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Fichamento Política Social e Serviço Social os desafios da intervenção profissional

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Milena Tomaz de Miranda 
Serviço Social, 2° ano 
Universidade Estadual do Paraná – Campus Apucarana
Fonte: MIOTO, Regina Celia Tamaso; NOGUEIRA, Vera Maria Ribeiro. Política Social e Serviço Social: os desafios da intervenção profissional. Revista Katálysis, Florianópolis, v. 16, n. esp, p. 61-71, 2013. 
	As autoras vão destacar o Movimento de Reconceituação, datado na década de 1970, como marco na história do Serviço Social, cujo alterou o debate da profissão, até então tratado sob o “metodologismo”, dando visibilidade à política social como espaço de luta para a garantia dos direitos sociais. 
	No Brasil, o movimento teve seu aprofundamento ao longo das duas últimas décadas do século 20 e consolida-se no início do século 21. A inserção da política social como tema para produção de conhecimento possibilita a consolidação do Serviço Social como área de conhecimento no campo das ciências sociais. Outrossim, favoreceu ao mesmo ora a introdução da profissão e de seus profissionais no embate político da sociedade brasileira, ora a discussão sobre a intervenção profissional dos assistentes sociais no terreno da política social.
Com referência a intervenção profissional, observa-se que a inclusão da política social no debate da profissão permitiu situar mais concretamente os seus objetivos na sociedade capitalista. Pôde-se sobrepor, no campo da intervenção, a questão do “por que fazer” à do “como fazer”. Com o aprofundamento da investigação sobre a inter-relação política social e Serviço Social nas bases da teoria social crítica, pôde-se avançar o conhecimento em direção ao “para que fazer”. As proposições daí advindas constituíram as bases de um projeto profissional para os assistentes sociais brasileiros, construído coletivamente e conhecido como Projeto Ético-Político Profissional (MIOTO, 2009, p. 214 apud MIOTO; NOGUEIRA, 2013, p. 62). 
	Ainda na década de 1990, quando pensa-se no avanço das políticas sociais, uma vez que estavam caminhando com um avanço considerável, duas situações provocam uma ruptura nesse processo: a reversão nas proposições fundamentais da Seguridade Social brasileira, e, a forma complexa das demandas, em termos quantitativos e qualitativos, além do desenho e da maneira de institucionalização dos programas sociais. Ambas, por sua vez, além de produzirem impactos significativos nos processos interventivos dos assistentes sociais, revelam a existência de questões relativas ao tratamento da intervenção nas políticas sociais, no âmbito da profissão [...]. (MIOTO; NOGUEIRA, 2013).
A política social como campo privilegiado da intervenção profissional
	Vale ter em consideração a trajetória da profissão no Brasil, visto que nossas ações profissionais são herdeiras de traços passados e novas funcionalidades contêm um lastro anterior, seja para negação ou consolidação. 
	Até meados da década de 1960, a ação dos assistentes sociais convergia na intervenção aos objetivos institucionais de integração social e redução dos “desvios de conduta”. Ainda, as políticas sociais eram tratadas no plano analítico, e as ações profissionais não continham relações com estas. Já na segunda metade da década de cinquenta, o Serviço Social apresentava necessidades de revisão de sua teoria. No entanto, a ditadura militar (1964) acabou por sufocar o debate sobre os rumos do Serviço Social, isolando a categoria profissional do movimento de revisão crítica vivido na América Latina. 
Quando se pauta a relação da ditadura militar com o campo da proteção social, observa-se o uso da organização estatal para expandir a base de apoio ao governo militar através de alguns benefícios previdenciários e a implantação de programas nacionais de cunho social. Entre esses, os Centros Sociais Urbanos e Rurais, a Fundação Nacional de Bem-Estar do Menor (Funabem) e a Legião Brasileira de Assistência (LBA). Esta última ampliou seu raio de ação tanto em relação às áreas geográficas como no âmbito de sua ação protetiva. A prestação de serviços e benefícios da assistência social, ou o “trato da pobreza”, configurava-se como restrito às organizações da sociedade civil, geralmente de cunho confessional. (MIOTO; NOGUEIRA, 2013, p. 63). 
	Agora, na década de 1970, com o rápido processo de urbanização e o empobrecimento populacional, ampliam-se as demandas por ações no campo da proteção social nos estados e municípios. Nesse momento, ocorre também a criação de secretarias estaduais e municipais; aumenta a oferta de serviços; expansão dos quadros profissionais e a profissão passam a assumir uma função mais definida em termos de posição jurídico-administrativa. 
	No final deste período, já podemos observar que há um dissociamento da ação profissional do discurso dominante do tecnicismo. Há também a elaboração das primeiras produções teóricas vinculadas ao debate sobre a política social e a relação com o fazer profissional. Nesse contexto, começa a ser apreendida a correlação da política social com a questão social. 
	O retorno do Estado de Direito, em 1985 e a Constituição de 1988, trazem novos ares para à profissão. E a partir de então, a proteção social universal passa a ser uma responsabilidade do Estado. Mesmo com a intervenção profissional na implementação das políticas nacionais, ainda emerge algumas questões na prática do assistente social, continuando o fazer de épocas anteriores, em contraste com os valores atualizados, como a igualdade na fruição dos direitos, a participação democrática e a proteção universal, sob a égide do Estado em algumas políticas sociais.
	O que caminhava para o mesmo ponto/objetivo, agora cessa. Assim, perfazem-se duas novas direções: uma no campo profissional e outra no plano das políticas nacionais de proteção social. A partir desse aspecto, no campo profissional, surgem novos espaços sócio-ocupacionais e duas implicações no plano de intervenção:
1. Exigência de contextualizar e apreender o significado das novas requisições, constituindo-se, por conta de sua complexidade, em campos de conhecimento compartilhado com diversas áreas profissionais. Neste sentido, a apreensão e seu aprofundamento irão descobrir as especificidades das áreas profissionais envolvidas, gerando um conhecimento que deve ser incorporado ao saber e ao fazer profissional. 
2. A exigência de aparatos institucionais mais densos em termos de suporte físico e operacional para dar conta dos novos perfis de demanda, tendo em vista a sua diversificação e expansão. 
	A crise econômica do capital Mundial no ocidente decorre na substituição dos direitos sociais pela exigência da focalização em populações vulneráveis de risco social. Isto é, ocorre um salto de uma política com ideias universalistas para uma política somente centrada nos indivíduos que se encontravam em situações de miséria. É então nesse momento, que o alvo é atingido, ou seja, a ação profissional prende-se aos trâmites burocráticos no desenvolvimento dos programas e na exigência constante da quantificação de resultados. 
A intervenção profissional no campo da política social e seus desafios na atualidade
	Para os profissionais, as autoras salientam a necessidade do aprofundamento acerca da intervenção profissional no contexto das políticas sociais, dado que nos vários espaços sócio-ocupacionais a apropriação do debate sobre intervenção profissional travado na sua área de conhecimento, e a necessidade de colocá-la em movimento. Nesta lógica, 
Os assistentes sociais se deparam com duas questões cruciais, a autonomia e a especificidade profissional. Em tese, significa enfrentar os dilemas que ainda persistem no debate profissional e a prática profissional no Serviço Social e que no novo cenário brasileiro se reatualizam. (MIOTO; NOGUEIRA, 2013, p. 65). 
	Assim como outros trabalhadores, o assistente social também é um trabalhador assalariado, desta forma, se vê impossibilitado de praticar sua autonomia na condução de seu trabalho. 
	No entanto, é essencial que o assistente social compreenda que cada situação, como objeto de intervenção, terá suas particularidadesnos diferentes contextos da política social e quais matrizes teóricas que sustentam as diferentes práticas. É importante ressaltar que, um profissional que segue essa condição, não toma análises unilaterais e, mesmo sob determinadas condições objetivas, exercita sua relativa autonomia teórica, política, ética e técnica (MOTA; AMARAL, 1998 apud MIOTO; NOGUEIRA, 2013). 
	O enfretamento de desafios dos assistentes sociais não finda. As dificuldades encontram-se desde a utilização massiva da tecnologia à participação das entidades de cunho privado e filantrópico na prestação de serviços sociais, financiadas pelo Estado. Logo, reitera-se a importância do debate do marco teórico-metodológico e das matrizes teóricas da área disciplinar nos respectivos campos setoriais da política social como mediação fundamental para o desenvolvimento do processo interventivo.

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