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TEORIA GERAL DO PROCESSO - Espécies de Jurisdição e Defesa do Réu (1)

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TEORIA GERAL DO PROCESSO
Espécies de Jurisdição e Defesa do Réu – Estudo Dirigido
Diurno - 12.11.2018 
1) O Condomínio Morada Paradiso ajuizou ação de cobrança em face de Aroldo Rezende e Márcia Lúcia Rezende, para o recebimento de taxas e despesas condominiais relativas ao período de 10.08.17 a 10.12.17. Anexou com a inicial planilha discriminada do débito.
Em contestação os réus suscitaram preliminar de litispendência do feito com outra ação já interposta, visando a cobrança de taxas relativas ao período de 10/01/2017 a 10/07/17. No mérito alegam que há excesso de cobrança, já que cobrados juros abusivos.
Qual o tipo de defesa utilizada pelo Réu. Fundamente. (02 pontos) 
2) Sandra Maria de Ávila, ajuizou ação pretendendo a internação compulsória de seu filho, Lucas Ernesto de Ávila, sob o fundamento de ser dependente de álcool e drogas. Alega que o seu estado de dependência configura risco para ele próprio e sua família. Objetiva a internação compulsória com a finalidade de tratamento médico às expensas do município onde reside. Imprimiu ao feito a procedibilidade dos arts. 719 e ss. do CPC. Estaria correto o procedimento por ela adotado? Fundamente. (02 pontos).
3) Manuel Antônio ingressou em juízo com um pedido de alvará pretendendo obter a liberação de quantia depositada em conta caução, em virtude de contrato de locação celebrado com a senhora Neiva Sollar, que faleceu em dezembro de 2017, imprimindo ao feito a procedibilidade dos arts. 719 e ss. do CPC. Relata o autor, locador do imóvel, que com o falecimento da locatária ficou dois meses sem receber aluguéis, até a devolução das chaves, o que ocorreu no início de fevereiro de 2018. Além disso, informa que teve gastos com a pintura do imóvel, objeto do contrato de locação. Afirma que o valor depositado a título de caução serve para ressarcir parte de suas despesas, razão pela qual faz jus à expedição de alvará, para levantamento da quantia existente na conta nº 013.00396953-0, agência 0126, da Caixa Econômica Federal. 
O magistrado singular julgou extinto o processo, sem resolução do mérito. Segundo o julgador as alegações do autor, acerca de supostos débitos em aberto, oriundos do contrato de locação celebrado com a falecida Neiva Sollar dependem da oitiva dos herdeiros da senhora Neiva, que pode comprovar fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do requerente, nos termos do art. 373, inciso II do CPC. Isso porque, em consulta ao site do TJMG, constatou que existe uma ação de arrolamento, dos bens deixados pela senhora Neiva Sollar.
Poderia ter sido imprimido ao pedido a procedibilidade dos arts. 719 e ss. do CPC? Fundamente. (02 pontos).
4) Apelação Cível 
Relator(a) Des.(a) Estevão Lucchesi
Órgão Julgador 14ª CÂMARA CÍVEL
Súmula
NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO
Data de Julgamento 12/04/2018
Data da publicação da súmula 13/04/2018
Ementa
AÇÃO DE ADJUDICAÇÃO COMPULSÓRIA. CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA ARBITRAL. HIPOSSUFICIÊNCIA. INOCORRÊNCIA. EXTINÇÃO DO FEITO. Presente cláusula compromissória arbitral, com anuência dos contratantes em ajuste livremente pactuado entre as partes, impõe-se o reconhecimento da incompetência do Poder Judiciário para processamento da lide. Em contrato de compra e venda firmado entre particulares, não há presunção de hipossuficiência de um dos contratantes em relação ao outro.
Analise o julgado acima transcrito, fundamentando a razão da extinção do feito. (1 ponto).
É possível que o juiz, de ofício, extinga o feito, sem resolução do mérito, com base no art. 485, inciso VII do CPC? Fundamente (1 ponto).
5) Analise o julgado abaixo transcrito fundamentando porque foi dado provimento ao recurso. 
APELAÇÃO CÍVEL - COMARCA DE BELO HORIZONTE - APELANTE(S): AMANDA REZENDE VARGAS REIS CESAR, ELIANE DAS GRACAS REIS MARTINS, GIOVANA REZENDE VARGAS REIS, REGINA APARECIDA REIS DE BARROS, REJANE DE FATIMA REIS XAVIER, WANDER JOSE REIS
A C Ó R D Ã O
Vistos etc., acorda, em Turma, a 13ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, na conformidade da ata dos julgamentos, em DAR PROVIMENTO
RELATOR.
DES. ROGÉRIO MEDEIROS (RELATOR)
V O T O
Trata-se de ação de cancelamento de cláusula de inalienabilidade ajuizada pela parte ora apelante em razão do lote do imóvel de nº. 255, situado na Rua São Fidelis, atual lote n.º 13, da quadra 58 do Bairro Boa Vista, alegando referido imóvel foi doado aos peticionários pelos seus pais, que o gravaram com cláusula de inalienabilidade quanto a terceiros.
Aduziram que não tem interesse na manutenção desse imóvel, pelo que, em comum acordo, pretendem aliená-lo. Requereram a extinção da cláusula para que o imóvel seja vendido e partilhado entre os herdeiros.
Sobreveio sentença que julgou o pedido inicial improcedente, determinando que os autores arquem com as custas.
Irresignados, os autores apresentaram o presente recurso de apelação, alegando que claramente não se vislumbra mais a importância e a necessidade de manutenção do gravame no imóvel deixado pelo patriarca da família, que todos os donatários já são possuidores de imóveis próprios e ninguém tem interesse na manutenção desse imóvel. Requerem a extinção do gravame de impenhorabilidade e inalienabilidade do imóvel citado na inicial.
É o relatório.
Decido.
Presentes os requisitos de admissibilidade, conheço do recurso.
Cinge-se o mérito recursal em verificar a possibilidade de extinguir a clausula de inalienabilidade contra terceiros do imóvel doado aos apelantes, cujos doadores já faleceram.
Apesar da cláusula de inalienabilidade que grava o imóvel expressar a vontade do doador - no caso já falecido -, entendo que, a depender das particularidades de cada situação, deve também ser consultado o interesse do clausulado, de forma a não impedir a legítima disponibilidade do patrimônio.
O ponto de vista social também deve ser levado em consideração, havendo a possibilidade de, a depender de cada caso, cancelar referida cláusula de inalienabilidade a fim de ponderar, inclusive, a situação econômica e a função social da propriedade, princípio este consagrado pela Constituição da República (art. 5º, XXIII), cuja limitação deve ser evitada.
Sobre o tema, Roberto Senise Lisboa leciona:
A propriedade dos dias de hoje deve atender aos interesses socialmente relevantes, identificados em nosso ordenamento jurídico, sob as seguintes modalidades: interesses difusos, interesses coletivos e interesses individuais homogêneos. Para tanto, o proprietário deverá exercer o seu direito, de forma a não prejudicar os interesses de terceiros. Constitui-se, desse modo, um complexo de fatores para que o proprietário possa exercer os seus direitos de utilização e exploração econômica do bem, sendo muitas vezes compelido a exercer alguns direitos decorrentes do domínio. Justifica-se modernamente, assim, o direito da vizinhança e, sob um modernismo tardio, o direito ao meio ambiente. A consagração dos direitos e interesses difusos e coletivos contribuiu drasticamente para que se procedesse à inclusão do pensamento desconstrutivista sobre os ideários clássicos da propriedade individual, conferindo-se a ela maior dinamicidade e compatibilidade com os interesses preponderantes existentes na sociedade. E, se a propriedade for hábil à produção, o proprietário deverá conferir-lhe a destinação esperada pela sociedade, como detentor da riqueza imobiliária e mobiliária, promovendo a satisfação dos interesses econômicos e sociais, além dos seus próprios. Caso o proprietário não destine o bem de produção ao fim que socialmente dele se espera, o poder público poderá valer-se de meios de incentivo ou de restrição ao exercício da propriedade individual, de acordo com o que entenda mais consentâneo com o interesse social. (LISBOA, Roberto Senise - Manual de direito civil, v. 4: direitos reais e direitos intelectuais - 6. ed. - São Paulo: Saraiva, 2012, p. 37)
[...]
Assim, os gravames devem ter em vista a função social da propriedade, não havendológica admitir a manutenção de um imóvel que acabe por prejudicar seu proprietário, causando-lhe frustrações.
Ainda, não se pode, por óbvio, perder de vista o objetivo do doador ao instituir referida clausula, o qual, in casu, pode-se presumir ser a garantia do futuro dos donatários, que, no caso, eram os descendentes diretos do doador.
Todavia, no caso em comento, os donatários comprovaram já possuir outro imóvel próprio (que não aquele doado), não havendo mais necessidade de se manter o imóvel doado em condomínio sem conseguir alienar a terceiros.
Assim, entendo ser possível abrandar o rigor do artigo 1911 do Código Civil atenuando a cláusula de restrição, inclusive porque a proibição absoluta lesaria os interesses dos donatários, não se justificando que a perpetuação da vontade do doador para além de sua vida impeça a plena fruição do bem doado.
Ademais, restou claro que todos os donatários estão de acordo com a alienação, todos entendendo que será mais benéfico vender o imóvel que receberam de doação. 
Friso também que, sendo todos irmãos, indene de dúvidas que a alienação não ofenderá direitos de terceiros.
Destarte, saliento que todos os donatários são maiores de idade, nenhum deles reside no imóvel que receberam de doação, todos já constituíram família (tendo, inclusive, um deles falecido, encontrando-se no polo ativo as suas filhas e herdeiras), e já possuem lar próprio, a isto devendo ser somado que o bem está localizado em Belo Horizonte- MG e um dos donatários reside em Ouro Preto - MG. 
De mais a mais, não dependendo os donatários do imóvel para moradia e sustento próprio, e não tendo o doador especificado as finalidades da clausula, é muito provável que já atingiram sua finalidade.
Colaciono jurisprudência deste E. TJMG demonstrando o acolhimento da possibilidade de flexibilização e mitigação da clausula de inalienabilidade:
EMENTA: "APELAÇÃO CÍVEL. DOAÇÃO DE IMÓVEL. AUTORIZAÇÃO JUDICIAL PARA ANULAÇÃO DAS CLÁUSULAS DE INALIENABILIDADE E IMPENHORABILIDADE. DOADORA E DONATÁRIOS. MÚTUO ACORDO. POSSIBILIDADE. SENTENÇA REFORMADA. 1)"Nas doações inter vivos, desde que não se ofendam direitos de terceiros, é lícito a doadores e donatários extinguir cláusulas vinculadoras". 2) A liberação dos gravames, contudo, dependerá da lavratura da competente escritura pública a ser firmada entre o doador e o (s) donatário (s). (Processo: Apelação Cível - 1.0647.16.006789-6/001 0067896-66.2016.8.13.0647 (1) - Relator(a): Des.(a) Marcos Lincoln - Data de Julgamento: 28/06/0017 - Data da publicação da súmula: 30/06/2017)
[...]
EMENTA: IMÓVEL HAVIDO POR DOAÇÃO - CLÁUSULAS DE INALIENABILIDADE, INCOMUNICABILIDADE E IMPENHORABILIDADE - MORTE DO DOADOR - BAIXA DO GRAVAME - ADMISSIBILIDADE EXCEPCIONAL A norma constante do artigo 1.676 do Código Civil anterior admite abrandamento para, no cenário concreto, conduzir ao excepcional levantamento do gravame de inalienabilidade, incomunicabilidade e impenhorabilidade lançado sobre bem doado. Sopesadas as circunstâncias fáticas do caso, em particular a idade e a necessidade econômica dos donatários, sem perder de vista a função social da propriedade e a real intenção do doador já falecido, pode o julgador conceder ordem judicial para revogação das cláusulas onerosas do imóvel havido em condomínio e posterior venda quando o pedido estiver calcado em justa causa. (Processo: Apelação Cível - 1.0105.12.015576-4/001 0155764-98.2012.8.13.0105 (1) - Relator(a): Des.(a) Saldanha da Fonseca – 
[...]
Destarte, com o fito de garantir o interesse de todos os donatários, entendo não haver óbice para a mitigação da clausula.
Pelo exposto, a despeito do brilhantismo do MM. juiz a quo, DOU PROVIMENTO AO RECURSO para deferir o pedido de extinção do gravame de impenhorabilidade e inalienabilidade do imóvel citado na inicial.
DES. LUIZ CARLOS GOMES DA MATA - De acordo com o(a) Relator(a).
DES. JOSÉ DE CARVALHO BARBOSA - De acordo com o(a) Relator(a).
SÚMULA: "DERAM PROVIMENTO" (2 pontos).
GABARITO ATIVIDADE SOBRE JURISDIÇÃO DO DIA 03/06
Questão sobre defesa do réu
Pode-se dizer que o réu poderia levantar a defesa processual peremptória, isto é, não podem ser sanados. No caso em tela, há arguida a defesa preliminar litispendência (identidades de pedido, causa de pedir e partes – art. 337, §1º e §3º do CPC), muito embora esta não seja observada no caso, a defesa efetivamente utilizada pelo réu é a defesa indireta de mérito, uma vez que o réu não contesta o fato levantado (a pretensão insatisfeita).
Sandra Maria de Ávila adotou o procedimento correto, uma vez que os artigos 719 e ss do CPC tratam da jurisdição voluntária, na qual não se confugira a presença de lide. No caso, não á lide, mas interessados que, para praticarem o ato desejado precisam de validação do Judiciário.
O que inicialmente poderia ser enquadrado como Jurisdição voluntária, deixou de ter pertinência no momento em que houve a configuração de uma lide, pretensão opostas: Manuel Antônio tem interesse em sacar o dinheiro do cheque-calção e os herdeiros possuem interesse nesse dinheiro como herança.
4.1) A cláusula arbitral é válida e vincula as partes à resolução de conflito pela arbitragem, uma vez que esta é produto da autonomia da vontade, escolha das partes. A extinção do processo é procedente, à medida que não configura prejuízo a nenhum princípio da Jurisdição (inafastabilidade, etc), e a cláusula arbitral impossibilitaria a apreciação primeira pelo Judiciário. 
4.2) Conforme supracitado, a extinção do feito se faz possível sem a resolução do mérito, em conformidade com o art. 485, VII do CPC. Todavia, de acordo com o art. 337, §5º do CPC. Tal extinção não pode ser dada de ofício, haja vista que o artigo proíbe, tendo como parâmetro o fato de, se o réu não contestar afirmando a existência da cláusula compromissória, o Estado entende que a escolha livre anterior de possuir a questão apreciada pela arbitragem, foi dispensada. Escolhendo as partes, naquele momento em que ninguém levanta a questão que querem ter sua pretensão apreciada pelo Judiciário. 
5) No caso em tela, foi utilizada a fonte jurisdicional da jurisdição de equidade (art. 723, parágrafo único do CPC. Cuja característica é buscar o justo melhor em detrimento do justo legal, isso significa dizer que o Juiz não está adstrito a lei para decidir, que pode observar as particularidades e especificidades do caso, flexibilizando a cada situação concreta. Além disso, é importante dizer que a jurisdição de equidade é a fonte utilizada nos casos de jurisdição voluntária, justamente o que aconteceu no caso concreto em análise.

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