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Relações Étnico-Raciais no Brasil

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�� Relações Étnico-Raciais no Brasil Prof. Passos
 AULA 6 (2º Bimestre) Download das aulas: https://professorpassos.blogspot.com/ 
	
revista.dsea.uerj.br
	
Qual região teve o maior e o menor número de tráfico negreiro? 
Em que ano e em que região ocorreu o maior número de tráfico negreiro.
Quando começou o tráfico negreiro no Brasil? 
Em que região o tráfico negreiro terminou primeiro? Qual a posição do Brasil neste período? 
Em que período o tráfico negreiro foi menor no Brasil. 
Em que período houve o ápice do tráfico negreiro no Brasil? 
 
	Texto1: SANTOS, H. A busca de um caminho para o Brasil. A trilha do círculo vicioso: A dor. A forma como se deu a abolição, 1º passo, p. 61-85.
	I. Atividade dirigida (Treino para questão dissertativa) – Responda às perguntas com um texto dissertativo, mínimo de 5 linhas.
	http://gazela-saltitante.blogspot.com/2011/11/fim-do-racismo.html 
	
Qual animal você vê na figura? 
Há uma hipocrisia em relação à questão racial. Assunto escorregadio e dissimulado como camaleão em canavial. Quando o vemos tomamos um susto. O velho camaleão nacional é previsível. Os negros e negro-mestiços não podem negar sua existência. Mas como o pior cego é aquele que não quer ver, jogam-no para o inconsciente.
Muitos que evitam enxergar a problemática racial têm pouca melanina. São negros de pouca tinta. A negação da realidade, por ignorar ou por não saber, desconecta o indivíduo de si mesmo. É ilusório. Não funciona. A dor fica instalada no fundo. A pessoa precisa deixar de ser uma caricatura.
O que significa: a pessoa precisa deixar de ser uma caricatura? 
A medicina ensina que, ocorrendo dor (causada por infecção), às vezes é necessário perfurar o local inflamado, a fim de que as impurezas (pus) possam sair: pode provocar mais dor. Depois vem a cura e a ferida cicatriza. São muitas as feridas da patologia racial brasileira, acumulada ao longo do tempo. 
Além de muitas, são antigas. Tão antigas que fazem parte de nosso cotidiano. A dor é inevitável. Há quem diga que se acostuma com tudo, até mesmo com a dor. Sendo ferida antiga, sangrar pode trazer a cura. 
Dores rima com cores. A dor da cor, no Brasil, é tão variada quanto a incrível grade de cores. Dor que se tem, mas não se consegue saber dela de forma objetiva.
O Brasil importou cerca de 4 milhões de africanos. A travessia atlântica começa por volta de 1534. 
A rebeldia, desde o início do escravismo, foi a marca definitiva dos escravos. Então surgiram os quilombos.
No Brasil prevaleceu a ideia de que o índio não era escravizável. Escravizar negros dava mais lucro. A coroa portuguesa taxava a importação e os lucros do tráfico. Raptar e escravizar índios impedia a triangulação comercial Europa/África/Américas: quinquilharias/negros, escravizados/açúcar, madeiras, dinheiro. Financeiramente o tráfico chegava a render 4.000%. Hoje, só o hiperlucrativo tráfico de cocaína rende tanto.
Mas a escravidão indígena ocorreu. As bandeiras operavam com instrumentos de “recrutar” os negros da terra. 
O tráfico humano foi uma atividade fundamental para o capitalismo mercantilista, o qual acumulou de forma extraordinária o capital que alavancaria o comércio e a riqueza dos países europeus. Os ciclos econômicos – açúcar, ouro, café – tiveram no braço negro o seu principal sustentáculo. 
	
fabiomozart.blogspot.com
	A tortura foi o recurso usado para fazer valer o direito do senhor de exigir trabalho sem trégua para o negro. Os negros eram resistentes à escravidão. Na maioria das vezes velada, levou à ideia da passividade negra.
A imagem mostra o resultado da tortura (o couro comia feio).
A forma que se deu a abolição (1º passo): O 13 de maio de 1888 não levou os escravos a uma cidadania plena. O Brasil, hoje, seria melhor se a abolição tivesse sido acompanhada por adequada reforma agrária. Os negros detinham secular experiência agrária.
Imaginem o dia 14 de maio de 1888 – o Day after: estavam livres, mas nunca haviam cruzado as porteiras da fazenda de seus senhores. O que fariam com sua liberdade? O destino dos negros estava selado quando se decidiu pôr fim à escravidão sem nenhuma política pública compensatória para os 350 anos de escravidão.
 De escravo-trabalhador a trabalhador-escravo: Importante saber: a Lei 3.353 de 13 de maio de 1888 não aboliu a escravidão (abolir = acabar). A Lei Áurea apenas declarou: “É declarada extinta a escravidão no Brasil”. 
Há uma diferença entre extinguir uma coisa e declará-la extinta. Não é mero detalhe gramatical. O que ocorreu foi o reconhecimento de uma situação insustentável. Nos EUA, ela acabara 25 anos antes. 
Após a abolição, a população negra partiu da senzala para as margens: no sentido físico (a periferia das cidades) e no social (negro subalterno). 
No dia seguinte da abolição, mais de 700.000 negros foram colocados de uma só vez em disponibilidade em um mercado de trabalho fictício. Com 350 anos de escravidão, havia desemprego estrutural imenso. 
Os 350 anos de escravidão acabaram por estigmatizar o negro como escravo. Os trabalhadores livres e os empregadores não o viam como alguém qualificado para as relações de trabalho livre. 
O estigma é uma marca prejudicial e infamante: a presença do negro é denunciada pela cor. De bom escravo, tornou-se mau cidadão. Sem trabalho, a vadiagem era o destino compulsório. Para a mulher negra havia os trabalhos domésticos. 
É compreensível que a criminalidade e a prostituição fossem uma “saída” para as suas dificuldades. Daí a figura da prostituta ou da mulata gostosa. Também a figura do meliante, do malandro e do folgado sem ocupação.
	Texto 2: MUNANGA, Kabengele. Alguns aspectos da História Africana dos Negros no Brasil, p. 59-84.
	
listverse.com – Faraó Tutancâmon
	Qual foi a cor da pele dos homens e mulheres que construíram a civilização egípcia? 
Civilização egípcia: pensava-se que o Egito havia sido povoado a partir da Ásia até então considerada como o berço da humanidade a civilização egípcia teria uma origem exterior à África.
Negar a mão negra na civilização egípcia foi uma estratégia político-ideológica a fim de justificar a colonização, a dominação política e a exploração econômica de suas riquezas.
	
 Heródoto (séc. V, a.C.) quando visitou o Egito, encontrou um povo de pele negra - os Kolchu. No segundo livro de sua história do Egito, Euterpe, tenta provar que os Kolchu eram egípcios, daí sua argumentação: Eu mesmo refleti muito a partir de dois indicadores: em primeiro lugar, eles têm pele negra e cabelos crespos (na verdade, isso nada prova, porque outros povos também os têm), e, em segundo lugar – e este é um indicador mais consistente – os egípcios e os etíopes foram os únicos povos, de toda a humanidade, a praticar a circuncisão desde tempos imemoriais.
	
	
	
	
Olhe a Esfinge: Volney tinha razão?
	Texto1: SANTOS, H. A busca de um caminho para o Brasil: O arco-íris brasileiro, p. 39-59.
	Atividade dirigida (Treino para questão dissertativa)
	
http://gazela-saltitante.blogspot.com/2011/11/fim-do-racismo.html 
	
Responda às perguntas, com um texto dissertativo de, no mínimo, 5 linhas:
O que a tira está ironizando? 
No terceiro quadrinho, o racismo é expresso de duas formas. Quais são? 
Muitos daqueles considerados brancos, na realidade, são mestiços. Tudo isso faz parte do arco-íris brasileiro.
Desde o primeiro censo demográfico brasileiro, realizado em 1872, utilizaram-se três classificações para identificar os tipos raciais: brancos, pretos e pardos. A partir de 1940, tomou-se uma quarta, a amarela. O censo de 1990/91 lembrou os indígenas, contemplando as cinco cores básicas do arco-íris brasileiro.
	
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	Como a charge ironiza o diálogo surrealistados personagens? 
O IBGE classifica os negro-descendentes como pretos e pardos, mas não esclarece o que significa essa divisão.
Em outros países, muitos estudiosos se referem ao quesito raça/cor. No Brasil, temos cor e não raça.
Branqueamento via imigração europeia. A entrada do imigrante no país só se dá, sem restrições, a partir de 1808, com a abertura dos portos. Durante a regência de D. João os estrangeiros passam a ter permissão para possuírem terras no país. 
 As primeiras entradas de estrangeiros contaram com a prestimosa ajuda em dinheiro feita pelos cofres públicos. O início da colonização europeia 
	se dá em 1818, com a fundação da colônia Nova Friburgo, mediante a vinda de 2 mil suíços, aos quais o governo concederia favores para que se instalassem bem em sua nova morada. Os alemães chegam em 1824.
Com o fim da escravidão, 1888, e com a proclamação da República, 1889, o marechal Deodoro da Fonseca cria o auxílio para impulsionar a imigração.
Nos governos de Afonso Pena, Nilo Peçanha e Hermes da Fonseca, além de núcleos coloniais, passagens foram concedidas aos imigrantes e créditos foram abertos aos europeus.
	
	Observe a quantidade de europeus que imigraram para o Brasil.
Uma mistura de etnias: portugueses, italianos, espanhóis, alemães e austríacos. O grupo árabe: turcos, sírios e libaneses. Os japoneses começaram a chegar a partir de 1908. 
O branqueamento à brasileira
Tabela 1 – Distribuição da população brasileira segundo a cor
	
	1890
	1940
	1991
	Classificação
	Quantidade
	%
	Quantidade
	%
	Quantidade 
	%
	Branca
	6.302.200
	44
	26.206.600
	63
	75.704.927
	51,6
	Preta
	2.097.400
	15
	6.043.500
	15
	7.335.136
	5,0
	Parda 
	5.934.300
	41
	8.759.600
	21
	62.316.064
	42,4
	Amarela 
	– 
	– 
	243.200
	1
	630.656
	0,4
	Indígena
	– 
	– 
	– 
	– 
	294.135
	0,2
	Sem declaração
	– 
	–
	–
	–
	534.878
	0,4
Em 50 anos, a população brasileira quase triplica. Ao contrário de 1890, a população brasileira em 1940 é majoritariamente branca: 2/3 da população, de cada três brasileiros, praticamente, dois eram brancos.
O que merece ser destacado aqui não é o crescimento dos brancos, mas sim indagar de onde eles vieram!
Percentualmente os pardos decresceram 20 pontos. O que afinal ocorreu com eles? Os pardos viraram brancos! O percentual que aumenta a participação dos brancos (+19%) é praticamente o mesmo que reduz a dos pardos 
(-20%). 
Não se deve deixar de considerar que nesse período, como já vimos, é grande a entrada de imigrantes trazidos para “melhorar” o estoque racial nacional. Melhorar aqui significa fazer a população ficar mais clara.
Aritmeticamente, a vinda de europeus não explica o grande aumento da população branca. Como um pardo vira branco? 
	
centraldastiras.blogspot.com
	Como avaliar a postura da mãe da Mafalda? 
Qual a relação entre lavar o dedo e política de branqueamento? 
Esse branco, na verdade, é um miscigenado.
No Brasil, o conceito branco, toma em conta apenas alguns aspectos físicos superficiais. No sul dos Estados Unidos, uma pessoa só é legitimamente branca se até a sua 16ª geração for branca.
O que ocorre no Brasil é que a metamorfose dos pardos em brancos se dá mediante a construção de um imaginário coletivo construído com o apoio de nossas elites que têm uma baixa autoestima, própria de quem vive nos trópicos, mas sonha com a Europa.
Uma pessoa parda, que tenha um filho gerado de uma união com uma pessoa branca, não considera que gerou uma criança parda um pouco mais clara, mas sim um bebê “branco”.
O sobe e desce das cores: Nos 4 censos de 1950 a 1991, a população empardece. Enquanto o número de pardos cresce, os pretos desaparecem. Estão em extinção. O ideal de branquear segue adiante.
O exacerbado arco-íris brasileiro: Em todo o mundo as crianças aprendem as cores a partir do arco-íris. Para se ter uma ideia do tamanho das dificuldades das pessoas para se auto classificarem em relação à sua cor, o IBGE contabilizou no Censo de 1980 mais de uma centena delas, as quais os brasileiros atribuem a si mesmos.
	Alva-escura
	Branca suja
	Canela 
	Cor de cuia
	Escurinha
	Morena roxa
	Pouco clara
	Azul
	Bronze 
	Cardão 
	Crioula 
	Marron
	Morenão 
	Pouco morena
	Azul-marinho
	Burro-quando-foge
	Castanha
	Encerada 
	Meio branca
	Negra
	Puxa para branca
	Baiano
	Cabo-verde
	Cobre corada
	Enxofrada 
	Meio preta
	Negrota 
	Queimada
	Bem morena
	Café 
	cor de café
	Escura
	Melada 
	Parda 
	Sapecada 
 
A indefinição constatada evidencia que os negros-descendentes têm dificuldade para se colocarem diante de sua realidade étnico-racial. O quesito cor está para o brasileiro, assim como o gelo está para quem vive no Alasca. Lá se podem identificar inúmeros tipos de gelo: fino, grosso, duro, mole, áspero, liso, seco, úmido etc. 
	A Carne Composição: (seu Jorge/Marcelo Yuca/Ulisses Cappelletti)
	
A carne mais barata do mercado
É a carne negra!
Que vai de graça pro presídio
E para debaixo do plástico
E vai de graça pro subemprego
E pros hospitais psiquiátricos
A carne mais barata do mercado
É a carne negra!
	
Que fez e faz a história pra caralho
Segurando esse país no braço (meu irmão)
O gado aqui não se sente revoltado
Porque o revólver já está engatilhado
E o vingador é lento
Mas muito bem intencionado
E esse país vai deixando
Todo mundo preto e o cabelo esticado
E mesmo assim
Ainda guarda o direito
	
De algum antepassado da cor
Brigar por justiça e por respeito
De algum antepassado da cor
Brigar, bravamente, por respeito
De algum antepassado da cor
Brigar por justiça e por respeito
De algum antepassado da cor
Brigar
Carne negra!!! Hi hihigi

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