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Metodologia do Ensino de Arte Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Profa. Dra. Ana Kalassa El Banat Profa. Ms. Lidice Romano de Moura Revisão Textual: Profa. Ms. Fátima Furlan A abordagem curricular no Ensino Fundamental: conceitos e práticas no Ensino de Arte 5 • Introdução • Por que e para que precisamos de Parâmetros Nacionais? • Os objetivos da arte no ensino fundamental a partir do PCN • As Artes Visuais e o PCN • O professor mediador e a autonomia no criar • Quais seriam os conteúdos para a Arte no Ensino Fundamental? • A proposta de avaliação em arte para o ensino fundamental, segundo o PCN · Dialogar sobre os objetivos da arte no Ensino Fundamental - 3° e 4° ciclos com base na diretriz apresentada pelo Parâmetro Curricular Nacional para essa etapa da educação básica. Para que você tenha um bom desempenho na nossa disciplina, é essencial dispensar um tempo todos os dias para leitura das aulas, não deixando de verificar o material complementar que abrange textos, vídeos e links; Conheça o Projeto do Centro de Pesquisa e Formação em ensino escolar de Arte e Esporte, no qual se oferecem oficinas de diversas linguagens artísticas aos alunos da Rede pública Municipal de ensino do Rio de Janeiro. Leia o artigo da profa. Lucia Gouveia Pimentel; “Refletindo sobre os parâmetros curriculares nacionais, presente no V Congresso Nacional de Arte-Educação na Escola para todos. Leia o artigo “Refletindo sobre os parâmetros Curriculares Nacionais de ARTE” da professora Dra. Maria Heloisa Corrêa De Toledo Ferraz E por fim, leia também a entrevista com a Dra. Ana Mae Barbosa. A abordagem curricular no Ensino Fundamental: conceitos e práticas no Ensino de Arte 6 Unidade: A abordagem curricular no Ensino Fundamental: conceitos e práticas no Ensino de Arte Contextualização Dentro do tema que estamos estudando, refletiremos sobre as seguintes questões: O que selecionar em um universo tão complexo e com tantas possibilidades? Quais são os critérios para essa seleção? Quem decide qual conteúdo a ser trabalhado? Para refletirmos sobre o assunto, convidamos você a ler o artigo da professora Raquel Lima Freitasi, intitulado “A Formação do Professor do Ensino de Arte na Escola: Uma Construção no Cotidiano da Disciplina”, disponível em: http://www.uemg.br/openjournal/index.php/SCIAS/article/view/409/281 A educadora nos ajuda a refletir sobre a inclusão da Arte como área de conhecimento no currículo escolar a partir da LDB 9394/96 e sobre a conquista dos arte-educadores brasileiros, consolidando a obrigatoriedade da disciplina no contexto nacional e internacional. 7 Introdução Neste momento, esperamos que você já esteja sintonizado com as principais problemáticas do campo do ensino/aprendizagem da arte visto em unidades anteriores. Podemos sintetizar que, até esse momento, nós já dialogamos sobre a importância e contribuição da arte para a educação, já tratamos um pouco de sua história e principais tendências e já discutimos sobre a construção do currículo em arte. Agora, vamos dialogar sobre as particularidades desse aprendizado no período do Ensino Fundamental a partir do Parâmetro Curricular Nacional - Arte. Por que e para que precisamos de Parâmetros Nacionais? Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) não são leis ou normas a serem seguidas mecanicamente pelas escolas. Tampouco apresentam "receitas" de como o professor deve ensinar ou se portar na sala de aula. Mas, então o que são? Segundo o INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira os PCNs (como ficaram conhecidos): ... foram elaborados para difundir os princípios da reforma curricular e orientar os professores na busca de novas abordagens e metodologias. Eles traçam um novo perfil para o currículo, apoiado em competências básicas para a inserção dos jovens na vida adulta; orientam os professores quanto ao significado do conhecimento escolar quando contextualizado e quanto à interdisciplinaridade, incentivando o raciocínio e a capacidade de aprender. Fonte: http://portal.inep.gov.br/web/saeb/parametros-curriculares-nacionais. Assim entendemos que a partir do PCN Arte1 teremos contato com as indicações das competências cognitivas e habilidades que se espera que os alunos desse período desenvolvam, introduzindo a discussão sobre questões metodológicas e incentivando certas práticas, como a interdisciplinaridade. Você já compreendeu que o PCN não é o currículo, mas colabora na sua organização, apresentando questões que não válidas para toda a Nação Brasileira e significam, segundo a educadora Silvia Pillotto uma forma de democratização da educação, porque são, ou melhor dizendo, deveriam ser uma referência para a melhoria das condições de educação de todas as crianças (PILLOTTO, 2012). Saiba Mais 1 O Parâmetro Curricular Nacional - Arte para o terceiro e quarto ciclos do Ensino Fundamental está disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/arte.pdf Entretanto Pillotto salienta que o PCN não deve substituir "a criação de propostas curriculares e ações específicas para cada região do País, pois é preciso respeitar e valorizar as diversidades culturais"(Idem, 2012) . Mas também assinala que especialmente para os Estados brasileiros que não têm propostas curriculares organizadas o PCN trouxe grandes benefícios. 8 Unidade: A abordagem curricular no Ensino Fundamental: conceitos e práticas no Ensino de Arte Em síntese O PCN é um ponto de partida, mas depende de cada escola, de cada professor, promover seu entendimento, discussão e adaptação às diferentes realidades, criando formas de ensino, possibilidades de intercâmbio de informações entre docentes e definindo contextos de avaliação que estejam em consonância com as necessidades dos espaços em que estão sendo gestados, completando as lacunas das diretrizes e constituindo uma identidade própria à proposta. Os objetivos da arte no ensino fundamental a partir do PCN Ao apresentar os objetivos a serem alcançados para a Arte no Ensino Fundamental, o PCN esclarece que a abordagem indicada para a arte na educação é seu reconhecimento como processo de conhecimento, isto é, cognitivo. Um conhecimento que é construído por meio do contato com as diversas expressões artísticas: Artes Visuais, Música, Teatro e Dança. No transcorrer do ensino fundamental, espera-se que os alunos, progressivamente, adquiram competências de sensibilidade e de cognição em Artes Visuais, Dança, Música e Teatro, diante da sua produção de arte e no contato com o patrimônio artístico, exercitando sua cidadania cultural com qualidade. (PCN - Arte, 3o. e 4o. ciclos, 1998, p. 45). A partir dessa relação de conhecimento, o que se espera é que a arte seja o ponto a partir do qual se possa promover o desenvolvimento estético dos estudantes, oferecendo espaço para a vivência de experiências significativas que permitam (re)significar os valores da arte e da vida. Para que esse objetivo seja alcançado, o PCN apresenta como estratégia principal de ação do professor a organização de três tipos de ações ou três eixos de ensino/aprendizagem que correspondem respectivamente: a produção ou o fazer artístico, a análise e apreciação da arte e a contextualização dessa produção. Observamos então que o PCN, ao organizar as diretrizes para o que se espera que o ensino de arte realize, toma como base a Proposta Triangular da educadora Ana Mae Barbosa e busca ampliar essa proposta, somando a ela outras tendências que aprofundam as possibilidades de conhecimento para a arte na educação. O PCN preocupa-se também em afirmar a amplitude de experiências que devem ser promovidas, assinalando a necessidade de promover o contato tanto com a produção nacional quanto internacional, mas sendo igualmente capaz de valorizartambém suas próprias produções e dos colegas. Essa amplitude também é lembrada ao relacionar as questões de temporalidades envolvidas no ensino de arte apresentado a necessidade de que o conhecimento em arte contemple tanto a tradição artística quanto a arte contemporânea. O aluno poderá desenvolver seu conhecimento estético e competência artística... tanto para produzir trabalhos pessoais e grupais como para que possa, progressivamente, apreciar, desfrutar, valorizar e emitir juízo sobre os bens artísticos de distintos povos e culturas produzidos ao longo da história e na contemporaneidade. (PCN - Arte, 3o. e 4o. ciclos, 1998, p. 45). 9 No início desta unidade, nós destacamos que o PCN tem como uma de suas funções indicar as competências que se espera que sejam desenvolvidas pelos estudantes. Então, quais seriam as competências básicas para as artes no Ensino Fundamental? Ao longo do ensino fundamental espera-se que os alunos tornem-se capazes de organizar 9 habilidades básicas, destacando-se entre elas: • experimentar e explorar as possibilidades de cada linguagem artística; • compreender e utilizar a arte como linguagem... • experimentar e conhecer materiais, instrumentos e procedimentos artísticos diversos em arte... de modo que... identifique-os e interprete- os na apreciação e contextualize-os culturalmente; • construir uma relação de autoconfiança com a produção artística pessoal e conhecimento estético ... • identificar, relacionar e compreender a arte como fato histórico... • observar as relações entre a arte e a realidade... • identificar, relacionar e compreender diferentes funções da arte, do trabalho e da produção dos artistas; • identificar, investigar e organizar informações sobre a arte... • pesquisar e saber organizar informações sobre a arte ... (PCN - Arte, 3o. e 4o. ciclos, 1998) Ao analisarmos essa proposta, observamos que há uma clara indicação para o ensino da arte como uma linguagem, valorizando seu aspecto comunicativo e expressivo. Mas, para que esses aspectos possam se estabelecer é preciso que o estudante desenvolva, progressivamente, autonomia criativa formando um repertório de soluções formais, expressivas e simbólicas, envolvendo, para isso, o processo de experimentação com diferentes materiais e linguagens. Entretanto a arte não é valorizada somente como uma linguagem, ela também é reconhecida como um patrimônio da humanidade, que deve ser identificado tanto na produção do aluno, quanto na produção de artistas locais e na produção de criadores nacionais e internacionais. Para pensar Qual seria então o fundamento básico por traz dessa ideia? Observe que uma ideia muito simples, mas ampla está na base do processo, a concepção de que o ensino/aprendizagem da arte se faz pelo contato amplo com arte, ao realizá-la, ao apreciá-la, ao reconhecê-la como produção sócio-histórica, contextualizando essa produção e aprendendo a organizar esses conhecimentos. Perceba ainda, que a experiência estética, sobre a qual estamos tratando desde a nossa primeira unidade está presente em todas essas faces do ensino/aprendizagem da arte. O aprendizado em arte favorece ao estudante o autoconhecimento, a autoconfiança e a sua capacidade de reconhecimento e participação ativa na cultura. A participação cultural permite a validação da alteridade de outras culturas e indivíduos, colaborando para a construção de competências e habilidades de incentivo à tolerância e de convivência pacífica entre sujeitos autônomos e conscientes de sua participação na sociedade. 10 Unidade: A abordagem curricular no Ensino Fundamental: conceitos e práticas no Ensino de Arte As Artes Visuais e o PCN Entre os objetivos que são apontados para as Artes Visuais no ensino Fundamental podemos destacar a indicação de competências e habilidades para: • expressar, representar ideias, emoções, sensações... • construir, expressar e comunicar-se em artes plásticas e visuais... • interagir com variedade de materiais naturais e fabricados, multimeios (computador, vídeo, holografia, cinema, fotografia), percebendo, analisando e produzindo trabalhos de arte; • reconhecer, diferenciar e saber utilizar... diversas técnicas de arte... • desenvolver uma relação de autoconfiança com a produção artística pessoal... • identificar a diversidade e inter-relações de elementos da linguagem visual que se encontra em múltiplas realidades... • conhecer, relacionar, apreciar objetos, imagens, concepções artísticas e estéticas — na sua dimensão material e de significação... • frequentar e saber utilizar as fontes de documentação de arte... • compreender, analisar e observar as relações entre as artes visuais com outras modalidades artísticas e também com outras áreas de conhecimento humano... • conhecer e situar profissões e os profissionais de Artes Visuais... (PCN - Arte, 3o. e 4o. ciclos, 1998) Sintetizando, na proposta do PCN, há três encaminhamentos de ações que devem orientar o ensino/aprendizagem da arte. São elas: o fazer (ou prática da arte), a apreciação da arte (também reconhecida como leitura) e a contextualização da arte, sendo que cada ação exige uma atitude e uma organização específica por parte do professor. Todo conteúdo da área de artes visuais deve ser apresentado aos alunos em estratégias que permeiem essas mesmas três ações: "a experiência do fazer, a experiência do apreciar e a experiência do contextualizar". (PCN - Arte, 3o. e 4o. ciclos, 1998) Para pensar Como então o professor pode organizar suas aulas? As aulas precisam ter orientações múltiplas, que intercalem situações de aprendizagem por meio da experiência, da pesquisa, da leitura, da interação com conteúdo teórico e prático de formas diferenciadas. Essa preocupação vem ao encontro da ideia de que o aprendizado precisa ser significativo para o estudante e que ele ganhe progressivamente autonomia para participar ativamente de sua aprendizagem e interpretar os conteúdos entre si e também com a realidade que o circunda. Nesse contexto, fazer e pensar, analisar e fazer, pensar e pesquisar são os lados que compõem as moedas que organizam um ensino de arte de qualidade e significativo. 11 O professor mediador e a autonomia no criar O PCN apresenta um importante desafio ao professor: organizar os conteúdos de tal forma que a cada tema seus aspectos ligados ao fazer, a apreciação e a contextualização sejam elaborados e colaborem entre si para uma vivência ampla do assunto, integrando essa experiência ao reconhecimento do patrimônio cultural e também ao autoconhecimento. Parece óbvio dizer que essa proposta depende de, fundamentalmente, organizar conscientemente a presença da arte na sala de aula, aproximando o estudante da produção cultural, seja por meio de originais - quando possível - ou por meio de reproduções nos mais variados suportes. As ações do professor, como mediador da aprendizagem, são os caminhos por meio dos quais se desenvolve a compreensão de sentidos, processos, meios, estilos, estéticas, articulando essas vivências em arte com as experiências pessoas do educando. Sabe-se que, ao fazer e conhecer arte, o aluno percorre trajetos de aprendizagem que propiciam conhecimentos específicos sobre sua relação com o mundo. Além disso, desenvolvem potencialidades (como percepção, observação, imaginação e sensibilidade) que podem contribuir para a consciência do seu lugar no mundo e para a compreensão de conteúdo das outras áreas do currículo. (PCN - Arte, 3o. e 4o. ciclos, 1998) Importante! A partir da proposta do PCN, esse caminho leva ao desenvolvimento de um percurso de criação pessoal, amparado pelo conhecimento e pelas interações necessárias à área, resultando numa progressiva autonomia criativa e, ao mesmo tempo, crítica de sua própria produção, da produção do grupo, do ambiente culturalque presencia e dos contextos culturais com os quais pode ter contato por meio da arte. Segundo o PCN: "Aprender arte é desenvolver progressivamente um percurso de criação pessoal cultivado, ou seja, mobilizado pelas interações que o aluno realiza no ambiente natural e sociocultural". (PCN - Arte, 3o. e 4o. ciclos, 1998). Apesar da necessidade de separar e de apresentar esses processos (fazer arte, leitura de imagem e contextualização da produção artística), cada um de acordo com suas características particulares devemos frisar que estes não são categorias separadas e compartimentadas em ações isoladas, mas compõem os aspectos que se complementam para que a aprendizagem conquiste o processo de compreensão progressiva da arte. A autonomia é um objetivo crescente para o ensino de arte. Nesse foco, os conteúdos precisam ser organizados, possibilitando o diálogo entre a produção artística reconhecida pela sociedade e a produção do estudante. O professor é um mediador para a aprendizagem progressiva e direcionada a essa autonomia. 12 Unidade: A abordagem curricular no Ensino Fundamental: conceitos e práticas no Ensino de Arte O importante é que a escola possa ensinar arte com propostas que, além de ensinar variedade e profundidade nos conteúdos, ensinarão ao aluno prosseguir aprendendo por si — como aprender a pesquisar, por exemplo — que garantirão a ele poder aprender por toda a vida. (PCN - Arte, 3o. e 4o. ciclos, 1998) Ainda assim é necessário salientar que a proposta do PCN para a arte continua sendo a polivalência, e o professor tem de ensinar tanto artes visuais quanto dança, música e teatro. Essa variedade de temas pode surpreender e permitir ações interdisciplinares entre as artes, mas também pede do professor conhecimentos de diferentes áreas e experiências diversificadas que não são, em geral, a realidade do professor da educação básica. O PCN coloca em questão a dificuldade para que isso se consolide no contexto de uma aula semanal de 45 minutos, apresentando como saída a ideia de que o professor deve fazer escolhas que estejam em acordo com o Projeto Político Pedagógico da escola, dividindo os conteúdos entre curriculares e extra curriculares, considerando as necessidades e potencialidades de desenvolvimento dos alunos. É necessário que a escola planeje para cada modalidade artística no mínimo duas aulas semanais e que a área de Arte esteja presente em todos os níveis de ensino. Para tanto, sugere-se que, por exemplo, se Artes Visuais e Teatro forem eleitos respectivamente em duas das séries de um ciclo, as demais formas de arte poderão ser abordadas por meios de projetos interdisciplinares, com visitas a espetáculos, apresentações ou apreciação de produções em vídeos, pôsteres etc. A mesma escola trabalhará com Dança e Música nas demais séries, invertendo a opção pelos projetos interdisciplinares. (PCN - Arte, 3o. e 4o. ciclos, 1998) 13 Quais seriam os conteúdos para a Arte no Ensino Fundamental? Ao analisar os conteúdos que devem ser trabalhados no ensino Fundamental, o PCN sinaliza diretrizes que orientam o professor nessa escolha, deixando espaço para que essa seleção de conteúdo seja realizada de acordo com as necessidades e realidades em que a ação ocorre. Entre as diretrizes para a escolha dos conteúdos, temos a preocupação de que o professor trabalhe com conteúdo que oriente a produção individual do estudante, compondo o repertório de concepções artísticas do aluno. Prevê também a inserção de temas relacionados a aspectos locais, que compõem os conhecimentos artísticos que, por sua vez, permeiam as vivências da comunidade escolar e do entorno da escola. Incentiva a inclusão de conteúdos relacionados à arte brasileira que fazem parte da cultura chamada popular, acompanhados das discussões necessárias para a compreensão dessa nomenclatura e dos aspectos políticos e culturais envolvidos. Orienta para a organização de conteúdos relacionados à arte brasileira que compõem os conhecimentos artísticos aceitos pelos instrumentos culturais oficiais como a história da arte, os museus de arte, as galerias e institutos culturais entre outros. Dirige o olhar também aos conteúdos relativos à arte internacional em seus aspectos históricos, da tradição artística e também das artes moderna e contemporânea. Valor iza ainda a presença dos conteúdos que compõem o reconhecimento do patrimônio cultural local, nacional e internacional. A esses conteúdos devemos ainda acrescentar os conteúdos ligados aos novos temas que a legislação educacional acrescentou às relações de ensino, como estudamos na unidade III, que são os conteúdos que integram os assuntos ligados à cultura Africana, Afro-brasileira e cultura indígena. Além desses, há ainda os conteúdos relacionados ao diálogo entre arte e educação ambiental, arte e direitos humanos e os que compõem a cultura visual do estudante. A amplitude composta pelo conjunto desses conteúdos demonstra como as relações de ensino/aprendizagem da arte têm se tornado cada vez mais complexas: O conteúdo da área de Arte está organizado de tal maneira que possa atender aprendizagens cada vez mais complexas no domínio do conhecimento artístico e estético, seja no exercício do próprio processo criador, pelo fazer, seja no contato com obras de arte e com outras manifestações presentes nas culturas ou na natureza. O estudo, a análise e a apreciação da arte podem contribuir tanto para o processo pessoal de criação dos alunos como também para sua experiência estética e conhecimento do significado que ela desempenha nas culturas humanas. (PCN - Arte, 3o. e 4o. ciclos, 1998) Você pode observar que a indicação do PCN procura relacionar a experiência pessoal à coletividade, isto é, a uma vivência na sociedade, valorizando as relações entre indivíduo e grupo social, tendo como ponto de partida a experiência estética. (A relação entre arte, experiência estética e educação estética foi tema de nossa unidade I). Logo na sequência do texto, o PCN reapresenta também a necessidade de que cada um desses conteúdos seja intermediado por um tipo de ação que valorize seu potencial de linguagem e acrescenta: "O conjunto de conteúdos está articulado dentro do processo de ensino e aprendizagem e explicitado por intermédio de ações em três eixos norteadores: produzir, apreciar e contextualizar". (PCN - Arte, 3o. e 4o. ciclos, 1998) 14 Unidade: A abordagem curricular no Ensino Fundamental: conceitos e práticas no Ensino de Arte Assim, sintetizamos que, independentemente dessa complexidade, sejam quais forem os conteúdos a serem trabalhados devem ser tratados a partir dos três eixos já analisados anteriormente: Os três eixos estão articulados na prática, ao mesmo tempo em que mantêm seus espaços próprios. Os conteúdos poderão ser trabalhados em qualquer ordem, conforme decisão do professor, em conformidade com o desenho curricular de sua equipe e segundo critérios de seleção e ordenação adequados a cada ciclo. Produzir refere-se ao fazer artístico (como expressão, construção, representação)... Apreciar refere-se ao âmbito da recepção, incluindo percepção, decodificação, interpretação, fruição de arte e do universo a ela relacionado... Contextualizar é situar o conhecimento do próprio trabalho artístico, dos colegas e da arte como produto social e histórico... (PCN - Arte, 3o. e 4o. ciclos, 1998) O PCN indica como orientação para a seleção dos conteúdos que estes devam fomentar uma cultura de tolerância para com as diversas culturas, fomentando uma cultura da paz e da aceitação da alteridade. E, como critérios para a seleção de conteúdos o PCN aponta três dimensões: • conteúdos que favoreçam a compreensão da arte como cultura, do artista como ser social e dos alunos como produtores e apreciadores; • conteúdos que valorizem as manifestaçõesartísticas de povos e culturas de diferentes épocas e locais, incluindo a contemporaneidade e a arte brasileira; • conteúdos que possibilitem que os três eixos da aprendizagem possam ser realizados com grau crescente de elaboração e aprofundamento. (PCN - Arte, 3o. e 4o. ciclos, 1998). Ao organizar os conteúdos para a arte no Ensino Fundamental, o PCN apresenta, inicialmente, um conjunto de conteúdos gerais que correspondem às quatro áreas, ampliando o olhar sobre como as artes devem ser organizadas na educação. Entre esses conteúdos gerais estão: • a arte como expressão e comunicação dos indivíduos; • elementos básicos das linguagens artísticas, modos de articulação formal, técnicas, materiais e procedimentos na criação em arte; • produtores de arte: vidas, épocas e produtos em conexões; • diversidade das formas de arte e concepções estéticas da cultura regional, nacional e internacional: produções e suas histórias; • a arte na sociedade, considerando os artistas, os pensadores da arte, outros profissionais, as produções e suas formas de documentação, preservação e divulgação em diferentes culturas e momentos históricos. (PCN - Arte, 3o. e 4o. ciclos, 1998). Mais adiante, nos capítulos específicos para cada uma das linguagens artísticas: Música, Teatro, Dança e Artes Visuais, o PCN amplia essas orientações gerais, adequando-as à especificidade de cada forma de expressão artística. Tendo em vista que a ênfase do curso é em Artes Visuais, você conhecerá a seguir um pouco do que é indicado, especificamente, para essa área. O PCN divide os conteúdos de Artes Visuais em três eixos apresentados separadamente, entretanto as dimensões que eles apresentam não são estanques, mas dialogam entre si. 15 O primeiro eixo diz respeito à Produção do aluno em Artes Visuais, apresentando a necessidade de incentivo à produção artística visual em espaços diversos por meio de diferentes técnicas e formas de expressão. Essa dimensão é composta também pela capacidade de "observação, análise, utilização dos elementos da linguagem visual e suas articulações nas imagens produzidas" e pela preocupação com a "representação e comunicação das formas visuais", com o "conhecimento e utilização dos materiais, suportes, instrumentos, procedimentos e técnicas", além da "experimentação, investigação, utilização e capacidade de escolha de suportes, técnicas e materiais diversos, convencionais e não-convencionais"... (PCN - Arte, 3o. e 4o. ciclos, 1998). O segundo eixo proposto é Apreciação significativa em Artes Visuais, que encaminha as situações de "contato sensível e análise de formas visuais presentes nos próprios trabalhos, nos dos colegas, na natureza e nas diversas culturas", além da "observação da presença e transformação dos elementos básicos da linguagem visual", que têm sequência com a "identificação, observação e análise das diferentes técnicas e procedimentos artísticos"... (PCN - Arte, 3o. e 4o. ciclos, 1998). Em síntese A partir dessas metas percebemos que o PCN aponta a necessidade de que a apreciação da arte seja realizada com diversos tipos de imagens, ampliando as possibilidades de investigação de imagens da arte para imagens do mundo e assinalando que o resultado desse processo não precisa ser, necessariamente, uma imagem, podendo se abrir as possibilidades de recriação artística por meio da poesia, do vídeo, da instalação ou de outros meios, ainda que a apreciação tenha sido realizada a partir de uma imagem bidimensional, como uma pintura, na identificação de múltiplos sentidos na apreciação de imagens. O terceiro eixo trabalha com base na concepção das Artes Visuais como produção cultural e histórica, indicando como habilidades que devem ser desenvolvidas em arte a "observação, pesquisa e conhecimento de diferentes obras de artes visuais, produtores e movimentos artísticos de diversas culturas (regional, nacional e internacional) e em diferentes tempos da história", acrescentando que esse processo deve levar à "compreensão sobre o valor das artes visuais na vida dos indivíduos". (PCN - Arte, 3o. e 4o. ciclos, 1998). Essa preocupação com o papel social da arte se prolonga na proposta de "reflexão sobre a ação social que os produtores de arte concretizam em diferentes épocas e culturas", tendo como propósito o "conhecimento e investigação sobre a arte do entorno próximo e distante", utilizando diversos sistemas de documentação. (PCN - Arte, 3o. e 4o. ciclos, 1998). Ainda nesse eixo das Artes Visuais como produção cultural e histórica o PCN aponta a necessidade de desenvolver habilidade para a "elaboração de formas pessoais de registro para assimilação, sistematização e comunicação das experiências com formas visuais", incentivando a "reflexão sobre as artes visuais e a cultura brasileira" e objetivando o "conhecimento crítico de diferentes interpretações de artes visuais e da cultura". (PCN - Arte, 3o. e 4o. ciclos, 1998). Em síntese Sintetizando esse terceiro eixo, podemos observar a ênfase em compreender a arte dentro da sociedade, por suas consequências na coletividade e sendo capaz de promover interações culturais. 16 Unidade: A abordagem curricular no Ensino Fundamental: conceitos e práticas no Ensino de Arte A proposta de avaliação em arte para o ensino fundamental, segundo o PCN Esse é o último assunto dessa unidade e analisaremos alguns aspectos da proposta de avaliação em arte do PCN, mas precisamos ter em mente um conceito básico. O que seria avaliar? Avaliar é uma ação pedagógica guiada pela atribuição de valor apurada e responsável que o professor realiza das atividades dos alunos. Avaliar é também considerar o modo de ensinar os conteúdos que estão em jogo nas situações de aprendizagem. (PCN - Arte, 3o. e 4o. ciclos, 1998). Pela citação acima, percebemos que, segundo o PCN, a avaliação é uma ação de mão dupla. Ela não só permite criar um juízo de valor para o desenvolvimento do aluno, como permite que o professor identifique sua própria ação pedagógica e a reorganize com vistas ao processo de aprendizagem e acrescenta: avaliar implica conhecer como os conteúdos de Arte são assimilados pelos estudantes a cada momento da escolaridade e reconhecer os limites e a flexibilidade necessários para dar oportunidade à coexistência de distintos níveis de aprendizagem em um mesmo grupo de alunos. (BRASIL. PCN - Arte, 3o. e 4o. ciclos, 1998) O PCN encaminha a discussão da avaliação expondo a necessidade de que o professor saiba adaptar suas estratégias de avaliação para que estas sejam capazes de identificar as diferentes competências e habilidades de seus alunos, adaptando-se à relação entre o que se espera que o estudante aprenda e o que ele efetivamente pode aprender de acordo com a etapa de desenvolvimento em que ele se encontra. Na sequência, o PCN demonstra que é necessário identificar em que momentos e com que direção essa avaliação pode ser realizada, destacando a avaliação diagnóstica, a avaliação do processo e a avaliação do produto resultante: • a avaliação pode diagnosticar o nível de conhecimento artístico e estético dos alunos, nesse caso costuma ser prévia a uma atividade; • a avaliação pode ser realizada durante a própria situação de aprendizagem, quando o professor identifica como o aluno interage com os conteúdos e transforma seus conhecimentos; • a avaliação pode ser realizada ao término de um conjunto de atividades que compõem uma unidade didática para analisar como a aprendizagem ocorreu. (BRASIL. PCN - Arte, 3o. e 4o. ciclos, 1998) Ao terminar a apresentação de cada linguagem artística, o PCN apresenta como a avaliação de cada área deve ser encaminhada: Artes Visuais, Dança, Música, Teatro. Não apresentaremos as relações de avaliação de cada uma das áreas, pois extrapolaria em muito os limites dessa unidade. Vamos nos atentaràs relações específicas propostas para as Artes Visuais, a partir da indicação dos critérios de avaliação. 17 O primeiro a ser apresentado é: "Criar formas artísticas por meio de poéticas pessoais". Esse critério indica a necessidade de que ao final de um percurso de aprendizagem o estudante consiga se expressar com liberdade e de forma pessoal, "utilizando-se de técnicas, procedimentos e de elementos da linguagem visual". O segundo critério é "estabelecer relações com o trabalho de arte produzido por si, por seu grupo e por outros sem discriminação estética, artística, étnica e de gênero". É a partir desse critério, que o professor consegue identificar se seu aluno conseguiu adquirir um repertório que permita a ele argumentar sobre sua criação, interpretando a produção no campo das relações interpessoais e sociais. O terceiro critério apresenta a capacidade de "identificar os elementos da linguagem visual e suas relações em trabalhos artísticos e na natureza". Por meio desse critério, o professor pode perceber melhor quais aspectos da linguagem das artes visuais foram bem compreendidos pelos alunos e quais precisam de maior ênfase para ser assimilados. O quarto critério é "conhecer e apreciar vários trabalhos e objetos de arte por meio das próprias emoções, reflexões e conhecimentos e reconhecer a existência desse processo em jovens e adultos de distintas culturas". Essa argumentação indica a necessidade de que ao fazer a apreciação e a contextualização o professor procure identificar se os estudantes conseguem interpretar de forma pessoal as obras com as quais estão interagindo. O quinto e último critério é "valorizar a pesquisa e a frequentação junto às fontes de documentação, preservação, acervo e veiculação da produção artística". Esse argumento indica ao professor a necessidade de trabalhar com vistas a que os alunos compreendam o panorama cultural e os espaços onde a cultura é apresentada à sociedade e que compreendam a importância de visitar esses espaços, sendo capazes de analisá-los com olhar investigativo e curioso, associando também à ideia de patrimônio e preservação. Analisando os critérios, observamos que estes acompanham os conteúdos que interagem com as três ações necessárias à efetivação da proposta do Parâmetro: a apreciação significativa, a produção ou fazer das artes e a contextualização como produção cultural e histórica. Tomados um a um, os critérios apontam para uma ou mais dessas ações, relacionando-as entre si. Por exemplo, o identificar e saber analisar a linguagem visual está presente tanto no que diz respeito às práticas artísticas, quanto na apreciação da arte e ainda em sua contextualização. O PCN indica ainda a visão de que os processos avaliativos considerem tanto ações pedagógicas baseadas em sequências didáticas, quanto sua adaptação aos projetos, apontando como finalidade maior o desenvolvimento da educação estética, já tratada nas unidades anteriores. Em síntese A avaliação indicada pelo PCN encaminha o trabalho do professor para que realize ações de 3 tipos: diagnóstica, durante e processo e ao final de um percurso, em relação ao produto resultante. Dessa forma, a avaliação não é um procedimento descontextualizado, mas uma ação integrada a todas as relações de ensino/aprendizagem ao mesmo tempo em que é formativa, isto é, a avaliação é também um momento de aprendizagem. Nessa unidade, estudamos o que é e qual a função do Parâmetro Curricular Nacional - Arte para o Ensino Fundamental. Investigamos também as relações entre objetivos, conteúdos e avaliação da arte e, especificamente das Artes Visuais nesse período. 18 Unidade: A abordagem curricular no Ensino Fundamental: conceitos e práticas no Ensino de Arte Material Complementar Caro aluno, para sua formação é importante a leitura de alguns artigos, ainda que extensos, pois essa ação permitirá maior desenvoltura em sua prática pedagógica: Sites: Conheça o Projeto do Centro de Pesquisa e Formação em ensino escolar de Arte e Esporte, onde são oferecidas oficinas de diversas linguagens artísticas aos alunos da Rede pública Municipal de ensino do Rio de Janeiro disponível em: http://nucleodeartegrandeotelo.blogspot.com.br/2011_12_01_archive.html Leia o artigo da profa. Lucia Gouveia Pimentel, “Refletindo sobre os parâmetros curriculares nacionais”, presente no V Congresso Nacional de Arte-Educação na Escola para todos disponível em: http://www.arteducacao.pro.br/v-congresso-nacional-de-arte-educacao-na-escola-para-todos-mec.html#uHkvFzsD Leia o artigo “Refletindo sobre os parâmetros Curriculares Nacionais de Arte” da professora Dra. Maria Heloisa Corrêa De Toledo Ferraz disponível em: http://www.arteducacao.pro.br/v-congresso-nacional-de-arte-educacao-na-escola-para-todos-mec.html#W59lmxts Leia a entrevista com a Dra. Ana Mae Barbosa, disponível em: http://apeduufrgs2007.pbworks.com/f/ANA+MAE+BARBOSA.doc 19 Referências IAVELBERG, Rosa; ARSLAN, Luciana Mourão. Ensino de Arte. São Paulo; Thomson Learning, 2006. Web: FREITASI, Raquel Lima: “A Formação do Professor do Ensino de Arte na Escola: Uma Construção no Cotidiano da Disciplina”. Diretriz Curricular do Estado de São Paulo - Arte - Ensino Fundamental Ciclo II e Ensino Médio. Link: http://www.rededosaber.sp.gov.br/portais/Portals/18/arquivos/Prop_ART_ COMP_red_md_15_01_2010.pdf. PILLOTTO, Silvia Sell Duarte. Caminhos possíveis para a construção de uma proposta curricular em arte. Disponível em: <http://artenaescola.org.br/sala-de-leitura/artigos/ artigo.php?id=69394> 20 Unidade: A abordagem curricular no Ensino Fundamental: conceitos e práticas no Ensino de Arte Anotações