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Capitulo 14 - Romantismo no Brasil Segunda Geracao Paixao e Morte

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Segunda geração:
idea lização,
.API|ULA M
parxão e morte
Amor e môrte, meCo e sçlìdãc, culto a uma nãtureza sambria,
ídealizaÇão absaluta da realìdade: os ultrê-rcmântìca5 levaram
a extremos a expressãa de sentí|:,entos aontraditórios, vividos pela
maiorìa deles dè rnoda atçtmenl:eda. A literãtllra ílue produziram
expr.ime es5e modo de sentií e, algumas vezes, nanífe5tâ um alhar
júveni l patà os temds dd epoe. f- et ia ! ; rerdtu!è ete vace
canhecerá neste aapítula.
Gúnãve Dôré, Á.dróDedá, 1869 O eó sobre te ê, 256,5 : 172,7.h
O affebatamento, a exposãô dô sent mento, Ò de5espero deía Andrômeda
à.orcntada são mar.as da regunda fase do Romantsmo.
t
9
i
t
l
:
i
;
O que você deverá saber ao
fínal deste estudo.
1. Quais são as carccterísticds dà
. tegunda geração romântí.a.
. De que modo a temátíca
do anór e da motte deíine
o ptojèto liteíá o dessa
geraçao.
2, Como o Ultra-Romêntismo
se nanifesta nà titeratura
. De que íoma a obrc de
Casimirc de Abreu tràduz
os píí ncíp ìos u I trc 
- 
româ n-
ticos em versos singelos,
. Como Álvates de Azevedo
revela, em sua obra, duas
'Íaces da temática amorosa.
ü c-. g-.; t"-nao ru'" 
" 
oun'p'.ur"
Leia este poema
ultra-românticâ
de Álvares dê Azevedo e veja
representâ â mulher
como a lì teratura
í, Observe os elêmentos que compõem a imagem e a situação em
que se encontrâ a per5onagem, Descreva, brevemente, â cena re-
tratâda por Gustave Doré.
: Essa cena pode ser descÍita coÍÌìo dramática. Explique poÍ quê.
2. Nâs obras románticas, a associação entre o belo e o Íeio sugere a
aproximação de Íorças opostas e complementares. De que modo
o quadro de Gustave Doré representa essa concepção de beleza?
r (JÍÌìa outra temática, caracteííst ca da segunda qeração rornânt ca, é a
oposição entre beleza e fe úra assoc ada à oposição entíe o bem e o
mal. A lmagem tarnbém proTÌìove esse sequndo confronto? Exp ique.
3. O faÌo de Andrômeda ser retratada nuã contribuiDara provocara
impressão de fragil idade da mulher diante do monstro que está
prestes a atâcá-la. Por quê?
r Embora a s tuaçáo retratada sela dramátca, a obÍa apÍesenta traços
sensuais. Exp ique conìo a sensualidade é sugeÍida por Dofé.
r
j
4,
Sonhando
Na pmia dcsertâ que a lua branqueia,
Qüe nnolque rosalque filha de Deusl
rão pálida- ao vêla meu ser cìevaneia,
SuÍoco nos Ìábios os háÌiros meus!
Não conas ÌÌâ aÌeia,
Não corras assiml
Donzela, onde rais?
Tem penâ de min!
A praiâ é tão longa! e a onda bm\ia
As Ì oupai de gaza te moÌhâ de escuma:
De noite 
- 
àos serenos 
- 
a aÌeia é ião fria,
Tão-íÌmido o vento que os ares perftÌmal
Es tão doential
DonzeÌa, onde vais?
Tem pena de ÌÌÌim!
A brisa teus ncgros cabelos solrou,
O omlho dã faceìe esfria o suor;
Teus seios paÌpitarlÌ 
- 
a bÍisâ os roçou,
Beijou-os, sNpira, desÌì1aia de amorl
Teu pé bopeçou...
Donzela, onde i'ais?
Tem pena de miml
Sequn.la qenção: ìdealizaçãq paixàa e natte 257 a
LITERATURA
o
o,
o
clìío
'=
a 25A APIruLA 14
Deitou-se na areia que a vaga moÌhoü,
ImóveÌ e branca na pÌaia dormiai
Mas nem os seüs olhos o sono fechou
E nem o seu coÌo de neve tremia.
O seio geÌoìr?...
Não düÌm.Ìs assiml
O páÌida friâ,
Tem pena dc miml
t...1
Aqui ÌÌo meu peìto vem arÌtes sonhar
Nos Ìongos suspiros do meu coração:
Eu quero em meus lábios teu seio aqu€nnr
Teu colo, €ssas faces, e a géÌida mào...
Não durmas no maÌl
N"ão durmas assim-
Eúátua sem üda,
Tem pena de miml
t...1
E a nnagem da üÌ€em nâs águas do md
BrìllÌava táo branca no Ìímpido véul
Nem mais trmsp.ìrente luzia o ÌuaÌ
No ambiente sem nuvens da noite do céu!
Nas ágÌus do mar
Não dumas assiml
Não morras. donzeÌa,
Espera por miml
[ü eq*"*' 
"q*-.
AzEl'EDo, ÁraÌ€s de.
Otna.anllaa, Riõ íte.làn iÌo:
Norâ Aguilaf, 2000.
p. Ì23-124. (Ffagnenb).
t
l
f,
o
I
5.
6.
,.
a.
r AvaÍes de Azevedo explora a apresentação sucessiva de irnagens, cri
ando um efeito quase cinernatográíico no texto. Ldentifique as dife-
Íentes imagens assocladas à donzela.
r Qual é o cenário apÍesentado no texto?
as estrofes oodem serdivididas em duâs oartes: uma narrativã e ou-
trâ em que o êu lírico estabêlece uma interlocução com a donzeìa.
como essas duas partes contribuem para a construção do poema?
Observe os vo(aïivos uti l izados pelo eu lrr ico enì seus èpelos á
oonzetà.
"ópdidafria, "Estátua sem vida,
Tem pena de mim!" Tem pena de miml"
r O que esses vocativos SLrgeÍem?
r dentií que, no poema, outTosteÍmos qLre confirmem essa conclusão.
Apesar de Írágil e doentia, a mulher também se mostrâ sensuâ1.
Como a sensualidade se manifêsta no texto?
O quadro de Gustave Doré i lustra uma visão romântica dâ beleza
que se origina do conÍronlo entre os opostos. O poema de Álvà-
res de Azevedo tâmbém introduz uma noção de beÌezâ pouco
comum, Oual é ela?
I De que modo essa noção de beleza pode ser fe acionada àquela rc-
presentada no quadro de Gustave DoÍé?
--
t I ÌERATURA
Byron (1788 1824) ïo o mais
i.rno9o dos poetas románUcos n
g esês EnÍe suas ob|as maÈ co
nhêcd.s está Do,lÌ.rân, em que
apresenta urn retrêto satírico da so
cêdade nglesa dd épocd. Deíen
sor ardoroso da LbeÍdade, Byron
vvêLr dê ácordô com sels priÌìcí
pio! e nìoÍelr utandô pea nde
Aclarnado pelos gregos conìo
lìeró nacona, tevê seu coração
-"nteffado na cdade de M ssoon-qh . O 5eu corpo emba sâmadofol
uma
A sequnda geracáo roffrántica é rnarcada por urna postura de exagero
sent mental que a torna nconfLrndíve. nsp rados pof escftofes ing eses como
Byron e she ey, os repfesentantes dessa geração am urna poesia que exa ta-
va os sent TTrentos arrebatados ao rnesrÌìo tefflpo que apresentava o poeta
so ado da soc edade, ncompreefdido pof defender valores morais e ét cos
contrár os aos f teresses econômicos da burgues a
F lhos do século XX, essesloven5 se rnostram mais vo tados para o próprio
coraçáo do que pafa os gÍandes teff las que def in fam a poes a da pr ir Ì ìe ra
geração (a divu gaçáo dos símbo os da identÌdade nac ona e a cr ação de urì
conce to de pátr a).
Por esse motivo, ncoTpoTaTn â magern de uffl heró românt co que defen-
de va ores ncoffuptíve s coffro ê honestdade, o arÌ ìor e o d reto à berdade.
Ern norne desses valorcs estão d spostos a sacrif caÍ a própr a v da
A segunda geração romântica:
m sta, pê o desejo de evasão da rea
ldade, pela atração pe o r i stéÍ io e
a ndd pe a consc ênc ã da nadapta
ção do ârtìstâ à sociedade ern que
v vê. A so dão, o cLr to a uma natu
Íeza mórb da e sot!rna e, ac rna de
tudo, a idealzação dà mLrlher virgl
na e eterea são ds torrnas poét cês
encontraoas paTa traouzlT em rnâ
gens os sent rnentos arreltatados que
fgrês, ÂeÍéló de MèdenóÀêre aaro//re
Rr/ere,1805 Ó eo sobr€ te a 100 x 79.m
Ape5arda sensua dade quase drâmátcõ
.om q!-ê nqr€5 retrata esta pá dà lolem de
15 âiór ruâ Õresença er.eÍvamente
e e!ànÌe e 5ot í.adê €m me o à pã saqem
rura Trancesa ÍanÍorma'a em !mâ espé.e
de aparFo, mpo5sÁ/e de lÕcâÍ
A ponLrfa erègeÍ.dê, ê5socada aô arrebëtam€nto 5€ntirnental, cèracterístca
doç âltores dâ sêgunda qêrdção romãnÌca, fêz com que íicassem cônhecidos
conìo ultrê-românti(os
O projeto literário dos
ultra-romanucos
A dea zação abso uta e o nteÍesse Dor duas déias essenc a mente Íomán
ticas - amor e morte deí nem o proleto terár o da sequnda geração
Essa geração de poetas atorrnentados, que íreqúenterr]ente morriarÌì a n-
da lovens, fo maÍcada pe a expressão exacerbada de um subjetivisrìro pessi-
poesia arrebatada
1818- _
1S1 9- by.on eÍrtueDnruan
Clrop I plb.a 05 PE
'1839 rLidioJ, que er€Ínplf
.am ô ten.le.c a u tfà
D Pedrô areunre o
1840 ío.o, âo5l4anos D!
- 
. Ía. te reu É.ad., o
Bras tem!Énnearê.
ço.uturà
'1845
'1845
'êqúnda 
q?ÊÇâa: ideâIâçêa, pai\aÕ e notte 259 a
LIÌERAIURA
Urna outra facetado projeto lterário ulÌra-romántico será exemplfcada poÍ
Câsim ro de AbÍeu Ern oposìção à expressáo pessim sta do sentirfenlo amoro-
so, típica, poÍ exemp o, dê Ávaíes de Azevedo, quê fa a da so dão e da mode,
caslrnÍo de Abreu fala de sonhos de arnor e susp tos de saudade, ãssocados a
belâs ìrììagens de chácatas elard ns por onde passeiam mo(as v rgens e puras.
O trâtamento dado ao amol poréffr, é o rnesmo nos dois autores. Ambos
apTesentam o sentirnento aTnoroso dea izado de tal forma que não encontÍa
espãço no rÌundo rea, poÍ isso é serÌìpre projetado em sonhos e raarcado pof
susp Íos e lamentos.
rOs agentes do discurso
No Brasl do Sequndo nìpéro, os poetas eram em sua Tnarora
jovens estudanteg que,longe da casa patetna, vvam ern fepúblicas.
N,,luitos deles rumava m Ìlara 5áo Pê u o, onde ã m cu |sar a facu ldade
de DÍeito no LaÍqo de São FÍancrsco Havámutopoucooquefazer
na cdade, como conta Ávaíes de Azevedo em carta para sua mãe
NuÌìc:ì r'i lÌÌgâÌ ião ÍÌsípìdo, como hoje eÍá S. PauÌo. Nur-
ca 1i coìs ÌÌiús tediosa e mais inspifadofa de fl4n. Sc fòsse
eu só qrÌe o pcnsasse. diÈse'ia que seriâ moléstia - mìs todos
pensam rssim. 
- 
A\ida aqui é um bocejaÌ infindo.
Não há passeios qre eDtretenham, n€m baiÌcs, nem socie
dades, prúcce isto uma cidade de mortos - nio hánem uma
carabonitacm janela só r'LÌgosas caretas desdctrtâdâs - e o
silêncio das ruas só é quebrado pelo ruído dÀs tlcstas sâpate-
âÌìdo no L dtlà, das mas.
Esse silôncio con\icÌa mais ao sono qÌÌe ao cstudo, enlan-
guesce, e entorpcce a imaginnção e pode se dizcr que â rida
aqui é um soÍo perpétuo.
.\ZE\DDO, ,{lQres de. Oa,z .a?,1&ia Rn, de ídcno:
N.re ,\guiìrÌr ?{)00. OrganizaÇão: Alexei Bueno, p. tì I Ì. (Fr:gd.nlo).
IJJ .rpr"-, ,aaio
ütlüg!€$e: enhi\Ìere
Longe da vdã no Rio de Jane;
ro, então capital federal, ond-" os
acalorados debates po íticos esti-
nìulavanì a part c pação de escrto-
res e traz ãm á questão da nac o-
na idade pârê prìrneiro plano, odia-
a dia dos estudantes erÌì São Pau o
eTa po!co Insprrâoor
t
aonv€nto de sáo Fran. s.o, 5ão Pau o, em 1862
A prox midad€ com a Íac! dade de D reto iaz ã dô páto
da iqreia lo.a de en.ontro paÍa osjovenr
a
i
\
n
D€scida do Brás, Sãô Pau ó, 186!
Na 3êgunda metade do séc! oXlX,
5áo Pa! o não oÍer€ca a eíeÍvescê.câ
tão apreciada pealuventlde
a 260 aaPifuLo 14
Projeto litêrário do Romantismo:
êxpressão de sentLmentos affebêtêdôs
por meio de imaqenscomo a soldão e
amor totã menÌe idea zado
-
LI ÌERATURA
lvar A\amnl<t, A Muftê7ìo, 1A71 . Ó eo sôbE te â, 1 1O x 129,5 cm
Ìêmpêíades são um dos temas peÍer dos dôs pinlores omânticd
O soÌaÍnento culturalem que se viam definia urnã condì(ão de produ-
ção Ínarcada por uína característica mãis cosmopolita. Em uqar de se ocupa-
rem com os problemas nactona s, poêtas como Álvares de Azevedo dedÌca-
varÍì suas horas à leitura dos mestres íomânt cos euroDeus. lsso fazta Corn oue
p'oouTis\e1 .rà poê9ia rìai tni.osoecti\o, oe (drarêÍ nênoS nèc o-a
A circulação dos textos tambérn era influenciadã pelo contexto em quê
viviam. Como havra poucas oportun dades de interação social, os saìões toF
navãm se o espaço mais íreqüente para a divu gação da produção poética do
período Nessas reunióes da eÌrte, ao chegar, urn poeta era medatamente
convidado a declamar alguns versos. A difusáo dessa práticã fez com que
\-rq .er do s r pos dê poê.os oc dec aÌèdo es ô o\ rôpe-i i \rã(.
Os declafiìadores apresentaÍÌì versos de sua autoria, previamente compos-
tos, ou declarnaÍn quadrinhas populares. Os repentistas animarn a festa, porqLre
aceitam o desaíio de urn mote proposto pelo públco, a partir do qual conì-
põem os seus versos. Poetascomo Munz Barreto e Laurindo Rebeo se consa-
graram peã capacrdade de irnprovisação dernonstrada nossalões da burguesa.
Essa prática associava poes a a uma ÍoÍrna de divertirnento popular, o que
contnbuía paÍa a sua d vulqação
A poesia da segunda geração e o público
Quando ÁlvaÍes de Azevedo nqressou na íaculdade de Dire to, em 1848,já a freqüentavam, anos mais ad antados do mesmo cufso, os escrÌtofes Bef-
nardo Gu maÍães, Aureliano Lessa, José de AlencaT e João Cardoso de N,4ene-
ses, o Íuturo BaÍão de Paranap acaba. O conviv o esÍeito no espaço âcadêmi-
co estimu ava a tÍoca detextos e Íaza com que os autoÍes Íossem leitoÍes uns
dos outros, realmentando o nteresse por temas ãssociados à expÍessão de
sentiÍÌìentos ind viduais, à solidãoe às v sÕes ideãlzadas da infância e do arnor.
Nas pequenas sociedades estuda nt s que seformavam, a vida boêrÌìla fac -
itava a aceitaçáo, sern luízo moral, dos textos de sêus Ínembros. A leituÍa e a
discussão dessa produção lterár a foÍnecla aos poetãs um públco de peÍi
ntelectualrnente Íespeitável, diferente daquele para o qua recitavam nos sa-
lões burgueses. Erarn todos leitoÍes d os versos a rrebatados de Byron, Shelêy e
Alfred de Àlusset. Reconheciam, portanto, o nteÍesse que os temas associa-
dos ao amor e à rnorte t nham para seus companhe Íos.
- 
Locus horrendusi
a natureza tempestuosa
O cenário preferdo pelôs poetas ultra-Íornânti-
cos é tempestuoso, sotuÍno. As forças incontrolá-
ves da natureza raios, chuva, ventos - sirnboli-
zam, de certo modo, os sentimentos volentos que
precisam ganhar expressão iteÍáÍia. Essâ natureza
compõe uma espécie de ugar horrendo (/ocus hol-
rendus), que aco he o poeta por refetir simbolca-
mentê seu soÍrimento nd vidual.
Somente no contexto do sonho a natuTeza seÍé
apÍêsentadaemtonsmaispostvos, assumindo umê
feição paradisÍaca. Éspaço das fantasas irreais, ela
funcionará como contraponto aos cenários rnaisíre-
qüentes em que a escuridáo, os lugares ermos, os
cemitérios e as pÍaias abandonadàs servem de refú
gio para os sofredores desesperados.
Se.run ja aenção: ìdealìzaçao, paixãa e nafte 261 a
!
3
j
€g
!l
-
TITERAïURA
r O "mal do século" e a sedução da morte
A idéia de morrer, para o u tra-ToÍÌìântco, tem sentdo positivo, porque ga-
ranle o térÍÌìino da agonia de vivêr. É no contexto das desilusões e da mane Ía
pess ÍÌìista de encaÍaÍ a ptópra existênca que a moÌte surge como so ução.
Morte
(Hon de delirio)
PcnsarÌerto gentil de paz eterna.
Amiga noÍte, vem. TiI és o termo
Dc dous ÍantasÌnas que a existêÌìcìâ lormam,
Dessn âÌÌrÌa \ã e desse corpo enfermo.
Pensamento gentil de paz eterna,
Amiga morte, ve1n. Tu ós o nada,
Tu és a ausência da! noçales dì \áda,
Do prazer que nos custâ a dor passada.
Pensaìnento gentil de pàz eterÌìâ,
Amiga mortc, vem. Trì és âpems
A \isão ÌÌìais real das qu
Que ÌÌos eÍtiÌÌgues asvisões ierrenas. 1...1
Amei-te semprer- c pertencertc quero
Para senÌpÌe tâmbém, amigã rnorte.
Q' ,c, o o, hão. qu, , , , d re, , . , . e ' .ppìême,, ,ô
Qìre não sente doslaivéns dã sorre. 1...1
I
I
j
fE uoço*, .o'1..'tn'
Amigos de morte!
Este caso entrcu para a h stóriâ
da FacLrldade d-" DÌeito do Largo
de 5ão FraÍìcisco.
Ìêntando ganhar dinhe ro parâ
flnanciaÍ â vda boêmia, Bernãrdo
Gu mãrá€steve â déade "ÍÌìatar"
Á vares de Azevedo, jovem de saú-
de fÌágil. Ajudado poÍ ouÍos ês
tudantes, BeÍnaÍdo convence! o
poeta a de taÊse soble uma rne5a
com as mãos cruzadas sobíe o peÈ
to e o corpo coberto poí um en-
çol. Depois, espalharam a notÍcal
"Morreu o Á vares de Azevedol ',
Eíudântes e prof€ssores foram
até a repúblicã onde ele nìorava,
paía â despedìda. ú contÍibuÍam
paÍa as "despesas doenterro'i BeÍ
nardoe seus am gos, com od nher
ro aTTecadado, cairarn na Jìo ie em
blrsca de dlversão. Logo, porém, a
farsa fo descoberta: Álvares de
Azevedo pÍecisou voltâràs.u as e
exp car que tudo náo passara de
uma gÍande brncadeÌa.
a 262 cAPiTULa 14
I_REIRE, JmqreiÍz. In: R]\NtlEll-\, Nlânuel (OÌts.).
Anün\ìa dos l@tds tlasibitút: lasc.omânú.â. Rio deJanetro:
Nora lÌonteim, 1996. p.218-219. (IEgnenb).
Os v-"fsos delunqueira Fre Íe (1832 1855) revelam ãs razões romântcaspaÍa o culto da morte. E a é aTniga, acabâ corn o corpo doente e com a a ma
inúti, dá paz a quem vve em aqonra.
PÍomessa de descanso eterno, Íefúgio para as dores da vida, a motte ãpa-
rece nos poeTnas u tra românt cos diretaÍÌìente I gada ao amor náo correspon-
dido, fonte de sofrirnento insuportável. O binôÍÌìio amor-morte é tÍaduz do,
muitas vezes, pela oposiçáo entre o desejo de amar e o desejo de morrer.
É tambérn a morte que fãz cessar outra fonte de grande af ição paÍa o
ultra-romántico: os irnpulsos sexuais. Adeptos da total dea lzação amorosa,
esses poetas não podem negar ã lorça dos desejos, mas os associam ã um
sent mento de cu pa e destÍu ção. Por esse rÌìot vo, seus poeÍlìas êpresentam
a poss bi idade da rea izaçáo amorosa v ncu ada somente a contextos iíeai5,
seiam e es a manifestação do sonho ou a prornessa da vrda eteÍna.
O fascín o pea mor1e, pela escuridão, pea doença fez coÍÌì que muitos dos
lovens escÍtoÍês buscassem meios art ficiais de fugir da realdade e conquistar o
rnundo dos sonhos. Drogas, corno o ópjo e o haxixe, e bebidas Íories, corno o
abs nto, eTam ê guns dos "paraísos artif c ais" a que reconlam. CoÍÌìo resu tado da
v dã boêrnla, mu Ìos romântcos rnorreram cedo. quase serÌìpre vítirnas da tuber
cLrlose (tâmbém conhecida como "tGrca'). Essê compoftamento autodestrLrtivo,
associado ao téd o e à depressão. Dassou a seT conhec do corno "mal do século".
-TITERATURA
iiilliiiÍtiiìitìì'i liì1:i:
A releitura do amor ultra-Íomântico no Íock qótico do Evãnêscence
Trtígd-me púru a aidrí
(Brig nre u tife)
Meu espírito doìnìe cn aìguÌ lugü iiio
ató quc voce o encoltre
e o levc de vollâ pra.âsâ
,\coìderne por clcntro
(liu não coÌÌsigo a(oÌdaÌ)
Acol(:]er!e po. denl.o
Me.hanìe e rne sahc da escu,idiÌo
Obrigìe meu san$c a liuir
(eu não consiso r(oÌdar)
antcs quc cu úe deúâçÀ
sàÌr'enÌe do nãda cni quc eu me lomei
t...1
t-!I, Am]'; MOODÌ] Beni H()DGES, Darid. tlring nìc
to ìife .IÌìbÌtìrrl.r Lvtu,es.en.e.b: aal,.r.
Ri(, de làrüo: sÒnr 2003. L.úrdisponí?ì em:
<httP://eraìes.en.e.Ì€d:s.rcÌÌâ.onLLìÌ:.
À$oenÌ:13!úr2005.
?
Amor e morte: as virgens pálidas
Conseqüênca do deslumbramento com a idéa da rnorte, a mãgeÍn de
beleza fernin na seíá mod fjcada. IvlulheÍes lânguidas, pálidas, e1éÍeas substÈ
tuem as virgens robustas de estéticas anteÍiores.
Assaltados pelo deselofísico, os ultra Íomán-
tcos compóem poemas em que a assocração
entre a peíelçáo feminina e os tÍaços da rnorte
parece condenaÍ qua quer possib ldade de ma
nlfestação fisica do aÍÌìor.
O ideal de beleza ultra-romântico
O rnaq náro ullra-fomãntico é povoado por
v rgens pá dês, imaculadas. Esse ldealleminino
seÍá concretzado pela reeitura aarktica de al'
gumas personãgens célebres da teratura un-
versal, comooíélia, da peça Hamleí deShãkês-
peare. Amantes nfe izes, coÍno Romêu e lulie-
ta, iambém seÍão ícones Lrltra-romãnt cos.
t
l
i
O €st lo dérk dâ vocâlstã Amy
Lee ê as mús cas deprêss vas etrá
g cas do gÍupo dê rock Evanesc€n
ce rêcriam a êltet ca ultra român
tca. A ma or parre das etÍas do
gr!po exp ora o o€sesp€ro, Ìa.n
do dê amor, doÍ e soíÌrrnento,
como é o caso da músca "Br ng
Discuta côm seus coegas qua
é o estâdo dê êspÍto ern qLre se
encontTa o eLr lírco da canção?
Q!e eeÍìrentos de l ingragem ìn
d cam esse estâdo dê espírto? A
cafâcterização do eu lir co pode
seÍ intêrpr€tada como urna r€lei
t!Ía contemporânea da visao !l-
tra-ronìántra de amoÌ? Pôr qLrê?
I
Mlãs o/è/ ia, l35l 1352 óleo5obre Ìp ld
Sequnda qeracáo: ideaiizêçáo, paìxâ'. e noÍe 263 a
LIÌERAÌURA
Pálida
No deÌírio da ddente mocìdade
Por tua imàgem pá.Ìida livil
AfloÌ de coração do amor dos aÌìjos
OrvaÌhei a por til
O expiraÌ de teu caÌìto ÌaÌìentoso
Sobre teus lábios que o paÌor cobria,
Minhâs noìtes de lágrìmas ardentes
E de sonhos enchiâi
Foi por ti que eu pensei que avida in.eira
Não iâÌiâ uma Ìágrinìa- sequet
Senão num beijo tlêmuÌo de noite...
NuÌÌÌ olhar de muÌher!
Tn dgem
t...1
Se a vida é Ìírio que a pâi{ào desflora,
Meu lírio ürginaÌ eu consen€ii
Somente no passado tive sonhos
E outrora nunca meil
Foi por ti que na ardente mocìdade
Por uma imagem pálidavivil
E a flor do corâção no alnor dos arìjos
OÌ-vaÌhei... só por ti.
V, \ r 'Do. Ú,, , , . , r . . ^
- , . . . "1r , . tu"" , .JJn4\o-. \!r,i .' 2000 t. rÍ<16 ì /I' 'gmcnro\
t
lq PaloÌ prrd? bid. r,
johnNenryFusei ,s i lér .È, 1799-1301 EmmuÌasobras
Íòmânt cas, venos pe$óas medtândo a respe to do destino.
Nesta obÍa de Fusel, o desespero e a Ía9 | dade do seÍ
huhâno d anÌe dà5 inceneza5 da vida Í.àm bem evdenÌes
| 264 CAP|TULO 14
O eu ír co do poeÍÌìa suspira e chora por lma mulher de láb os pá idos A
so ução encontrada para a desllusão aTfoTosa vêTn expressa em unTa estranha
condiçáo: se a v da é um lífo que e destruído (desflorado) pe a paixão, entáo
ele foqe do amor (mantéÍÌì-se vifgem).
O u tra-rornântico desenvolve otema do aTnoTsexualzado de rnodo negã-
tvo, sempÍe associado à condenação de suã realzaçáo e como um fator de
corrupção humana.
Por causa dessa postuta, idealza tota mente o íelaconamento amoroso.
Somente em sonhos os amantes podem se tocar. A ÍrustÍação gerada pelo
desejo não satsfe to dá ao poema uma tensáo eíót ca bastante grande. Essa
ren\áo serd ,nê dd\ ÍordL e s.rco, dè ooes a oe Ál\ère- de Alevedo,
r A linguagem da poesia da segunda
geração: imagens e ritmos
a,
É
Embora a iberdade forrnal continue sendo uÍn tÍaço carac-
teÍíst co da produção poética dã segunda geração, os autores
do período fazem uso fecoTTente de a gumas pa avras que os
auxil iêm a construiÍ as imagens de saudade, soÌdão, mofte e
pess mrsmo.
Os termos escolhidos a udem a uma ex stênc a rna s depÍessi-
va, marcada em a guns casos pela ÍÍac onal dade: pálpebra de-
mente, natéria ìmputu, Iongo pesadelo, desespera pálido sáa
apenas alguns exemplos das expressÕes q!e os autores seleco-
nam para registrar urn olhar ma s pessiÍnista para a vÌda.
Em outÍos momentos, a obsessáo pe a morte leva esses mes-
mos poetas a evocar mêgens de anjos macÌentos, leitos pavo-
Tosos, virgens tr as, etc. Toda a séÍie de substantvos e adjetivos
que ind cam pal dez também será ut l izada com freqüência para
caracterizaT a beleza feminína etéÍea ldolatrada pe os autores
do período.
O traba ho intenciona com a ÍnusÌcaldade das palavras me-
rece atençáo na poesa da segunda geraçâo. No ÍÌìoÍnento eTn
que essa pÍodução poética começa a ganhar destaque nos sa-
ões, ã música também está em voga e pÍovoca urna ceÍta conta-
mi.à. .àô.1ô< . Ìmô< n^òr.ô(
--
TITERATURA
I
Na daÌÌça
aüe cansa,
Aaaka
De üvo,
Na \âÌsa,
Tão fìÌsa,
Corriâs,
Fugias,
Tranqúila,
De miml
t...1 t
Bonnemâ on, /ôÉr árcbái;./é pelá
reDpestade, I 799, ó eo $brc re a. o esv@çar
dàs rcupàs e cbelos dêía mulherÊ o
cÒntêíe entre suâ pele bÍanó, ô têcdô ê â
es.urdãô, tÍâníôÍman na en uma fquÍa
quas fantasmagóÍiG Íágil e inlo(áw
ABREU, Ctunún. de. Ár 1tua'õ. são Pâulo:
MadDs lonÌes, 2002. p.00-91. (Ingnento).
Os versos curtos criarn, no leitol a impressão de que o compasso da va sa
está sendo recÍ ado pelas pa avras, pTomovendo um nteressante eíeito rnusical.
j
Ë
Lanbrança de morrer
Neste poema, Álvarcs de Aze\Ìedo trata das questões que moveram
a segunda geração: a morte, o amor e o sonho.
Qualìdo em meu peito rebentar-se a fibÌa.
Que o espídto €nlaça à dor vivente.
Não deÌramem por mim nem uma lágÌima
Em pálpebra demente.
E nem deúòlhem na matéria impura
Aflor do vaÌe que adormece âo ventol
Não qüero que umâ nota de alegria
Se cate por lìteü triste passamento.
Eu deixo avida como deixa o tédio
Do deserto, o poento caminheiro
- 
Como as horas de um longo pesadeÌo
que se desfaz ao dobre de um sineiro;
Como o desterro de minh'alma errante,
Onde fogo insensaro a consumia:
Só levo uma saudade - é desses temPos
Que amorosa iÌusãoembeÌeciâ. t...1
Se uma Ìágrima ls pálpebrâs me inunda,
Se um suspiro nos seios iÌeme ainda,
E peÌaúryem que sonhei... que nunca
Aos lábios me encostou a face ÌindaÌ
f q Pr€ludü: anuncia{,, prenunciara.
h|e: ìápidê de ünâ !êprÌtürâ.
Só tu à mocidade sonhâdom
Do pá.Ìido poeta deste flores...
Se vileu, foi por ti! e de esperaÌça
De na vida gozâÌ de teus amor€s.
Beúarei â l€rdade santa e nua,
Verei cristalizar-se o sonho amigo...
O minhavirgem dos errantes sonhos,
FiÌha do céu, eüïoü amâr contigoi
Descansem o meu leito solitâio
Nâ Íloresta dos homens esqu€cida, \
A sombra de uma cruz. e escrevam nelâ:
-Foi po€ta- sonhoü - e amou na \idâ.:
Sombns do !ale, noites da monlanha,
Que minhâ aÌmâ cantou € amarâ tântoi
Prot€gei o meu corpo abandonado,
E no silêncio dermai-Ìhe canto!
Mas quando preÌudia ave d'auÌora
E quando à meia-noite o céu repousa,
Afloredos do bosque. abrì os ramos...
Deìxai a lua pmntear-me a lousal
AZE\"EDO, Ávdes de.In: BANDEIR{, Manuel1Or8.). Á,r,1"8r a dos lÈta: |Ìa:íür l
fase fonânnca. Rio de Jmeiro: Noa frônteirâ, 1996 p. Ì ?5-1?7 (FragneDto).
SEunia qeaúa: rlealizacáa, paixão ê narte 265 |
-
TIÌERATURA
No poema transcÍito, o eu lÍico falã de sua moF
tê. Que imagem ele ut i l iza para se refer ir à vida
e ã seu f im na pr imeiÍa estrofe?
r Qu€ expressáo dessã estrofe sugere que o êu kico
or . der" 
" 
. d" 
-m -q" de olr ìer lo? I 'p rq êpor quê.
Nâs duâs pr imeiÍâs estroÍe5, o eu lúico se dir ige
àquelesqueoconhecem eÍaz um pedido. o que
ele pede?
r A just f catva para esse ped do apaÍece na terce râ
estrofe, em que o eu lírco compara a morte a duas
situaçoes. Quais são e as?
. Cons deÍando essas compârãçÕes, explque de que
rnêneÍa o eu lír co vê a morte.
I E \" / r .do dd rore 
-dr, o d 
' td\do de. 
- 
poê-nd a
-g I 'dd gê d oo o-nd ìr " F piq r" por qlr-
Releiâ.
"Só Ìevo uÌna saudade - é desses tempos
Que amoÌosa iÌusão embeÌecia."
r A que se Íefere o eu Íiico nesses veÍsos?
r Esses ireÍsos ind cãm a pfesença de outro grande
tema da poesa da segunda geração oamor Exp i
que, a parÌ i r de elemenlos do texto, qua éavsão
de amor presente no poerÍìa.
4. No poema, o eu lÍico Íaz reÍerência à mulherama-
da. Ela tem existência realou não? Just i f ique sua
resposta com elementos do poema.
. Qua é a magem de mu her pfesente nos versos de
Avares de Azêvedo?
5. Nas últimas estrofes, o eu lírico pede pâra seÍ
enterrado com um epitáf ioque podeserenten-
dido como um lema ul tra-romântico. Expl ique
por quê.
r Nessas estroÍes, o eu Írico estabe ece uma Íelação
de pÍoxinìidade e ntegração entÍe si rÌìesmo e a
natuÍeza. Qualé ea?
6. Compare âs inÍormações apresentadas nã ìinha
dotêmpo deste capítulo com as da l inha dotem-
po do caprtulo 13 e dis(uta às questòes à següir
com seus colegâs,
r OLêl Á d di feÍôr-è ê- l Íô o. ê o..ê_i"êr-o" êpÍe-
sent;dos nas duas inhas do tenìpo?
r De ol F n o1e Ía e.qa oifeÍ"r.è oolêr11 ^ê. 1a se-
9undd geÌação roraântca, a produção de obras l -
terár as ma s voltêdas pêra questÕes ind viduals?
V
Í.
{
I r rLasrmrro oe Aoreu:
versos doces e meigos
j
g
!
Cas m ro de AbÍeu (1839-1860) fo opoetamast idoedecamadodase
gunda geÍaçáo roÍÌìântica bras leira. Começou sua atvìdade l i terária em Lis
boa, onde entrou em contato com poetas europeus. Ernbora tr lhe um cam
nho ind v dual d ferente, acaba se ìnteÍessando pelos rnesmos temas que fas-
cinavam os estLrdantes de Direto do Largo de São Francisco.
A mus cal dade de seus ve|sos, oue acentuava a suavidade e fac litava a
memorzação dos poemas, o modo sensívelcom que tratou de tenTas como a
saudade, a natuÍeza e o desejo, sem a carga de pess m smo e cu pê que ãpa
Íece eTn outTos autores da época, explicam sua pop!ìaridêde, pr ncipalmente
entre o públÌco feminino.
Como aconteceu corn váÍios escritoÍes de sua geração, Cas nì Ío de Abreu
morreu cedo, aos 21 anos, viUma da tubeÍcu ose.
r Leveza e suavidade
O o har ngênuo para as questóes de amor destacã-se em sua poesia e lhe
dá dentdade. Suas f iguras femnnas, por exempo, náo vêm associadas a
imagens oe mone.
Seus poemas la am de aspectos cornuns da v da: ã moça que vende as
flores co hidas no jaÍdirn é comparada aos pássaros que brincam entre as ro
sas. Alguns críticos identiÍ cam, nessa evocaçáo sentimenta de peqr.renos ob
]etos e cenas, uma va oÍização dos elementos prosa cos e um uso da ingua-
gern coloquial que só teaparecerá, muito tempo depo s, nos versos rnodernis-
-"" 
de lvldn-e B"nde ra.
a 266 cAPlTuLo 14
TITERATURA
ã
!
!
ï
:
ç
áÈ
E
r Os belos dias da infância perdida
O sêntimento aTnoÍoso também âpaÍece s rnbolizãdo pêlosaudosisÍno de uÍrìa
infância nocente, ingênua e perÍêiÌa. Entre os nossos u trâ-romêntìcos, Casimirc
de AbÍeu é quem va exploraf oterna do saudosismo. Seusvê6os 5irnpes câíram
nogosto populaÍe êlesetornou uÍn dos maisconhecidos poetãs de sua geração.
A inÍáncia como momenÌo de fe cidade supÍeÍÌìa foi imortalizada nos co-
nhecidos versos de Cas m ro de Abreu.
Merc oito anos t
E
R ô Mâcêé, relião serÌana Fgue ra
BËnca, tu, onde casim rodeAbrcu
pa$o! a inÍãnc a
Ohl que saüdades que tenho
Dâ auroÉ da minha \ìda,
Da minha infância que da
Qüe os anos não tÌazcm mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
NaqueÌas taÌdes fàgueims
Àsombra das bmaneiras,
Debaixo dos larmjaisl
Como são beÌos os dìas
Do despontar da €xistênciâl
- 
Respin a alma inocência
Como perfumes a nor;
O màÌ é 
- 
lâgo ser€no,
O céu 
- 
um manto azuÌado,
o mundo 
-üm sonho doumdo,
Aüda-um hino d'amorl
Que auroras, que sol, qüe vida,
Qu€ noites de meÌodia
NaqueÌa doce âÌegÌia,
NaqueÌe ingênuo tòÌgar!
o céü bordado d'estrelas,
A telrâ de aromas cheia,
A! ondas beÍardo a ar€ia
E a Ìüâ beìjândo o marl
ABREU, câsimi.ô de. ,4r @haxdd. São Ìauìol
Mrii rontes, 2002. p.38-39. (FraSment,.
U ÌasEn6, amena, uaÉs, rsradtui!
Todas as imagens associadas à infáncia são postivas. A natúreza é cafacte-
rzada poÍ árvoTes de sombra aco hedorâ, o mar é como um lago sereno e o
céu é estÍelado. Nesse cenário paÍadisíaco do passado, emeÍge o traço pfinci-
pa que toÍna a infânca um momento tão saudoso paÍa o Lrltra-româ nt co:
era o tempo da inocênc a. Cas m Ío de Abreu fa a exp ictarnente disso quan-
do afi Í Í Ì ìa que a alma da cf ança resp ra "inocênc a" e menciona as br ncade -
Ías "ingênuas".
A nocência da crança é perdida na idade adulta. O poema reprcsenta
uÍna possibi idade de reviver, de ÍoÍma dea izada, esse tempo perdido.
r A idealização da pátria
Ao lado do olhar mais posìt ivo para a vida, CasimiÍo também idealizou a
pátr a, cantando oterna das saudades dos ex lados inaugufado poÍ Gonça ves
Dias. Urn dos seus ooemas mais conhecidos é um canto de louvoÍ ao Brasi .
Sequnda qeÊçâa: idealìzação, paixáa e nafte 267 a
-
I . I ïE RATU RA
Minha terra
Minha tetra tem palmeiras
Onde.anta o sabiá.
G. Dias
Todos cantam sua teÌÌa,
Tãmbém vou cantar a minhâ,
Nas {ìébeis cordâ, da lira
Hei de f^z ê-Ìa ranÌha;
-Hei de d,ì he a reaÌeza
Nesse trono de beleza
Em qu€ a mão da natuÌeza
Esm€rou-se enquânto tinha.
t . . .1
Tem tântas belezas, tantas,
A mìnha terra natal,
Que nem as sonbaum poera
E nem as cantâ um mortâll
É uma terra de a'no.e'
Alcatifada de flor€s
Onde a b sa em seus mmores
Murmüra: 
- 
não tem riEÌ!
Í
!0 nct*, naco, sem to4a.
E3ítuu*: caprichou, Èalizou algo
cor .nìdàdo e lelfeiçáo,
Alc!úIadâÌ arapêbdâ.
LübM 
- 
1856.
ÀBREU, CasnÌìim de. Paìa! .o,Pll.h'
d, íiannin d. Á1,a. Rio deJd€úo:
Ediou.o. p.72.
ÁBREU, Casiniro de. ÁrlÌm,m. São Paulo: Martirs
Fôntes, 2002. p. 1!-23. (Fragmento).
A pátr a é a "ra nha " a ser loLrvada. As jóias da sua coroa são os elementos
da natuÍeza sem iguai corn que fo agÍac ada poT Dêus.
.ì!,
j
;
ó
êQue 
sonhâs, üryem, nos soÌìhos
Que à mente tevêm risonhosNa primavem inda em IÌorl
No ceÌeste deraneio,
No doce bater do seio,
Que sonhas, üryem? - amor?
Que céus, quejardins, que flores,
Que Ìongos cântos de amores
Nos Lindos sonhos te vêm?
E qüândo a mente delira.
E quândo o peito suspiÌa,
Suspira o peito 
- 
por quen?
Sonhando mesmo acordada,
Pendida a fronte adorada,
Num cismd mgo e sem fim;
Do oÌhaÌ o fogo tão vivo,
A voz, o nso Ìascivo,
O pensâmento é 
-pra mim?l
[E racivo: rclari\. à rnììaÌidade, à
Áçü.M: pÌrnrd da ranília dos lirios.
Vn!çào: rcnto lÌesco e sìaÉ.
/Vestes yeÁot o eu lírìco pergunta a uma virgem adormecída o que ela sonha.
Sonhos de uirgem
Quando tu dormes tranqüila,
Cerrada a negra pupila
E o lábio doce a sorrir
trntão o soÌìho dourado
Nas dobr:Ls do cortinado
Vem esmaÌtar teu dormirl
Oh, sonha!- FeÌiz a idade
Das rosar daú.gindade,
Dos sonhos do coraçãol
Puro verg€l de açrrcenas
ou lago d'águas serenas
Que estremece à üraçáol
Feliz! FeÌiz quem pudera
Colher-te na primavela
D€ galas rica e louçãl
Feliz, ó l'lor dos amores,
Quem te beber os odores
Nos orvalhos da maÌìhãl
Lou{á: bela, rgrâdiveì à Àâ.
a 26a cAPlruLo 14
-.
TITERAÌURA
Nas duas pr imeiras estÍofes, o eu l í r ico quest iona a virgem âdorme-
cida. O que ele supõe que ela sonha?
I O poeta se baseia na dade da rnoça para fazeressa suposição. Explque
por quê.
t De que íoÍrnã essa idade é caíacteÍzada?
Observe as expressões utilizadas pelo eu ìírico pârâ se reÍeriÍ âos
sonhos da virgem,
"que sonhas, úrsem, nos ro"à(rs
Que à m€nte te r'êm ÌÌronÀor I...1
No utPÂk datdn.io 1...1
Nos li'idor ron l,or te vêm?
F.ntào o sanha àourdtlo
c
t
'1e
. O uso dessas expressões Íeflete ã visão de amor pÍesente no poema.
Exp ique por què
3. O eu lírico se refere tãmbém a momentos em que a jovem "sonha
acordada". Releìa.
"Sonhando mesmo acordada,
P€ndida a fronte adorada,
Num ,, .mar rago e.em f im:
Do olhâr o fogo tâo vivo,
A \ o/ , o r i -o ì r , i rÕ,
O pensamento é 
- 
prâ mim?l
r A descÍ ção das reações da Íìoça nesse mornento sugere utna mag-ôÍì
massensualde mulher Expl ique por quê
.t- Qual é o desejo expresso pelo eu lÍico nâ últìma estrofe?
t A nìan festação desse desejo Ìevêla uma v são do amor quese dlstLngue
dâ que caracterzou a segunda geração romântca ExplqLleporquê.
Álvares de Azevedo:
ironia, amor e morte
Em todos os textos que escÍeveu, ÁJvaTes de Azevedo sernpre exp oÍou o
tema dos desesperos passionais, tratados a part r de duas peÍspectlvas: a séÍia
e a rônica. É o póprlo autor quern deÍ ne, no preÍácio à segunda parte da l/ra
doi vmte aros, as dLras inhas da sua produção lteráíiêi "Nos mesmos lábios
onde susp rava a monodia arìrorosa, veÍÌì a sátiÍa que Íìorde". Monodiâ é a
denom nacão oue se dá a um canto em uníssono. O sentido do teínro é im-
poftante no contexto, poÍque feve a que o poeta perceb a sua íT ca amoÍosa
como textos oue expressavam uÍna mesrnê visão dealzada do amor
Ap'eseì.èndo \e cor' lo AIrel e cê|bà. d_io e oe'rò^to, Álvères d" Aleve-
do prepara o etor para poeÍnas que exploÍãm a5 angúst as arnorosas ou as
Íidicu aÍ zam. Desse conf j to, nasce a identdade iteÍáradopoeta, qLleotoF
na único entre os ultra-Íománticos: o modo contrastante de tÍatar os temas
da éDoca faz coTn que rompa o tom monocórdio e desafie uma concepção
hoínogênea e estática de lteratura.
Álvares de Azevedo têmbém sê dist ngue por seÍ o pÍime ro a trazeT a
ironia paÍa o centÍo da cena Íomânt ca.
1900.
AÍiele Calibã
Ade e Ca iba são peuonagens
dê ú t nìa peça escrita pof Shakês-
peare; A lempestãde. EspÍftos
que servern a um rnesmo sênhoÍ,
.presentam cornporramenros
opoÍos. Ariel é cordato e, a nda
que às vezes contêste as ordens
recebidas, é obediente. Calibá é
MOEntO, tempesÌuoso mas, em-
bora eventualmente obedeça, não
o faz sem protêstar. A vaíes de
Azevedo se rêtêre ao contraste
entÍe es9a5 d uaç nâÌlr rezas no pre-
íácto da Lirà das vinte anas: A
Íâzão é simples. Ê que a unidade
deste lvÍo íunda-se numa b no-
miã: 
- 
duas a rnas que moram
nas cavernas de urÌì céÍêbro pou
co mâis o1r menos de poeta es
crêveÌarn eÍe ivro, verdadeira
medalha de dlas faces". E e Íe_
conhece, ass nr, sua capacidade
de apa xonaFsê perd dâmentê,
mastambém de riÍ do própÍio ar-
Sequnda qeracàa de.hzàçàa. pè,.êo e nane 269 a
-
t I ÌERAIURA
r Lira dos vinte anos
:
:
Ë
a
:
Obra divd da em três paÍtes, a llra dos ylnte ãnos
reve a as diferentes íaces iterár as de Alvares de
ATevedo. A p. 
-eird e 
" 
et(ê Íã pdÍrêc \áo Ìã-cà
das pelo sentimenta hsrno e egocentr snì o típicos dos
u tÍa-românticos.
5áo poemês que fegistram o fascÍn o pê a déia
de morrer e a atraçáo pelas v rgens pá das e fras.
Neles, a possibi ldade de concretização do amorfica
co' Í i 'ddd do 
-1u_do do) on_o\êdd nèg la.áo. r
RôdoÍo Amoedo, 
^/u, 
1885 óleo sobre Ìea,65,5
x 36,5.m Nesra rea, podêmôs dentiÍicar rraços
da dealzaçéo ultra{omântca da mllher a
se.s!â rdôde assoc ada à larquÌdez.
Obsetoea "cenâêmorosâ cr
âda nopoema oe! iÌco descre-
!Ê !ma ml lhef q le dorme. Ea é
âpresênÌaoê a€ acoroo com os
.ichès utÍa romêiticos lvrg iô,Íosto ângu doi expressãó sÕnha
A aproxmação e o beilo rou-
bãdo(terce Íê enroÍ€) acortecem
.om a donzeê âdÒrmecdã Essâ
cond ção é o que perm iea apro-
x màção sem Ìsco de cofcretza-
çéô dÒ encofÍo arnoroso. En-
qLanioê ã doÍmee sônhê, ele nos
Íaa sobrc s suas íêntasas, dê
xandoclaro qúe é governado pe â
I
j
ó
Além dos c áss cos romãntcos
que ízeram a deÍcã dos poetas
da sequnda geração Byron,
MLrssete He ne , ojovenì Ávê-
rês dê Azevedo devorava oLrtros
auÌores na so dão de São Paulo.
Nos poemas da Lira das vinte
âroi, ee Íevela, por meo de epí-
grafês, .s fontes de sua nsp Ía
ção ierára:ceorge Sand, Vctor
Hugo, ShakespeaÍê, Dantê, Ìhé-
ophlle Gaut et Lãmartine, A exãn-
dre Dumas, Goethe, Afred.dêV g-
ny, Slìel ey, Cervantes, Chatêãubr 
-
and e André dê Chéner, entre
outros. A presença de poetãs n-
gl,"ses e fÍdnceses enirc os prefe-
r dos de Ávares de Azevedo toF
na mâisclara a nfLrênca européia
a 27O CAPITULO 14
Nôêpêlo parê queêv rgeíì pets
maneça adormecdâ, ô e! Íricô
deixa entreversua opçáo pela fan
tasia E a não ev ta, porém, a ma-
niÍêstêção do desejo ele afirma
quê ó íltuÌo va e menos que um
beijo; o cé!, menos qle uíì sus
p ro de a eqra da mr hêr amadâ.
Nê5 duas últimas estroÍes, o e!
íf.o, âÕ mêsmô Ìempo en qLre
assoca a manfestâção Íír ca do
amor ao medo {o bejo d v nal é
''.ôh do a medo ), aÍirma o de-
sejo dêter revvdas as usõesque
Quando à noite no leito petfumado
Qumdo à noite no leiio perfümado
Lânguida fronte no sonhar reclinas,
No lapor dâ iÌusio por que te on aÌha
Plânlo de amor âs páÌpebrâs divinâs?
E, quândo eu te contempÌo adonnecida
SoÌto o cabeÌo no sual€ Ìeito,
Por qüe üm suspiro tépido ressona
E desmaia süa,!Íssìmo em teu peiro?
Virgem do meu amor o beìjo a furto
que pouso em a fâce adormecida
Nâo te lembra ÌÌo peito o
E a febre do sonhar de minha vida:
DoÌme, ó anjo de amor! no teu siÌêncio
O meu peito se afoga de ternum
E sinto que o poÌì'ir não laÌe un beúo
E o .éu um teu srÌspìro de ventural
LÌm beiio dn'inal que acende as1€ias,
Que de encantos os oÌhos iÌumina,
Colhido amedo como floÌ da noite
Do reü lábio nâ rosâ purpurina,
E um voÌver de t€us oÌhos bansparentesj
Um oÌhar dessa pâpcbra sombriâ,
Talvez pudessem reviver-me n'alma
As santas ihNôes de que eü ïiüâl Ázl\':EDo, Ínfes de. orla â,nlâk. Rio de
Jú€ìro: Nor: Aguitaf, 2000. p.13313.1.
LITERATURA
Na segunda parte da Lirâ dos ymte anos, o hufiìor, a ronia e o sarcasmo
emergern com força. Ern lugar do medo da concretizaçáo fís ca do amoí, o
que se lnteÍpõe entre os amantes são obstáculos prosa cos, como a d stância
q .e côod.ó \uds !dsds. ou os gó\ lo\ ^ô(e. dÍro pórd coÍ lê.d d Toçè
Namoro d cdaalo
nÌr moro em Catumbi. Mas a desgraça
Querege ÍÌinha vida malfadada,
Pôs Ìá níÌ Íim da rua do Carete
A minha DuÌcinéia namorâda.
t . . .1
TocÌo o meu ordenado \âi-se em florcs
f, em Ìindas folhâs de papel bordado,
Onde eu cscrevo trêmülo, amoroso,
Aìgum vcrso bonirc... mas furlado.
Nesse contexto ÍÌìais descontraído, o poeta cria cenas engÍaçadas que eTn-
bram ao e tor que a realidade nem sempre colabora coÍÌì os jovens apalxonados.
t . . .1
onteÌn tinha chorido... Que desgÌaçal
Eu ia à trote iÌÌglês ardeÌÌdo em châmã,
NIàs Ìá vai s€nào quando uma (arroça
Minhas roupas rÀfuis encheu de lama...
Eu não desaÌÌimei. Se Dom Quixote
No Rocinante eryuendo a Ìarga espadâ
Nuncavoltou de medo, er! maisüleDte,
Fui mcsÌno sujo ver a nâmorada...
Mas eìs que no passar pelo sobrado,
Onde habita nas lojas minha beÌa,
Por v€r-me tâo Ìodoso eÌa i itàda
Bateu-me sobre as \,rntas ajaneÌa...
O ca\':ìlo ignormte de namords
Enhe dentes tomou a bofetada,
Anepia-se, puÌa, e dá me um tombo
Com pemas para o aÌ, sobre a caÌçada...
t...1 AZEI'EDo, Àures de. ohz ear&/.a Rn, dejâncto:
NoE r\güìlar ?000. p. 2,12'243 (lmgnenro).
O pobre cava e ro en arÌìeado, aém de rejetado pela narnofada, acaba
caindo do cava o. É eÍlì veÍsos assim que o hurÌìor ganha forma na poesia de
Ávares de Azevedo.
Podêrìo.ver, _d \eid sèrüsr|(d ê rón,d de poena\,o'r o e)re, 
-r a\ iqode que o poeta dasvirgens lângu das é capaz detratarde assuntos rÌìa 5 mun-
danos e exp ícitos.
t
!
9
Gustâve Doré, Dom Quiote e sancho
Parça, qíavura. Dom Quixote, o ntrépidô
cava eÍo que bÍaôd a suâ espada contÍa
terríve s nìonnros qúe náô pa$avam de
moinhos dêvênÌo, é mencionado neíe
pôemâ pôr Á vÍês dê Azevedo pac
compoÌ a tÍ íe f9!Ía do apa xofado
qu€ não m-êde eÍorços para encontÍêr
E Túoú, lèsriús, elcganrs, exagda'las
È
Sequnda qeraüa: ideâlinçaa, paixão e nafte 271 a
-
t I ÌERATURA
r ,Voite na tavernal
:i1>
histórias de amor e morte
-SiÌêncio, moços!acâbai com essas cantilenâs horrí\'eisl Nãoredes que
as mülheres domem ébrias, macilentâs como detuntos? Não senús que o
sono da embriaguez pesa negro naquelâs pálpebms onde a beleza sigilou os
olhares da volúpia?
ÉÌ s;gir.", ,.roo.
r\ZD!ÌDo, Áwes de. Orra .dull'r,. Rjo deJaei.ol
NÕvà AguiÌar 2000. p.565 (Frâgúêrlo).
I
4
A cena de abertura das narrativas de 
^/olfe 
na táverna não podeTia seÍ mais
explícita: em um cenáro em que mulheres bêbadas dormern sobre as mesas,
um gtupo de Íapazes dá início ao re ato de suas aventuras amoíosas. São eles
Sofiêri, BertÍam, Gennaro, C audius Hermann elohann. Cãdê urÌìa dessas oeÍ-
sonagêns irá assuÍÌì iravoz narratvã para contâraventuras queenvovem o lado
destÍutivo, para os u tra-roÍÌìânt cos, do sentimento amoroso: o deseio cãÍna
As histórias contadas não deixarÌì dúvida sobfe a lção ftnal: o amoÍ verda-
dê ro ro e oo- ve ópoc a 'ro1e l\es\è obrd, o de; izdção p'esen.e -d p o."
ultra-Íomántca, agora Jeita eTn teÍÍnos negatvos, a cança sua íorrna ÍÌìáxirna.
Macá,o, a únicâ peça de teãtro escrita por Álva res de Azevedo, apTesenta um
cenário nìuito seme hante ao de 
^/olte 
na têyeana. É em uma taverna, à note.
que tem Ìnício o d álogo entre o estudante Macáro e um estranho, quê Tna s
tarde se apresentâ como satã. Essa obra, que rnostÍa o nteresse do autoÍ por
teTnas satânicos, será estudadâ qLrando for apresentado o teatro romântico.
O conlunto da obra de Àvarês de Azêvedo é povoado por magens de
cu pa associadas à erotização do relaconamento amoroso, quê simbo izam a
obsessáo desse autor com o ado rnacabro da vida e do amor.
Hístó as extaordiná ai: entre a lucidez e a lou(ura
Durmte lodo úr pesàdo, smbrio e siÌentc dia outonaÌ, em qu€ 6 nurem pâim
m op)lsimrnentt baius tro céu, eu esrivê pNcmdo, sozinho, ã ca1,alo, atrz!És de
úrà r€gúo do iDterior, sin$úmenre trjsbnha, e ainal me enconrei, âo oírem as
smbràs da tade, perto da Ìnelancólica Cas de Ushe! Nào sei .omo fôi, úas, ao
primeiro olhd sobre o ecliticio, irãdiu-me â alúa um senrinenro de dgúsrià insu-
porável t...1. Qrc €ra-parei pda peDsd que era o que tmro me peÍrurbà\ã à
.onÌemplàção da Caa de Usher? f,rã um misrérió iúreiEmente inslú\€l e eu nào
podia âpeender õ idéid sombris gue se acuhlÌla\am em mìm, ao mediLr nism.
tOE, ìldgm A. A quêdâ da câe de Ushe. I!: Pdta r lr,'a T.adução: Oscü
NÍendes e Milron Aniàdo. Rio d€ Janeiro: Ddiouo. p. Ì 36. (Fragmento) ,
Qua serã o ÍÌì Íério da Casa de Usher quê dêspeÍta no narÍador do conto
sentimentostão meancólicos? AdmiÍado Ìror escr tores tão diíeÍenles .orno Bau-
dela rc, CortázaÍ e Verne. o norte-amercano EdgaÍ Allan Poe é um mestre do
fomanusmo gót co. Nas Hlstó,ês exrraordlnárái, poe reu n Lr unìa co eção de obÍãç
pnmas do slspênsê conìo "A queda d. casa de usher': "A carta rcubada', e seu
conto mas conhecido, "O gaio prero". Em todos ees, é possíve identficar o
qosto peo rnacabro e peo inexplicáve, além do c ma not!rno e enjqmático que
fo umâ dâs pr nc pa s caÍacteristcês da litêÍâÌura u tra romântca.
rustraçóes de DiCâva cêftipara
Norie na tayerrá, dê Á vâres de
A2êvêdo, ed ção de 1941
=a-4p/
[E sa"or", 
"l.".io-.
d
a 272 CAPITULO 14
1
-
LITERAÌURA
Fagundes Varela:
uma poesia de transição
Luís N co au FagundesVaÍela (1841 1875)costumã serassociado aos autores da
segunda geraçáo Ernboratenha aparecido tard anìente no mundo literáro de São
Pãú o, escreveu textos u tÍa-românticos. O conjunto da sua obrã, porérÌì, trazalquns
poernas em que apaÍecem os pdme ros s nais da preocupação corn temas sociais.
Êssã caracteÍística antecipa o traço íundã mental que deíinirá osautores da teÍceira
gêrdGo oTdnlk o dr e o.Po-es.c1'oi \o."uNtoco10una--oÍoêIo_. i .oo. I
Ju z de DiÍeito, Fagundes Varela teve sua vida marcâda poÍ uma tÍagédìa
pessoa : seu pr meÌro fi ho Tnoffeu coTn apenas tÍês nreses de vida. A dor pro-
vocada poÍ essa perda levou-o à vida boém a e âo alcoolsmo. Em homena-
qernaof ho, compôs urÍrdeseus poemãs mas conhecidos: 'Cânticodocal-
vário '. Leia a pÍimeira estrofe.
Cânüco do calaário
A nenóÍìa de neLt filho narto a I tde clezembro de 1863.
!
Eras na!i.Ìa a poÌnbâ prediÌeta
QÌre sobrc um Ìnar de angústias coÌÌduzia
O ümo da espeÍançâ. 
- 
Eras a cÍrcÌa
Que cntre âr né\,oas do inveÌno cintilala
ApoÌÌtando o câminÌro ao pegüreiÌo.
Erlls a messc de Lrm doumdo estio.
Eras o idíÌio dc um amor subÌime.
Eras a gÌória, 
- 
a nÌspiração, 
-a páiria,
O porliÍ de teu paìl 
-Ah! no entanto,
Pomba, 
- 
\,arou-te a {echa do destinoÌ
Astro, 
- 
engoliü-te o temporal do nortel
Teto, 
- 
caístel 
- 
CreÌÌça,já não vivesl
\AR[LA, tìgundes. P@,ar l]le.hin: EdeìbÍa t.2]2 2Ì3. (Fragm.nlo).
Apesar de abordaros ternas rna s caTos aos ultTa-rornántcos so idão, ÍÌìoF
te, nadaptação socal , Êaglndes Vare a compôs alguns poemas ern que a
escravdão é apresentada corÌìo uma injustiça socia e urìra ofensa à humanidade.
j )
7.; '
I O texto â seguir refere-se às questõês de 1 â 3,
Bertram
Bertram, uma das personagens sentadas na taverna sombria
a navela ultra-romântica de Álvarcs de Azevedo, cÒnta a
íoí levado pelo amor de uma mulher.
em que se anbÌenta
"perdìção" a que
LÌm outro conviva se Ìevarìtou. 1...1
Es"eiou o copo cheio deúnho. e com a baba nas
mãos alvàs, com os olhos de v€rdemar fixos, Ênou:
- 
Sabeis, uma mrÌÌher le]lou-me à pcrdiçào. Foi
elâ quem me queimou a tronte nas orgias, e desbo-
tou-me os Ìábios ÌÌo aÌdor dos vinÌÌos e Ììa moleza
de seus beljos, .Ìuem me fez delassar páÌido as lon-
gas noites de insônianas mesas de jogo, e nadoidi
ce dos abraços coÌÌ\a sos com que ela me aperrâ\a
o seiol I . . .1
seqúnda qe?üa: idealizaçaô, paixãa e nofte 273 |
-
t I ÌERATURA
Foi uma \ida insana a minha com âquela mu-
Ìherl Eü un rìajar sem fim. 1...1
Nús,^ dir ' efJm ìrn(Jdo\ ao ço'ro 
' 
omo pFro-
Ìas âo amor; nossas noites sim emm belasl
Um dia eÌa partiu; partìu, mns deixou-De os Ìá-
biosainda queimâdos dos s€us e o coração cheio
do gerÌne dos úcìos que eln aí Ìmçra- Partiui mas
sua lembrânça ficou como um fmtasma de um mau
ânjo perto de meu leito.
AZE\trDO, Alvres de.
Naih na talna e fDenat 6.abidú (]t Lìtu tÌ6 únb atuü).
são Panlo: [tôdernâ, 199.1. p. 25 28. (IngnenÌo).
í .
2.
ldent i f ique o que o narrador descreve como a "perdiçâo" a que foi
levado por umã mulher
Bertram âtr ibuisuâ degrâdação moralâ essa mulher. ldent i Í ique a5
expressões que se rêíerem a ela e âos sentimentos do narrador.
r Que magem de mulher é suqerda por essas expressões?
lustração de DiCavacant pãfê ê obrê
Nofe ,a aaverrê, edçâo de I941.
I O texto a seouir refere-se às ouestões de 4 a 6.
3. A construção dessa ìmagem dê mulher contr ibui pâra i lustrar a vl-
são quê os poetas dã segundâ geração têm do amor sexuâl izâdo.
Qual é êssa visão?
. De que maneira o relato de Bertram de xa mp ícita a v são de amor que
seÍá defendida peos poetas u ltrâ-Íomâ nt cos ?
E ela! E ela! E ela! E ela!
Neste poema, Álvares de Az,-vedo tàta de modo írônìco o amor ultra-romântìco.
E eÌal é elal 
- 
muÌÌÌìurei tremendo,
E o eco ao Ìonge murmÌuou 
- 
é elai
Eu aü... minhafada aérea e purâ-
A minha lavadeira najalìelal
Dessâs águas-fÌutadas oÌÌde eu ÍÌoro
Eu arejo estendendo no telhado
Os vestidos de chita, as saias brancas;
Eu a vejo e suspiro enamoradol
Esta noite eu ousei mais atreúdo
Nas teÌhas que estalavam nos meus passos
Ir espiàr seu venturoso sono,
\rèÌa mais bela de Morfeu nos braçosl
Como doÌ:Ínial que profundo sonol...
Tinha ra nìão o Íèro do engomacÌo...
Como rorcara maliosa e pural...
Quase caí nâ rua desmaiadol
Atastei a jarÌelâ, entrei rÌedroso...
Palpitâva-lhe o seio âdormecido-..
Fui beijá1a... roübei do seio deÌa
Um bilhete qüe estâva ali metido...
Oh! de certo... (pensei) é doce página
Onde a alma derrâmou genús amores;
São versos dela... que amanhã de certo
E1â me enviará cheios de flores...
Tremi de febrelVenturosâ folhal
quem poüsasse contigo neste seio!
Como Otelo beijando a sua esposa,
Eu beijei a a tremer de de\.?ÌÌeio...
É cÌaÌ é cÌal-repeti tremen<ìo;
Mas cantou nesse instante uma coruja...
AbÌi cioso a página secreta...
Oh! meu Deusl era um rol de roupa sÌú:i
NIas sc \{crther moÌrerì por \€r Cdlota
DarÌdo pão com nanteiga às c mcinhas
Se achou-a âssim mais bela, 
- 
cu mais te
Sorhlndo-te a Ìavar âr camisinhasl
É elal é eÌal ÌÌÌeu amor, minh'aÌma,
A Laura, â Bentriz que o céu re!eÌa...
E cÌrl é eÌ.r! 
- 
murmurei trênendo,
E o eco ao Ìonge suspiroÌr 
- 
é elal
MDvEDo, Á\zÍes de. P@r,6.,n t 16.
Rio d€Jâftnì: EdiÒuro,1995. p. 60.
a 274 CAPlruLA 14
f
j
é
I . I ÌERATURA
ü ,1gü*rütarl6: espécies de só1io.
"De Morfeu DG bFços" domìndo.
Mnioso agÌrdáÉÌ ad Òu\idos ndodioso
CiGo: .on .Ìidàdo. zelo.
V
4. Álvâres de Azevedo temâtiza, no poemâ, os sentimentos que to-
mam o eu l í r ìco ao ver a mulhêr ãmada, Transcrevâ algumas passa-
gens que remetem ao sent imentâl ismo cârâcteaíst ico da segundâ
geração romântica,
5. Asituacão dercrita no ooemâ remete a um tema recorrente na lírica
âmorosa: a visão da mulher âmada âdormecida, ldent i Í ioue as oas-
sagens que indicãm ã ideal ização da cena e da mulher amada.
r Que elêmentos não coíespondêm à dea izaçáo caracteísticâ da se
gunda gerâção?
I Explique de que maneirâ esses elementos revêlarn uma posturá Íôn cã
em relação ao irisnìo exãcerbâdo dos ultra-ÍoÍlìântrcos
6. Quâlé a re{erência l i terár ia usâdâ pêloeu l í r ico pârajust i Í icar, i roni-
camente, o seu amor por uma mulher que não corresponde à ima-
qem de musa ul tra-romântica? Explìque.
t
:
a
t
?
?
Ìh
Antonio Candido (1918-)
Erìsaísta e professot é hoje unì dos cíticos i
terários de nìaior prestígio no Bras . Recêbeu,
em 1998, o pÍèm o Camóes corno Íêconhec nìen'
to nternac onál pêlo conlLrnto de sua obra. conìo
prolessoÍ, Anton o Cand do contribu u para a
fornìaç;o de mu tos dos crít cos e professor€s
que hoje atuam nas pr nc pa s un vers dddes pú
b cas bras eiras.
O poema até certo ponto peÌ'vêrso, "E ela" I...1; ou oütro, mais
ftincãm€ntejocoso, "Namoro a caEÌo ", pâÌecem à primeiÌa üsta mero
antídoto, ou pelo menos corretivo ãos intangíveis amores de outros
poemas. No entanto, têm lambém a tunçâo de r€forçálos. Uns e ou-
tros, com ef€ito, faÌam de amor€s não reâ.Ìizados; o burÌesco de uns
coÌÌesponde ao platonismo de ouúos.
IaANDIDO, Anbnio. aomdfaì d, ltrahra hBirzu monertos d€.isilos.
6. ed, Belo Ho.izonte Ìtariaià. Ì !81. 11 2. p. 18?. (Imgmento) .
E 
.1o"o,o, .ng-ç"ao, .a.i.o.
Bulam: que pÌ.rcca o úo,
Explique
No comentár io que Íaz sobre os poemas de l i râ r Releiâ os poemas "Quando à noLte no ei to
do5 vmte anot Anton io Ca ndido (onclu i que há uma perfumãdo" e "Namôro a cavalo" e procure
equivalénciâ entre o trâtâmento sér io e o i rdnico oer- i - i (ar de que -ooo à rêla(áo aroÍosa e
dâdo âo temâ do amor nos poemàs de Alvàres de dp'eseriada em 
-èda Lm oelê(
Azevedo, Redija um parágrafo argumentãtivo em I ObseÌve, a paÍtirda compaÌação entre os dois textos,
que você explique €omo ocorre essâ êquìvalência, de que modo o "buÍesco" de um coríesponde ao
Antes d e desenvo lve r seu pa rá grafo, su gerimos " platon smo " do outÍo.
as segurntes etapas,
Sequnda qe@çao deahzêçao paj,'àô e mane 275 4
segunda geração romântica: o fascínio da morte
j
t
1 t
Joseph Dêns Odevêere,Byrón em5e! /e/ro
de mone,. 1826. Ól€osôbfêteta, 166 x
2J4,5 cm A pintura mÕírâ Byron, que
hoÍe! ao utâr pela ndependênca g.eqa
côntra a Turq! a, côrn uÍna coroa de Ò!ros,
como um anÌiqo herólgreqo. Os ítú ôs de
s€Ls pôenas aparec-êm ins.rlos na cama.
Byron: a morte como libertação
No ll ltTa-Roma nt sÍÌì o, ê morte exerceÍá um gTande fascÍnio entre os poe-
tas. Byron será o pÍinìeiro a cantar a morte como o caminho q!e lvra o indÌvÊ
d!o da ex stênc a sem sentido, maÍcada pelo sofr mento ETn seus poenìas, a
morte ê apresentada corÌìo urn ansêio do sujeito. No trecho abaixo, a v da é
detnda corfo um "padecer" tncessante do qua cada ,,huTnana cratuÍa,,
gostaria de se lbeÌlaf.
I
:
!
Eut&násàa
t . . .1
Monerl Alhures ir... Aonde? Ao paradeìro
Pârd o í ÌJr l rJ, ìo fo i r on, lc ud,, i r ; rFr '
Ser outÍa vez, o nadai o qüeìá íui, primeiro
Que abrolÌÌasse à erisiência e ao \i\,o padeccrl...
Contadìs do ü\.er as horas de rentura
E as que, iseÌìtas da dor, do murdo hajaÌì co1Ìido,
Em qualqÌrer condição, a hÌrmanâ criatura
Dirá: "NteÌhor me foÌn o nÌrnca haver nascidol"
ü,u,*e, o, oro r.sr
Aìúlhàse:Áurgr$e, !às.c$e, bÍÍ,Ne. B\RON, Caorye G,rdon Noel. Dispônn€lÈÌn:
<htrp://\$ajuna.âúigos.co!ì.bD. Á.e$. em: t5 abr 2005
Os versos do poeta nglês encontrararn eco na voz de vários poetas bÍas ei-
ros da sequnda geraçáo fomántica, sobÍeiudo de Álvares de Azevedo.
.276 CAPÌTULA 14
O descanso de uma alma atormentada
A morte vista como o I m de urna v da sem alento tambérn ganho! l !gar nâ
poesia pré rnodernista de AugLrsto dos Anlos. Nos versos do poeta, elê seÍá a
voz que drá âo eu ífco que o nìorìrento do deselado descanso para !mâ
existênciê atorrnentada enÍ rn chegou.
A esperanea
t . . .1
N{uita gcrte inlèliz assim Dào pensa!
No cntâÌìto o nìüÌÌdo é uÌÌÌa iÌÌrsão completa,
E n:'ú ó a Esperânçà por sentença
Este laço que ao muDdo ÌÌos rnanieta?
t . . .1
E eu, que \i!o arcÌado ao desâleÌrto,
Também espero o Ínn do meu tor|rento!
Na\'oz d;l N{ortc a nÌe bradar clescaÌ âl
ÀNJOS, ,{uguío dos. 
-Lì ú ,,/zr drd Rio d€ Jan+.
i t r víLood r l , | | 'Ò. 1, | | .n
Uma prece
No poeffra do modernista N,4anuel Bande Ía, o pedido para a chegada do
f m deriadeiro vem em forrna de prece. Para urna v da sem alegr as, o eu ír co
roqa que lhe sela dâdo o que sempre buscou: uffra boa morte
Oracão a Nossa Senhora da tsoa Nlorte
t . . .1
DesengaDei me das ortÌas saDils
(Pedi â muitìs, rczcia tantas)
Âté que rìnì dia nÌe apÍese taram
\ SrnrJ Rirr du, lh l ,uìr \ , i . .
Fui despacÌrado de ÌÌìàos vuiasl
Dei a rc,ftâ ao nìundo, leütei a sorte.
Nem deglias mais peço agoÌ.,
Qu, . , , ,e o i !F. ,o,1. . d legr.ò
Iudo que I'iesse, \,ì a tardel
O quc nalida pÌocuei sempre,
- 
XÍcus impoisí\'eis de Santa Rita
Darrne eis Ìrm diâ. náo é verdade?
Nossa SeÌÌhora da Boâ llortel
ÀÀNDEIRA, MrnueÌ. /jìú"ld ,, ,,/d ìrrta.
Riodc.jineno: No\.rrortcnì, Ì993. p 154155. (Ingnefb).
t
i
lI u-i"ru 
"o'..0. o,o.
:
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Sequntlê qeÊçãa ìdeêlìzacãa, paixão e n,.rle 277 a
:'ilii:r , i! tiÌr rÌ
" t ' l
. . . '1
a
:
j
-
Poro novegor Jfl
htipr/www biblio.oíg/wm/
o Wèbmuseum está no aí desdê 1994 e oÍerece acê$o a obrês de a.te por períodos histórcos e
€Í i los, separando os por pêís de or igem. Hé boâs imêgens de Wil lam B ake (r7s7 1827), âr t is tâ
notável do Romãntismo ng ês, que regjsüêva em sêus quêdros e pôemas o míst co e a emoção. O
s/te tambem apresenÌa obras de caspar David Fr edrich (1774-1840), romántico a êmão. Em inglês.
httpr/www.ínêtmuseum.org
O stte do Museu Metropo itano de Arte, de Nova York, oferêce a posib lidâde de visua lzar
obras de GéÍ lcaul t (1791-1824), Corot (1796-187s) e de ouÌros nomes da gerâçào romênt ica do
sécu o x lX Enì inglès.
httpl/ww.bibvift .í!turo.usp.br
O Jite da Escola do Futurô da Un vèuidade de 5ão Paulo oferece ê Bib lotêca V rtual do Enu
dãrte de Lín9ua Portuguesa, que posibl l ta o a.e$o à obrê de Ávares de Azevedo, o pr incipal
autoí dã sê9unda 9erãção romántica brasileira, organ zada ern quãtro volumes: Lna das vintes
anos, Macátio, Noìte na taverna e Poemas mal.lìtos.
httpt/V\/\e. ita ucr,r tura .or9.br
O ilte do InstÌtuto Cultuíâl taú ofêrece aceso a b ograÍias e a uma breve antoiogiã do poeta
Casimifo de Abreu. Além de matêrial do êutor e de cronologia de fãtos, há a apresentaçãô de
a gumas pá9inãs da crí Ì .a sobre o êscf Ì tor .
Contas fantástícos dÕ século X/X o Íânlán co vroféro ê o Í.ntán .o .olidiaÌro. tra o C. vino ÍOro )
5ão Pàu o Comparhà dàs Letràr 200,1
Esa seleção de.onÌos do sé(ulo Xlx, rêal lzada pe o escr i tor l ta o câlv ino, reúne os mãls mpor
tantes nomes dã narrativa .urtã em tempos românÌicos. Nersa obrã, estão os nãrrâdores e petro-
nã9ens que povoãram o maginár o literárlo de m stério, sombras, paixões êvassa adoras, íeaçôes
ntem peíjvas, .iú mes. vingãnças etoda ã sorte de pesadelôs e desencantos aÍioro5os. HoÍímann,
EdgârAllan Poe, Chríian Ande6en, Stevenson, Henry Jãmes, Walter scott estào entre os norÍês
Ìndicados por Câ vino e que tanto iní luenclaram a segunda geração românt ica brâsi le i ra.
Chopin em Paris, de Íàd SzLr c sãô PêLr o Re.ord, 1999
Biograí ia de Frédér lc chopin, o lvro âprêsentâ um reÍato do âmbiente culruíãl ctue cercou o
compos tor durãnte os 18 ãnos quê v veu em Parir. O ãutor ioi buscêr, na vastê cotrespondência
mant idã por Chop n, os re atôsdas expef iênc âs de umâ vida marcada pela pã xão€ que setradu-
z u nâ música que o consa9rou como reprelentante do ultra-Romantismo,
Rettato c lo anor quandojoyem, de Décio P 9n. iar sãoPa!o:CompanhlãdasLetra5,t990
orgânlzado por Déc o Pignataíi, o lvro apresenta um panoranìa do amor jovem ão longo dê
.incoséculos, através das obras de grandes nonies dê lterâtura un v€rsal, corno Dãnte, shãkespeãre
O Cavaleìra das Trevas. de Frank M ler r986
Históíia em quadrÌnhos responsáve pelã reÍofmulação da triste e vingativa f qura de Batman,
o hornem-morcego, habi tante da sugest lva cothãm ci ty, cf iado em 1939 por Bob Kânê, B lFinger
e 
-ieíy Robìnson. Odão desde multo cedo, na versão de Frank Miller, seguida por rnuitas outías
de ìgua indlnação romântka, e$e heróisombrio cãrrega em sua ã ma a certezã dè que umâ dor
9erãda pe a perdê dê pessoas amadês jêínais poderá ser superada. O ambiente soturno que câ
racter za as produções dê segunda geração romêntica podêrá sêr reconhecido nas íalas e dese,
| 274 CAPTTULA 14
a ia.
Poro ossislir Fl
Dan luan DeMar.a de leremy Levef EtlA, 1995
I i í ;ôqLê ê\ i \e. en 
"rbie.ró i or .eÍpordreu.
a mít ica fgura de Don Juan, peuonêqêm cr iada
-n 610 pe o e.p"nrro Ti .o dp Mol i .à e re 01 , -
d" .d l r i drer le por B, o. eÍ '82r. Todã! âs c i
íacterÊt icâsdoU tra Romant ismoestão gâfãnt idas
er plelè \o\è Yor l d" rô o" d 
" . . 
qLr.do Jn
jovem de 21 ânos a$Lme a peBonal idade de Don
JLd. ê prsd d.p rrd-ddo por u1p.,qúid 
" . 
r r"
pr"rddo po. Vrr lo l Brr .do er J- Ìa de 1", J l l
mâs apar ições no cinema.
Poro ouviÍ dì
. Ao vivo: o tempo nãa párá, de CazLrza R o de làre ro
l.ln versaL, I999
A música "Exêgêrêdo , de câzuzã, evoca o ro-
mênt ismo êxacerbâdo dos poetês dã segunda ge-
ração. O ideã de amor eterno e o exãgero senti-
mentalesÌão presentes ne$a cãnção, estãbe ecen-
do Ln i . lere, 'dr 
" 
d dloqo con d poê, é qLè .à
râctêfizolr o chamado "mal dô século'1
. PrclúdÌas (Opus 28), de tÌédèr c Chop i.
Chopin écons derêdo, na música, aque e que me
lhor representa ê 9eração u t ra-roínánt i .a. 05
24 prelúdios dô compos torsão consldêrados o pon-
to mais al to do Romant ismo e suã obrâ Ínak peÊ
íê ré. en qL-,e dp\ lo ld à qer id l idàde dô ÍJtco
ao corìsêguir êxpressar todã a sua individualidade
atrãvés das notas dersa pãrtiturè.
Sêqunúrâ qeËçior ide;rëGq pêÀão e mÕri-. 279 I

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