da dos seres humanos. A ação humana é basicamente incidental ao caráter 
objetivo do mundo externo. Consequentemente, o conhecimento científico é determinado 
pelas características estruturais do mundo físico. Assim, fazer ciência significa trabalhar 
com uma série de métodos e procedimentos sobre os quais há consenso geral. 
Considerando tudo isso, pode-se então afirmar que a ciência é uma atividade individualista 
e cognitiva1 (Woolgar, 1996). 
 
Tal definição de ciência começou a ser construída no século 17, quando da 
invenção das ciências naturais. No entanto o seu uso como paradigma de toda e qualquer 
investigação científica deu-se no século 19, quando o filósofo francês August Comte criou 
1 
Ato de adquirir um conhecimento 
 
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o termo positivismo‘ 2 para nomear uma doutrina geral de acordo com a qual todo 
conhecimento genuíno é baseado na experiência sensível e somente pode ser avançado 
por meio da experimentação e da observação sistemática. Atualmente o termo positivismo 
é aplicado às ciências sociais com a intenção de identificar o cientista social como um 
observador da realidade social. Assim, o produto da investigação do cientista social pode 
ser formulado de modo análogo ao das ciências naturais, isto é, em leis ou generalizações 
do mesmo tipo das estabelecidas em relação aos fenômenos naturais. 
 
Scientiae 
 
 
 
Scientiae era simplesmente o termo latino para conhecimento. O termo 
cientista‘ teve uma de suas primeiras aparições por volta de 1840 num discurso de William 
Whewell cuja intenção era a de diferenciar os filósofos naturais dos outros filósofos. A ideia 
de ciência que surgiu no século 17 e perdura até hoje é oriunda de algumas instituições 
filosóficas medievais e de certas atividades religiosas. Por exemplo, em 1663 foi fundada 
na Inglaterra por ordem real, a sociedade real para aprimoramento por experimento do 
conhecimento natural. A ciência moderna foi influenciada também por filósofos como 
Francis Bacon, cuja ênfase na lei positiva da natureza deslocava preocupações dos 
princípios dedutivos escolásticos da lógica, da matemática e da observação simples para a 
colaboração sistemática da especulação, articulação e experimentação. Muitas pessoas 
 
2 
Sistema criado por Augusto Comte que se baseia nos fatos e na experiência, e que deriva do conjunto das ciências 
positivas, repelindo a metafísica e o sobrenatural. Obs: Metafísica - Ciência do supra-sensível. Parte da Filosofia que 
estuda a essência dos seres. Inventário sistemático de todos os conhecimentos provenientes da razão pura. Conhecimento 
geral e abstrato. 
 
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que lidam com ciência acreditam que somente atividades que se enquadrem no 
conceito acima podem ser consideradas cientÍficas‘. 
 
Essa visão de ciência derivada das ciências naturais modificou-se ao longo do 
tempo. Por exemplo, durante muito tempo houve a ideia de que uma tese só era científica 
se fosse baseada em fatos ao invés de opiniões. Isso foi depois substituído pela ideia de 
que uma tese para ser científica tinha de ser provável. Tal critério por sua vez foi derrubado 
pelo princípio da falsificação, do filósofo Karl Popper (1934). No livro “a lógica da 
descoberta científica” Popper afirma que uma tese só é científica se for falsificável. Por 
exemplo, a teoria da relatividade de Einstein baseava-se, entre outras coisas, na ideia de 
que corpos sólidos defletem a luz. Tal proposição era altamente improvável, na perspectiva 
da física Newtoniana, ainda então dominante. Se fosse falsa, a proposição colocaria a 
perder (falsificaria) a teoria inteira. Seguindo esse raciocínio, a psicanálise, por exemplo 
não pode ser considerada uma teoria científica, já que não é falsificável. Não há como 
provar a existência do inconsciente. A capacidade da teoria freudiana de acomodar e 
explicar todo o comportamento humano era vista por Popper como o aspecto mais fraco do 
trabalho de Freud, já que a levava a uma falta de condição de previsibilidade. Assim, 
teorias psicanalíticas Não são precisas o suficiente para que tenham implicaçõesnegativas, ficando então imunizadas contra a falsificação experimental. 
 
 
 
Considerando tal noção de ciência como verdadeira, somos levados a concluir que a 
atividade do verdadeiro cientista – aquele do jaleco branco em seu laboratório – 
 
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é altamente organizada dentro dos princípios científicos para descobrir a verdade. Mais 
do que isso, acreditamos também que o conhecimento científico desenvolve-se através de 
uma linha sucessiva de descobertas que vão se acumulando. Infelizmente tal prática limpa 
parece estar longe de qualquer verdade – positivista ou não. Para verificar se a atividade 
científica dos cientistas linha-dura era realmente científica nos termos deles, cientistas 
sociais conduziram uma boa quantidade de estudos etnográficos 3 envolvendo longos 
períodos de intensiva e sustentada observação participante de atividades laboratoriais 
diárias (e.g. Knorr Cetina, 1981; Lynch, 1985; Latour & Woolgar, 1986; Traweek, 1988). 
Primeiro foi verificado que as atividades científicas dos cientistas de laboratório se davam 
em meio a extrema desordem e bagunça. Segundo, ao contrário do que se supunha, 
cientistas tinham, na prática, poucas oportunidades de refletir sobre a verdade de 
um dado resultado. Ao invés disso, eles demonstravam uma atitude bastante pragmática: 
ficavam excitados com a publicação de resultados não porque estes revelavam a verdade, 
mas por deixarem aberta a possibilidade de se estruturar um próximo e talvez decisivo 
experimento. Terceiro, decisões sobre que tipo de experimento realizar, tipos de 
instrumentos a usar, e sobre as interpretações mais apropriadas eram altamente 
dependentes das condições locais, circunstâncias e oportunidades. 
 
 
Pode-se concluir então que a atividade científica parece ser melhor classificada como 
construtiva do que como descritiva. Como diz Woogar (1988), cientistas não se 
 
3 
Etnografia: Ramo da Antropologia que trata historicamente da origem e filiação de raças e culturas; antropologia 
descritiva. Obs: Antropologia - Conjunto de estudos sobre o homem, como ser animal, social e moral. 
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engajam meramente na descrição passiva de fatos pré-existentes sobre o mundo. Ao 
contrário, se preocupam com uma formulação ativa e com uma construção do caráter do 
mundo. Nas suas atividades diárias, cientistas constroem rascunhos, memorandos, e- 
mails, cartas, artigos, gráficos, figuras, etc. Uma quantidade de avaliações e decisões 
laboratoriais são implícitas no chamado “material básico” do laboratório. Metais usados em 
experimentos, por exemplo, são escolhidos entre uma variedade de fontes, animais usados 
em testes são cuidadosamente criados e alimentados, e a água usada em experimentos é 
purificada de acordo com procedimentos pré-estabelecidos. Os instrumentos e objetos 
usados em laboratórios também são considerados neutros por serem meramente usados 
ou aplicados aos materiais ou organismos que fazem parte da pesquisa. Ocorre que 
mesmo a utilização de meras máquinas, envolve humanos, e consequentemente, depende 
de processos interpretativos. Muitos aparelhos usados em laboratórios são desenhados de 
acordo com princípios estabelecidos a partir de investigações anteriores. Por exemplo o 
espectrômetro4 de ressonância nuclear magnética não é uma caixa preta neutra, mas o 
resultado de vinte anos de pesquisa em física. Ao usar tal aparelho, cientistas invocam 
uma atitude neutra que na verdade é derivada e formatada em consequência de uma 
grande quantidade de seleções, intervenções e decisões empreendidas por comunidades 
anteriores de cientistas. Portanto a prática científica parece ser muito mais criativa e 
construtiva do que tem sido veiculado por versões objetivistas da ciência. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
Instrumento usado na determinação do índice de refração, medindo-se o ângulo externo de um prisma de uma 
substância e também o seu ângulo de desvio mínimo para luz de uma espécie dada. 
 
 
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Outra ideia de ciência 
 
 
 
Há uma outra ideia sobre ciência que é inclusive mais velha do que a que foi 
apresentada anteriormente. Esta ao invés de relacioná-la com a metodologia de pesquisa 
tendo a experimentação ao centro, a define como uma abordagem sistemática. Trata-se da 
ciência dos significados ou hermenêutica. Uma ciência hermenêutica estabelece uma 
diferença entre explicação e interpretação, entre verdade e significado. Uma pessoa pode 
não descobrir a verdade sobre a própria vida, mas pode estruturar o seu significado. O 
cientista que adota este paradigma não busca a verdade lá fora, tal como o cientista 
natural. Tal verdade se faz presente através da criação de alguma coisa como “dados 
de pesquisa”. Freud por exemplo faz isso tratando sonhos e outros pedaços de 
evidência como dados e então vai além das aparências para encontrar a “verdade” ou 
“significado”. Nesse caso, porque há um processo de criação do objeto de estudo, o mundo 
é interpretado de alguma forma antes que seja estudado. Assim, o pesquisador assume 
sua ontologia. Portanto o método hermenêutico5 envolve avaliação, que por sua vez pode 
ter uma relação reflexiva com a vida do pesquisador, podendo influenciar o seu 
redirecionamento. 
 
Uma abordagem científica que favorece a hermenêutica é o construcionismo social. 
Construcionistas sociais enfatizam que processos de avaliação estão presentes em toda a 
prática científica tanto em ciência natural, quanto em ciência social, pois em ambas as 
crenças e valores pessoais do cientista assim como as ideologias da sua cultura 
influenciam as descobertas. Assim, não há cientista, mas um eu científico, construído, tal 
como outros Deus, dos materiais disponíveis nos processos que prevalecem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
Arte de interpretar o sentido das palavras, das leis, dos textos etc. Interpretação dos textos sagrados e dos que têm valor 
histórico. 
 
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A ciência é uma atividade social com um papel na história da nossa cultura, e uma 
prática com dimensões políticas. Por enfatizar método, razão e apelo à evidência, a ciência 
se estabeleceu como autoridade superior à experiência subjetiva e aos pronunciamentos 
religiosos. Toda atividade científica começa como um empreendimento hermenêutico 
estruturado em significados. Mesmo a mais experimental das perspectivas assume um 
significado implícito, já que tem de determinar o que interessa, quais ideias ou problemas 
valem a pena ser investigados. A linguagem científica tem sido dominada por uma 
separação entre evidência e teoria e tem confiado na distinção entre a descrição dos 
eventos ou observações e os pronunciamentos que os explicam. A epistemologia da 
ciência demanda que haja padrões ou regularidades e uma ordem subjacente a ser 
descoberta. 
 
A ordenação usual é através de teorias onde leis são teoremas num sistema dedutivo 
e os padrões da natureza são revelados por experimentos que testam essa ordem teórica. 
Sem tal estruturação não haveria sentido em fazer ciência. Na verdade é o status dessa 
ordenação e como ela surge queé constantemente disputado. Historicamente, o debate 
começou com a tese de Francis Bacon de que teorias devem derivar de uma crença na 
verdade da natureza. Seu empirismo desafiava uma prática acadêmica baseada no 
conhecimento dedutivo aristotélico e acabou se tornando uma visão amplamente aceita de 
que indução e descobertas empíricas deviam ser a base suprema do raciocínio científico. 
Após Bacon, os debates se concentraram na realidade das teorias e fatos com empíricos e 
racionalistas divergindo sobre papel da evidência e o status da teoria na criação da ordem 
explicativa. O empírico Hume insistia que todo o ordenamento teórico é estruturado na 
experiência, que é a base do conhecimento. Já Descartes enfatizava o papel da razão na 
geração do conhecimento indicando que o conceito de causalidade é necessário para a 
organização da experiência em teoria e evidência. Kant resumiu o debate entre 
racionalismo e empirismo ao declarar que nós vemos causas no mundo dos fenômenos, 
mas elas existem somente na realidade psicológica devido ao nosso maquinário cognitivo 
inato (argumento transcendental). Assim a noção de “causa” é uma construção da mente 
humana. 
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Os construcionistas vão além do argumento Kantiano em seu ceticismo6 sobre a 
realidade das teorias e entidades ao sugerir que a ordem teórica não é encontrada na 
natureza, mas lida nela. Os significados dos padrões observados dependem da 
interpretação humana e não das sombras da aparência. Além disso, nossa leitura da 
natureza é limitada não por causa dos sentidos humanos, mas porque os processos de 
construção do conhecimento e a natureza fundamentalmente social da mente humana são 
objeto de convenções linguísticas e sociais. O importante aqui não é somente o que teorias 
referenciam ou representam, mas também como elas são elaboradas. Os atos de 
perceber, observar e raciocinar são situados na prática social. Nós estamos sempre dentro 
de uma linguagem e de uma sociedade. A razão e a experiência são dimensões de como 
nós organizamos e fazemos o conhecimento. Em resumo, nós enxergamos através das 
lentes embaçadas das nossas representações culturais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
Doutrina filosófica dos que duvidam de tudo e afirmam não existir a verdade, que, se existisse, seria o homem incapaz 
de conhecê-la. Estado de quem duvida de tudo; pirronismo. 
 
 
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Representação e objetos 
 
 
 
O realismo epistemológico7 encontrado em versões tradicionais da ciência assume que o 
mundo pode ser imaginado numa relação direta entre representação e objeto. A ideia de 
representação é um conjunto de crenças e práticas de acordo com as quais várias 
entidades (significados, causas, motivos, intenções, fatos, objetos, etc.) existem a priori em 
relação às suas representações superficiais (documentos, aparências, signos, imagens, 
ações, comportamento, linguagem, conhecimento, etc.). Construcionistas sociais negam tal 
percepção da realidade por a entenderem como algo socialmente construído, de modo 
múltiplo e dinâmico. Em outras palavras, a noção humana de realidade resulta de um 
intrincado processo de construção e negociação profundamente enraizadas na cultura 
(Bruner, 1990). Assim, observações, científicas ou não, são mais bem entendidas se 
situadas dentro de um contexto e de uma perspectiva. Portanto, objetos, eventos e o 
mundo real não existem independentemente da interpretação humana. 
 
O construcionismo social moderno deve muito da sua existência ao pragmatismo8, 
movimento filosófico liderado por pensadores como William James e John Dewey. James 
afirmou que significados são estabelecidos a partir de ações no mundo, não por reflexão 
intelectual. A sociologia 9 do conhecimento, iniciada por Karl Mannheim também teve 
impacto no construcionismo. Mannheim argumentava que o conhecimento se desenvolvia 
como um processo social, dessa forma, a origem das ideias podia ser objeto de 
investigação sociológica. Assim ao invés de formular perguntas ao modo da ciência 
tradicional, isto é, se tal ideia é verdadeira ou falsa, a pergunta torna-se “por quê esse 
tipo de conhecimento, nesse momento da história?”. 
 
 
 
7 
Epistemologia: Teoria ou ciência da origem, natureza e limites do conhecimento. 
8 
Ênfase no pensamento filosófico na aplicação das idéias e das conseqüências práticas de conceitos e conhecimentos; 
filosofia utilitária. Tratamento dos fenômenos históricos com referência especial às suas causas, condições antecedentes e 
resultados. Consideração das coisas de um ponto de vista prático. 
9 
Ciência que se ocupa dos assuntos sociais e políticos, especialmente da origem e desenvolvimento das sociedades humanas 
em geral e de cada uma em particular. Segundo Augusto Comte, o conjunto das ciências que tratam do homem 
na sociedade, isto é, sob o aspecto moral, jurídico, político, econômico etc. Ciência ou estudo das leis fundamentais das 
relações, 
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O excessivo relativismo do construcionismo social porém gerou certas inquietações 
de ordem ética, moral e política por dar a entender que se tudo é relativo, qualquer coisa 
pode ser válida. Tal constatação pode levar a uma certa comodidade política e existencial. 
Diante de tal indagação, Edwards et al. (1995) responde que não há contradição entre ser 
um relativista e ser um membro de uma dada cultura com compromissos, crenças e um 
senso comum compartilhado de realidade. A ideia de que derrotar o realismo implica 
necessariamente que todos os nossos valores ficaram deteriorados não é mais 
convincente do que a ideia de que a vida sem Deus é destituída de significado e valor. A 
morte de Deus não fez o resto do mundo desaparecer. Na verdade o deixou para nós 
fazermos. O que restou para nós não foi um mundo sem significado ou valor, um mundo de 
absoluta imoralidade onde tudo é permitido, tal como concluído por Nietzsche e 
Dostoyevsky, mas precisamente o contrário. Há uma quantidade de valores e significados 
sobre os quais se pode argumentar, alterar, defender e inventar, incluindo o metavalor de 
que alguns desses significados e valores podem ser declarados universais e auto 
evidentes. Auto evidência aqui é o resultado ao invés da negação da argumentação. Em 
outras palavras, ao considerarmos conhecimento, realidade e verdade como construções 
humanas, somos levados a trabalhar e defender um ponto de vista. Assim, não são os 
valores humanos que se tornam decadentes e sim certos “valores autorais” 
(Bruner, 1990) ou a autoridade final que pode decidir sobre a verdade para além do 
diálogo, do debate, e da argumentação. Portanto o conceito de “verdade científica” 
torna-se relacionado a como as coisas são na prática, com a ideia de ação e não de 
contemplação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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INOVAÇÃO TECNOLÓGICA: 
 
Arte ou Método? 
 
 
 
 
CONCEITOS INICIAIS 
 
As demandas novas e crescentes por produtos econômica e ambientalmente corretos 
e inesperados desafios decorrentes desteprocesso no mundo globalizado atual exigem 
que se pense e atue de uma nova maneira. É preciso ressaltar que inovação tecnológica 
está associada à sobrevivência das empresas no mercado. É preciso unir criatividade e a 
ação inovadora que resultem em vantagem competitiva frente aos seus competidores. 
 
De acordo com dados de pesquisas já realizadas pelo Ministério de Ciência e 
Tecnológica (MCT), as quais iremos analisar com maior detalhe nas próximas aulas, uma 
boa parte das empresas reconhecem que a Inovação é fundamental para alcançar ou 
sustentar uma vantagem competitiva num mercado em acelerada transformação, mas 
ainda é bem restrito no Brasil o número de empresas que efetivamente trabalham pela 
inovação. 
 
Para que a inovação tecnológica ocorra em sua plenitude, alguns aspectos são 
fundamentais: 
 
▪ É preciso primeiramente aprender a ousar com responsabilidade e antes, superar o 
medo de ousar; 
▪ O sucesso de um negócio está relacionado à capacidade do empreendedor de 
buscar o diferente para fazer com maior eficácia e eficiência, buscando sempre 
realizar atividades com maior eficiência e eficácia o quase-impossível; 
▪ É preciso ―aceitar que a única certeza é que tudo mudará; 
 
 
 
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Agindo deste modo, as ameaças podem ser transformadas em oportunidades de 
melhoria. Ainda é importante ressaltar que há uma confusão entre os significados entre 
―criatividade com ―inovação. São dois termos distintos, porém correlatos. "Criatividade 
é pensar coisas novas. Inovação é fazer coisas novas”. 
 
 
A inovação, portanto, é fruto da criatividade. A criatividade é o meio, o processo e não 
o produto. Ou seja, é necessário que se tenha um raciocínio criativo para produzir ideias 
novas que vão gerar coisas novas, ou seja, INOVAÇÃO. Iremos estudar mais 
detalhamente estes conceitos. Aliás, é fundamental iniciarmos nosso estudo sobre 
inovação tecnológica nas empresas definindo alguns conceitos. 
 
Á propósito, onde podemos encontrar facilmente estas definições? 
 
Bem, estas definições são amplamente divulgadas pela FINEP (Financiadora de 
Estudos e Projetos), que é órgão federal responsável em promover as ferramentas 
necessárias para que a Inovação Tecnológica ocorra de maneira mais significativa no 
Brasil. Deste modo, podemos acessar o site da 
FINEP(http://www.finep.gov.br/o_que_e_a_finep/conceitos_ct.asp) no qual um glossário 
bastante rico está disponível para consulta. Deste site, retiramos as seguintes definições 
sobre Inovação: 
 
―INOVAÇÃO: Significa a solução de um problema tecnológico, utilizada pela primeira 
vez, descrevendo o conjunto de fases que vão desde a pesquisa básica até o uso prático, 
compreendendo a introdução de um novo produto no mercado em escala comercial, tendo, 
em geral, fortes repercussões socioeconômicas. LONGO, W.P. Conceitos Básicos sobre 
Ciência e Tecnologia. Rio de Janeiro, FINEP, 1996. v.1. 
―INOVAÇÃO: É a introdução no mercado de produtos, processos, métodos ou 
sistemas não existentes anteriormente ou com alguma característica nova e iferente da até 
então em vigor.GUIMARÃES, Fábio Celso de Macedo Soares. FINEP. Rio de Janeiro, 
2000. 
―INOVAÇÃO não é arte é método. 
 
―INOVAÇÃO é o instrumento específico do espírito empreendedor. É o ato que 
contempla os recursos com a nova capacidade de criar riqueza. 
 
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INOVAÇÃO DE PROCESSO 
TECNOLÓGICO 
 
 
 
De acordo com o descrito no site da FINEP: ―É a adoção de métodos de 
produção novos ou significativamente melhorados, incluindo métodos de entrega dos 
produtos. Tais métodos podem envolver mudanças no equipamento ou na organização da 
produção, ou uma combinação dessas mudanças, e podem derivar do uso de novo 
conhecimento. Os métodos podem ter por objetivo produzir ou entregar produtos 
tecnologicamente novos ou aprimorados, que não possam ser produzidos ou entregues 
com os métodos convencionais de produção, ou pretender aumentar a produção ou 
eficiência na entrega de produtos existentes. Por exemplo, uma mudança de processo em 
telecomunicações para introdução de uma rede inteligente pode permitir a oferta ao 
mercado de um conjunto de novos produtos, tais como espera de chamada ou visualização 
da chamada. OECD. Oslo Manual. Paris, OCDE/Eurostat, 1997, cap.3, pag.51. 
 
 
INOVAÇÃO DE PRODUTOS E PROCESSOS TECNOLÓGICOS (PPT) 
 
 
Também de acordo com o descrito no site da FINEP: ―Compreende as 
implantações de produtos e processos tecnologicamente novos e substanciais melhorias 
tecnológicas em produtos e processos. Uma inovação PPT é considerada implantada se 
tiver sido introduzida no mercado (inovação de produto) ou usada no processo de produção 
(inovação de processo). Uma inovação PPT envolve uma série de atividades científicas, 
tecnológicas, organizacionais, financeiras e comerciais. Uma empresa inovadora em PPT é 
uma empresa que tenha implantado produtos ou processos tecnologicamente novos ou 
com substancial tecnológica durante o período em análise. A exigência mínima é que o 
produto ou processo deve ser novo (ou substancialmente melhorado) para a empresa (não 
precisa ser novo no mundo). Estão incluídas inovações relacionadas com atividades 
primárias e secundárias, bem como inovações de processos em atividades similares. 
OECD. Oslo Manual. Paris, OCDE/Eurostat, 1997, cap.3. pág 47. 
De acordo com estas definições, fica claro que a Inovação Tecnológica abrange 
vários aspectos relacionados entre si. 
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Outra questão importante é a diferença entre Inovação e Invenção. 
 
Também de acordo com o descrito no site da FINEP, ―INVENÇÃO é uma 
concepção resultante do exercício da capacidade de criação do homem, que represente 
uma solução para um problema técnico específico, dentro de um determinado campo 
tecnológico e que possa ser fabricada ou utilizada industrialmente. O certificado de adição 
de invenção é um aperfeiçoamento ou desenvolvimento introduzido no objeto de 
determinada invenção. A proteção é cabível para o depositante ou titular da invenção 
anterior a que se refere (Art. 76 da LPI). O desenho industrial é a forma plástica 
ornamental de um objeto ou o conjunto ornamental de linhas e cores que possa ser 
aplicado a um produto, proporcionando resultado visual novo e original na sua configuração 
externa e que possa servir de tipo de fabricação industrial (Art. 95 da LPI). INPI. Patentes e 
Desenhos Industriais. Disponível na Internet. http://www.inpi.gov.br. 
 
Portanto, INVENÇÃO é um termo intimamente ligado com INOVAÇÃO. Toda 
INVENÇÃO pode vir a gerar uma INOVAÇÃO, desde que seja inserida no mercado 
consumidor com êxito, ou seja, com sucesso. 
 
Deste modo, a Inovação Tecnológica está intimamente relacionada em como fazer 
melhor o que já fazemos bem, em como fazer em menos tempo, com mais economia, em 
menos etapas, com mais facilidade e com menos recursos. Inovar é gerar alternativas 
melhores para velhas soluções ou alternativas novas para resolver novos e velhos 
problemas. Assim, se você fizer diferente e melhor alguma atividade, isto pode fazer a 
diferença entre liderar ou correr atrás do líder. Para fazer diferente é preciso pensar 
diferente. 
 
Um novo olhar exige uma percepção e um raciocínio ampliados. As boas ideias 
nascem, acimade tudo, pela curiosidade, pela ousadia em perguntar o porquê das coisas. 
A inovação surge quando acreditamos que tudo pode ser melhorado. Com esta breve 
introdução da disciplina, iremos agora propor algumas atividades a fim de propiciar um 
melhor entendimento dos conceitos aqui discutidos. 
 
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MODELOS DE MUDANÇAS 
TECNOLÓGICAS 
 
 
 
 
O atual cenário da economia é caracterizado pela competição cada vez mais 
acirrada, a qual modelos tradicionais e técnicas eficazes de gestão são rapidamente 
disseminados, exigindo das organizações uma maior capacidade de formular e 
implementar estratégias que possibilitem superar os crescentes desafios de mercado e 
atingir seus objetivos de curto, médio e longo prazos. 
 
A velocidade de ocorrência das mudanças no ambiente competitivo pode estar 
associada a vários fatores, onde destacam-se o desenvolvimento tecnológico, a integração 
de mercados, o deslocamento da concorrência para o âmbito internacional, a redefinição 
do papel organizacional, além das alterações do perfil demográfico e dos hábitos dos 
consumidores. Tais mudanças têm exigido uma reestruturação das estratégias adotadas 
pelas organizações e uma capacidade contínua de inovação e adaptação, através dos 
Sistemas de Informação (SI) e da Tecnologia da Informação (TI). 
 
Os Sistemas de Informação podem ser definidos como um conjunto de elementos ou 
componentes inter-relacionados que armazena, coleta, processa e distribui dados e 
informações com a finalidade de dar suporte às atividades de uma organização. Já a 
Tecnologia da Informação pode ser todo e qualquer dispositivo que tenha capacidade para 
tratar dados e ou informações, tanto de forma sistêmica como esporádica, quer esteja 
aplicada ao produto ou no processo através de recursos tecnológicos e computacionais 
para a geração e uso das informações nas organizações, incluindo aquelas utilizadas ao 
processamento e transmissão de dados, voz, gráficos e vídeos. 
 
Dessa forma, o principal benefício que a tecnologia da informação traz para as 
organizações é a sua capacidade de melhorar a qualidade e a disponibilidade 
deinformações e conhecimentos importantes para a empresa, seus clientes e fornecedores. 
 
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Os sistemas de informação mais modernos oferecem às empresas oportunidades sem 
precedentes para a melhoria dos processos internos e dos serviços prestados ao 
consumidor final. 
 
O uso da reengenharia de processos para direcionar os novos sistemas de 
informação proporciona um aumento significativo da satisfação dos clientes, e/ou a 
redução de custos, ao contrário das iniciativas que envolvem o uso de tecnologia apenas 
para fazer mais rápido o mesmo trabalho. 
 
A atual economia mundial está vivendo um momento de profundas transformações, 
em que se opera a mais inovadora das revoluções já experimentadas. O ambiente e as 
formas de gestão das organizações vêm sendo completamente modificados em 
decorrência da transformação dos valores e das mudanças tecnológicas e demográficas 
ocorridas nos últimos anos. O ambiente empresarial está mudando continuamente, 
tornando-se mais complexo e menos previsível, e cada vez mais dependente de 
informação e de toda a infra-estrutura tecnológica que permite o gerenciamento de 
enormes quantidades de dados. 
 
A tecnologia está gerando grandes transformações, que estão ocorrendo a nossa 
volta de forma ágil e sutil. É uma variação com consequências fundamentais para o mundo 
empresarial, causando preocupação diária aos empresários e executivos das corporações, 
com o estágio do desenvolvimento tecnológico das empresas e/ou de seus 
processosinternos. A convergência desta infra-estrutura tecnológica com as 
telecomunicações que aniquilou as distâncias, está determinando um novo perfil de 
produtos e de serviços. 
Com o desenvolvimento da Sociedade do Conhecimento, novas formas de pensar, 
diferentes daqueles valores emergentes da época da industrialização estão surgindo, pois 
as máquinas que antes apenas substituíam a força física, agora complementam a 
capacidade mental do ser humano, ou seja, o modo de produção de bens vem sendo 
substituído pelo modo de produção do conhecimento. 
Dessa forma, as organizações começaram a valorizar um recurso primordial para sua 
sobrevivência: a informação. As empresas diagnosticaram que pela gestão da informação 
tornaram-se competitivas, organizadas e aptas a responder às mudanças exigidas pelo 
cenário econômico mundial. 
 
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O real desafio das instituições não é identificar a mudança a qual se adaptar, e sim, 
entender e avaliar corretamente o escopo dessas mudanças para que possam também 
 
 
planejá-las, pois, as organizações além de serem produtos do meio em que existem, 
também são agentes de mudanças. 
 
 
Um dos primeiros usos do termo estratégia foi feito há aproximadamente 3.000 anos 
pelo estrategista chinês Sun Tzuo, que afirmava que ―todos os homens podem ver 
as táticas pelas quais eu conquisto, mas o que ninguém consegue ver é a estratégia a 
partir da qual grandes vitórias são obtidas. 
 
 
Segundo MINTZBERG (1996), o termo estratégia assumiu o sentido de habilidade 
administrativa na época de Péricles (450 a.C.), quando passou a significar habilidades 
gerenciais (administrativas, liderança, oratória, poder). Mais tarde, no tempo de Alexandre 
(330 a.C.), adquiria o significado de habilidades empregadas para vencer um oponente e 
criar um sistema unificado de governança global. 
 
Estratégia significava inicialmente a ação de comandar ou conduzir exércitos em 
tempo de guerra – um esforço de guerra. Representava um meio de vencer o inimigo, um 
instrumento de vitória na guerra, mais tarde estendido a outros campos do relacionamento 
humano: político, econômico e ao contexto empresarial, mantendo em todos os seus usos 
a raiz semântica, qual seja, a de estabelecer caminhos. Origina-se assim como um meio 
de “um vencer o outro", como uma virtude de um general de conduzir seu exército à vitória, 
utilizando-se para isso de estratagemas e instrumentos que assegurassem a superioridade 
sobre o inimigo. 
 
Não existe um conceito único, definitivo de estratégia. O vocábulo teve vários 
significados, diferentes em sua amplitude e complexidade, no decorrer do desenvolvimento 
da Administração Estratégica. 
 
THOMPSON JR. e STRICKLAND III (2000) definem estratégia como sendo um 
conjunto de mudanças competitivas e abordagens comerciais que os gerentes 
executam para atingir o melhor desempenho da empresa. (...) é o planejamento do jogo de 
gerência 
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para reforçar a posição da organização no mercado, promover a satisfação dos clientes e 
atingir os objetivos de desempenho.Já WRIGHT, KROLL e PARNELL (2000), que a 
definem como planos da alta administração para alcançar resultados consistentes com a 
missão e os objetivos gerais da organização. 
 
 
A Administração Estratégica teve uma constituição tardia em relação a outras 
disciplinas tradicionais do Conhecimento Administrativo. Surgiu como uma disciplina 
híbrida, sofrendo influências da sociologia e daeconomia; é, essencialmente, uma 
evolução das teorias das organizações (VASCONCELOS, 2001). Somente a partir da 
década de 1950 passou a receber maior atenção dos meios acadêmico e empresarial, 
quando então alavancou o seu desenvolvimento, notadamente a partir dos anos 60 e 70. 
Até os anos 50, a preocupação dos empresários se restringia aos fatores internos às 
empresas, como a melhoria da eficiência dos mecanismos de produção, uma vez que 
ainda não existia um ambiente de hostilidade competitiva, o mercado não era muito 
diversificado e oferecia oportunidades de crescimento rápido e não muito complexo. 
 
Catalisada pelos esforços de guerra, a partir dos anos 50 a complexidade do mundo 
empresarial aumentou, passando a exigir um perfil gerencial mais empreendedor, 
respostas mais rápidas e corretas à ação de concorrentes, uma redefinição do papel social 
e econômico das empresas e uma melhor adequação à nova postura assumida pelos 
consumidores. É nesse cenário que se constituiu a AE. Seu objetivo principal pode ser 
definido como uma adequação constante da organização ao seu ambiente, de maneira a 
assegurar a criação de riquezas para os acionistas e a satisfação dos seus stakeholders 
(reclamantes da empresa: acionistas, empregados, clientes e fornecedores). 
 
 
A Administração Estratégica é, atualmente, uma das disciplinas do campo da 
Administração de maior destaque e relevância, pela produção científica e também pelo 
número de consultorias organizacionais. Qualquer organização, conscientemente ou não, 
adota uma estratégia, considerando-se que a não adoção deliberada de estratégia por uma 
organização pode ser entendida como uma estratégia. Além disso, a importância maior da 
AE está no fato de se constituir em um conjunto de ações administrativas que possibilitem 
aos gestores de uma organização mantê-la integrada ao seu ambiente e no curso correto 
de desenvolvimento, assegurando-lhe atingir seus objetivos e sua missão. A estratégia, 
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nesse contexto, assim como a organização e o seu ambiente, não é algo estático, 
acabado; ao contrário, está em contínua mudança, desempenhando a função crucial de 
integrar estratégia, organização e ambiente em um todo coeso, rentável e sinérgico para 
os agentes que estão diretamente envolvidos ou indiretamente influenciados. 
 
Analisando-se a evolução do pensamento estratégico, observa-se que ele passou por 
diferentes fases e contextos semânticos. Desde sua origem milenar, o vocábulo estratégia 
assumiu diversos significados, sem, contudo, perder sua raiz semântica. Representa hoje 
um importante instrumento de adequação empresarial a um mercado competitivo e 
turbulento, preparando a organização para enfrentá-lo e utilizando-se, para isso, de suas 
competências, qualificações e recursos internos, de maneira objetiva e sistematizada. 
 
A estratégia empresarial, apesar de ter sua elaboração concentrada na alta 
administração, deve ser conhecida por todos os funcionários da organização, os quais 
devem atuar de forma participativa na sua implantação. Essa atuação dos funcionários 
como colaboradores é necessária em razão do caráter transitório e adaptativo dessa 
estratégia, que é um processo contínuo e propenso a mudanças e adequações, 
mergulhado em um contexto de incertezas macroeconômicas. 
 
Em virtude da turbulência do ambiente de mercado atual, a Administração Estratégica 
deve ser vista como um processo contínuo, no qual as estratégias devem ser 
constantemente revistas, pois nem sempre se alcançam os objetivos pretendidos. Uma 
estratégia pretendida pode ser realizada em sua forma original, modificada ou até mesmo 
de forma completamente diferente. 
 
Conforme Porter (1989), a estratégia identifica a posição da empresa no ambiente 
competitivo e a forma como ela poderá continuar ou, até mesmo, melhorar sua posição em 
relação a seus concorrentes. Fica evidente, assim, que os gerentes necessitam de 
informação sobre a organização e o ambiente externo da empresa, com vista a identificar 
ameaças e oportunidades, criando um cenário para uma resposta eficaz e competitiva. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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No entanto, Beuren afirma que: 
 
Assim, se o tipo de estratégia que orienta a organização está voltada 
à liderança em custos, então, a ênfase maior deve estar centrada no 
controle de custos, a fim de conseguir uma expansão de vendas 
praticando preços inferiores aos de seus concorrentes. (1998, p. 46) 
 
Uma mentalidade voltada somente para o lucro, dentro deste novo ambiente torna-se, 
a longo prazo, mais um obstáculo do que um orientador para um desempenho 
organizacional superior. A organização da Era da Informação, da estratégia centrada, 
possui enfoque maior na diferenciação nos produtos e serviços. Outros fatores devem ser 
perseguidos para a obtenção de vantagem competitiva, tais como: qualidade, tecnologia, 
inovação, dentre outros. Portanto, o tipo de estratégia que orientará a organização é 
determinante do escopo para alcançá-la. 
Observa-se, então, que a informação atua como diferenciador para a gestão 
estratégica das organizações. Contudo, o conjunto de informações necessárias para a 
elaboração da estratégia empresarial torna-se cada vez mais complexa em função da 
velocidade do movimento dos agentes do mercado. 
 
No entanto, os responsáveis pela elaboração da estratégia empresarial, a fim de 
identificar tanto as ameaças quanto as oportunidades em potencial para a empresa, 
requerem informações diferenciadas. 
 
BIO (1985), acrescenta que o planejamento e o controle são a essência para a 
tomada de decisão, uma vez que dependem de informações oportunas e confiáveis para 
os processos decisórios. 
 
Para Ricci, citado por Beuren: 
 
o processo de decisão pode ir de um extremo, onde as soluções ou 
respostas já estão programadas e podem ser automatizadas, até 
outro, onde os problemas são amplos e complexos, não previstos, 
não estruturados e demandam grande volume de informações. (1998, 
p. 47) 
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Assim, não há um procedimento padrão nas organizações, no que diz respeito à 
divisão das funções do gerenciamento da informação na fase de execução estratégica. 
Porém, adotando formas de gerenciamento, através de um sistema, as informações serão 
direcionadas à soluções que problemas podem apresentar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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SISTEMAS DE INFORMAÇÃO - SI 
 
 
Tendo em vista que a economia industrial está sendo substituída pela economia da 
informação e, neste tipo de economia a concorrência é caracterizada pela maneira eficaz 
de utilização das informações, é necessário que as organizações utilizem o Sistema de 
Informação - SI como uma ferramenta estratégica fundamental que irá destacá-la pelos 
ganhos de qualidade e produtividade, na realização de seus objetivos e de sua missão. 
 
A distinção entre dado, informação e conhecimento é imprescindível para o melhor 
entendimento do funcionamento de um sistema de informação. Oliveira define que 
dado é qualquer elemento identificado emsua forma bruta que por si só não conduz a uma 
compreensão de determinado fato ou situação‖ (1996, p. 34). A partir do dado 
transformado, obtém-se a informação, o que habilitará que a empresa a alcançar seus 
objetivos pelo uso eficiente dos recursos, permitindo, através de seu gerenciamento, a 
tomada de decisões. 
 
Para gerar uma informação pela relação estabelecida entre dados, exige-se 
conhecimento. No entanto, Stair afirma que "conhecimento é o corpo ou as regras, 
diretrizes e procedimentos usados para selecionar, organizar e manipular os dados, para 
torná-los úteis para uma tarefa específica" (1998, p. 5). 
Portanto, o Sistema de Informação é um mecanismo de apoio à gestão, desenvolvido 
com base na tecnologia de informação e com o suporte da informática para atuar como 
condutores das informações, visando facilitar, agilizar e otimizar o processo decisório nas 
organizações. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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ESTRATÉGIAS DE INOVAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
A inovação pode ser gerida, desde que se saiba para onde 
e como olhar. Para a fazer acontecer, os executivos são responsáveis pela busca 
constante de novas oportunidades. Mas, como adverte Peter Drucker, encontrar 
essas oportunidades e transformá-las em soluções exige uma grande disciplina 
 
Por: Peter Drucker 
 
 
 
Existe uma grande discussão em torno do conceito de «personalidade empresarial». 
Contudo, foram poucos os empresários com quem trabalhei nos últimos 30 anos 
queostentavam esses traços de personalidade. O que todos os empresários bem 
sucedidos parecem ter em comum não é um tipo específico de personalidade, mas um 
empenhamento dirigido para a prática sistemática da inovação. A inovação é a função 
específica da capacidade empresarial, seja num negócio já existente, numa instituição de 
serviço público ou num pequeno negócio iniciado por um indivíduo na cozinha da família. 
É o meio através do qual um espírito empreendedor cria novos recursos de produção de 
riqueza ou desenvolve recursos já existentes com um potencial refinado para a criação de 
riqueza. 
 
Existe atualmente uma grande confusão em torno da definição exata de 
«capacidade empresarial». O termo, contudo, refere-se não à dimensão ou longevidade 
de qualquer empresa, mas sim a um certo tipo de atividade. E é precisamente no centro 
desta atividade que está a inovação: o esforço para criar uma mudança intencional e 
centrada no potencial econômico ou social de uma empresa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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As fontes de inovação 
 
Existem, obviamente, inovações que provêm de rasgos de genialidade. No entanto, 
a maioria das inovações e, especialmente, as de maior sucesso, resultam de uma procura 
consciente e intencional de oportunidades de inovação, que se resumem a apenas 
algumas situações. 
 
Existem quatro tipos de oportunidades que se encontram facilmente no interior das 
empresas ou das indústrias: 
 
• Ocorrências inesperadas; 
• Incongruências; 
• Necessidades de processo; 
• Alterações no mercado e na indústria. 
 
 
Existem, por seu turno, três fontes de oportunidades exteriores à empresa, que 
compõem o ambiente social e intelectual circundante: 
 
• Alterações demográficas; 
• Alterações na percepção; 
• Novos conhecimentos. 
 
 
Estas fontes podem, contudo, sofrer uma sobreposição. Dada a diferente natureza 
subjacente ao seu risco, dificuldade ou complexidade, o potencial para a inovação poderá 
residir em mais do que uma área ao mesmo tempo. Mas, em conjunto, estas 
oportunidades correspondem à grande maioria de todas as oportunidades que facilitam a 
inovação. 
 
• Ocorrências inesperadas. Consideremos, em primeiro lugar, a fonte mais fácil e 
simples de oportunidade de inovação: o inesperado. No início dos anos 30, a 
IBM desenvolveu a primeira máquina moderna de cálculo, concebida para ser utilizada em 
bancos. Mas em 1933 os bancos não compravam equipamentos novos. De 
 
 
 
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acordo com Thomas Watson, Sr., fundador e presidente executivo da empresa 
durante um longo período, o que salvou a IBM foi a exploração de um sucesso 
inesperado: a Biblioteca Pública de Nova Irque estava interessada em adquirir uma 
máquina. Ao contrário dos bancos, as bibliotecas, na era do New Deal, possuíam 
recursos financeiros, e Watson acabou por vender mais de uma centena de 
máquinas a bibliotecas que, de outra forma, teriam ficado nos armazéns da IBM. 
Os sucessos e os fracassos inesperados são fontes extremamente produtivas de 
oportunidades de inovação, pois a maioria dos negócios não lhes presta atenção, 
negligencia-os e até os insulta. O cientista alemão que, por volta de 1905, sintetizou 
a novocaína, o primeiro narcótico não aditivo, tencionou utilizá-la em delicadas 
intervenções cirúrgicas, como a amputação. Os cirurgiões, contudo, preferiam 
utilizar a anestesia geral (o que ainda acontece). A novocaína despertou um forte 
interesse entre os dentistas. O seu inventor passou o resto da vida em escolas de 
medicina dentária, atacando os dentistas que davam um uso impróprio à sua nobre 
invenção, utilizando-a em situações que ele não tinha previsto. 
Embora este exemplo seja uma caricatura, ilustra da melhor forma a atitude que os 
gestores professam em relação ao inesperado: «Isto nunca deveria ter acontecido.» 
Os sistemas de registo empresariais ampliam ainda mais esta espécie de reacção, 
pois não dão qualquer tipo de atenção a possibilidades não previstas. O relatório 
típico mensal ou trimestral contém, na sua primeira página, uma lista dos problemas 
— ou seja, as áreas que não atingiram os resultados esperados. Este tipo de 
informação é necessária, pois ajuda a prevenir a deterioração do desempenho. 
Mas também restringe o reconhecimento de novas oportunidades. O primeiro 
reconhecimento de uma possível oportunidade aplica-se, geralmente, a uma área 
na qual a empresa está a ter um desempenho melhor do que o que foi inicialmente 
previsto. Assim, os negócios genuinamente «empreendedores», possuem duas 
«primeiras páginas» — uma página de problemas e outra de oportunidades — e os 
gestores despendem exatamente o mesmo tempo a analisar cada uma das páginas. 
• Incongruências. Os Laboratórios Alcon representam uma das histórias de sucesso 
da década de 60, pois Bill Conner, o co-fundador da empresa, explorou uma 
incongruência na tecnologia medicinal. A operação às cataratas era a terceira ou 
quarta intervenção cirúrgica mais comum. Durante os últimos 300 anos, os médicos 
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sistematizaram-na a tal ponto que o único passo «fora de moda» que restava era o 
corte do ligamento. Os cirurgiões oftalmologistas aprenderam a cortar o ligamento 
com sucesso absoluto, mas era um procedimento tão diferente do resto da 
operação, que normalmente temiam fazê-lo. Este comportamento era incongruente. 
Durante 50 anos, os médicos estiveram ao corrente de uma enzima que poderia 
dissolver o ligamento sem haver necessidade de o cortar. Tudo o que Conner fez 
foi adicionar uma defesa a esta enzima que lhe dava mais alguns meses de vida. 
Os cirurgiões aceitaram imediatamenteo novo composto e a Alcon viu-se 
subitamente no meio de um monopólio mundial. Cerca de 15 anos mais tarde, a 
Nestlé comprou a empresa por um preço simpático. Uma incongruência deste tipo 
no que diz respeito à lógica ou ritmo de um processo é apenas uma possibilidade 
que poderá surgir entre as oportunidades de inovação. Uma outra fonte é a 
incongruência entre realidades económicas. Por exemplo, sempre que uma 
indústria possui um mercado em crescimento mas fracassa nas suas margens de 
lucro — como, por exemplo, as indústrias de aço dos países desenvolvidos entre 
1950 e 1970 — estamos perante uma incongruência. A resposta inovadora: fábricas 
com dimensões mais reduzidas. 
 
• Necessidades de processo. Aquilo a que chamamos atualmente «media» teve as 
suas origens em duas inovações que se desenvolveram por volta de 1890 como 
resposta a uma necessidade de processo. Uma foi a máquina de impressão 
Linotype, de Ottmar Mergenthaler, que tornou possível a produção rápida e em larga 
escala de jornais. A outra diz respeito a uma inovação social, a publicidade 
moderna, inventada pelos primeiros verdadeiros editores de jornais, Adolph Ochs, 
do New York Times, Joseph Pulitzer, do New York World, e William Randolph 
Hearst. A publicidade abriu-lhes as portas para distribuírem notícias praticamente de 
graça, a partir dos lucros provenientes do marketing. 
 
• Alterações no mercado e na indústria. Uma das maiores histórias de sucesso da 
América empresarial diz respeito à firma de corretagem Donaldson, Lufkin & 
Jenrette, adquirida pela Equitable Life Assurance Society. A DL&J foi fundada em 
1960 por três jovens licenciados pela Harvard Business School, que 
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compreenderam que a estrutura da indústria financeira estava a sofrer alterações à 
medida que os investidores institucionais se tornavam dominantes. Estes jovens não 
possuíam praticamente nem capital nem contactos. Mesmo assim, em poucos anos, 
a empresa tornou-se líder na negociação de comissões de transações e uma das 
grandes estrelas de Wall Street. Foi a primeira empresa de corretagem a ser 
reconhecida legalmente e a ser cotada na bolsa. 
Quando uma indústria cresce rapidamente — o valor crítico poderá rondar os 
40% de crescimento em 10 ou menos anos — a sua estrutura muda. Empresas 
estáveis, concentradas em defender aquilo que já têm, tendem a não contra-atacar 
quando um recém-chegado as desafia. Na verdade, quando as estruturas do 
mercado ou da indústria sofrem alterações, os líderes da indústria tradicional 
teimam em negligenciar os segmentos de mercado que estão a registar maiores 
crescimentos. As novas oportunidades raramente se enquadram na forma como a 
indústria abordou desde sempre o mercado, o definiu ou o organizou. Os inovadores 
sofrem, desta forma, a tendência para serem deixados sós durante longos períodos. 
 
• Alterações demográficas. Das fontes externas das oportunidades de inovação, as 
demográficas são as de maior confiança. O sucesso inicial do Club Mediterranée é 
exemplo disso. Durante os anos 70, os observadores poderiam ter detectado a 
emergência de um largo número de jovens ricos e educados na Europa e nos 
Estados Unidos. Descontentes com o tipo de férias que os seus pais, pertencentes 
à classe trabalhadora, gozavam em Brighton ou Atlantic City, estes jovens 
constituíam os clientes ideais para uma nova e exótica versão das «escapadelas» próprias 
da juventude. No entanto, só o Club Mediterranée percebeu a tendência e a antecipou. 
 
Os gestores sempre souberam que a demografia interessa, mas sempre 
acreditaram que as estatísticas populacionais se alteram lentamente, o que não 
aconteceu, por acaso, neste século. Na verdade, as oportunidades de inovações 
tornadas possíveis pelas alterações no número existente de pessoas — e na sua 
distribuição de idade, educação, ocupação e localização geográfica — estão entre 
as mais recompensadoras e menos arriscadas procuras de inovação. 
 
 
 
 
 
 
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• Alterações na percepção. Em vez de celebrarem as grandes melhorias que 
conseguiram realizar na área da saúde nos últimos 30 anos, os americanos 
parecem concentrar-se na distância que ainda os separa da desejada imortalidade. 
Esta atitude criou muitas oportunidades para inovações: mercados para revistas de 
saúde, para todos os tipos de alimentos mais saudáveis e para aulas de exercício 
físico ou equipamento de jogging. Um dos negócios que tem apresentado 
crescimentos rápidos é o das empresas que fabricam equipamentos para exercitar o 
corpo em casa. 
 
Uma mudança na percepção não altera factos, mas modifica o seu significado 
e de forma extremamente rápida. Levou menos de dois anos para que 
os7computadores deixassem de ser considerados como grandes ameaças ou como 
coisas que só as grandes empresas poderiam usar para passarem a ser encarados 
como algo que se compra para calcular os impostos a pagar no final do ano. A 
economia não dita, necessariamente, uma mudança tão radical. O que determina 
alguém a ver um copo meio cheio ou meio vazio é mais uma questão de disposição 
do que um facto, e uma alteração de humor desafia, muitas vezes, a quantificação. 
Mas não é abstracto, é concreto. Pode ser definido e testado. E poderá ser 
explorado para uma oportunidade de inovação. 
 
• Novos conhecimentos. Na história das inovações, aquelas que são baseadas em 
novos conhecimentos — sejam eles científicos, técnicos ou sociais — estão muito 
bem posicionadas. Elas são as superestrelas da capacidade empreendedora: elas 
recolhem a publicidade e o dinheiro. Representam aquilo em que pensamos quando 
falamos de inovação, apesar de nem todas as inovações baseadas no 
conhecimento serem importantes. 
Para ser eficaz, este tipo de inovação exige, normalmente, mais do que um 
tipo de conhecimento. Consideremos uma das maiores inovações baseadas em 
conhecimentos eficazes: os bancos modernos. A teoria do banco «empreendedor» 
— ou seja, o uso intencional do capital para gerar desenvolvimento económico — foi 
formulada pelo conde de Saint-Simon durante a era de Napoleão. Apesar da 
proeminência de Saint-Simon, foi só 30 anos após a sua morte, em 1825, que dois 
 
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dos seus discípulos, os irmãos Jacob e Isaac Pereire, estabeleceram o primeiro 
banco «empreendedor», o Crédit Mobilier, e desenvolveram aquilo que atualmente 
denominamos «capitalismo financeiro». Os Pereire não possuíam quaisquer 
conhecimentos de banca comercial moderna. O Crédit Mobilier falhou 
redondamente. Alguns anos mais tarde, dois jovens, um americano, J. P. Morgan, e 
um alemão, Georg Siemens, juntaram a teoria francesa de banca empreendedora e 
a teoria inglesa de banca comercial, que resultou nos primeiros bancos modernos 
de sucesso, o J. P. Morgan & Company, em Nova Iorque, e o Deutsche Bank, em 
Berlim. Dez anos mais tarde, um jovem japonês, Shibusawa Eiichi, adaptou o 
conceito de Siemens ao seu país e edificou os fundamentos da economia moderna 
japonesa. Estes exemplos ilustram como funciona a inovação com base no 
conhecimento. Longos períodos de incubação e a necessidade de uma 
convergência entre os diferentes tipos de conhecimento explicam os ritmos 
peculiares destas inovações, as suas atrações e perigos. Durante o longo período 
de gestação, há muita conversa epouca ação. Depois, quando os elementos 
finalmente convergem, assiste-se a grande excitação e atividade. 
Embora possa ser difícil, a inovação com base no conhecimento pode ser gerida. O 
sucesso exige uma análise cuidadosa das várias formas de conhecimento 
necessárias para tornar a inovação possível. J. P. Morgan como Siemens fizeram- 
no quando embarcaram nos seus negócios. 
 
Embora possa parecer paradoxal, a inovação com base em conhecimentos é muito 
mais dependente do mercado do que qualquer outro tipo de inovação. A empresa britânica 
De Havilland construiu o primeiro avião a jacto para passageiros sem antes ter analisado o 
mercado, não identificando por isso dois factores cruciais. Um dizia respeito à 
configuração, ou seja, a dimensão certa com a carga adequada para as viagens nas quais 
um avião a jacto deveria dar à companhia aérea maiores vantagens. O outro era 
igualmente simples: como poderiam as companhias aéreas financiar a compra de um avião 
tão caro? Como a De Havilland não efetuou a análise necessária, a Boeing e a Douglas, 
ambas americanas, tomaram conta da indústria dos aviões a jacto. 
Para o «empreendedor», existe muito mais do que do que somente a inovação sistemática 
— por exemplo, estratégias empreendedoras distintas e princípios de gestão inovadores, 
que são igualmente necessários para a empresa estável, para as organizações de serviço 
público e para os novos empreendimentos. Mas os alicerces da capacidade 
empreendedora, como prática e como disciplina, são a prática da inovação sistemática. 
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OS GRANDES PRINCÍPIOS DA 
INOVAÇÃO 
Uma inovação sistemática e intencional inicia-se com a análise das fontes de novas 
oportunidades. Dependendo do contexto, as fontes terão importância distinta em épocas 
diferentes. 
Atenção ao mercado: Como a inovação é conceptual e perceptiva, os possíveis 
inovadores precisam ver, perguntar e ouvir. Seguidamente, devem procurar 
potenciais utilizadores para estudarem as suas expectativas e necessidades. 
 
Simplicidade: Para ser eficaz, uma inovação deve ser simples e centralizada. O 
maior elogio que uma inovação pode receber mede-se pelas seguintes palavras: 
«Isto é óbvio! Por que motivo não pensei nisso? É tão simples!» Mesmo a inovação 
que cria novos utilizadores e mercados deverá ser direcionada para uma aplicação 
específica. 
Especificidade: As inovações eficazes começam por ser pequenas. Tentam fazer 
algo específico. Poderá ter sido a ideia elementar de colocar o mesmo número de 
fósforos em todas as caixas (costumavam ser 50) que deu aos suecos um 
monopólio mundial durante meio século. Pelo contrário, ideias que «revolucionam 
uma indústria» dificilmente funcionam. 
 
 
Aspiração à liderança: Ninguém poderá prever se uma determinada inovação se 
transformará num grande negócio ou num feito modesto. Mas uma inovação de 
sucesso deverá aspirar, desde o início, a representar um standard, a determinar a 
direção de uma nova tecnologia ou indústria. Se uma inovação não aspirar à 
liderança desde o início, é pouco provável que seja inovadora o suficiente. 
 
Persistência: Acima de tudo, uma inovação requer mais trabalho do que 
genialidade. Exige conhecimento. Os inovadores raramente trabalham em mais do 
que uma área. Thomas Eddison, por exemplo, trabalhava estritamente no campo 
eléctrico. Na inovação, existe talento, ingenuidade e conhecimento. Mas quando 
tudo está dito e feito, o que a inovação exige é trabalho árduo, centralizado e 
intencional. 
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FORMAS DE ACESSO À TECNOLOGIA 
 
 
A filosofia, a religião e as artes sempre tiveram um papel relevante no 
condicionamento do comportamento humano. Entretanto, com o desenvolvimento da 
ciência e da tecnologia, estas vieram ocupar, gradativamente, papel cada vez mais 
importante como agentes modeladores do modo de vida do homem. 
 
A Ciência, como fator dominante nas crenças do homem, existe há cerca de 350 
anos; a Tecnologia, como fator preponderante na indústria e na economia, há 200 anos. 
Nestes breves períodos de tempo, entretanto, se demonstraram como forças 
revolucionárias incrivelmente poderosas e estamos apenas no princípio de suas ações 
transformadoras da vida humana. 
 
Através das descobertas científicas e das aplicações tecnológicas correspondentes, 
foi que o ser humano se tornou capaz de atingir os seus mais relevantes objetivos 
materiais e econômicos. A rápida acumulação de conhecimentos e o desenvolvimento das 
tecnologias associadas criaram as bases necessárias à realização destes objetivos. Como 
consequência, a inovação tecnológica, promovendo a produtividade, trouxe um progresso 
sem precedentes à indústria e se constitui, cada vez mais, em fator imprescindível à 
prosperidade. 
 
As diversas etapas da evolução humana têm sido, muitas vezes, descritas pelo que 
pode ser considerada a orientação tecnológica do período. Deste modo, tivemos a idade 
da pedra, a do bronze e do ferro, e assim sucessivamente. Presentemente, chegamos à 
fase mais adiantada de um período que se iniciou com a Revolução Industrial do século 
XVIII, se acelerou com a 2a. Guerra Mundial e culminou com a era em que vivemos: a era 
nuclear e da informática. 
 
Os efeitos da ciência e da tecnologia sobre a sociedade são profundos e 
abrangentes. 
 
O primeiro a considerar, trata do efeito intelectual direto sobre as pessoas, que tem 
provocado o abandono de muitas crenças tradicionais e a adoção de outras referendadas 
pelo método científico e pela técnica. 
 
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Os efeitos sobre a indústria, e como consequência sobre a economia, são de tal 
importância que redimensionaram, drasticamente, a participação dos recursos humanos no 
sistema produtivo e vem exigindo repetidas reciclagens no treinamento dos empregados.No 
que diz respeito à guerra, os efeitos são dramáticos, culminando com a capacidade do 
homem em vir a destruir a humanidade, o que trouxe profundas modificações políticas, a 
par de novos conceitos na condução dos conflitos. 
Os efeitos considerados provocaram, por sua vez, profundas mudanças na 
organização social e trouxeram uma nova concepção sobre o lugar do homem no 
Universo. 
 
Como resultado de tudo isto, vivemos hoje em uma sociedade científico-tecnológica 
caracterizada pelo fato de que o conhecimento científico e a tecnologia afetam a vida diária 
de todos, bem como a organização política, econômica, social e militar. 
 
A nossa geração é a primeira com a possibilidade técnica de antever um futuro 
material seguro, de forma concreta, sem a implausível extrapolação dos conhecimentos 
existentes. 
 
O crescimento econômico continuado é, frequentemente, atacado, sob o 
fundamento de que destrói os valores ambientais que são, muitas vezes, mais valorizados 
por si mesmos do que pela sua capacidade de sustentação biológica ou física da 
existência humana. 
 
Nestas condições, embora a ciência e a tecnologia tenham nos assegurado os 
meios para atender às necessidades de todos, as evidências são poucas de que a 
aplicação real desses meios seja inteiramente compatível com outros objetivos como: 
democracia, liberdade pessoal, meio ambiente esteticamente satisfatório e preservação da 
natureza primitiva ou da dignidade individual. Estes objetivos,na verdade, representam 
valores culturais derivados e a cultura, certamente, faz parte das condições de contorno 
que condicionarão as decisões sobre a futura tecnologia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Evidentemente, os interesses das sociedades industrialmente avançadas e aquelas 
em países em desenvolvimento nem sempre podem coincidir. Se as sociedades 
materialmente mais avançadas decidirem que já têm o suficiente de progresso material e 
se voltarem para outros valores, elas poderão tentar impedir o desenvolvimento de outros 
países. Estes irão, certamente, se contrapor a seus intentos, indo a busca daquilo que as 
sociedades avançadas já alcançaram. Para consecução de seus objetivos, os países 
desenvolvidos poderão criar dificuldades e restrições à livre disseminação da tecnologia, e 
mesmo da ciência, estabelecendo assim uma nova forma de colonização, através do 
domínio exclusivo da Ciência e Tecnologia. 
 
É necessário estabelecer limites para o condicionamento da opinião pública, 
inclusive por processos subliminares. Por outro lado, os ambientalistas temem que a 
biotecnologia possa transformar a natureza de acordo com parâmetros fixados pelo 
homem e não pela própria natureza. Esta intromissão da tecnologia na natureza poderá 
alterar a própria percepção da vida pelo homem. Teme-se que as futuras gerações 
venham a perceber a vida apenas como mais um manipulável programa de computador. 
Não estamos certos também de que organismos geneticamente alterados - ainda que 
potencialmente benéficos para o homem - não venham a produzir consequências 
desastrosas quando liberados no meio ambiente. 
São inúmeras, portanto, as questões de ordem ética, legal e social que precisam ser 
analisadas e equacionadas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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COOPERAÇÃO ENTRE UTILIZADORES 
DO CONHECIMENTO 
 
 
OS TIPOS DE CONHECIMENTO HUMANO 
 
 
Conhecimento consiste em uma crença verdadeira e justificada (Platão, 428ac a 
347ac) – A forma de buscar as realidades vem do conhecimento, não das coisas, mas do 
além das coisas. Esta busca racional é contemplativa, isto significa buscar a verdade no 
interior do próprio homem. 
 
“Conhecimento é a relação que se estabelece entre sujeito que conhece ou deseja 
conhecer e o objeto a ser conhecido ou que se dá a conhecer.” Segundo Cortella (1999), o 
conhecimento é a relação na qual intervêm o sujeito e o objeto, não estando à verdade nem no 
sujeito, nem no objeto, mas precisamente na interação entre eles. 
 
Por que conhecer? 
 
O ser humano conhece basicamente movido por duas necessidades intrínsecas: 
sobrevivência e evolução. 
 
 
Como conhecer? 
 
O ser humano, assim como todo ser vivente, conhece o mundo ao seu redor através 
dos sentidos. Constata-se assim que, o conhecimento em sua manifestação mais 
elementar, é produto da percepção sensorial. Contudo, o ser humano vai, além disto, pois 
produz conhecimento através do raciocínio. Cervo e Bervian (2004) explicam esta 
diferença entre conhecimento sensível e conhecimento intelectual. O conhecimento 
sensível corresponde à apropriação física, por exemplo, a representação de uma onda 
luminosa, de um som, o que acarreta uma modificação de um órgão corporal do sujeito 
cognoscente. Observam que tal tipo de conhecimento é encontrado tanto em 
animais como no homem.Já o conhecimento intelectual ou racional corresponde a uma 
representação não sensível, o que ocorre com realidades tais como conceitos, verdades, 
princípios e leis. 
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No processo de apreensão da realidade do objeto, o sujeito cognoscente pode 
penetrar em todas as esferas do conhecimento: ao estudar o homem, por exemplo, pode- 
se tirar uma série de conclusões sobre a sua atuação na sociedade, baseada no senso 
comum ou na experiência cotidiana; pode-se analisá-lo como um ser biológico, verificando 
através de investigação experimental, as relações existentes entre determinados órgãos e 
suas funções; pode-se questioná-lo quanto à sua origem e destino, assim como quanto à 
sua liberdade; finalmente, pode-se observá-lo como ser criado pela divindade, à sua 
imagem e semelhança, e meditar sobre o que dele dizem os textos sagrados. 
 
Apesar da separação metodológica entre os tipos de conhecimento popular, filosófico, 
religioso e científico, estas formas de conhecimento podem coexistir na mesma pessoa: 
um cientista, voltado, por exemplo, ao estudo da física, pode ser crente praticante de 
determinada religião, estar filiado a um sistema filosófico e, em muitos aspectos de sua 
vida cotidiana, agir segundo conhecimentos provenientes do senso comum. 
 
Para melhor entender cada um desses tipos de conhecimento, vamos inicialmente 
traçar um paralelo entre o conhecimento científico e o conhecimento popular, para depois 
sinteticamente identificar o que caracteriza cada um deles. 
 
 
O conhecimento científico e outros tipos de conhecimento 
 
Ao se falar em conhecimento científico, o primeiro passo consiste em diferenciá-lo de 
outros tipos de conhecimentos existentes. Para tal, analisemos uma situação muito 
presente no nosso cotidiano. 
 
O parto no âmbito popular (parteira) e o parto no âmbito da ciência da medicina 
(maternidade). 
 
Tipos de conhecimentos que se encontram mesclados neste exemplo: 
 
- Empírico, popular, vulgar: transmitido de geração em geração por meio da educação 
informal e baseado na imitação e na experiência pessoal. 
 
- Científico: conhecimento obtido de modo racional, conduzido por meio de 
procedimentos científicos. Visa explicar "por que" e "como" os fenômenos ocorrem. 
 
 
 
 
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Correlação entre Conhecimento Popular e Conhecimento Científico 
 
O conhecimento vulgar ou popular, também chamado de senso comum, não se 
distingue do conhecimento científico nem pela veracidade, nem pela natureza do objeto 
conhecido. O que diferencia é a FORMA, O MODO OU O MÉTODO E OS 
INSTRUMENTOS DO CONHECER. 
 
Aspectos a considerar: 
 
A ciência não é o único caminho de acesso ao conhecimento e à verdade. 
 
Um objeto ou um fenômeno pode ser matéria de observação tanto para o cientista 
quanto para o homem comum. O que leva um ao conhecimento científico e outro ao vulgar 
ou popular é a forma de observação. 
 
Tanto o "bom senso", quanto à "ciência" almejam ser racionais e objetivos. 
 
 
 
Características do Conhecimento Popular 
 
 
Se o "bom senso", apesar de sua aspiração à racionalidade e objetivo, só consegue 
atingir essa condição de forma muito limitada, pode-se dizer que o conhecimento vulgar, 
popular, é o modo comum, corrente e espontâneo de conhecer, que se adquire no trato 
direto com as coisas e os seres humanos. 
 
"É o saber que preenche a nossa vida diária e que se possui sem o haver procurado ou 
estudado, sem a aplicação de um método e sem se haver refletido sobre algo". (Babini, 
1957:21). 
 
Verificamos que o conhecimento científico diferencia-se do popular muito mais no que 
se refere ao seu contexto metodológico do que propriamente ao seu conteúdo. Essa 
diferença ocorre também em relação aos conhecimentos

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