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Heresias Cristãs

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Um pequeno relato sobre as heresias e seus impactos na construção e fortalecimento da religião cristã dos primórdios até a baixa idade média
Paulo Henrique Linhares da Silva
Resumo:
Este artigo realiza uma breve análise historiográfica e teológica sobre as heresias, nascidas nos primeiros cinco séculos do cristianismo, verificando os impactos destas “doutrinas diversas” sobre a religião cristã. Estas heresias foram importantes, apesar de serem combatidas por diversos apologetas da fé cristã e de serem expurgadas ou alteradas por diversos concílios, não só para o crescimento da religião cristã, mas também para o seu fortalecimento como uma das maiores religiões mundiais no decorrer dos séculos até a data presente. Vale comentar, que serão retratados as heresias com seus defensores e com os apologetas, que defenderam a fé cristã naqueles períodos estudados.
Palavras-Chaves: Heresias, Paganismo, Apologetas, Ebionitas, Gnosticismo, Aeons, Apolinarismo, Arianismo, Pelagianismo, Marcionismo, Montanismo, Santíssima Trindade, Docetismo, Adocionismo, Nestorianismo, naturezas de Cristo, monofisismo e Cristianismo.
Abstract: 
This article performs a brief historical and theological analysis about heresies, born in the first five centuries of Christianity, noting the impacts of these doctrines "several" on the Christian religion. These heresies were important, despite being tackled by several apologetas of the Christian faith and to be expunged or amended by various Councils, not only to the growth of the Christian religion, but also for your empowerment as one of the greatest world religions over the centuries until the present date. Worth commenting, that will be portrayed heresies with his supporters and with the apologetas, who defended the Christian faith in those periods studied.
Keywords: Heresy, Paganism, Apologetas, Ebionites, Gnosticism, Aeons, Apollinarianism, Arianism, Pelagianism, Marcionism, Montanism, Holy Trinity, Docetism, Adoptionism, Nestorianism, monophysitism and natures of Christ, Christianity.
	
Segundo, a definição grega da palavra heresia – haíresis, significa escolha, isto é; os indivíduos, principalmente aqueles provenientes dos templos, salões, monastérios e bibliotecas eclesiásticas, possuíam e ainda possuem pensamentos que fugiam e ainda fogem dos principais dogmas cristãos; como por exemplo: a contestação da Santíssima Trindade.
Diferentemente, do paganismo que vem do latim Paganus, que significa o ato religioso do Pagus – o camponês do século V d.C. possuíam muitos ritos que eram ainda ligados as religiões romanas, gregas e até do oriente próximo. Já as heresias nasceram e ainda nascem dentro do seio do cristianismo, logo aqueles que as defenderam não eram leigos, pelo contrário eram conhecedores dos cânones bíblicos e dos ensinamentos dos apóstolos e dos pais da Igreja Cristã.
Por volta de 500, o cristianismo é ainda essencialmente uma religião das cidades (e bastante imperfeita, pois, por exemplo, em 495, ainda são celebradas em Roma as Lupercais, festas pagãs de purificação, ao longo das quais os jovens aristocratas correm nus através da cidade). Para se ter uma ideia, basta saber que é então que a palavra “pagão” ganha o sentido cristão que conhecemos ainda hoje. No entanto, como sublinha a História contra os pagãos de Orósio, “pagão” (paganus) é também o homem do Pagus, o camponês. Assim, o politeísmo antigo é considerado uma crença de homens rurais atrasados. Ele não somente é uma ilusão “fora de moda”, como já o havia dito Constantino, mas, além disso, é um resquício rural, objeto de desprezo dos citadinos. Para os cristãos, os deuses antigos existem, mas são demônios, que é preciso caçar. A expulsão dos demônios encontra-se, então, no centro de toda narrativa de propagação da fé cristã contra o paganismo (BASCHET, 2006, p. 67.).
Outra diferença entre estes dois pontos (Heresia e Paganismo) eram as suas localizações de divulgação. As visões pagãs, ocorridas principalmente na Baixa Idade Média, eram proveniente do campo, isto porque, a Igreja deste período era mais citadina. Já as heresias eram provenientes das cidades e suas formulações também eram diferentes, isto é, no começo do chamado cristianismo primitivo estas se baseavam em doutrinas filosóficas e teológicas; já as vivenciadas na Baixa Idade Média eram de cunho mais popular.
A bíblia narra no livro de Atos dos Apóstolos, segundo a doutrina cristã escrito por inspiração divina e revelado por Lucas, que a igreja primitiva de Atos era baseada na doutrina dos apóstolos e possuíam tudo em comunhão, possuíam temor à Deus e fidelidade ao Cristo ressurreto.
(...) Perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações. E em toda a alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos. E todos os que criam estavam juntos, e tinham tudo em comum. E vendiam suas propriedades e bens, e repartiam com todos, e segundo cada um havia mister. E, perseverando unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo. E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar. (ALMEIDA, Bíblia Sagrada, Atos dos apóstolos – 2:42-47, 2007).
As heresias são infiltradas na fé cristã com mais afinco a partir do primeiro século, na era dos pais da igreja, muito dos quais foram os apologistas que defenderam o cânone bíblico em confrontação com as interpretações e conhecimentos doutrinários de homens, que não possuíam a ignorância sobre estes conhecimentos, mas possuíam outras visões sobre aqueles. A Bíblia no livro dos Gálatas 5.19-20 através do apóstolo Paulo, este retrata a mesma como um fruto da carne humana, assim como outras “(...) porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, fornicação, impureza, lascívia (...)iras, pelejas, dissensões, heresias, (...).”
Incredulidade é negligenciar uma verdade revelada ou a voluntária recusa em dar assentimento de fé a uma verdade nivelada. Heresia é uma negação após o batismo de algumas verdades que devem ser acreditadas como fé divina e Católica, ou igualmente uma obstinada dúvida com relação às mesmas (...) (CCC, 2089).
Uma das primeiras destas releituras da fé cristã foram os Ebionitas, estes acreditavam que Jesus Cristo era o messias, mas não possuía os poderes divinos; por consequência, não ressuscitou. Estes baseavam suas leis na doutrina judaico-cristã e não acreditavam em nenhum escrito Paulino, pois para eles; Paulo era um apóstata da lei judaica.
Segundo, o artigo “Ebionite religious sect.” da enciclopédia britânica publicado em julho de 1998 – Os Ebionitas foram seitas que viveram ao redor da Palestina no primeiro século. O nome da “seita” provêm ebyonim ou ebionim (pobres em hebreu). Eles pregavam os pontos descritos no parágrafo acima; além destes, o não nascimento de Jesus Cristo de uma virgem; apoiavam o vegetarianismo, voto de pobreza, rejeitavam sacrifícios de animais e veneravam Jerusalém. 
Como a adoração de Jesus era fundamental, os cristãos do século I traçaram a linha de diferenças irreconciliáveis na doutrina do Cristo. Quando lemos, o quarto evangelho atentamente, percebemos que o autor milita em duas frentes. Um dos grupos de leitores a que se destina não está convencido de que Jesus era, de maneira completa, Deus. (...) João tinha outros leitores que tinham de ser persuadidos da natureza humana de Jesus. Eles pensavam em Cristo como uma aparição de Deus na Terra em forma humana mas sem carne e sangue reais. (...) Assim, João luta em duas frentes, contra aqueles que pensam que Jesus era um homem meramente comum e contra aqueles que o consideravam apenas um espírito celestial (...) A primeira posição era defendida por uma seita cristã judaica conhecida como ebionita. Seus integrantes acreditavam que Jesus era apenas um homem que, por sua escrupulosa obediência a Lei, foi “justificado” e tornou-se o Messias. (SHELLY, 2004, P.57).Muitos historiadores acreditam, que foram os apóstolos junto com os pais da Igreja - os grandes apologetas, que confrontaram as ideias ebionitas do primeiro século. Da mesma maneira foram estes pais da igreja ou defensores da fé cristã, que defenderam o Cristianismo contra as demais ideologias heréticas que vieram nos séculos posteriores.
Outra heresia do final primeiro século e início do segundo foi o Gnosticismo. A palavra Gnosticismo vem da palavra grega Gnostikismós, que significa ter conhecimento. Para estes pensadores, desta corrente filosófica- religiosa acreditava-se na existência de dois Deuses: Um criador das coisas materiais – O Demiurgo; que era mal e o criador um deus supremo que era um espírito absoluto e bom. Logo, os gnósticos acreditavam que estes deuses não se misturam; pois a essência do espírito é boa e já a essência da matéria é má. Daí, provêm um dos conceitos básicos do Gnosticismo – O Dualismo Radical.
O messias Jesus era de natureza divina e não possuía a matéria carnal. Os gnósticos acreditavam na existência de Aeons, que eram seres divinos e o menor deles seria Jesus Cristo, que foi o 13 º Aeon. Além disso, sua missão, diferentemente dos ensinamentos bíblicos não era salvar o homem do pecado, mas sim trazer a Gnósis para os homens, isto é, a sabedoria/conhecimento. Este conhecimento, segundo os gnósticos, era a verdadeira e a única salvação para toda a humanidade.
Exemplificando, sobre a heresia gnóstica, o apóstolo Paulo alerta seu “filho da fé” – Timóteo sobre as “falsas ciências” na sua primeira carta a Timóteo 6:20 “Ó Timóteo, guarda o depósito que te foi confiado, tendo horror aos clamores vãos e profanos e às oposições da falsamente chamada ciência.” O apologeta Irineu de Lião defendia que esta citação do apóstolo Paulo enviada a Timóteo seria um alerta, para que, seu discípulo da fé não se desviar para os caminhos errôneos do gnosticismo, citado por Paulo, como já dito anteriormente, como uma falsa ciência ou clamores profanos.
O gnosticismo trouxe uma lição importante para todos os cristãos que tentaram desvencilhar o evangelho de seu envolvimento com noções judaicas “bárbaras e antiquadas” sobre Deus e a história. Ele fala com todos aqueles que buscam elevar o cristianismo do nível da fé para o do conhecimento inteligente e assim torna-lo mais atraente para pessoas importantes. Em seu esforço de conciliar Cristo e o evangelho com a ciência e a filosofia do seu tempo, os gnósticos negaram a vinda do Messias e perderam o evangelho. (SHELLY, 2004, p.60).
O Docetismo nasceu no fim do século I e início do século II do Cristianismo primitivo, tal como as duas acima, o docetismo também foi combatido com firmeza pelos pais da igreja. A palavra Docetismo é de origem grega (dokeõ – parecer). Tal doutrina, acreditava, que Jesus era um espectro, isto é, apesar de ter aparência humana, este não possuía carne e sangue; logo o milagre da ressureição de Jesus Cristo era invalidado; pois segundo os docetas, Ele era divino e portanto possuía poderes para fazer o que quisesse naquela cruz.
 Sendo assim, Ele “pareceu”, que sofria naquela cruz, mas, não morreu; pelo simples fato de espíritos divinos não morrerem. Além disso, os docetas acreditavam que Jesus Cristo não tinha nenhuma herança genética dada por Maria; pois para estes pensadores o corpo humano está ligado ao pecado, desta forma, um espírito divino com Jesus Cristo, de forma alguma, poderia habitar dentro desta estrutura corruptível.
A negação da humanidade de Cristo é um erro tão grave quanto negar sua divindade. Se Jesus não é Deus e humano, não pode mediar entre Deus e os humanos (1.TM 2.5). A salvação envolve a reconciliação dos seres humanos com Deus (2 Co. 5.18,19). Isso só é possível se Deus se tornar humano. Negar a verdadeira humanidade de Cristo é negar a base de nossa reconciliação com Deus. É por isso que a igreja primitiva condenou o docetismo. (GEISLER, 2002, p.286).
Outra crença, mencionada como herética, foi o Marcionismo. Segundo os pensadores desta doutrina havia o dualismo de dois deuses – O deus mal e colérico do velho testamento e o deus bom e afável do novo testamento. Tal doutrina, provinha dos ensinamentos de um homem chamado Marcião, que habitou em uma província romana de Sinope. Segundo, Tertuliano, Marcião era filho de um bispo da região de Sinope e foi consagrado como bispo, e após a sua consagração começou a pregar sobre suas ideias.
(...) Embora fosse filho de bispo, Marcião aderiu aos ensinamentos de Cerdo, um professor gnóstico, que acreditava que o Deus do Antigo Testamento era diferente do Deus e Pai do Senhor Jesus Cristo (...) Marcião desenvolveu a distinção de Cerdo. Alegava que o Deus do Antigo Testamento era cheio de ira e autor do mal (...)Em contraste, o Deus cristão era um Deus de graça e amor por todos, que revelou em si mesmo em seu Filho, Jesus Cristo. (SHELLEY, 2007, p.71).
Marcião acreditava que os ensinamentos de Jesus eram contraditórios com os ensinamentos da Torah, logo havia, segundo ele, havia uma dualidade de interpretações dentro dos cânones bíblicos. E também, segundo ele, Deus tinha lhe dado a missão de juntar estas duas interpretações, tornando-as condizentes. Isto é, retratado abaixo em um dos seus discursos:
Foi Jeová que fez este mundo. O propósito do Pai não era que houvesse um mundo como este, com todas as suas imperfeições, mas que houvesse um mundo puramente espiritual. Mas, Jeová, seja por ignorância ou por maldade fez este mundo, e nele colocou a humanidade. (GONZÀLEZ, J.L.,2009, p. 99).
Outra, dita heresia é muito peculiar e bem diferente, esta se chamava Adocionismo. Tais ensinamentos foram dados pelo bispo de Antioquia – Paulo de Samósata. Para, este Senhor Jesus não passava de um simples ser humano, que Deus teria iluminado de maneira especial e extraordinária. Jesus, conforme o passar do tempo, aperfeiçoou-se, até torna-se filho adotivo de Deus. Segundo, os adocionistas o ponto de inflexão deste movimento ocorreu, quando foi batizado por João Batista no rio Jordão; naquele momento Cristo tornou-se filho adotivo de Deus e herdou o Espírito Santo, a graça e a misericórdia do Pai.
Outra heresia que surgiu na metade do século II foi o Montanismo. Segundo, seu grande idealizador Montano – Jesus Cristo lhe deu o dom de profecia e este seria o responsável para reorganizar a era do Paraclito – Espírito Santo. Ele junto com suas profetizas anunciavam a segunda breve volta de Cristo. Montano acreditava que desenvolveu uma superespiritualidade e tudo devia ocorrer através de um puro êxtase.
A doutrina de Montano sobre a nova era do Espírito sugeria que o tempo do Antigo testamento havia passado, e que o período cristão centrado em Jesus terminara. O profeta reclamava o direito de colocar Cristo e a mensagem apostólica em segundo plano. (...) Jesus não era mais o centro. Em nome do Espírito, Montano negava que a relação decisiva e normativa de Deus tivesse ocorrido em Jesus Cristo. (SHELLY, 2007, p.74).
Uma outra heresia muito conhecida durante o 5 século da igreja foi a heresia do Nestorianismo. Tal doutrina criada por um patriarca de Constantinopla - O bispo Nestório, também pregava a desunião das duas naturezas de Cristo – humana e divina. O bispo acreditava que Maria não era a mãe de Deus, mas somente a mãe do Cristo humano, logo somente o Jesus humano estava no ventre de Maria.
O Arianismo foi também denominado como uma heresia pela igreja. Tais ensinamentos foram decretados por um padre cristão de Alexandrina chamado Ário. Ele e os seus seguidores pregavam a não existência da consubstanciação, isto é, Jesus e o Deus pai não seriam a mesma pessoa. O filho era uma criação do Pai, logo não seria eterno.
A pregação de Ário mudou repentinamente a forma como muitos cristãos concebiam Deus e provocou, em pouco tempo, divisões em cada comunidade cristã, suscitando um ativo engajamento popular em Alexandria, no Egito e em todo Oriente (FUNARI,2012, p.105).
O Cristo seria uma criatura elevada, por ser o filhode Deus, mas somente uma criatura, não um Deus. Portanto, segundo estes teóricos, Jesus teve um papel importante na consolidação da fé cristã, mas este papel, foi eternizado, mas não é sempiterno; isto é; não viveu antes da criação do homem e do mundo, e muito menos viverá para sempre. Ário, então pregava sua doutrina como relatado na citação abaixo:
(...) Afirmava em suas pregações que Cristo, como criatura do Deus Pai, não lhe poderia ser idêntico, faltando-lhe inclusive o atributo de eternidade, “desde que houve um tempo em que não existia”. Subordinando-o, pois a figura do Pai. Por outro lado, sustentava ser o evangelho uma revelação da verdade, mas não a única e definitiva fonte da verdade para os cristãos. (FREITAS, 1990; p.42-43).
Para finalizar este pequeno artigo, tratarei de mais três correntes ditas heréticas pela a Igreja. A primeira era o Monofisitismo. Tais teóricos acreditavam que a natureza humana de Cristo foi absorvida pela natureza divina; logo o Cristo voltado para a salvação humana e detentor de todos os pecados humanos, não podia existir. A doutrina cristã da redenção foi contestada pelo Monofisitismo. Desta forma, perdia-se a doutrina do Cristo Redentor e Salvador da Humanidade.
O papa Leão I (440 – 461) “forçou” o imperador Marciano (450 -457) a convocar um concílio para discutir sobre tal doutrina. O patriarca de Alexandria - Dióscoro juntamente com Eutiques defendiam tal doutrina, os demais bispos, principalmente Flaviano a condenava. O resultado foi a condenação dos hereges Dióscoro e Eutiques e a refutação da doutrina. Os bispos reunidos na Calcedônia assim definiram:
Na linha dos santos Padres, ensinamos unanimemente a confessar um só e mesmo Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, o mesmo perfeito em divindade e perfeito em humanidade, o mesmo verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem, composto de uma alma racional e de um corpo, consubstancial ao Pai segundo a divindade, consubstancial a nós segundo a humanidade, "semelhante a nós em tudo com exceção do pecado"(Hb4,15); gerado do Pai antes de todos os séculos segundo a divindade, e nesses últimos dias, para nós e para nossa salvação, nascido da Virgem Maria, mãe de Deus, segundo a humanidade. Um só e mesmo Cristo, Senhor, Filho Único que devemos reconhecer em duas naturezas, sem confusão, sem mudanças, sem divisão, sem separação. A diferença das naturezas não é de modo algum suprimida pela sua união, mas antes as propriedades de cada uma são salvaguardadas e reunidas em uma só pessoa e uma só hipóstase."(DS 301-302). (Concílio da Calcedônia, 451).
Por último, o Pelagianismo que negava o pecado original de Adão. Pelágio – o monge bretão desta doutrina acreditava que todo homem nasce moralmente neutro e este é capaz, por si mesmo, sem qualquer influência externa de escolher os caminhos de Deus; quando este quiser, é claro!
Negava-se assim a graça e a misericórdia de Deus em prol da humanidade; além disso, classificava Adão com um mal exemplo humano e a Jesus Cristo como um bom exemplo. Mas, mesmo assim, colocava o homem como capaz de se salvar sozinho; sem qualquer ajuda de Cristo. 
O Grande combatente desta doutrina estabelecida por Pelágio foi Agostinho de Hipona. Tal defesa é bem retratada na citação abaixo:
Contra os pelagianos também, novos hereges de nosso tempo e debatedores habilidosos, que escreveram com uma arte ainda mais sutil e nociva, e falaram a qualquer hora que pudessem, em público e nas casas – contra esses ele trabalhou por quase dez anos, escrevendo e publicando muitos livros e frequentemente discutindo na igreja com as pessoas sobre esse erro (POSSÍDIO, XVIII, grifo nosso)
Como não podia deixar de cumprir-se o que diz o Apóstolo: “É necessário que haja heresias, a fim de que se destaquem entre vós os de provada virtude”, depois das antigas heresias surgiu esta nova heresia, inventada não por bispos, presbíteros ou clérigos, mas por uma espécie de monges, combatendo, sob pretexto de defender a liberdade, a graça que nos é dada por nosso Senhor Jesus Cristo, e destruindo o fundamento da fé cristã [...] e negando a necessidade do auxílio de Deus em cada um de nossos atos [...] (De gestis, 35, 61, grifo nosso).
E por último, falarei do Apolinarismo. Tal movimento, iniciou-se com o bispo Apolinário de Laodiceia no século IV, que ao tentar atacar os ensinamentos arianos, criou uma doutrina, a qual tentava explicar a natureza humana e divina de Cristo. 
Para Apolinário e seu seguidores, Cristo possuía um corpo humano, mas sua mente e alma eram divinas. Logo, tais ensinamentos eram contrários aos ensinamentos cristãos sobre a natureza de Cristo; pois para os cristãos, Cristo necessitaria de uma mente e uma alma para pensar, viver e sofrer as tentações que os homens viviam; e desta maneira, após suas vitórias, inclusive contra a morte, Ele poderia ser chamado de Salvador e Redentor de toda humanidade.
(...) Apolinário combateu a ideia que aproximava a pergunta da visão que chamamos de psicologia. Para ele, a natureza humana compreendia o corpo e a alma. Na encarnação, todavia, a Palavra (Logos) divina, de acordo com Apolinário, substituía a alma viva e racional num corpo humano, criando uma “unidade de natureza” entre a Palavra e seu corpo. A humanidade, segundo ele, era a esfera, não o instrumento de salvação, portanto, ele podia falar de “uma natureza encarnada da Palavra divina”. Nisso reside a tônica alexandrina sobre a divindade de Cristo, mas apenas um corpo representava a natureza humana de Cristo. (SHELLY, 2002, p.125).
Segundo, um dos apologetas que combateram o Apolinarismo – Gregório de Nissa: “Aquilo que não foi admitido não pode ser restaurado”.
Considerações Finais:
Até o movimento de reforma protestante no século XVI, a igreja cristã, apesar das inúmeras heresias que observou durante quase 15 séculos, ao invés de regredir em quantidade e qualidade dos seus ensinamentos, esta ao contrário se expandiu.
Tais movimentos, ocorreram principalmente pela estruturação eclesiástica ocorridas com várias discussões sobre as diversas doutrinas nos chamados concílios. Acredita-se, que o primeiro deles foi narrado no livro da Bíblia de Atos – o chamado “concílio de Jerusalém”, onde Paulo, Thiago e Pedro discutiam sobre as doutrinas e os rumos a serem tomados pela a igreja primitiva.
Alguns destes foram muito importantes, pois afirmavam as bases da fé cristã; como:
. O Concílio de Nicéia (325) – Declarou que Cristo é completamente divino;
. O Concílio de Constantinopla (381) – Declarou que Cristo é completamente humano;
. O Concílio de Éfeso (431) – Declarou que Cristo é uma pessoa unida;
. O Concílio da Calcedônia (451) – Declarou que Cristo é humano e divino em uma só pessoa.
Portanto, contra Ário, afirmou que Jesus era verdadeiramente Deus, e contra Apolinário afirmou que era verdadeiramente homem. Contra Eutiques, professou que a divindade e a humanidade de Jesus não podiam se transformar em qualquer outra coisa, e contra Nestório, a igreja professou que Jesus não era dividido, mas sim uma só pessoa. (SHELLY, 2002, p.128).
Vários foram os defensores da fé cristã e dos seus princípios básicos, além dos apóstolos, como: Pedro, Thiago, João, Paulo e outros; houve também os pais da igreja, os quais citarei alguns: 
. Justino: Para ele a filosofia deveria ser usada como um dos pontos para defesa da fé cristã. Ele achava que a filosofia era amiga do cristianismo;
. Clemente de Alexandria: Acreditava que a filosofia era a “teologia verdadeira”;
. Tertuliano: Acreditava que a filosofia tinha lhe ajudado para abrir o caminho para o conhecimento da Santíssima Trindade;
. Taciano: Chamava o cristianismo de “nossa filosofia”;
. Agostinho de Hipona: Um dos maiores defensores da fé cristã e um dos mais construtores da sabedoria cristã. Foi o grande apologeta contra os ensinamentos do Arianismo;
. Irineu de Lião: Escreveu um livro chamado heresia, que tinha como objetivo principal combater os ideais do Gnosticismo;
. Gregório de Nissa: As duas naturezasde Cristo são distintas, mas apesar disso, são únicas.
. E, outros mais.
Portanto, na minha singela compreensão sobre os textos lidos e discutidos neste pequeno artigo, creio que as chamadas heresias foram importantes; pois foi através destas que inúmeros teólogos apologetas puderam buscar mais informações sobre as doutrinas cristãs e desta forma puderam também contestar os movimentos heréticos, criando assim uma religião mais robusta e solidificada nos seus conceitos doutrinários e ratificando dogmas importantes, como a Trindade Santíssima. 
Bibliografia:
ALMEIDA, José Ferreira de. A Bíblia Sagrada. São Paulo: Ed. Sociedade Bíblica Trinitária do Brasil, 2007.
BASCHET, Jerôme. A civilização feudal: Do ano mil à colonização da América. São Paulo: Globo, 2006.
FREITAS, Waldir Oliveira. A Antiguidade Tardia. São Paulo, Ed. Ética, 1990.
FUNARI, Pedro Paulo (Org.). As religiões que o mundo esqueceu. São Paulo. Ed. Contexto, 2012.
GEISLER, Norman. Enciclopédia de apologética. Ed. Vida. São Paulo, 2002.
GONZÁLEZ, J.L. Uma história ilustrada do cristianismo: a era dos mártires. São Paulo: Vida Nova, 2009.
POSSÍDIO. Vida de Santo Agostinho. Trad. Monjas Beneditinas. São Paulo: Paulus, 1997.
SHELLEY, Bruce L. História do Cristianismo ao alcance de todos. São Paulo: Shedd publicações, 2004.

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