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ESQUEMA AP1 – MICROBIOLOGIA, BACTÉRIAS: MORFOLOGIA, ESTRUTURAS, PATOGENICIDADE, COLORAÇÕES, CRESCIMENTO BACTERIANO SUYANE BRASIL – FISIOTERAPIA UFPI 2015.2 INTRODUÇÃO À MICROBIOLOGIA CONCEITUAÇÃO E HISTÓRIA DA MICROBIOLOGIA - Microbiologia é o ramo da Biologia que estuda os seres vivos microscópicos. - Etiologia – microbiologia deriva de 3 palavras gregas: micros, pequeno; bios, vida; logus, ciência. - Foi somente com o desenvolvimento de modernos microscópicos ópticos compostos, do microscópio eletrônico e de técnicas especializadas que os pesquisadores tomaram conhecimento do grande número e da variedade de microrganismos. - As bactérias e os fungos degradam resíduos orgânicos como plantas e animais mortos, despejos de esgoto e restos de alimentos representam o grupo de seres vivos mais amplamente distribuído na natureza. - Bactérias são os organismos ideais para estudo dos fenômenos biológicos porque: 1. apresentam uma ampla variedade de processos bioquímicos maior desde a simplicidade nutritiva até o parasitismo ou até a dependência completa de células vivas para completar o desenvolvimento; 2. por apresentar uma elevada relação de superfície volume e efetuar concomitantemente o processo de duplicação genômica, transcrição e tradução, eficientes sistemas de transporte apresentam altas taxas metabólicas podendo atingir cerca de 100 gerações em menos de vinte e quatro horas alcançando populações superiores a um milhão no mesmo período, tornando-os ideais para estudo metabólicos e genéticos, são mantidos fácil e economicamente em meios de cultura apresentando. - Cada indivíduo cerca de 100 trilhões de microrganismos. - A princípio, os microrganismos foram considerados apenas como objetos de especulação, com pouco significado. Entretanto, com a contribuição de vários pesquisadores, a visão e importância dos microrganismos mudou rapidamente. MICROBIOLOGIA BÁSICA - Estuda a morfologia, seus arranjos e reações aos processos de coloração, fisiologia, metabolismo, genética, a caracterização e identificação dos microrganismos. - Estuda a sua distribuição natural, as relações recíprocas e com outros seres vivos nos quais provocam efeitos benéficos, indiferentes ou prejudiciais. - Estuda as alterações físicas e químicas que provocam no meio ambiente. MICROBIOLOGIA AMBIENTAL - Estuda a decomposição de matéria orgânica e a reciclagem dos elementos químicos da natureza (ciclos biogeoquímicos). - Bioconversão de resíduos orgânicos em combustíveis alternativos como metano, hidrogênio, gás sulfídrico. - Bioremediação consiste no uso de microrganismos para decomposição de substâncias tóxicas liberadas no meio ambiente devido a acidentes ou à atividade industrial. - 2 tipos microbiologia aquática e microbiologia sanitária. MICROBIOLOGIA DO SOLO - Estudo da decomposição do solo. MICROBIOLOGIA DOS ALIMENTOS - Estudo dos microrganismos envolvidos com a indústria de alimentos ou de bebidas estão preocupados com o controle da produção, manuseio, processamento, industrialização dos alimentos. MICROBIOLOGIA INDUSTRIAL - Está envolvida com a produção de medicamentos, ácidos orgânicos, bebidas alcoólicas, solventes, combustíveis, suplementos, biosurfactantes, biopolímeros. MICROBIOLOGIA MÉDICA - Estuda os microrganismos patogênicos para homem, para a cavidade oral (Microbiologia oral) animais (Microbiologia Animal ou Veterinária). Este campo de aplicação está relacionado com o controle e prevenção das doenças, associada, portanto às práticas assépticas, antibioticoterapia, quimioterapia e imunização, bem como com a epidemiologia ou epizootiologia e os métodos de diagnóstico das doenças infecciosas. BACTÉRIAS SÍNTESE GERAL - São células procarióticas de tamanho relativamente pequeno que não apresentam membrana nuclear. - O material genético das bactérias constitui-se de DNA circular (cromossomo único). - Existem dois tipos diferentes de procariotos eubactérias e arqueobactérias. - Eubactérias são bactérias mais comuns, incluindo as Gram-positivas e negativas e algumas que carecem de parede celular. - Arqueobactérias não produzem peptideoglicano, vivem em condições extremas e efetuam reações metabólicas pouco comuns, como a formação do metano. - Eubactérias Gram-negativas possuem envoltório celular complexo, constituído de membrana externa, uma camada interna de peptideoglicano e membrana citoplasmática. - Eubactérias Gram-positivas estão incluídas bactérias formadoras e não de esporos e actinomicetos. - Eubactérias sem parede celular carecem de parede celular e não sintetizam os precursores do peptideoglicano. Incluem os micoplasmas. - Arqueobactérias vivem em condições adversas; diferem das eubactérias pela ausência da parede celular com peptideoglicano, presença de lipídeo diéster isoprenóide ou tetra éter diglicerol e sequências características de RNA ribossômico. Muitas espécies produzem metano. São consideradas as bactérias mais primitivas. MORFOLOGIA E CITOLOGIA BACTERIANA - As bactérias se apresentam em 3 tipos fundamentais: 1. Cocos pequenas esferas; 2. Bacilos células cilíndricas em forma de bastonetes retos; 3. Formas espiraladas células em forma de bastonetes encurvados. COCOS - São bactérias esféricas ou de secção elíptica que apresentam grupamentos típicos, dependendo do plano e do número de divisões a partir das quais as bactérias continuam unidas: 1. Diplococos cocos dispostos em pares, que se dividem em apenas um plano. Ex: Neisseria meningitides, Streptococcus pneumoniae. 2. Tétrades células agrupadas em tétrades, já que se dividem em 2 planos. Ex: Deinococus radiodurans. 3. Cubos células que se dividem em 3 planos, formando cubos. Ex: Sarcina ventribuli. 4. Esptreptococus cocos dispostos em cadeias, que se dividem em apenas 1 plano. Ex: Streptococus salivarius. 5. Estafilococos cocos dispostos em cachos, já que se dividem sem planos definidos, desorganizadamente. Ex: Staphylococus aureus. BACILOS - São bactérias de formas cilíndricas. - A morfologia dos bacilos é bastante variada: 1. Cocobacilos bastonetes pequenos, com comprimento maior que a largura. Ex: Brucella abortus. 2. Fusiformes bastonetes com extremidades afiladas. Ex: Fusobacterium nucleatum. 3. Bastonetes curtos com extremidades retas Ex: Bacillus subtilis. 4. Formas filamentosas bastonetes de formas longas e delgadas. Ex: Streptomyces griséus. - Os bacilos podem ainda formas cadeias de células estreptobacilos. FORMAS ESPIRALADAS - São consideradas como bastonetes torcidos sobre si mesmos, apresentando-se em forma de hélice ou saca-rolhas. Apresentam 3 formas principais: 1. Vibriões espiras espaciais, apresentando forma de vírgula. Ex: Vibrio cholerae. 2. Espirilos formas espiraladas rígidas, geralmente apresentando mobilidade por flagelos. Ex: Spirillum minor. 3. Espiroquetas apresentam espira flexível e mobilidade através de filamento axial. Ex: Treponema pallidum. - Espiroquetas que apresentam extremidades afiladas e encurvadas caracterizam o gênero Leptospira. - As formas espiraladas geralmente apresentam comprimento bem maior em relação à largura, que geralmente é menor que o poder de resolução do microscópio óptico comum. ESTRUTURA BACTERIANA CITOPLASMA - Contém o DNA cromossomal, mRNA, ribossomos, proteínas e metabólitos. - Cromossomo bacteriano é único, de dupla-fita circular não contido em um núcleo nucleoide não contém histonas = para manter a conformação de DNA e o DNA não forma nucleossomos. - Podem conter plasmídios são formascirculares menores de DNA extracromossomal são mais comumente encontrados em bactérias Gram-negativas e embora não sendo habitualmente essenciais para a sobrevivência celular frequentemente fornecem vantagens seletivas: muitos destes conferem resistência para um ou mais antibióticos. - Está limitado pela membrana citoplasmática, contendo principalmente: 1- Grupos de ribossomos; 2- Inclusões citoplasmáticas que são reservas de substâncias; 3- Mesossomos complexos membranosos que têm valor funcional das mitocôndrias são invaginações mais ou menos complexas da membrana que, por vezes, penetram profundamente no citoplasma bacteriano, ligando-se ao cromossomo bacteriano; 4- Cromossomo bacteriano equivalentes nucleares não delimitados por membrana nuclear, constituídos por um conjunto de filamentos de DNA. PAREDE CELULAR - Caracteriza-se por uma estrutura rígida que recobre a membrana citoplasmática dar forma à bactéria. - A parede celular está presente em todas as bactérias, exceção feita ao grupo dos micoplasmas, constituídos basicamente de uma macromolécula complexa peptideoglicano. - Síntese da parede celular é realizada através de 4 estágios distintos: 1- Inicialmente, os precursores da parede celular (aminoaçúcares e peptídeos) são sintetizados e agrupados no citoplasma; 2- A seguir, esses fragmentos do peptideoglicano atravessam a membrana citoplasmática por intermédio de moléculas transportadoras de natureza lipídica; 3- No exterior, os precursores se reúnem formando cadeias lineares através de polimerização; 4- A seguir, sofrem transpeptidização, ou seja, união das cadeias lineares por ligações cruzadas, formando a estrutura final. - A parede celular constitui 25% do peso seco da bactéria, protege a célula e mantém a pressão osmótica intrabacteriana; além disso, é o suporte de antígenos somáticos bacterianos. - Estrutura da parede celular não é uma estrutura homogênea, podendo sofrer variações em composição química e estrutura de acordo com a espécie bacteriana. - As principais diferenças estruturais e das características químicas ocorrem entre bactérias Gram- negativas, Gram-positivas, micobactérias e espiroquetas. - Turnover o que é removido é colocado. - É renovada devido ao seu crescimento. - Os antibióticos causam a lise da bactéria. PEPTIDEOGLICANO – ANTIBIÓTICOS - Peptideoglicano é uma molécula constituída por 2 açúcares aminados: N-acetil-glicosamina e ácido N-acetil-murânico, os quais estão ligados um ao outro intercaladamente dar forma e resistências às bactérias. - Síntese do peptidoglicano: ocorre no plano de divisão celular por meio de um conjunto de máquinas de divisão celular conhecido como o divisomo. 1- Enzimas bacterianas = autolisinas, localizado no divisomo, quebram ambas as ligações glicosídicas no ponto de crescimento ao longo do peptideoglicano existente, bem como o peptídeo de pontes cruzadas que apontam as fileiras de açúcares juntos. 2- Enzimas transglicosidase em seguida, insere e vincula novos monômeros peptideoglicano para as quebras no peptideoglicano. 3- Finalmente, transpeptidase enzimas reforma do peptídeo de ligações cruzadas entre as linhas e camadas de peptidoglicano para fazer a parede forte. - Os antibióticos, como a penicilina, vancomicina e bacitracina são conhecidos por inibir a formação desta camada de peptidoglicano e assim matar as bactérias. - Beta-lactâmicos + penicilina + cefalosporina = destroem a parede celular se ligam irreversivelmente às transpeptidases (também conhecidas como PBPs). - Respostas das bactérias: Síntese de Beta lactamases destroem o anel Beta lactâmico inativando o antibiótico. - Vancomicina impede a ação das transpeptidases pois ligam-se ao substrato, isto é liga-se fortemente à D-alanina-D-alanina. - Lisozimas impedem a ligação glicosídica entre o NAG e o NAM de se formar. COLORAÇÃO DE GRAM - É um teste rápido, importante e fácil que permite aos clínicos a diferenciação entre as duas mais importantes classes bactérias, permitindo um diagnóstico inicial e começar uma terapêutica com base em diferenças inerentes às bactérias. - As bactérias são fixadas na superfície de uma lâmina, coradas pelo cristal violeta, um corante que é precipitado pelo lugol e, posteriormente, o corante em excesso e não ligado é removido pelo descorante, contendo acetona, e pela água. Um contracorante, safranina, é adicionado corando todas células descoradas. Este processo demora menor de 10 min. - Gram-positivas adquirem cor púrpura o corante fica retido pela camada de peptideoglicano, estrutura espessa de moléculas interligadas, que envolve a célula. - Gram-negativas cor vermelha fina camada de peptideoglicano que não retém o corante cristal violeta, dessa forma a célula é contracorada pela safranina. PAREDE CELULAR DE BACTÉRIAS GRAM-POSITIVAS - É mais larga que das Gram-negativas, apresentando maior quantidade de peptideoglicano torna a parede muito espessa. - Peptideoglicano é suficientemente poroso para permitir a difusão de metabólitos para a membrana plasmática; é essencial para a estrutura, para a duplicação e para a sobrevivência em condições normalmente hostis nas quais as bactérias crescem. - Muitas bactérias Gram-positivas podem apresentar moléculas de ácidos teicóicos, que se constituem em polímeros de glicerol e ribitol unidos através de ligações fosfodiéster. - Ácidos teicoicos são solúveis em água, polímeros aniônicos e em fosfatos de polióis que estão ligados covalentemente ao peptideoglicano, sendo essenciais para a viabilidade celular; são importantes fatores de virulência. - Ácidos lipoteicoicos contem um ácido graxo e são ancorados na membrana plasmática. Estas moléculas são antígenos de superfície comuns que diferenciam sorotipos bacterianos e promovem a ligação a outras bactérias e a receptores específicos em superfícies de células de mamíferos (adesão). São liberados no meio e no hospedeiro e, embora mais fracamente, podem, como as endotoxinas, iniciar respostas inatas protetoras. - Estruturas em síntese peptideoglicano, ácido teoico, ácido lipoproteico. PAREDE CELULAR DE BACTÉRIAS GRAM-NEGATIVAS - Geralmente é mais fina que a das Gram-positivas, sendo a camada de peptideoglicano mais estreita. - Membrana externa fosfolipídica, que pode conter lipopolissacarídeo, lipoproteínas e porinas mantém a estrutura bacteriana e é uma barreira de permeabilidade às grandes moléculas e a moléculas hidrofóbicas. Esta também fornece proteção para condições ambientais adversas. - Porinas protepinas que formam poros que permitem a difusão através da membrana de moléculas hidrofílicas. O canal de porina permite a passagem de metabólitos e de pequenos antibióticos hidrofílicos. - O espaço compreendido entre a membrana citoplasmática e a membrana externa = espaço periplasmático = encontra-se a camada de peptideoglicano e algumas enzimas bacterianas um compartimento contendo componentes de sistemas de transporte de ferro, proteínas, açúcares e outros metabólitos até de uma variedade de enzimas hidrolíticas que são importantes à célula na degradação de grandes moléculas para o metabolismo. - LPS (lipopolissacarídeo) é uma endotoxina, um potente desencadeador de respostas imunológicas inatas. O LPS é liberado a partir da bactéria para o meio e para o hospedeiro; induz à produção de febre e pode causar choque séptico. - Estruturas em síntese peptideoglicano, espaço periplasmático, membrana externa, proteínas, LPS. MEMBRANA CITOPLASMÁTICA - Apresenta constituição fosfolipídica, espessura de aproximadamente 10nm eestrutura molecular comparável com a membrana citoplasmática das células eucarióticas. - Mosaico fluido. - Quantidade de proteínas varia de bactéria. - Bicamada é estabilizada pelos hopanoides. - Funções: 1- Transporte ativo de moléculas para dentro da célula; 2- Difusão passiva por permeabilidade seletiva; 3- Sede de enzimas da fosforilação oxidativa; 4- Síntese de precursores da parede celular da célula; 5- Excreção de enzimas e toxinas. - Características gerais: 1- Barreira permeável; 2- Suporte de proteínas; 3- Conservação e geração de energia; 4- Não apresenta esteroides em sua composição; 5- Sede de numerosas enzimas do metabolismo respiratório bacteriano; 6- Controla a divisão bacteriana através dos mesossomos, que atuam na orientação e separação de cromossomos e orientação da formação do septo equatorial. - Proteínas transmembranas com vários domínios hidrofóbicos transporte de solutos e sistemas de transdução de sinal para o interior da célula. - Proteínas transmembranas com menos domínios hidrofóbicos com projeção para o exterior. - Proteínas periféricas ligadas à membrana por resíduos lipídicos funções de adesão celular. CÁPSULA - Envoltório viscoso que recobre a parede celular em algumas bactérias, constituída de natureza química variável. - Em certas bactérias, a cápsula está envolvida com a virulência, pois interfere com a fagocitose. - Funções: 1- Especificidade imunológica: Streptococcus pneumoniae, por exemplo, apresenta 15 tipos distintos imunologicamente, de acordo com a constituição de sua cápsula; 2- Ação de fator de virulência para algumas bactérias; 3- Ação de barreira osmótica para a célula bacteriana, já que se constituem em aproximadamente 95% de água, prevenindo, desta maneira, fluxo muito rápido de água tanto para dentro como para fora da célula. - Algumas bactérias podem produzir um biofilme polissacarídeo sob certas condições que estabelece uma comunidade bacteriana e as protege de antibióticos e de mecanismos de defesa do hospedeiro. FLAGELOS - São organelas responsáveis pela mobilidade bacteriana, representadas por longos filamentos delgados e ondulados, constituídas de uma proteína contrátil fibrosa semelhante à miosina a flagelina. - Os flagelos promovem mobilidade à bactéria, permitindo que a célula se mova em direção a nutrientes e se afaste de venenos. - Os flagelos constituem-se de 3 regiões distintas: 1- Corpúsculo basal porção que se encontra imersa na membrana citoplasmática e parte da parede celular bacteriana; caracteriza-se por uma série de discos que conectam a porção proximal do flagelo, através de uma estrutura denominada gancho, à membrana citoplasmática e á parede celular. O número de discos é variável de acordo com o grupo bacteriano; células Gram- negativas possuem 4 anéis e Gram-positivas 2. O corpúsculo basal é responsável pela rotação do flagelo. 2- Região do gancho estrutura curva e rígida que conecta o corpúsculo basal à porção distal do flagelo. 3- Filamento externo porção distal do flagelo localizado externamente à parede celular. É constituído de subunidades de flagelina dispostas de maneira a formar uma estrutura cilíndrica oca. - A estrutura da flagelina em cada espécie bacteriana é diferente o suficiente para conferir especificidade antigênica, sendo denominada antígeno H, o qual pode ser usado para a caracterização das bactérias. FÍMBRIAS OU PILI - São organelas filamentosas mais curtas e delicadas que os flagelos. - Se originam de corpúsculos basais na membrana citoplasmática e são constituídos por proteína pilina = associada a pequenas quantidades de carboidratos. - Duas classes principais podem ser observadas: 1- Fímbrias sexuais ou pili F responsáveis pela ligação entre células doadoras e receptoras durante a conjugação bacteriana. Atuam também como receptor para vírus bacteriófagos. Estão presentes em número de 1 a no máximo 10 por célula. 2- Fímbrias comuns são numerosas (100-200 por bactéria) e participam na aderência (adesinas) de determinadas bactérias simbióticas sobre a superfície de células do hospedeiro. Essas fímbrias estão também envolvidas na aglutinação de células e eritrócitos de algumas aves e mamíferos. - A patogenicidade de várias bactérias Gram-negativas é dependente da presença ou não de fímbrias. - Estruturas semelhantes às fímbrias podem ser observadas em algumas bactérias Gram-positivas. ESPOROS - São células de resistência (repouso) das bactérias, altamente resistentes, formadas por algumas espécies. - São formas de resistência que aparecem quando a célula bacteriana não se encontra em meio ideal ao seu desenvolvimento. - São muito resistentes aos agentes físicos (calor e dessecação) e químicos (antissépticos), representado uma forma de sobrevivência, e não de reprodução. - Nas bactérias patogênicas ocorrem principalmente nos gêneros Bacillus e Clostridium. - A localização do esporo dentro da célula é característica das bactérias e pode ser útil na sua identificação. - O esporo é uma estrutura de múltiplas capas, desidratada que protege e permite que a abactéria exista em “estado e animação suspenso”. Este contém uma cópia completa do cromossomo, as concentrações mínimas essenciais de proteínas e ribossomos e uma alta concentração de cálcio ligado a ácido dipicolínico. - Tem 1 membrana interna, 2 camas de peptideoglicano e 1 revestimento proteico externo semelhante à queratina. - A estrutura do esporo protege o DNA genômico o calor intenso, radiação, e do ataque por muitas enzimas e agentes químicos. CÉLULA BACTERIANA X CÉLULA EUCARIÓTICA CRESCIMENTO BACTERIANO - Reflete a operação de todas as estruturas de um microrganismo de uma maneira coordenada, de modo que a vida seja passível. - O estudo do processo do crescimento celular permite a compreensão dos fatores críticos envolvidos no crescimento e metabolismo das células e o espectro de respostas que as células podem exibir face às alterações ambientais. - Crescimento é o aumento do conteúdo do protoplasma bacteriano pela síntese de ácidos nucléicos, proteínas, polissacarídeos, lipídeos e a adsorção de água e eletródios que termina na divisão celular. - A pressão de crescimento leva à divisão celular, caracterizando a multiplicação bacteriana. IMPORTÂNCIA DE ESTUDAR O CRESCIMENTO BACTERIANO - Isolar os agentes causais das doenças infecciosas. - Identificação dos agentes causais das doenças infecciosas. - Desenvolvimento de agentes antimicrobianos. - Preservação dos alimentos. - Estudo: Bioquímica, Genética, Biotecnologia. MODO DE REPRODUÇÃO - Fissão binária através da formação de um septo equatorial na região do mesossomo e divisão da célula-mãe em 2 células-filhas de tamanho aproximadamente igual. - Os cocos totalmente esféricos se dividem em qualquer direção, bacilos e espirilos sempre no sentido transversal. - Divisão celular a duplicação do cromossomo bacteriano dispara a iniciação da divisão celular. A produção de 2 células-filhas requer o crescimento e a extensão dos componentes da parede celular, seguido pela produção do septo para dividir a célula-mãe em 2 células-filhas. FASES DE CRESCIMENTO BACTERIANO - Uma cultura de bactérias, ao se desenvolver em um meio de cultura adequado, apresenta 4 fases de crescimento: 1- Fase de Latência: - Tempo requerido para que as bactérias do inóculo possam restaurar as enzimas e os intermediários metabólicos necessários ao crescimento. - Nessa fase, as células estão sintetizando DNA, transcrevendo RNA, produzindo proteínas e enzimas, que são umpré-requisito para a divisão. - O número de microrganismos permanece constante, praticamente igual ao inoculado. - Se mantivermos as bactérias em fase exponencial, realizando repiques com intervalos de poucas horas nas mesmas condições de culturas, as bactérias passam a crescer imediatamente, sem a fase de latência. 2- Fase Logarítmica ou Fase de Crescimento Exponencial (fase log) - Condições mais saudáveis. - Neste estágio que se faz ensaios enzimáticos, expressão gênica e etc. - O microrganismo é suprido com abundância de nutrientes e o acúmulo de substâncias inibitórias é de pouca importância fisiológica. - O número de células aumenta em progressão geométrica, à medida que o tempo cresce em progressão aritmética. - A variação do logaritmo do número de bactérias versus tempo é expressa numa linha reta. - O tempo de geração é variável de acordo com os grupos ou espécies bacterianas. 3- Fase Estacionária - Taxa de crescimento é zero. - Limitações dos nutrientes. - Acúmulo de produtos excretados pelos microrganismos – inibe o crescimento. - Pode ocorrer divisão celular quando uma célula morre - Crescimento críptico. - Metabolismo e processos biossintéticos podem estar ativos - Em um momento particular, o crescimento logaritmo cessa e as células entram na fase estacionária. - As razões precisas para a entrada nessa fase ainda não são totalmente esclarecidas, entretanto, nesse momento, um ou mais nutrientes críticos estão diminuídos ou exauridos e produtos tóxicos, sobretudo ácidos, estão acumulados. - O número de bactérias viáveis, permanece constante em seu valor máximo, pois o número de novas células é igual ao número daquelas que estão morrendo. - Nessa fase, as bactérias se dividem em ritmo mais lento. 4- Fase de Declínio ou Morte - Morte celular. - Lise celular. - Segue uma curva exponencial mais lenta que a de crescimento. - Uma combinação de diferentes fatores determina o final da fase estacionária e o início da fase de declínio. - Em algumas situações a morte é logarítmica. - Morte das bactérias ocorre principalmente por acúmulo excessivo de produtos tóxicos e escassez de nutrientes. - Acredita-se que o acúmulo de determinadas substâncias possam inibir determinadas rotas metabólicas essenciais aos microrganismos. EM SÍNTESE FASES - Fase Lag as bactérias estão se adaptando, se nutrindo, familiarizando-se com o ambiente. Estão adaptando o metabolismo. - Fase Log começam a se multiplicar rapidamente. - Fase estacionária o mesmo numero de bactérias que se reproduzem é o mesmo tanto que morrem. - Fase de morte ou declínio as bactérias passam a morrer, passando a ter mais mortas do que vivas, até todas morrerem. TRANSFERÊNCIA DE GENES EM BACTÉRIAS TRANSFORMAÇÃO - É um processo em que as bactérias podem capturar fragmentos de DNA livre e incorporá-los em seus genomas, ou seja resulta na aquisição de novos marcadores genéticos pela incorporação de DNA exógeno ou estranho. - Penetração de DNA solúvel, liberado para o meio por bactéria doadora, em bactéria receptora competente, e incorporação em seu genoma. - A transformação pode conferir resistência a determinado antibiótico, independência nutritiva de determinado substrato. TRANSDUÇÃO - Transferência de material genético entre bactérias, por intermédio de fagos temperados (pouco virulentos) bacteriófagos. - O fago temperado ao lisar uma bactéria sensível, libera, ao lado de partículas normais do fago, outras ditas partículas transdutoras, nas quais o DNA fágico incorpora um pequeno segmento cromossômico da bactéria que o originou (bactéria doadora). Tais partículas transdutoras, ao penetrarem numa bactérias receptora, transmitem a esta o gene originário da bactérias doadora. CONJUGAÇÃO - Ocorre entre membros da mesma espécie ou entre espécies relacionadas. - Consiste em uma transferência unidirecional de DNA de uma célula doadora (ou macho) para uma célula receptora (ou fêmea) através de pilus sexual. - O DNA que é transferido por conjugação não é uma dupla-hélice, mas uma molécula de fita simples. - Ou seja, é a transferência por contato direto ou transferência quase sexual de informação genética de uma bactéria (doadora) para outra bactéria (receptora). MECANISMO DE PATOGÊNESE BACTERIANA - Infelizmente, muitos dos mecanismos que as bactérias usam para manter seus nichos e os produtos do crescimento bacteriano causam dano e problemas para o hospedeiro humano. - Fatores de virulência aumentam a habilidade da bactéria de causar doenças. Embora muitas bactérias causem doenças por destruírem diretamente os tecidos, algumas liberam toxinas, que são disseminadas pelo sangue e causam ampla patogenicidade. - As bactérias da flora normal ajudam na digestão dos alimentos, produzem vitaminas e podem proteger o hospedeiro da colonização com micróbios patogênicos. - Bactérias virulentas possuem mecanismos que promovem seu crescimento no hospedeiro à custa dos tecidos do hospedeiro ou da função dos órgãos desse hospedeiro. - Bactérias oportunistas para crescer e causar doenças mais graves, essas bactérias aproveitam as condições preexistentes, como a imunossupressão que aumenta a suscetibilidade do paciente. - Doenças resultam do dano ou perda de tecidos e funções dos órgãos, ou ainda do desenvolvimento da resposta inflamatória do hospedeiro. - Sinais e sintomas de uma doença são determinados pela função do tecido afetado. - Respostas sistêmicas são produzidas pelas toxinas e citocinas produzidas em resposta à infecção. - Gravidade da doença depende da importância do órgão afetado e da extensão do dano causado pela infecção. - A cepa bacteriana e o tamanho do inóculo são também fatores importantes para determinar se a doença ocorrerá. - Fatores do hospedeiro também podem ser importantes. - Defeitos congênitos, imunodeficiência e outras condições relacionadas à doença, também podem aumentar a suscetibilidade de um indivíduo à infecção. Quanto mais tempo uma bactéria permanece no hospedeiro, maior será o seu número, sua habilidade de disseminação e seu potencial para causar dano tecidual e doença. - Muitos dos fatores de virulência consistem em estruturas ou atividades complexas que somente são expressas sob condições especiais. - Ilhas de patogenicidade são regiões cromossômicas grandes que contêm conjuntos de genes que codificam numerosos fatores de virulência. FATORES DE VIRULÊNCIA BACTERIANOS - Aderência as bactérias podem utilizar mecanismos específicos para aderir e colonizar diferentes superfícies do corpo. Se as bactérias forem capazes de aderir aos revestimentos celulares epiteliais ou endoteliais da bexiga, intestino e vasos sanguíneos, não poderão ser eliminadas e esta aderência permitirá que colonizem o tecido. Uma adaptação especial que facilita a colonização é um biofilme produzido pelas bactérias = que estão unidas com uma membrana viscosa de plissacarídeo que liga as células entre si e à superfície. - Invasão embora as bactérias não possuam mecanismos que as capacitem atravessarem a pele, várias bactérias podem atravessar as membranas mucosas e outras barreiras teciduais para penetrar sítios normalmente estéreis e tecidos mais susceptíveis. Estas bactérias invasoras podem tanto destruir a barreira como penetrar nas células da barreira. - Produtos de metabolismo resultante do crescimento bacteriano, especialmente da fermentação, incluem ácidos, gás, e outras substâncias que são tóxicas para o tecidos. Além disso, muitas bactérias liberam enzimas degradativas para decompor o tecido,fornecendo desse modo alimento para o crescimento do microrganismo e promovendo a disseminação da bactéria. - Toxinas são produtos bacterianos que danificam diretamente o tecido ou promovem atividades biológicas destrutivas. Em muitos casos, a toxina é completamente responsável por causar os sintomas característicos da doença. - Enzimas degradativas causam a lise de células ou proteínas que se ligam a receptores específicos, que iniciam reações tóxicas em um tecido-alvo específico. - Proteínas citotóxicas. - Exotoxina são proteínas que podem ser produzidas pelas bactérias Gram-positivas ou Gram- negativas e incluem enzimas citolíticas e proteínas, que se ligam a receptores que alteram a função ou destroem as células. - Endotoxina A presença de componentes da parede celular bacteriana atua como um sinal de infecção que fornece um poderoso alarme múltiplo como aviso para o organismo ativar os sistemas de proteção do hospedeiro. Os padrões moleculares nessas estruturas ligam-se as moléculas semelhantes ao receptor Toll e estimulam a produção de citocinas. Em alguns casos, a resposta do hospedeiro é excessiva e pode até ameaçar a vida. Em infecções com bactérias Gram positivas, o peptídioglicano e seus produtos, bem como os ácidos teicoicos e lipoteicoicos, são liberados. Isto estimula as respostas pirogênicas (febre) de fase aguda semelhantes às de endotoxinas. O lipopolissacarídio (LPS) produzido pelas bactérias Gram negativas é um ativador ainda mais potente da fase aguda e de reações inflamatórias, chamado de endotoxina. A porção do LPS composta pelo lipídio A é responsável pela atividade da endotoxina. É importante notar que endotoxina não é o mesmo que exotoxina e que somente as bactérias Gram negativas produzem endotoxina. As bactérias Gram negativas liberam endotoxina durante a infecção. As endotoxinas ligam-se a receptores específicos (CD14 e TLR4) nos macrófagos, nas células B e em outras células e estimulam a produção e liberação de citocinas de fase aguda. As endotoxinas também estimulam o crescimento (mitogênico) das células B. Em baixas concentrações as endotoxinas estimulam a montagem das respostas protetoras, como a febre, vasodilatação e ativação das respostas inflamatória e imune. No entanto, os níveis de endotoxina no sangue de pacientes com septicemia por bactérias Gram negativas (bactérias no sangue) podem ser muito altos e a resposta sistêmica para estes pode ser superpotente, resultando em choque e, possivelmente, em morte. Altas concentrações de endotoxinas podem também ativar a via alternativa do complemento e a produção de anafilotoxinas (C3a, C5a), contribuindo para a vasodilatação e o extravasamento dos vasos sanguíneos. - Superantígenos são um grupo especial de toxinas que ativam as células T por se ligarem simultaneamente a um receptor da célula T e a molécula do complexo principal de histocompatibilidade da classe II na superfície de uma célula apresentadora de antígenos sem necessitar da presença de um antígeno. Os superantígenos ativam uma grande quantidade de células T, oque leva à liberação de grande quantidade de interleucinas, causando respostas semelhantes às respostas autoimunes que ameaçam a vida. Este estímulo das células T por superantígenos pode também levar as células T ativadas à morte, resultando na perda de clones específicos de células T e de suas respostas imunes. - Indução de excesso de inflamação. - Evasão dos fagócitos e depuração imunológica Os fagócitos (neutrófilos, macrófagos) são uma defesa antibacteriana importante, porém muitas bactérias podem contornar a morte pelos fagócitos de várias maneiras. Elas podem produzir enzimas capazes de lisar as células fagocitárias. Podem inibir a fagocitose ou bloquear a morte intracelular. Os mecanismos bacterianos para a proteção da morte intracelular incluem o bloqueio da fusão fagolisossoma para evitar o contato com seus conteúdos bactericidas, resistência às enzimas ou substâncias bactericidas lisossômicas e a habilidade de sair do fagossoma para o citoplasma bacteriano, antes de serem expostas às enzimas lisossômicas. Muitas bactérias que são internalizadas e sobrevivem à fagocitose podem usar as células como um local para crescer, se proteger da resposta imune e também como um meio de se disseminar pelo corpo todo. - Cápsula é um dos principais fatores de virulência. Estas camadas limosas funcionam protegendo a bactéria das respostas imunes e fagocitárias. As cápsulas são tipicamente feitas de polissacarídios, que usualmente são imunógenos fracos. Também atua como uma cobertura escorregadia, que é difícil de ser agarrada e que se rompe quando capturada por um fagócito. A cápsula também protege a bactéria da destruição no interior do fagolisossoma de um macrófago ou leucócito. Todas estas propriedades podem aumentar o tempo da bactéria no sangue (bacteremia) antes que a mesma seja eliminada pelas respostas do hospedeiro. Mutantes de bactérias normalmente capsuladas que perdem a habilidade de sintetizar cápsula também perdem suas virulências. Um biofilme constituído de material capsular pode evitar que anticorpos e complemento tenham acesso à bactéria. - Resistência aos antibióticos. - Crescimento intracelular bactérias que crescem intracelularmente = o controle das infecções por estes microrganismos requer respostas imunes das células T auxiliadoras TH1, as quais ativam os macrófagos a matarem a bactéria ou a criarem uma parede (granuloma) ao redor da célula infectada. ENTRADA NO CORPO HUMANO - Para o estabelecimento de uma infecção, as bactérias devem penetrar primeiro no corpo humano. - Os mecanismos de defesa naturais e barreiras como a pele, muco, epitélio ciliado e secreções contendo substâncias antibacterianas tornam difícil a entrada da bactéria no organismo humano. - Estas barreiras são algumas vezes quebradas, abrem uma porta de entrada para as bactérias. - As bactérias podem também ter outros meios para comprometer a barreira e invadir o organismo. - Durante a invasão, a bactéria pode viajar pela corrente sanguínea para outros sítios do corpo. - Portas de entrada para as bactérias ingestão, inalação, trauma, perfuração por agulha, picadas de artrópodes, transmissão sexual. IMUNOPATOGÊNESE - Em muitos casos, os sintomas de uma infecção bacteriana são produzidos pelas respostas inatas, imunes e inflamatórias excessivas disparadas pela infecção. - A resposta da fase aguda contra componentes da parede celular, quando limitada e controlada, é uma resposta antibacteriana protetora. No entanto, estas respostas também causam febre e mal- estar. A resposta da fase aguda, quando sistêmica e fora de controle, pode causar sintomas associados à septicemia e à meningite que ameaçam a vida. - Os neutrófilos, macrófagos e complemento ativados podem causar dano no sítio da infecção. A ativação do complemento pode também causar liberação de anafilotoxinas que iniciam a permeabilidade celular e o extravasamento capilar. A tempestade de citocinas gerada pelos superantígenos e endotoxinas pode causar choque e interrupção da função corpórea.