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36 1 Circulações Regionais ciada pelo conteúdo luminal, e os lipídios e carboidratos são os principais mediadores desta hiperemia. Durante a hiperemia pós-prandial não se observa diminui ção significativa do fluxo sanguíneo para o baço, o coração, os rins e o sistema nervoso central. Portanto, a hiperemia pós prandial parece não resultar da redistribuição do fluxo sanguí neo de outros órgãos. .... Papel da circulação esplâncnica sobre o controle cardiovascular O volume sanguíneo do leito esplâncnico excede 1.000 m.e (cerca de 20% a 40% do volume sanguíneo total), carac terizando-se como um importante reservatório de san gue. Além disso, o ajuste do calibre de arteríolas da região esplâncnica contribui para o controle cardiovascular por meio da redistribuição de sangue para outros territórios. Como exemplo, após uma hemorragia ou em outras situa ções em que ocorre queda da pressão arterial, observa-se estimulação reflexa dos pressorreceptores arteriais que desencadeiam um aumento na atividade simpática para os 551 vasos da circulação esplâncnica. Ocorre então vasocons trição, que diminui o fluxo sanguíneo local e aumenta a resistência periférica total, com o intuito de restabelecer os níveis de pressão arterial. Além disso, a vasoconstrição das arteríolas do leito esplâncnico leva a um deslocamento de sangue de veias do território esplâncnico para a circulação central. Essa vasoconstrição resulta em diminuição na pres são de perfusão das veias subsequentes, que passivamente diminuem seu diâmetro e volume. Nas situações em que a estimulação simpática é intensa (hemorragia grave, exercício físico intenso), além do deslo camento passivo de sangue das veias esplâncnicas para a cir culação central, ocorre também venoconstrição que auxilia nesse deslocamento (deslocamento ativo). Essa venoconstrição decorre da inervação simpática de veias do leito esplâncnico e da liberação de catecolaminas circulantes. O efeito conjunto do deslocamento passivo e ativo de san gue para a circulação central é muito importante para a manu tenção da pressão arterial e do débito cardíaco em situações hemorrágicas. Durante a hemorragia em humanos, 50% do sangue redistribuído advém do leito esplâncnico. Isso só é possível por meio da venoconstrição passiva e ativa, uma vez que a circulação esplâncnica compreende de 20% a 40% do volume sanguíneo total. ������������������������������������������� Circulação Cerebral Valdo José Dias da Silva Em condições basais, o fluxo sanguíneo cerebral corresponde a cerca de 15% do débito cardíaco (Figura 36.1). As principais artérias que irrigam o cérebro, as artérias cerebrais anteriores, médias e posteriores, nascem do polígono de Willis ou círculo arterial cerebral, que tem sua origem a partir das artérias caró tidas internas e basilar, as quais se anastomosam por meio das artérias comunicantes anteriores e posteriores. Ramos das arté rias vertebrais e basilar proximal irrigam o tronco encefálico na base do encéfalo (Figura 36.11). As artérias constituintes do polígono de Willis possibilitam uma anastomose do sistema arterial carotídeo com o sistema arterial vertebral. Entretanto, em condições normais, a anastomose presente no polígono de Willis é considerada virtual, uma vez que normalmente não há nenhuma mistura de sangue entre os territórios da carótida interna e da vertebral, nem entre os lados direito e esquerdo da anastomose. Além disso, a perfeita laminaridade do fluxo sanguíneo cerebral no território da artéria basilar assegura que os dois fluxos vertebrais não se misturem no interior da artéria basilar. Dessa maneira, as anastomoses responsáveis pela for mação do polígono de Willis somente funcionam quando há algum tipo de obstrução do fluxo sanguíneo cerebral. Os vasos sanguíneos atravessam o espaço subaracnoide antes de penetrar na profundidade do tecido cerebral, for mando uma extensa e densa rede microvascular com riquí ssima ramificação capilar. Esta ramificação alcança a den sidade média de cerca de 3.500 vasos capilares por mm2 de superfície tecidual na substância cinzenta e de aproximada mente 800 vasos capilares por mm2 na substância branca do cérebro, constituindo-se em uma das mais densas redes capila res do organismo (com densidade capilar similar à observada no coração). Nem todos os capilares cerebrais encontram-se abertos ao fluxo sanguíneo ativo em seu interior. A drenagem venosa se faz por meio dos seios venosos intradurais superficiais do crânio, os quais se esvaziam princi palmente nas veias jugulares internas. A fixação anatômica da adventícia dos seios venosos intradurais aos ossos do crânio acaba por impedir o colapso das veias intracranianas em situa ções de significativa redução da pressão intracraniana, como, por exemplo, durante o ortostatismo. Os capilares cerebrais formam uma extensa rede no tecido cerebral que forma uma barreira na interface sangue-inters tício cerebral, a qual é conhecida como barreira hematence fálica. Quase todas as proteínas e compostos de médio peso molecular (insulina, sacarose, manitol e catecolaminas) atra vessam com grande dificuldade ou não atravessam essa bar reira. Entretanto, precursores de neurotransmissores (p. ex., o triptofano ou a tirosina) podem atravessar a barreira hema tencefálica. A relativa impermeabilidade a alguns antibióticos apresenta importância clínica no tratamento de infecções encefálicas. Por outro lado, os anestésicos (voláteis e não volá teis), etanol, C02, 02, ureia, glicose e todos os lipídios passam rapidamente pela barreira hematencefálica. A barreira é, em parte, devida à intensa adesão entre células endoteliais contí nuas que formam a parede do capilar cerebral As principais estruturas de adesão entre as membranas capilares são as tight junctions e os desmossomos. Além disso, uma membrana basal endotelial relativamente densa contribui adicionalmente para a relativa impermeabilidade da barreira hematencefálica. A permeabilidade da barreira também se deve, em parte, a fato res não estruturais relacionados com os diferentes sistemas de 552 Artéria cerebral anterior Artéria basilar------t�. Artéria cerebral média Visão inferior do cérebro Aires 1 Fisiologia Figura 36.1 1 • Representação esquemática do polígono de Willis em detalhe (à esquerda) e de sua localização na superfície inferior do cérebro. (Adaptada de Carpenter, 1976.) transporte moleculares encontrados nas células endoteliais da parede capilar. A permeabilidade limitada dos capilares cerebrais é útil do ponto de vista clínico, uma vez que sofre alterações importan - tes em situações clínicas, tais como tumores e infarto. Desse modo, por meio de uma gamacâmara, é possível mapear as áreas cerebrais hipercaptantes de tecnécio metaestável radioa tivo (Tem, adsorvido a proteína e injetado por via intravenosa), as quais são indicativas de ruptura da barreira hematencefá lica. .... Fluxo sanguíneo cerebral (FSC) O aporte volumétrico de sangue ao cérebro em um dado tempo é um parâmetro importante para seu adequado fun cionamento. O cérebro de um indivíduo adulto normal pesa entre 1.400 e 1.500 g, tendo FSC próximo de 50 a 60 mi/100 g/ min, ou seja, por volta de 750 mf/min. Tal cifra corresponde a cerca de 15% do débito cardíaco. A substância branca cerebral recebe aproximadamente 1/3 do FSC, enquanto a substância cinzenta é muito mais vascularizada, recebendo cerca de 2/3. Entre os métodos de medida do FSC, podemos destacar o método fundamentado no princípio de Fick (descrito no Capítulo 50 - Hemodinâmica Renal). Este método utiliza a inalação de doses subanestésicas do gás óxido nitroso (N20), que funciona como um indicador. Após o início da inalação do gás, são realizadas medidas periódicas da concentração de N20 no sangue da artéria carótida e da veia jugular até a estabilização, o que em geral ocorre em cerca de 10 minutos. Após este tempo, como a distribuição do N20 é homogênea nos diversos tecidos, as concentrações arteriais, venosas, bem como cerebrais do N20 serão idênticas. Atualmente há outros métodos para a medida do FSC, com aplicações tanto clínicas quanto experimentais, tais como: ultrassonografia, Doppler transcraniano, tomografia por emis são de pósitron (positron emission tomography - PET), tomo grafia computadorizada por emissão de fóton único (single photon emission computerized tomography - SPECT), resso nância magnética nuclear funcional (junctional magnetic res sonance imaging- FMRI), injeção de microesferas radioativas etc. Tais métodos tornaram possível demonstrar surtos loca lizados de hiperatividade metabólica e hiperfluxo sanguíneo coincidentes com as áreas cerebrais ativadas. Por exemplo, está demonstrado que uma simples contração voluntária dos músculos da mão é acompanhada por aumento apreciável do FSC da área contralateral cortical motora correspondente à mão. Um leve estímulo luminoso da retina aumenta o fluxo sanguíneo dos colículos superiores e do córtex occipital. Durante a fala, verifica-se aumento considerável de fluxo sanguíneo para a área de Broca. Assim, com base nas varia ções de fluxo sanguíneo decorrentes de atividade metabólica, é possível construir um mapa funcional do cérebro, tanto de animais quanto de humanos, que utiliza como indicado res o fluxo sanguíneo local e o metabolismo. Tal tecnologia tem possibilitado grande avanço no entendimento das funções cerebrais superiores. O cérebro é o tecido do corpo humano mais vulnerável à isquemia. A privação cerebral de oxigênio, por alguns segun dos, pode provocar perda de consciência e, por poucos minu tos, dano irreversível. Entretanto, o FSC tende a permanecer notavelmente constante em quase todas as situações fisiológi cas. A manutenção do FSC se deve a vários fatores que prote gem a circulação cerebral e regulam com grande eficiência o FSC. O leito vascular cerebral é o leito vascular mais protegido do organismo no que diz respeito às variações de pressão hidros- 36 1 Circulações Regionais tática. Contido dentro dos rígidos limites do crânio e do canal raquidiano, o líquido cefalorraquidiano encontra-se em uma câmara contínua preenchida de líquido, cuja pressão hidros tática em qualquer ponto varia diretamente com a posição corporal, ou seja, com a altura da coluna vertical de líquido. Por conta disso, as pressões intravenosas e intraliquóricas estão equilibradas em todos os pontos da coluna vertebral e do crânio. Na posição ereta, as pressões do líquido cefalorra quidiano e venosa do crânio são negativas, e na porção infe rior da coluna vertebral elas são positivas. Isto evita o colapso venoso no crânio e a distensão venosa no segmento inferior da coluna vertebral. Assim, o gradiente de pressão intravascu lar do sistema nervoso central é mantido em todos os pontos, qualquer que seja a posição corporal. Entretanto, apesar des tas características protetoras, na posição ortostática verifica-se uma redução de cerca de 20% do FSC. Além dos mecanismos protetores da caixa craniana e coluna vertebral, os mecanismos reflexos e a autorregulação metabó lica do FSC também são importantes processos reguladores do FSC. Os reflexos barorreceptores e a resposta isquêmica do sis tema nervoso central agem muito mais por manter constante a pressão arterial, que atua assim indiretamente sobre o FSC, do que atuando diretamente sobre o controle nervoso autônomo dos vasos cerebrais. Aliás, até o momento há grande controvér sia sobre o papel da inervação autonómica dos vasos cerebrais, a qual é em sua maioria simpática. Tal controvérsia se deve, em parte, às diferenças de respostas de acordo com a espécie animal estudada, além de eventuais diferenças dos efeitos de anestésicos utilizados em experimentos de estimulação ner vosa. Em macacos e coelhos, por exemplo, alguns estudos têm demonstrado respostas vasoconstritoras à estimulação simpá tica cervical. Opostamente, em humanos normais, os efeitos da estimulação simpática parecem inefetivos em alterar o tônus constritor dos vasos cerebrais. Entretanto, alguns estudos mais recentes têm demonstrado uma influência vasoconstritora cerebral simpática em pacientes com hipertensão arterial sis têmica. Admite-se que tal vasoconstrição poderia representar um papel protetor, atenuando um aumento passivo do FSC, que de outra maneira seria produzido pela própria elevação da pressão arterial desses pacientes. Tal efeito poderia minimizar a lesão endotelial e da barreira hematencefálica e impedir a :::-' e E -' � Ol 8 -� "" E � o (/) u.. 125 100 75 50 25 0-+-���..-������ o 5 7 10 pa02(kPa) 15 20 553 formação de edema cerebral, por exemplo, durante um exercí cio físico ou em uma elevação adicional da pressão arterial. A autorregulação metabólica do FSC é um mecanismo altamente eficiente. Em situação de hipoxia, por exemplo, enquanto os vasos de resistência dos leitos renais e musculares sofrem vasoconstrição simpática reflexa mediada pelos refle xos quimiorreceptores periféricos, a circulação cerebral sofre vasodilatação considerável em resposta à hipoxia tecidual local. Este efeito é claramente protetor, mantendo o metabo lismo estritamente aeróbico do cérebro mesmo em situações de hipoxia. Entretanto, este efeito só se manifesta nos vasos cerebrais quando da vigência de hipoxia grave, com níveis de pressão parcial de 02 no sangue arterial (pa02) menores que 50 mmHg (Figura 36.12). Portanto, provavelmente as altera ções de Pa02 dentro dos limites fisiológicos exercem poucos efeitos sobre o fluxo sanguíneo cerebral. Mais que à hipoxia, os vasos cerebrais são extremamente sensíveis ao conteúdo tecidual de C02• Alterações da pressão parcial de C02 no sangue arterial (paC02) exercem intensa influência sobre o FSC. A hipercapnia causa intensa vasodi latação cerebral, enquanto a hipocapnia provoca acentuada vasoconstrição cerebral. O efeito do C02 é, provavelmente, mediado por variações no pH do líquido cefalorraquidiano; aparentemente, serve primariamente para manter o pH do tecido cerebral, já que uma queda do pH no espaço intersticial neuronal tem profundos efeitos depressores sobre a atividade nervosa. A expressiva sensibilidade dos vasos cerebrais ao C02 e, em menor extensão, ao 02 pode explicar a importante vaso dilatação local observada quando de aumentos localizados na atividade neuronal. O estímulo na atividade neuronal acarreta aumento no consumo metabólico local de 02 e consequente elevação local de C02 e queda do pH, os quais, como descrito anteriormente, têm pronunciado efeito vasodilatador nas arteríolas locais. Entretanto, é ainda controverso se os efeitos de variações na paC02 ou pa02 são diretos no músculo liso vascular ou se são mediados por algum mediador químico local, que agiria por ação parácrina. Entre os mediadores químicos estudados, podemos destacar: adenosina, potássio extracelular, prostaglandinas, derivados prostanoides da cito cromo P450 (tais como o ácido 20-hidroxieicosatetraenoico :::-' e E i � Ol 8 -� "" E � o (/) u.. 125 100 75 50 25 0,025 0,05 0,075 O, 10 O, 125O,15 11cao2 Figura 36.12 • Influência da pressão parcial de oxigênio no sangue arterial (pa02) e do conteúdo arterial de oxigênio (1/Ca0) sobre o fluxo sanguíneo cerebral (FSC). Abaixo da pa02 de 7 kPa (cerca de 53 mmHg) o FSC aumenta. Dentro da faixa fisiológica normal da pa02 (área hachurada no gráfico à esquerda) há pouca alteração do FSC. (Adaptada de Johnston et ai. Br J Anaesth, 2003; 90:774-86.) 554 ou 20-HETE), óxido nítrico, endotelina, cininas, serotonina, peptídio relacionado com o gene da calcitonina (calcitonin gene related peptide - CGRP) etc. Foi descrito um possível papel da interação de neurônios, astrócitos e arteríolas (Figura 36.13) na regulação do fluxo sanguíneo tecidual. Em consequência da elevada atividade neuronal e aumento da quantidade de glutamato liberado na fenda sináptica neuronal, o glutamato acaba por difundir-se para o interstício perissináptico, alcançando os astrócitos vizinhos. Nestas células, o glutamato é capaz de dar início a um pulso de Ca2+ intracelular, o qual pode levar à ativação da via da ciclo-o.xigenase, que provoca a liberação de prosta glandinas vasodilatadoras das arteríolas piais. Outra situação em que o mecanismo autorregulatório do FSC tem papel importante é na variação da pressão arterial sistêmica. Dentro de limites relativamente largos de varia ção da pressão arterial média, de 70 a 120-130 mmHg, o FSC tende a permanecer relativamente constante (Figura 36.14). Mais uma vez, mediadores metabólicos, paC02, pa02 e pH podem exercer importante papel autorregulatório. Por exemplo, em situações de elevação da pressão arterial média, um imediato aumento do FSC seria esperado (pela lei de Poiseuille). Este aumento provocaria uma relativa hiperó xia cerebral, acompanhada de hipocapnia e alcalose teci dual. Ambos os efeitos, mas principalmente estes últimos, provocariam vasoconstrição cerebral, com consequente elevação da resistência vascular cerebral e normalização do FSC. Os mesmos mecanismos agindo em sentido contrário seriam observados em uma situação de hipotensão arterial. Desse modo, dentro da faixa de 70 a 120-130 mmHg, varia ções da PA não trariam alterações importantes no FSC. Obviamente, fora da faixa autorregulatória, quedas na PA abaixo de 70 mmHg podem provocar isquemia cerebral em indivíduos normais. É curioso observar que a faixa autorre- Figura 36.13 • Os astrócitos (3) estão justapostos entre neurônios (4) e arteríolas cerebrais (2). Os prolongamentos dos astrócitos (1) mantêm contato e envolvem com pletamente as arteríolas da circulação cerebral. (Adaptada de Kandel et ai, 2000.) Aires 1 Fisiologia 100 Vasodilatação Vasoconstrição @ @ � 80 e: � 8 60 � � E � u 40 (/) u.. 20 o 70 100 120 160 PAM (mmHg) Figura 36.14 • Autorregulação do fluxo sanguíneo cerebral (FSC) humano na faixa de pressão arterial média (PAM) compreendida entre 70e120 mmHg.Abaixo do valor normal de PAM (cerca de 90 a 95 mmHg), a autorregulação se faz por vasodilatação, enquanto acima do valor normal de PAM, a autorregulaçãoocorre por vasoconstrição cerebral. (Adaptada de Guyton and Hall, 1996.) gulatória do FSC pela pressão arterial pode ser modificada. Por exemplo, em pacientes hipertensos, ela tende a se des locar para a direita em direção aos níveis tensionais eleva dos observados em pacientes hipertensos (Figura 36.14). O FSC diminui durante o sono, na anestesia geral (em até 50%) e na aterosclerose cerebral. A prevalência da doença aterosclerótica em vasos cerebrais tem importantes implica ções clínicas, já que as enfermidades cerebrovasculares são as mais frequentes entre as doenças neurológicas e, além disso, compreendem cerca de 50% das hospitalizações neu rológicas em salas de emergência de adultos. A consequência mais grave da doença aterosclerótica dos vasos cerebrais é o acidente vascular encefálico (AVE), popularmente conhe cido como derrame cerebral. O AVE é a enfermidade mais comum e mais grave que afeta o SNC. Em países desenvol vidos, ocupa o segundo lugar como causa de mortalidade, atrás apenas das doenças cardíacas. O AVE pode ser devido a um trombo formado em consequência da ruptura da placa aterosclerótica no lúmen vascular, a um êmbolo ou à total ruptura da parede vascular, com hemorragia intraparenqui matosa ou subaracnoide. O vaso mais comumente acometido é a artéria cerebral média. O quadro clínico, obviamente, depende da artéria atingida e da extensão da área infartada ou hemorrágica. Enquanto o fluxo sanguíneo na área afetada reduz-se sensivelmente, nas zonas adjacentes há aumento de fluxo sanguíneo, consequente à vasodilatação isquêmica. Pacientes com doença aterosclerótica nas artérias carótidas internas, com redução de mais de 50% no diâmetro interno do vaso, apresentam elevação de cerca de 15% do FSC após assumirem a posição ortostática e aumento da relação FSC/ débito cardíaco na posição ereta e após exercício físico; o contrário é observado em indivíduos normais, em que o FSC sofre queda de 20% do esperado na posição ereta e após exer cício físico. Tais dados sugerem que indivíduos com doença aterosclerótica nos vasos cerebrais apresentam defeito nos mecanismos autorregulatórios, o qual produz um aumento anormal do FSC quando de aumentos do débito cardíaco.
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