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Disciplina: Instalações prediais – Hidráulica Aula 4: Sistemas de distribuição de água, metodologia para um projeto de instalações hidráulicas prediais Introdução Como iniciar um dimensionamento de uma tubulação de um apartamento, por exemplo? Inicialmente, precisaremos conhecer quais são os sistemas e subsistemas de uma distribuição predial de água fria. Depois, mostraremos o passo a passo das etapas para o desenvolvimento de um projeto de instalações hidráulicas, começando com o exemplo de um apartamento. Faremos uma abordagem mais prática com cálculos simples, utilizando-se de ábacos que tornam essa tarefa mais simples e com menos risco de erro. O objetivo é propor ao profissional a tomada de decisões rápidas através de cálculos práticos para o dia a dia. Objetivos Descrever os possíveis sistemas de distribuição de água e seus subsistemas; Reconhecer a metodologia para execução de um projeto de instalações hidráulicas prediais desde a base do projeto de arquitetura, a representação em plantas e seus detalhes; Analisar os cálculos do ramal de um apartamento conforme a NBR 5626 pelos métodos da demanda máxima possível e pelo método da demanda máxima provável. Sistemas de distribuição predial de água Definido como o conjunto de tubulações que conduzem a água até os pontos de consumo terminais. Podemos categorizar em três subsistemas: alimentação; reservação; distribuição. O sistema de suprimento de água deve prover água de boa qualidade para o consumo (potável). Atualmente, pode-se reaproveitar água de chuva ou até mesmo águas servidas provenientes de banho e lavatórios para reuso em descarga de vasos sanitários, por exemplo. Esse assunto, reuso, será abordado mais adiante. Subsistema de alimentação São os sistemas que fazem a alimentação hídrica da edificação. Ramal predial: é a ligação do sistema de abastecimento público ao cavalete/hidrômetro; Cavalete/hidrômetro: é o local onde se instala o medidor da concessionária conforme o seu padrão; Alimentador predial: tubulação que interliga o hidrômetro ao interior da edificação, geralmente até o reservatório inferior. Subsistema de reservação São os sistemas que compõem a reserva de água da edificação. Reservatório inferior: local onde se armazena a água proveniente da concessionária, fazendo uma reserva para mais dias de consumo. Denominado popularmente como cisterna; Estação elevatória (bombas de recalque ou pressurização). Encarregada de elevar a água até um reservatório superior ou, na ausência dele, pressurizar a distribuição de baixo para cima até os pontos de consumo; Reservatório superior: local onde se armazena a água para o consumo diário, sendo a distribuição da mesma feita por gravidade. Subsistema de distribuição São os sistemas que distribuem a água até os pontos de consumo. Barrilete: conjunto de tubos que interliga dois reservatórios e faz ramificações para as colunas de distribuição; Coluna: tubulação vertical que alimenta ramais e sub-ramais; Ramal, sub-ramal: tubulações horizontais que interligam a coluna até os pontos intermediários e finais de consumo. No caso da não existência de reservatório superior, sendo o sistema pressurizado de baixo para cima, o barrilete ficará localizado logo após o sistema de pressurização. Barrilete após o sistema de pressurização. Fonte: Arquivo pessoal. As duas figuras a seguir mostram todos os sistemas e subsistemas do sistema predial de água. Esquema de sistema predial de água fria. Fonte: UFG – Prof. Ricardo Prado Abreu Reis Esquema de sistema predial de água fria. Fonte: UFG – Prof. Ricardo Prado Abreu Reis Atividade 1. Definido como o conjunto de tubulações que conduzem a água até os pontos de consumo terminais. Podemos categorizar em três subsistemas: digite a resposta , digite a resposta e digite a resposta . Metodologia para o desenvolvimento de um projeto de instalações hidráulicas prediais Primeiro, precisamos ter como base o projeto de arquitetura. Exemplo: um apartamento. Depois, precisamos fazer a preparação da base de projeto (matriz). A matriz é realizada fazendo-se um novo arquivo da planta baixa e retirando-se todos os elementos do projeto de arquitetura que não são necessários no projeto de instalações prediais. Em seguida, faz-se a marcação dos pontos e traça-se a distribuição das tubulações para os pontos de consumo. Recomenda-se fazer um esquema da distribuição para facilitar os cálculos. Procede-se aos cálculos segundo a NBR 5626 e a NBR 7198. Escolhe-se o diâmetro da tubulação de acordo com o material a ser utilizado e coloca-se esse diâmetro em projeto. Fonte: Arquivo pessoal. Preparação da base (matriz) Limpe todos os elementos da planta de arquitetura não necessários: cotas; designação de esquadrias; indicação de piso, parede e teto; retirada (se houver) de todos os pontos de elétrica, telefone, especiais, ralos e pontos hidráulicos; retirada da indicação de cortes e rebaixos, retirada de hachuras. Se houver diferença de nível em pisos, deixe-a. Deixe também a identificação dos pilares, do número do apartamento e dos cômodos. A planta deverá ser em escala 1/50. Na impossibilidade de ser 1/50, apresente-a em 1/100 ou escala maior, mas faça os detalhes das áreas molhadas em 1/50 e as vistas em 1/25. No exemplo, a tubulação para o apartamento parte do armário de hidrômetros situado na parede lateral do compartimento de lixo. A partir do hidrômetro, a tubulação de água fria entra no apartamento pela cozinha/área de serviço e alimenta o registro dessa área situado na de serviço. Faz-se nesse ramal uma derivação através de uma caixa fixada no teto, onde é feita a transição do tubo de PVC PEX, que corre em um tubo camisa embutido na laje, pois na sala não há rebaixo de teto. De forma inversa, há uma caixa no banheiro da suíte fazendo a transição do PEX para a tubulação de PVC. A derivação para o outro banheiro se faz sobre o forro rebaixado nos banheiros e na circulação. Nos dois banheiros, são previstos registros de gaveta para água fria. Na água quente, não foram previstos registros parciais, sendo utilizado o registro do próprio aquecedor como registro geral de água quente. Fonte: Arquivo pessoal. Detalhe para armário de hidrômetros | Fonte: Arquivo pessoal. Veja na figura a seguir um detalhe para o armário de hidrômetros. Lembre que os hidrômetros sempre deverão trabalhar na posição horizontal em função da relojoaria desses tipos de medidores. Trata-se de um armário para seis hidrômetros posicionados acima da altura de 1,20 m, um sobre o outro, derivando da coluna AF-gravidade-01. Após essa derivação, há um registro geral de esfera e, a partir dele, faz-se a derivação de cada medidor. Antes e após cada medidor, também há um registro. Após o medidor, a tubulação segue para o respectivo apartamento. Esquema da distribuição A fim de facilitar os cálculos, recomenda-se fazer um esquema da distribuição, colocando as peças a que cada registro está atendendo na distribuição de cada compartimento. O esquema abaixo mostra a alimentação até os registros gerais de água fria. A partir deles, uma caixa de texto descrevendo os aparelhos que cada registro alimenta. Trechos B e C: alimenta um chuveiro, um lavatório e uma caixa de descarga acoplada. Trecho D: alimenta uma pia de cozinha, um tanque, um filtro e um aquecedor a gás de passagem que, por sua vez, atende a dois chuveiros. Esquema de distribuição com identificação dos trechos | Fonte: Arquivo pessoal. Exemplo Cálculos: Prédio padrão simples. O aquecedor de passagem alimenta apenas os dois chuveiros (água quente). Existem dois métodos de calculo pela NBR 5626: demanda máxima possível e demanda máxima provável. Demanda máxima possível: Soma das vazões: Acontece onde houver pico de consumo em determinados horários (Ex: escolas, quartéis, vestiários, estádios,internatos etc.); • Demanda máxima provável: Soma dos pesos relativos (método Hunter), utilizado em residências e em prédios comerciais (90% dos casos). No exemplo acima, o cálculo deverá ser pela demanda máxima provável, mas faremos os dois casos para compararmos os resultados. Para ambos os casos, é utilizada a tabela A.1 da NBR 5626. TABELA A.1 DA NBR 5626 - PESOS RELATIVOS NOS PONTOS DE UTILIZAÇÃO Aparelho sanitário Peça de utilização Vazão de projeto L/s Peso relativo Bacia sanitária Caixa de descarga 0,15 0,3 Válvula de descarga 1,70 32,0 Banheira Misturador (água fria) 0,30 1,0 Bebedouro Registro de pressão 0,10 0,1 Bidê Misturador (água fria) 0,10 0,1 Chuveiro ou ducha Misturador (água fria) 0,20 0,4 Chuveiro elétrico Registro de pressão 0,10 0,1 Lavadora de pratos ou de roupas Registro de pressão 0,30 1,0 Lavatório Torneira ou misturador (água fria) 0,15 0,3 Mictório cerâmico Com sifão integrado Válvula de descarga 0,50 2,8 Sem sifão Caixa de descarga, registro de pressão ou 0,15 0,3 integrado válvula de descarga para mictório Mictório tipo calha Caixa de descarga ou registro de pressão 0,15 Por metro de calha Pia Torneira ou misturador (água fria) 0,25 0,7 Tanque Torneira elétrica 0,10 0,1 Torneira de jardim ou lavagem em geral Torneira 0,20 0,4 Fonte: NBR 5626 Cálculo pela demanda máxima possível Faz-se a soma das vazões relativas de cada aparelho sanitário trecho a trecho de acordo com a tabela A1 do anexo A da NBR 5626. Acontece em locais onde houver pico de consumo em determinados horários. Ex: escolas, quartéis, vestiários, estádios, internatos etc. Com o somatório da vazão, faz-se a consulta no ábaco das vazões (Q) em l/s, à esquerda, e verifica-se o diâmetro correspondente ao trecho. Os diâmetros considerados são o diâmetro interno do tubo. De acordo com o material utilizado, faça a correção. Trecho Vazão Diâmetro B = C 1 chuveiro 0,20 20 (3/4”) 1 lavatório 0,15 20 (3/4”) 1 CDA 0,15 20 (3/4”) Σ Q 0,5 25 (1”) Trecho Vazão Diâmetro D 1 pia 0,25 20 (3/4”) 1 filtro 0,1 20 (3/4”) 1 tanque 0,25 20 (3/4”) 1 MLR 0,3 20 (3/4”) AQ (2 CH) 0,4 20 (3/4”) Σ Q 1,3 32 (1.1/4”) Trecho Vazão Diâmetro B = C 0,5 25 (1”) B – D 1,0 25 (1”) D – A 1,3 20 (3/4”) 1 tanque 0,25 25 (1”) Σ Q 2,8 40 (1.1/2”) Fonte: autoria própria Ábaco das vazões em função das vazões e pesos | Fonte: Macintyre Cálculo pela demanda máxima provável Faz-se a soma dos pesos relativos de cada aparelho sanitário trecho a trecho de acordo com a tabela A1 do anexo A da NBR 5626 e depois se faz a soma total de pesos do ramal (método da demanda máxima provável). O cálculo da demanda máxima provável é utilizado em todos os demais casos em que não haja utilização simultânea, ou seja, em 90% dos casos, como residências, prédios comerciais etc. Da mesma forma, faz-se o somatório dos pesos e consulta-se no ábaco dos pesos (ΣP), à direita, além de se verificar o diâmetro correspondente ao trecho. Os diâmetros considerados são o diâmetro interno do tubo. De acordo com o material utilizado, faça a correção. Trecho Peso Diâmetro B = C 1 chuveiro 0,4 20 (3/4”) 1 lavatório 0,3 20 (3/4”) 1 CDA 0,3 20 (3/4”) Σ P 1,0 25 (1”) Trecho Peso Diâmetro D 1 pia 0,7 20 (3/4”) 1 filtro 0,1 20 (3/4”) 1 tanque 0,7 20 (3/4”) 1 MLR 1,0 20 (3/4”) AQ (2 CH) 0,8 20 (3/4”) Σ Q 3,3 32 (1.1/4”) Trecho Peso Diâmetro B = C 1,0 25 (1”) B – D 2,0 25 (1”) D – A 3,3 32 (1.1/4”) Σ P 5,3 32 (1.1/4”) Fonte: autoria própria Ábaco das vazões em função das vazões e pesos | Fonte: Macintyre Nota-se que, pelo cálculo da demanda máxima possível, há um dimensionamento exagerado da tubulação para o caso de um apartamento comparado com o cálculo da demanda máxima provável. Então pegamos o resultado da soma dos pesos e calculamos a demanda simultânea total (vazão) através da formula: Q = 0,3 √ ΣP Q = 0,3 √ 5,3 Q = 0,69 litros/seg ou 0,69 l /s Conferimos o valor do diâmetro escolhido no ábaco (derivado da fórmula de Fair-Whipple-Hsiso) para encanamentos de cobre e PVC desta forma (método prático): Ábaco para encanamentos de cobre e PVC | Fonte: Macintyre Com o diâmetro escolhido de 32 mm, traçamos uma linha que vai de 32 mm na coluna DN (diâmetro nominal) até a coluna Q (vazão= 0,69 l/s) e verificamos qual a velocidade V (m/s) e a perda de carga J (m/m). Temos então V = 0,8m/s e J= 0,025 m/m. Pela NBR 5626, a velocidade não deverá ultrapassar 3,0 m/s em qualquer trecho da tubulação (item 5.3.4). Na prática, aconselhamos não ultrapassar 2,5m/s e a perda de carga em 0,08. Caso isso ocorra, aumenta-se um diâmetro da bitola do tubo e efetua-se a verificação da velocidade e a perda de carga novamente. Esquema dimensionado com os diâmetros das tubulações | Fonte: Autoria própria Apresentamos, a seguir, uma tabela de equivalência de diâmetros dos principais tubos de condução de água existentes no mercado. A relação de polegadas para milímetro refere-se sempre ao diâmetro interno do tubo nos ábacos anteriores. Exemplo: Um tubo de PVC de 25 mm equivale a ¾ de polegada, pois seu diâmetro interno é de 21,8 mm. Os 25 mm referem-se ao diâmetro externo. TABELA DE EQUIVALÊNCIA DE DIÂMETROS (EXTERNOS) Ferro Polegada Diâmetro interno do tubo PVC água (mm) Cobre (mm) PPR PN20 (mm) CPVC (mm) PEX (mm) 1/2" 15 20 15 20 15 16 3/4" 20 25 22 25 22 20 1" 25 32 28 32 28 25 1.1/4" 32 40 35 40 35 32 1.1/2" 40 50 42 50 42 40 2" 50 60 54 63 54 50 2.1/2" 65 75 66 75 73 63 3" 80 85 79 90 89 75 4" 100 110 104 110 114 90 Para diâmetros internos, consulte catálogo do fabricante. Fonte: Arquivo pessoal O próximo passo é o dimensionamento nos detalhes (plantas baixas e vistas) e na escala maior (1/25 ou 1/20). Detalhe de um banheiro – planta baixa e vista| Fonte: Arquivo pessoal Detalhe de uma cozinha/ área de serviço– planta baixa | Fonte: Arquivo pessoal Detalhe de uma cozinha/ área de serviço–vista | Fonte: Arquivo pessoal Atenção Utilize somente materiais com certificação do Inmetro ou de laboratórios credenciados por ele. O engenheiro tem responsabilidade solidária nesse quesito. Assista e aprenda fazer uma solda e rosca em um tubo de PVC de maneira rápida e fácil. Amanco Água Fria Soldável e Roscável | Fonte: Amancobr https://www.youtube.com/embed/UGn-qr7lF4M Atividade 2. Quais os sistemas que compõem o subsistema de reservação? 3. Quais os sistemas do subsistema de alimentação? 4. Descreva em quais casos se usa o cálculo de demanda máxima possível e em quais casos o cálculo da demanda máxima provável. Referências BRASIL. NBR 5626. Instalação predial de água fria. Associação Brasileira de Normas Técnicas. Rio de Janeiro, 1998. _______________. NBR 7198. Projeto e execução de instalações prediais de água quente. Associação Brasileira de Normas Técnicas. Rio de Janeiro, 1993. _______________. Lei 112 de 17 de março de 2011. Dispõe sobre a obrigatoriedade de individualização do medidor de consumo de água em edificações multifamiliares e dá outras providências. Rio de Janeiro. _______________. Lei 5.224 de 25 de setembro de 2012. Torna obrigatório o uso de equipamentos inteligentes nos mictórios, descargas e torneiras, na forma que menciona. Rio de Janeiro. AZEVEDO NETTO, J. Manual de hidráulica. São Paulo: Blucher, 1998. AZEVEDO NETTO, J.; MELO, V. Instalações prediais hidráulico-sanitárias. São Paulo: Blucher, 1997. BORGES, R. S.; BORGES, W. L. Manual de instalações hidráulico-sanitárias e gás. São Paulo: LTC, 2000. CARVALHO JR, R. Instalações hidráulicas e o projeto de arquitetura. São Paulo: Blucher, 2016. CREDER, H. Instalações hidráulicas e sanitárias. Rio de Janeiro: LTC, 2006. MACINTYRE, A. Instalações hidráulicas. Rio de Janeiro: LTC, 2010. Próximos Passos Revisãocom relação aos cálculos na distribuição; Cálculos de colunas; Cálculos de barriletes. Explore mais Pesquise na internet, sites, vídeos e artigos relacionados ao conteúdo visto. Em caso de dúvidas, converse com seu professor online por meio dos recursos disponíveis no ambiente de aprendizagem. Visite os sites a seguir para consultar os catálogos de produtos de hidráulica e padrões de eficiência energética. • Catálogos Amanco de produtos e manuais <http://amanco.com.br/downloads#catalogo-de-produtos> • Catálogos Tigre de produtos e manuais <https://www.tigre.com.br/catalogos-tecnicos> • Catálogos Eluma <https://www.paranapanema.com.br> • Catálogos de tubos de ferro galvanizados – Quality tubos <http://www.qualitytubos.com.br/fabricante-tubos-galvanizados> • Catálogos de tubos de PPR – tecnofluidos (Acqua System) <http://www.tecnofluidos.com.br/> • Cedae <http://www.cedae.com.br/cpaeweb> • Louças e metais Deca <https://www.deca.com.br/> • Metais Docol <https://www.docol.com.br/pt> • Metais Fabrimar <http://www.fabrimar.com.br/> • Fortlev <http://www.fortlev.com.br/>
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