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Heresias primitivas acerca da pessoa de Jesus nos primeiros séculos

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Seitas do primeiro e segundo séculos
O gnosticismo foi uma seita muito complexa que quase destruiu a Igreja no primeiro século, não fosse os líderes cristãos terem se levantado para expurgar seus ensinos. Dentre inúmeras coisas, essa seita não aceitava que a divindade pudesse se misturar com a matéria, que segundo eles é má. Por isso, muitas explicações heréticas surgiram nos próprios círculos gnósticos que eram discordantes entre si.
Os ebionistas e os elcasaístas (lição 4) diziam que Jesus era apenas um profeta, sem divindade.
O ebionismo foi uma corrente pré-gnóstica que surgiu ainda nos tempos dos apóstolos e foi respondida diretamente nas cartas do NT, principalmente por João. O elcasaísmo surgiu logo depois da morte dos apóstolos e ao mesmo tempo que um dos primeiros líderes gnósticos: Cerinto, que cria que o Cristo era um ser emanado do Filho de Deus que veio sobre Jesus, que era humano.
Semelhante a essa heresia, surgiu o docetismo (lição 5), que excluía o Jesus-homem, ficando apenas com o "espírito de Cristo". Os docetistas diziam que Jesus era apenas uma ilusão, portanto, não teria morrido de verdade na cruz.
Marcionismo: Marcião dizia que os apóstolos originais não haviam compreendido a verdade sobre Jesus e sobre a Igreja. Ele sim é que tinha o conhecimento verdadeiro. Ele se autonomeou representante de Paulo para levar adiante sua obra. Marcião foi o primeiro a praticar o batismo pelos mortos, que hoje é a principal doutrina do mormonismo. Além do mormonismo, a doutrina base do espiritismo também vem diretamente do ensino de Marcião.
Seitas e heresias do terceiro século
Maniqueísmo: Mani foi considerado por muitos como o último dos gnósticos. Ele misturava ensinos de várias outras religiões, como o budismo e o zoroastrismo. Ele dizia, inclusive, que Deus havia usado vários servos como Buda, Zoroastro, Jesus e, obviamente, o próprio Mani, que era o profeta final.
Pregava o ascetismo, o celibato, a reencarnação e a remissão pela gnose (conhecimento secreto e exclusivo dado por ele). Como pode ficar claro, Mani recebeu grande influência de Marcião. No que tange à cristologia, a doutrina principal de Marcião era a diferença que ele fazia entre a divindade do AT e do NT. Ou seja, ele dizia que o Deus do NT não era o mesmo visto no AT.
Monarquismo (ou monarquianismo): O monarquismo foi uma tentativa de afirmar a unidade absoluta de Deus que, no entanto, contraria a unidade composta da doutrina da Trindade. Essa heresia poderia ser colocada numa outra lista: a lista das Heresias Antitrinitárias.
No entanto, o que torna essa crença uma heresia é justamente a explicação sobre a pessoa de Jesus, por isso a escolha por tratá-la nesta lista. A heresia ganhou esse nome por levar em conta que existe apenas uma pessoa na divindade suprema, lembrando que vem do termo grego mónos que significa "um/singular". O que aconteceu foi que na tentativa de conciliar a unidade e a pluralidade de Deus, essa ideia acabou professando a unidade e eliminando a pluralidade.
Subordinacionismo: A Igreja havia rejeitado o monarquismo, afirmando sua fé em Cristo, como uma pessoa divina e distinta do Pai. Todavia, não estava explicada ainda a maneira como se relacionam entre si o Filho e o Pai. Por isso, muitos cristãos admitiam a divindade do Filho, mas o subordinavam ao Pai. Daí resultou a tese do subordinacionismo, tendo Ário como seu principal defensor.
Ário dizia que alguns versículos do NT mostravam que o Pai é superior ao Filho, sendo uma autoridade sobre Ele (1Co 11:3; 15:24-28; Jo 14:28). Até mesmo alguns dos pais da Igreja chegaram a afirmar coisas muito parecidas.
A Bíblia de fato ensina que, ao se tornar humano, o Filho assumiu uma posição de subordinação ao Pai, como lemos em Fp 2:5-8. O texto, no entanto, deixa claro que a subordinação era restrita à missão do Filho em seu pequeno período vivendo como homem aqui na Terra, despido de sua glória. Nesse período, Jesus até mesmo precisava da orientação do Espírito Santo (Jo 3:34; Mt 12:18).
As três pessoas da Trindade são distintas e cumprem papéis diferentes na história da redenção. Porém, as relações dentro da Trindade são eternas, muito anteriores à criação. Não há hierarquia ou uma cadeia de comando eterna. Distinção não é submissão.
Arianismo: Ário começou afirmando a subordinação do Filho ao Pai, mas com o tempo passou a argumentar que o Filho fosse um ser criado, talvez percebendo a incoerência da ideia anterior.
Ele não dizia que Jesus fosse um ser qualquer, mas a primeira e mais digna de todas as criaturas, destinada a ser instrumento para a criação de outros seres. Ele dizia que, em virtude da sua perfeição, o Filho (ou Logos) poderia ser chamado realmente de "Filho de Deus".
Em 318, a doutrina de Ário foi considerada herética. No entanto, essa doutrina era atraente e encontrou muitos simpatizantes. Com novos defensores, a controvérsia se intensificou. Em 325, muito depois do fim da perseguição cristã, já com Constantino no trono do Império Romano, um novo concílio foi realizado em Niceia para tentar resolver a questão.
Com a presença de 300 bispos de todas as partes do mundo cristão, reafirmou-se o arianismo como heresia. Um "símbolo de fé" (uma confissão) foi redigido afirmando ser o Filho "Deus de Deus, luz de luz, Deus verdadeiros de Deus verdadeiro, gerado não feito, consubstancial ao Pai; por Ele foram feitas todas as coisas".
Essa é a explicação de que Jesus Cristo é divino tal como o Pai, que Ele não foi criado e existe desde sempre, que Ele foi gerado não no tempo, mas na eternidade pelo Pai, e sem ter dividido sua natureza divina (sem separar-se dele ou tomar dele uma parte da divindade). Mas como Jesus pode ter sido gerado e existir desde sempre?
O fato é que a Bíblia afirma que Jesus é o unigênito do Pai, o único gerado. E diz também que Ele existe desde sempre. Então, a afirmação da Igreja é que Jesus foi "gerado na eternidade".
Para não negarmos o que a Bíblia diz acerca da natureza do Filho, ficamos com as afirmações mesmo sem compreender profundamente. Esse é apenas um dos muitos mistérios em torno da Trindade. Essa pequena e tão complexa explicação ainda é afirmação que usamos para a base da fé cristã acerca da relação entre o Filho e o Pai.
Apolinarianismo: Diferente de Ário, Apolinário afirmava que Jesus era divino. No entanto, ele dizia que Jesus não era plenamente humano. Ele dizia que a alma humana de Jesus teria sido substituída pelo Logos divino. Basicamente, o Logos (o Verbo de João 1:1, o Filho) usou o corpo de Jesus como uma cápsula, tal como em uma possessão. Para Apolinário, Jesus era apenas fisicamente humano. Porém, para ser humano é preciso ter corpo e espírito humanos.
Se Jesus não fosse plenamente humano, não poderia representar a humanidade. Por isso, Jesus encarnou com espírito humano. Se Cristo não assumiu corpo humano, não pode redimir o corpo humano. Se Ele não assumiu a alma humana, não pode redimir a alma humana. Portanto, Ele nasceu e permaneceu com corpo e espírito humanos, além de ter a natureza imaterial divina. Jesus assumiu toda a humanidade, corpo e alma, para poder redimi-la completamente.
Nestorianismo: A controvérsia de Apolinário levantou algumas dúvidas, gerando a doutrina ensinada por Nestório. Por causa das questões complexas sobre as duas naturezas de Jesus, Nestório dizia que Ele era duas pessoas: ora humano, ora divino. Segundo ele, quando Jesus sentia sede, Ele era homem. Quando acalmava o mar, era Deus. Quando ele se cansava e dormia, era homem. Quando perdoava pecado, era Deus.
Eutiquianismo. No meio da controvérsia com Nestório, surgiu Eutiques, se opondo ao nestorianismo, mas trazendo uma nova deturpação.
Nestório dizia que Jesus era duas pessoas, pois temia negar alguma de suas naturezas. Em reação, Eutiques, assim como Apolinário, disse que por causa da encarnação, a natureza humana de Cristo havia sido absorvida pela natureza divina.
Em 451, foram reunidos 600 bispos no concílio de Calcedônia, quando ficou classificado oficialmente como heresia o ensino de Eutiques.
A explicação que ficouestabelecida no concílio foi que em Cristo há uma só pessoa, na qual existem duas naturezas sem confusão e sem mudança, sem divisão e sem separação. Jesus é perfeito em divindade e perfeito em humanidade, verdadeiramente Deus, verdadeiramente homem.
Assim, discutindo racionalmente a partir do texto bíblico, a Igreja manteve de pé a correta compreensão a respeito de Jesus até onde é possível à compreensão humana. E assim se tem crido até hoje.