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Técnicas de Solução de Conflitos

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Técnicas de solução de conflitos: autocomposição e
heterocomposição
Mesmo com todo o aparato legal regulador ainda é muito comum a
existência conflitos, ou seja, a legislação não é suficiente para dirimi-los,
sempre gerando a insatisfação, de no mínimo uma, das partes envolvidas.
De acordo com (Grinover, 2012) a autocomposição se aplica nos casos em
que o direito material é disponível, que não esteja diretamente ligado à
personalidade.
Antes de se falar em conflito é necessário definir o termo em uma
abordagem jurídica. Conflito como parte do direito é definido como lide. Lide
é o conflito de interesse caracterizado por uma pretensão resistida. A grosso
modo, lide é um conflito dentro do Poder Judiciário.
Autocomposição
Uma das técnicas de solução de conflitos, que vem adquirindo
satisfatório crescimento no país é a autocomposição, que tem como principal
fundamento a vontade das partes.
A principal vantagem da autocomposição é a celeridade processual, visto
que as próprias partes se ajustam para solucionar o conflito. Existem
algumas formas de autocomposição, sendo as principais:
a)Autodefesa/Autotutela
Por regra é proibida, porém é aceita nos casos de legítima
defesa real e estado de necessidade real, além de outros
casos específicos;
b)Conciliação
Neste caso é eleito um conciliador, que é responsável por
aproximar as partes na tentativa de que as mesmas cheguem
a um acordo;
c)Mediação
Semelhante à conciliação, é eleito um mediador que além de
aproximar as partes ele também já apresenta propostas para
a solução do conflito;
Neste caso, é necessário que o mediador possua
conhecimento técnico para induzir as partes a um acordo;
d)Transação
Esta forma de autocomposição possui um elemento essencial,
ares dúbia– coisa duvidosa;
É aplicável nos casos onde existe o direito objetivo (ex. FGTS não pago), o
interessado tem direito, porém, além disto, alega que fazia horas-extras no
trabalho, esta última alegação deve ser provada, existindo dúvida neste
caso;
Heterocomposição
A heterocomposição é a técnica pela qual as partes elegem um terceiro
para “julgar” a lide com as mesmas prerrogativas do poder judiciário.
As duas formas principais são: Arbitragem (Lei 9307/96) e Jurisdição.
Neste artigo iremos tratar unicamente da Arbitragem posto que a
Juridiscao não merece maiores delongas pois trata-se de subsunção dos
conflitos à análise realizada por um Magistrado, devidamente instituído para
tal.
Quanto a arbitragem, tem-se que ao escolhe-la como a opção para
solução do conflito, fica excluída (exceto se desistirem da arbitragem) a
jurisdição, ou seja, se o conflito, sem vício, for declarado em transito em
julgado, não será mais apreciado pelo Poder Judiciário, e em caso de
impetração de ação, o juiz emitirá sentença terminativa sem julgamento de
mérito por ter sido solucionado por arbitragem;
Para a utilização da arbitragem, é necessário que o bem seja disponível
e seja um bem patrimonial, ou seja, bens de valor econômico, contratos,
bens móveis e imóveis, entre outros;
A eleição da arbitragem é feita por eleição, ou seja, as partes elegem um
árbitro para realizar a arbitragem. Como é necessário um bom conhecimento
jurídico para um bom andamento da arbitragem, é preferível que o árbitro
tenha conhecimentos jurídicos para não comprometer a arbitragem. Porém,
não existe esta restrição (formação em direito) para o árbitro, podendo sem
realizado por qualquer pessoa que possua a confiança das partes, podendo
ou não ser gratuito, pode ser pessoa jurídica. A única exigência é que seja
em uma quantidade ímpar;
Existem dois tipos de instrumentos arbitrais:
a)Cláusula arbitral
Esta está definida dentro de um instrumento, como no caso do
contrato, onde as partes elegem, em cláusula específica,
primariamente a arbitragem para a solução de conflitos. Caso
entrem com o processo no Poder Judiciário, será rejeitado por ser
arbitragem (sentença terminativa);
Por ser uma cláusula, o conflito é futuro e incerto, podendo ou não
ocorrer.
b)Compromisso arbitral
É criado um instrumento específico para a arbitragem, assinado
por ambas as partes.
Neste caso, já existe um conflito atual, que deverá ser solucionado
através da arbitragem.
Em ambos os casos, fica estabelecido o prazo de seis meses para que
seja proferida a sentença arbitral de acordo com o Art. 23 da Lei 9307/96:
Art. 23.A sentença arbitral será proferida no prazo estipulado
pelas partes. Nada tendo sido convencionado, o prazo para a
apresentação da sentença é de seis meses, contado da
instituição da arbitragem ou da substituição do árbitro.
São requisitos da Sentença Arbitral, os mesmos elementos essenciais
da sentença judicial, quais sejam:
a)Relatório: Deve constar o nome das partes, a vara, o
número do processo, os atos processuais realizados.
Finalizando com o texto: “É o relatório”
b)Fundamentação: Necessária a fundamentação dos
motivos que levaram o árbitro a formular seu
convencimento, na forma do CPC:
Art. 131. O juiz apreciará livremente a prova, atendendo
aos fatos e circunstâncias constantes dos autos, ainda
que não alegados pelas partes; mas deverá indicar, na
sentença, os motivos que Ihe formaram o convencimento.
c)Dispositivo: É a sentença proferida.
O Art. 475-N, IV do CPC eleva a sentença arbitral à título executivo
judicial a partir da ciência das partes, não necessitando da homologação
judicial.
Na arbitragem, por regra, não existe recurso. Como exceção é possível
embargos de declaração na própria arbitragem, que deverá ser julgado pelo
mesmo árbitro e deverá ser interposto no prazo de cinco dias úteis a partir da
ciência das partes. Porém só é aplicável nos casos de obscuridade,
contradição ou omissão. Além dos embargos de declaração é possível a
ação anulatória (no Poder Judiciário) no prazo de 90 dias, onde o juiz
analisará somente nulidades, e caso seja confirmada a nulidade o processo
de arbitragem deverá ser novamente realizada.
A única forma de deixar de se utilizar a arbitragem e ir para a jurisdição, é
por decisão das partes que deverão desistir da arbitragem.
Conclusão
Tanto a autocomposição quanto a heterocomposição são solução de
conflitos validas no nosso sistema vigente, devendo ser devidamente
utilizadas de forma a mitigar os conflitos de interesses existentes.
	Técnicas de solução de conflitos: autocomposição e heterocomposição
	Autocomposição
	Heterocomposição
	Conclusão

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