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Biotecnologia Profª Natália Faria Romão Bióloga / Mestre em genética e toxicologia Esp. Microbiologia de alimentos e Avançada Doutoranda: Biotecnologia - BIONORTE A mutação é sempre encarada como algo negativo. Os pesquisadores fazem de tudo para evita- la, como se fosse possível eliminá-la totalmente. A mutação faz parte da vida: Sem ela a vida seria inimaginável. Sem mutação: não há variabilidade genética Sem variedade não há seleção Sem seleção não há evolução Sem evolução não há adaptação. Da Silva et al, 2003. Mutagênese Mas... Mutação demais pode prejudicar o indivíduo ou até mesmo extinguir a espécie. A mutação é aleatória cega de ordem molecular e química um processo desagregador Da Silva et al, 2003. Mutagênese Mutação: Alterações no código de bases nitrogenadas nos genes do DNA. Podem originar novos genes que podem originar características favoráveis ou desfavoráveis ao indivíduo. Mutagênese – Inserções: – Deleção: Mutagênese Mutação: 5’ GGG AGT GTT AGA TGG TCC 3’ 3’ CCC TCA CAA TCT ACC AGG 5’ Gene selvagem: 5’ GGG AGT GTTT AGA TGG TCC 3’ 3’ CCC TCA CAAA TCT ACC AGG 5’ Gene selvagem: 5’ GGG AGT GTT AGA TGG TCC 3’ 3’ CCC TCA CAA TCT ACC AGG 5’ 5’ GGG AGT G T AGA TGG TCC 3’ 3’ CCC TCA C A TCT ACC AGG 5’ T Prejuízo: Altera o quadro de leitura. NO DECORRER DA VIDA Aparecimento de mutações – alterações no DNA Erros naturais que ocorrem durante a replicação do DNA Ocorre em todos os seres vivos Mutagênese O DNA é bastante protegido, sendo a única molécula biológica que apresenta um mecanismo próprio para prevenção e reparo de falhas em seu metabolismo. Ainda assim está sujeito a mutações. As mutações despertam grandes interesses por estarem diretamente relacionadas ao desenvolvimento de diversas doenças degenerativas: Câncer, envelhecimento e doenças senis. Mutagênese Tipo de mutações: Mutagênese Espontânea Ocorre naturalmente durante a replicação do DNA Induzida Fatores externos: como possíveis agentes mutagênicos – substancias; Radiações e Radicais livres – proveniente de alimentos ou gerados pelo metabolismo celular. Frequência baixa: uma célula em 105 a 108 Mecanismos: erros na replicação do DNA lesões espontâneas: desaminação, depurinação e danos oxidativos (radicais superóxido-O 2; peróxido de hidrogênio- H 2 O 2; radicais hidroxila-OH) C→U transição GC →AT Perda de base púrica A e G Mutagênese •PERDA DE BASES: Depurinação: 5.000 bases púricas (A e G)/dia/célula Desaminação: 100 bases C >U/dia/célula •REPLICAÇÃO: DNA pol: 1 base errada na cadeia filha/10 milhões pb •REVISÃO DE PROVA: corrige 99,9% dos erros de replicação •TAXA DE MUTAÇÃO (erros de replicação): muito baixa 10-10 por pb/divisão •GENOMA DIPLÓIDE HUMANO: ~ 6x109 pb do DNA → menos 1 mutação de pb/divisão LESÕES ESPONTÂNEAS: ERROS DE REPLICAÇÃO DO DNA Mutagênese PREVENÇÃO DE ERROS • Alguns sistemas enzimáticos neutralizam compostos potencialmente danosos, antes que reajam com o DNA • Ex.: desintoxicação de radicais superóxido produzidos durante os danos oxidativos. Mutagênese a) Enzima superóxido dismutase catalisa a conversão dos radicais superóxido peróxido de hidrogênio b) Enzima catalase converte peróxido de hidrogênio em água A mutagênese (Genética Toxicológica) avalia os efeitos genotóxicos em potencial, uma vez que são considerados pré-requisitos importantes para o desenvolvimento de efeitos adversos à saúde, como o câncer. Mutagênese A toxicidade genética não é uma medida da carcinogênese, mas é frequentemente usada como um indicador para o câncer, uma vez que os testes de mutagenicidade medem um evento inicial ou intermediário da tumorigênese. Mutagênese Importância de estudos de mutagênese • Mutação: se não mata a célula ela pode se proliferar no corpo em crescimento (mutação somática) ou ser transmitida para as próximas gerações (mutação germinal). • Estima-se que as mutações somáticas e germinais são responsáveis por: – 50% das mortes fetais, – 30% dos problemas de aprendizagem, – 20% dos defeitos congênitos, e – 2% da infertilidade masculina Mutagênese • “Se bem não fizer, mal não faz?” • Virtualmente, todas as substâncias químicas podem causar efeitos adversos à saúde, dependendo da quantidade absorvida e metabolismo. • Portaria do Ministério da Saúde/2000: todos os fitoterápicos devem ser estudados quanto ao seu potencial mutagênico. • Resultados positivos: Aloe vera (babosa) Schinus terebintifolius (aroeira) Ocotea dukei (louro-de-cheiro) Mutagenicidade: Produtos Naturais Aloe vera (babosa) Mutagenicidade: Produtos Naturais Na dose usual, a solução de Aloe vera não foi mutagênica para o sistema de teste. Já na dose dez vezes mais concentrada provocou um efeito citotóxico e mutagênico. Schinus terebintifolius (aroeira) Mutagenicidade: Produtos Naturais Teste de mutagenicidade direta sugeriram que os flavonoides aumentam a frequência de mutação em cepas deficientes nas enzimas MutM e MutY glicosilases, principalmente na duplo mutante, sugerindo que as lesões predominantemente oxidativas, são substratos destas enzimas no DNA. Ocotea dukei (louro-de-cheiro) Mutagenicidade: Produtos Naturais Induz hipotensão, devido a uma diminuição da resistência periférica vascular, e bradicardia, devido a uma ativação indireta dos receptores muscarínicos cardíacos via estimulação vagal. • Compostos sintetizados pelos vegetais: -alcalóides: morfina, papaverina e narcotina: extraídas do ópio da papoula -cafeína e teofilina: chás e café -folhas e raízes de confrey: hepatocarcinoma -aji-no-moto: glutamato de monossódico (cana-de- açúcar) -própolis: contém quercetina (flavonoide) Agentes Mutagênicos: Alimentos Naturais • Frituras de alimentos e torrefação: formam HAP • Rancificação de óleos (aquecimento sucessivo): formam HAP • Armazenamento de grãos: contaminação por fungos -aflatoxina: Aspergillus flavus (amendoim) -furocumarinas: contidas em cogumelos • Conservantes: nitratos e nitritos Quebra a ligação entre a base e o açúcar sítio apurínico Agentes Mutagênicos: Alimentos Processados Teste de Mutação Gênica em Células de Mamífero (Mouse Lymphoma Assay – MLA) Testes Genéticos em Mutagênese Teste de Micronúcleos Mutagênese Teste de Micronúcleos Baseia-se na idéia de que quebras nas fitas de DNA ou fibras rompidas do fuso acromático permitem a um cromossomo inteiro ou cromossomos formar núcleos de tamanho menor após uma rodada de divisão celular. - Adiciona bastante velocidade e robustez estatística à análise; - Validado internacionalmente; - Aberrações numéricas e cromossômicas; - Fácil execução e análise Mutagênese Teste de Micronúcleos In vivo Mutagênese Teste de Micronúcleos Mutagênese Micronuclei Cellular Binucleada Citocinese bloqueada pelo uso da Citocalasina B Cyt-B Mutagênese Teste de Micronúcleos Teste de Micronúcleos Mutagênese Quebra cromossômica (clastogênese) Perda cromossômica (aneugênese) • PCE – Eritrócito Policromático. Célula mais jovem, com maior quantidade de RNA no citoplasma e apresenta coloração roxa. • NCE – Eritrócito Normocromático. Célula mais antiga, que já perdeu o RNA do citoplasma e apresenta coloração laranja. Mutagenicidade Teste de Micronúcleos • Análise em microscópio de 500 células avaliando a proporção de PCE e NCE – Pode indicar toxicidade, quando o número de célulasjovens decai em relação ao número de células antigas. • Análise de 1000 PCE por lâmina avaliando a presença de micronúcleos – Indica a indução de dano ao DNA. Mutagenicidade Teste de Micronúcleos Quando um produto apresenta um resultado positivo • Um resultado positivo in vitro não é o final do processo de análise. – > 25% das drogas no mercado têm ao menos um resutado positivo na avaliações de Genética Toxicológica. • Nem todos os resultados positivos são relevantes para humanos, que frequentemente estão expostos a compostos em baixas concentrações. • Resultados positivos in vivo são mais problemáticos do que resultados positivos in vitro. • A escolha do teste e a qualidade com que é feito o desenho experimental são muito importantes. Teste de Micronúcleos Resultado positivo in vivo • Resultados de testes de genotoxicidade in vivo, principalmente teste de citogenética em medula óssea, desempenha um papel vital na avaliação de risco. • Aumento em células de medula óssea micronucleadas tem alto poder regulatório, indicando que o composto teste é um carcinógeno genotóxico potencial. Teste de Micronúcleos Resultado positivo in vivo • Existem novas evidências de que distúrbio fisiológicos (alterações na temperatura corporal, aumento na eritropoese, inibição da síntese protéica) induzidos por compostos químicos em roedores usados nestes testes podem ocasionar aumento em células de medula óssea micronucleadas que não estão relacionadas ao potencial genotóxico do composto em teste. Teste de Micronúcleos Foto: Natália Romão Foto: Natália Romão Foto: Natália Romão Anáfase anormal Allium cepa Anáfase normal Micronúcleos: Uso de Allium cepa Teste de Micronúcleos Avalia o índice mitótico, o índice de proliferação celular, metáfase e/ou anáfases anormais, MNs e outras alterações celulares. Alterações Genéticas em Células Meristemáticas de Allium Cepa Micronúcleos: Uso de Allium cepa Teste de Micronúcleos Testes Citogenéticos a) Monitoramento humano do risco de mutagênese ocupacional e/ou ambiental. b) Detectam alterações cromossômicas estruturais e/ou numéricas, microscopicamente visíveis, mas de viabilidade desconhecida, que envolvem no mínimo 10Mb. c) Apresentam baixo custo, praticidade e são excelentes marcadores biológicos de exposição à agentes clastogênicos. Teste de Micronúcleos Testes Material Tempo Observações MN Sangue Medula Óssea Células da Mucosa Oral Células vegetais CHO, etc 48 - 96 horas Avalia a capacidade de indução de danos cromossômicos estruturais e/ou numéricos MT Teste de Micronúcleos Fragilidade Cromossômica Quebra Cromossômica Testes Genéticos em Mutagênese Teste de Micronúcleos CN G E- M N G E- JP 0 10 20 30 40 50 *** *** N u m b e r o f m ic ro n u cl e i b y 20 00 c e l. Figura 3. Índice de Micronúcleos encontrados por grupos pesquisados. ANOVA, seguida por teste Tukey, onde *** p<0,05. No organismo humano os herbicidas compostos por triazina são absorvidas com maior facilidade pelo trato gastrintestinal e após 72 horas: 65% é excretado pela urina 15% é acumulado Aumenta o fator de risco para a doença de Parkinson; Processos carcinogênicos e teratogênicos, Desordens neurológicas. Caso FOSFOETALONAMINA... Substância criada pelo pesquisador doutor Gilberto Orivaldo Chierice do Instituto de Química da Universidade de São Paulo. Resultado com o teste do Micronúcleo A análise pré-clínica através do teste do micronúcleo para atestar a segurança no uso da fosfoetanolamina sintética não apresentou efeitos citotóxicos e genotóxicos em EPC de medula óssea de camundongos. Assim podemos concluir que o teste do micronúcleo tem sido uma ferramenta Importante para demonstrar o principal biomarcdor que pode desencadear doenças Degenerativas. GENOTOXICIDADE • O estudo dos efeitos adversos de agentes físicos e químicos no material genético de células (DNA ou cromossomos) e a subsequente expressão de tais mudanças. • Os testes de genotoxicidade geralmente são feitos juntamente com o mutagenicidade para determinar os danos ao material genético. Genotoxicidade • Diferente das mutações, as lesões detectadas pelo ensaio cometa são passíveis de correção. • Uma vez que danos no DNA são frequentemente célula e tecido específicos, esta metodologia, permite a detecção de danos e seu reparo em uma única célula, e consequentemente, em determinada sub- população celular, é de extrema relevância para a avaliação de compostos genotóxicos. Genotoxicidade • Testes de genotoxicidade – Diversas metodologias – Importante pesquisa para avaliação da toxicidade celular – Identificar potencial carcinogênico e a mutagenicidade – Proteger o material genético humano Genotoxicidade • Desenvolvido por Singh e cols (1988) para detectar o dano primário ao DNA. • É bastante sensível, detectando quebras simples e duplas e sítios alcalilábeis nas moléculas de DNA; • Microeletroforese de células suspensas em uma fina camada de agarose disposta sobre uma lâmina e lisadas por detergentes e alta concentração de sais. Genotoxicidade Ensaio Cometa • Teste indicativo • Simples, sensível e rápido • Danos em células individuais • Pequeno número de células • Pode ser realizado em qualquer célula nucleada • Dano e reparo no DNA • Muito usado em estudos de genética toxicológica Genotoxicidade Ensaio Cometa • Geralmente feito com células de modelos animais teste (ratos ou camundongos). • Estes animais são tratados com a substancia teste e depois é recolhida o material de análise: – Sangue, células de tecidos (coração, fígado, rins, cérebro) Genotoxicidade Ensaio Cometa Procedimento 1- Células embebidas em gel de agarose (lâminas) 2- Lisar sob condições alcalinas (ou neutras) 3- Eletroforese 4- Segmentos DNA livres migram fora do núcleo → Fora do núcleo 5- Observação microscópica 6- Classificação das células em classes (0-4) Genotoxicidade Ensaio Cometa • Após a eletroforese as células (nucleóides) adquirem uma morfologia semelhante a de um cometa; • Cabeça representa o arcabouço de DNA intacto e a cauda, fragmentos provenientes de lesões no DNA. Genotoxicidade Ensaio Cometa Teste cometa com vários graus de dano ao DNA: A - célula sem dano B - célula com leves danos C - célula danificada ou clássico cometa D - célula altamente danificada Genotoxicidade Ensaio Cometa Pode-se avaliar também a antigenotoxicidade de uma substancia através do teste ex vivo. Genotoxicidade Ensaio Cometa A antigenotoxicidade serve para determinar o efeito protetor de uma substancia frente ao agente danoso (peróxido de hidrogênio) • Para isso: as lâminas do controle negativo e dos grupos expostos a substância teste são submetidas a um tratamento com peróxido de hidrogênio (H 2 O 2 ) durante 5 minutos. • Depois procede-se normalmente com a eletroforese. Genotoxicidade Ensaio Cometa Algumas lâminas de teste Cometa desenvolvido NO CAMPUS JI-PARANÁ Foto Natália Romão Foto Natália Romão Foto Natália Romão
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