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A prática de falta disciplinar grave e o sistema de execução penal.

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
Pós-graduação em Direito Penal e Direito Processual Penal
Resenha do caso: 
A prática de falta disciplinar grave
e o sistema de execução penal.
 Aluno – José Rivaldo Leandro dos Santos
Trabalho da disciplina Execução penal 
 
 Tutor: Professora. Ana Paula Branco Machado Couto
Porteiras-CE
2019
Caso - A prática de falta disciplinar grave e o sistema de execução penal.
TÍTULO
Falta grave e a necessidade de Procedimento Administrativo Disciplinar
REFERÊNCIA: 
- Caso - O Ministério Público ofereceu denúncia imputando ao réu a prática do crime previsto no art. 157, § 2º, I e II, do CP, o qual veio a ser condenado, de forma definitiva, à pena de 5 anos e 6 meses de reclusão, em regime semiaberto, e 13 dias-multa, no valor mínimo unitário. No curso da execução penal, o penitente praticou falta disciplinar grave. O Juiz da execução penal, empolgado pelo fato de a falta disciplinar grave praticada pelo apenado ter sido amplamente noticiada pela imprensa, antes mesmo da instauração do procedimento disciplinar administrativo (PAD), aplicou a sanção administrativa correspondente. Além disso, determinou a regressão do regime de cumprimento de pena para o fechado, sem a oitiva do preso. 
- Artigos: STJ, HC 334515/RS e REsp 1378557/RS, disponíveis em http://www.stj.jus.br
- Enunciado de Súmula n.533, do Superior Tribunal de Justiça
- RESENHA
	De acordo com o caso específico, o apenado em curso do cumprimento de sua pena, em regime semiaberto, teria praticado uma falta disciplinar grave, ocasião em que o juiz da execução penal, tomando conhecimento de que o caso era amplamente divulgado pela mídia, antes de qualquer instauração de procedimento administrativo para apuração, aplicou uma sanção administrativa correspondente, bem como determinou a regressão para o regime fechado, além do mais, se quer tomou declarações do preso.
	Importante sabermos que a Lei de Execuções Penais tem como essência a efetivação da sentença penal e reinserção do apenado a sociedade, sujeitando-se a todos os princípios e garantias constitucionais.
	A função precípua do Juiz das execuções é cuidar para que o processo siga de forma regular, atendendo todas as normas e observando todos os princípios sejam eles infra ou constitucionais.
	Contudo, embora o preso tenha inúmeros direitos, deve ser consciente que é um sujeito passivo a obrigações, e como todo ser humano deve se submeter a regras para viver em sociedade, ao preso não é diferente, cabendo a ele observar e cumprir a regras estabelecidas pelo sistema prisional, o que, em seu descumprimento, poderá lhe acarretar sanções disciplinares.
	 Como se percebe no caso in concreto, o juiz não atendeu as regras legais, pois conforme preceitua o artigo 59 da LEP, quando praticado uma infração disciplinar, deverá ser instaurado o procedimento administrativo para sua apuração, assegurado o direito de defesa. Também está pacificado o entendimento dos tribunais superiores a necessidade de PAD, conforme a dicção da súmula 533 do STJ “Para o reconhecimento da prática de falta disciplinar no âmbito da execução penal, é imprescindível a instauração de procedimento administrativo pelo diretor do estabelecimento prisional, assegurado o direito de defesa, a ser realizado por advogado constituído ou defensor público nomeado”.
	Quanto ao interrogatório do infrator, era necessário ele ter sido ouvido, uma vez que o interrogatório pode ser utilizado como meio de defesa para o acusado, ocasião em que ele poderia se defender da acusação ora imputada, caso não o ouvindo, estaria violando o princípio do contraditório e ampla defesa.
	Quanto a regressão, é perfeitamente possível, desde que tivesse sido instaurado procedimento administrativo disciplinar.
	Há precedentes do STJ em julgados de HC, em caso semelhantes ao o presente artigo, que o paciente aguarde em regime semiaberto a instauração de procedimento administrativo disciplinar para o reconhecimento de falta disciplinar de natureza grave, HC 334515/RS e REsp 1378557/RS.
	Caso o magistrado quisesse manter o apenado em regime fechado, poderia, desde que presente os requisitos do fumus comissi delicti e o periculum in libertatis, determinar a regressão cautelar a qual acarreta no recolhimento do condenado ao regime fechado, até decisão judicial definitiva.
	De forma conclusiva, analisando todo o conteúdo do caso prático e diante do que foi exposto, fica perceptível que o juiz não poderia ter aplicado sanção disciplinar e nem permitir que houvesse a regressão do regime prisional do apenado em virtude dele ter praticado falta grave, sem que o devido procedimento administrativo disciplinar tivesse sido instaurado.
	Por fim, fica claro que este é entendimento jurisprudencial, inclusive existe dispositivo do STJ sumulando o assunto, onde em conformidade com o teor da súmula 533 diz que para o reconhecimento da prática de falta disciplinar é necessário a instauração de procedimento administrativo, o qual é realizado pelo diretor do estabelecimento prisional, assegurado o direito de defesa, a ser realizado por advogado constituído ou defensor público nomeado.
	
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