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TERAPIA EM GRUPO 
 
Para o tratamento da Dependência Química 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ORGANIZADOR: ANDRÉ LUIZ CHAVES YANG 
 
 
 
 
 
 
SOROCABA 
2014 
 
[2] 
 
TERAPIA EM GRUPO 
 
Para o tratamento da Dependência Química 
 
 
[3] 
 
Introdução 
 
 
Nessa apostila nós iremos estudar a dependência química naquilo que 
interessa ao indivíduo que está tentando parar o consumo de substância 
psicoativas. 
Existe real escolha quando não se tem informação? Quando são veiculados 
muito mais preconceitos e mitos sobre determinados assuntos do que fatos 
científicos e estatísticas bem feitas? Ou será que nesse caso trata -se de 
manipulação, travestida de escolha? 
São várias as informações que podem ajudar. As decisões tendem a ter 
mais força quando são fundamentadas, quando existem motivos claros e 
consistentes para sustentar a mudança e, esse estudo tem como função 
principal trazer informações científicas, tornando conhecido os efeitos do 
álcool e outras drogas no corpo, mente e comportamento, para que o 
indivíduo obtenha as informações necessárias para tomar sua decisão. O 
objetivo é fornecer informações científicas sobre uma área dominada po r 
crenças e preconceitos. 
Dentro dessa perspectiva fica minha sugestão: aproveite suas reuniões. 
Fique atento, aprenda, escute e pergunte, afinal é a sua vida que está em 
jogo e você tem o dever de decidir, conscientemente, como quer conduzi-
la. 
 
 
 
 
Atenciosamente André Luiz Chaves Yang 
 
 
 
[4] 
 
Um olhar para a Dependência Química 
 
 
 
A Dependência Química é a manifestação de um sintoma e, desta forma é apenas 
consequência das causas bastante peculiares para cada um. 
Os aspectos individuais são determinantes na instalação do problema, no entanto, não 
podemos deixar de considerar o papel social em que o álcool e outras drogas estão 
inseridos. A humanidade cria suas próprias armadilhas, incentiva a criação de 
subterfúgios para lidar com: angustia, a impotência, o limite, a falta de identidade, 
entre outros, oferecendo produtos sedutores com promessas de resultados imediatos, 
na fantasia de outra condição de vida. “Nas práticas do consumo contínuo e 
substitutivo, tudo há que se esperar do objeto, nada do sujeito, nem sequer a 
memória, menos ainda a crítica; o sujeito do consumo desaparece por trás do objeto 
que satisfaz e que, a partir de então, o constitui”. 
A dependência se configura numa condição física, psicológica e social, muitas vezes 
fruto da tentativa do indivíduo de lidar com seus conflitos. “Onde quer que a droga 
apareça, ela sempre busca apresentar-se como a questão essencial; contudo, quanto 
mais profundamente a encaramos, perceberemos a configuração de um sintoma, na 
tentativa de calar aspectos fundamentais da vida e da subjetividade nos nossos dias”. 
A mudança se constitui na capacidade mínima de o indivíduo lidar com as perdas, 
sejam estas da sensação de um refúgio imediato ou mesmo da perda de uma ideia de 
“companheira de todas as horas”, encontrada no álcool, no tabaco e outras drogas¹. 
 
 
 
 
 
 
 
 
[5] 
 
INTRODUÇÃO 3 
UM OLHAR PARA A DEPENDÊNCIA QUÍMICA 4 
PARTE 1 – SÍNDROME DE ABSTINÊNCIA 6 
PARTE 2 – O QUE É A DEPENDÊNCIA QUÍMICA 9 
PARTE 3 – FARMACOLOGIA 13 
PARTE 5 – TERAPIA COGNITIVA E COMPORTAMENTAL 28 
MATRIZ DECISÓRIA 29 
SITUAÇÕES DE ALTO RISCO 30 
ASSERTIVIDADE 33 
HABILIDADE DE INICIAR CONVERSAÇÕES 36 
HABILIDADE DE FAZER E RECEBER CRÍTICAS. 39 
HABILIDADES DE RECUSA 46 
OUVIR E FALAR SOBRE SENTIMENTOS E OPINIÕES 48 
DAI - DECISÕES APARENTEMENTE IRRELEVANTES 52 
HABILIDADE DE RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS 55 
AUMENTO DE ATIVIDADES AGRADÁVEIS 58 
MANEJO DO PENSAMENTO DISFUNCIONAL 60 
MANEJO DA RAIVA 64 
VERGONHA 67 
PLANEJAMENTO PARA EMERGÊNCIAS 78 
CONTATO: 81 
 
[6] 
 
Parte 1 – Síndrome de abstinência 
Iniciamos nosso estudo pelo tema síndrome de abstinência e isto não é por acaso. A 
grande maioria dos indivíduos que desenvolveram alguma dependência, quando 
cessam o uso, irão sentir os sintomas da ausência da substância. No decorrer dos anos 
de trabalho percebi que é de grande valor falar sobre a síndrome de abstinência para 
que quando o indivíduo sinta qualquer um desses sintomas possa agir de forma 
coerente. 
O processo de retirada das drogas é desagradável. Alguns podem sentir intensamente 
os sintomas, outros podem passar com menos perturbação, dependendo do tipo de 
droga, o nível de dependência e a reação de seu organismo à retirada e ao 
medicamento disponível. O mais importante é saber que essa fase é inevitável, mas 
que com o tempo os sintomas irão diminuir e, eventualmente, desaparecer, então 
vamos enfrentá-los agora, não podemos mais adiar essa atitude. 
 
Afinal o que é síndrome de abstinência 
A palavra síndrome quer dizer: conjunto de sinais e sintomas e, abstinência quer dizer: 
deixar de fazer algum comportamento, logo, uma interpretação válida para síndrome 
de abstinência, na dependência química, é: um conjunto de sinais e sintomas que 
aparece quando paramos de usar. 
 
Síndrome de abstinência do Álcool 
A síndrome de abstinência inicia-se horas após a interrupção ou diminuição do 
consumo. Tremores nas extremidades e nos lábios são sintomas mais comuns, além de 
náuseas, vômitos, sudorese, ansiedade e irritabilidade. 
Casos mais graves podem evoluir para convulsões, Alucinose alcoólica e delirium 
tremens. 
Convulsões 
A retirada ou diminuição da ingestão de álcool abrupta do organismo pode ocasionar 
convulsões. Das convulsões resultantes da cessação ou redução do consumo de álcool 
90% ocorrem até 48h após a interrupção do uso 
Delirium Tremens 
[7] 
 
Delirium Tremens é uma forma grave de abstinência, geralmente iniciando-se entre 
um e quatro dias após a interrupção do uso de álcool, com duração de até três ou 
quatro dias. É caracterizado pelo rebaixamento do nível de consciência, com 
desorientação, alterações senso perceptivas, tremores e sintomas autonômicos 
(taquicardia, elevação da pressão arterial e da temperatura corporal). 
Alucinose alcoólica 
Alucinação mais tipicamente auditiva que ocorre após um período de pesado consumo 
alcoólico. É uma complicação da abstinência alcoólica. As alucinações são vívidas, e 
costumam ocorrer num cenário de clara consciência. Incluem som de tiques, rugidos, 
baladas de sinos, cânticos e vozes que normalmente ocorrem 48 horas após a cessação 
ou redução do consumo. 
Os paciente expressam medo, ansiedade e agitação decorrentes dessas experiências. 
 
Síndrome de abstinência da Maconha 
Estudos demonstraram que sujeitos que haviam cessado o consumo diário de 
maconha relataram esses sintomas algumas horas após a última ingestão
 “Desassossego interno” 
 Irritabilidade 
 Calores repentinos 
 Insônia 
 Suores 
 Inquietude 
 Coriza 
 Soluços 
 Diminuição do apetite 
 Náuseas 
 Dores musculares 
 Ansiedade 
 Sensação de frio 
 Diarreia 
 Sensibilidade aumentada à luz 
 Vontade intensa de usar a droga 
 Depressão 
 Perda de peso 
 Tremores discretos. 
 
Síndrome de abstinência da Cocaína/Crack 
 
A síndrome de abstinência da cocaína pode ser dividida em três fases: 
1. Crash 
Ocorre uma drástica redução do humor e da energia, 15 a 30 mim após o último uso. 
Experimentam craving “fissura”, depressão, ansiedade e paranoia. O craving diminui 
[8] 
 
de 1 a 4 horas depois e é substituído por um forte desejo de dormir, consiste em 
hipersonolência, que dura de 8 horas a 4 dias e normaliza o humor. 
2. AbstinênciaEssa fase começa de 12 a 96 horas após o crash e pode durar de 2 a 12 semanas. 
Decorre do aumento do número e da sensibilidade dos receptores de dopamina. A 
anedonia (perda da capacidade de sentir prazer) é importante nesse período e 
contrasta com as memórias eufóricas do uso. A presença de fatores e situações 
desencadeadoras de craving normalmente supera o desejo de se manter a abstinência 
e as recaídas são comuns nessa fase. Ansiedade, hiper/hipossonia, hiperfadiga e 
alterações psicomotoras (tremores, dores musculares, movimentos involuntários) são 
outros sintomas típicos dessa fase. 
3. Extinção 
Nessa fase, ocorre a resolução completa dos sinais e sintomas físicos. O craving é 
sintoma residual que aparece eventualmente, condicionado a lembranças do uso e 
seus efeitos. Seu desaparecimento é gradual e podem durar meses ou anos. 
 
Síndrome de abstinência da nicotina 
Em um período que pode ser de poucos minutos alguns fumantes já começam a 
apresentar os primeiros sintomas da síndrome de abstinência. Seus sintomas e a 
intensidade destes podem persistir por meses, e, dependendo da gravidade, são pouco 
tolerados. 
Os sintomas psicológicos relacionados à falta de nicotina são humor disfóricos ou 
deprimido, insônia, irritabilidade, frustração, raiva, ansiedade e dificuldade de 
concentração. 
Já os sinais físicos são taquicardia, hipertensão tremores e sudorese. 
 
[9] 
 
Parte 2 – O que é a dependência química 
Fundamentos 
“... Toda a nossa vida e nossos pensamentos estavam centrados em drogas, de uma forma ou de outra – 
obtendo, usando e encontrando maneiras e meios de conseguir mais. Um adicto¹ é simplesmente um 
homem ou uma mulher cuja vida é controlada pelas drogas. Estamos nas garras de uma doença 
progressiva, que termina sempre da mesma maneira: prisões, instituições e morte.” (Narcóticos Anônimos, 
2006) 
 
O texto, retirado do texto básico de Narcóticos Anônimos, ilustra o contexto no qual 
se encontra o indivíduo que desenvolveu a dependência química. Esse indivíduo 
encontra-se gravemente perturbado pelos efeitos que o uso contínuo do álcool e outras 
drogas pode causar. Esclarecer sobre o que é a dependência química pode ajudar o 
indivíduo que tem problemas devido ao abuso de substâncias. 
O que são drogas? 
Drogas são substâncias que produzem mudanças nas sensações, no grau de consciência 
e no estado emocional das pessoas. As alterações causadas por essas substâncias variam 
de acordo com as características de quem as usa. Da drogas escolhida, da quantidade, 
frequência, expectativas e circunstâncias em que é consumida. 
Essa definição inclui produtor ilegais (cocaína, maconha, ecstasy, heroína...) e também 
produtos como bebidas alcoólicas, cigarros, remédios, que são legais, apesar de haver 
restrições em sua comercialização. Por exemplo: é proibida a venda de bebidas 
alcoólicas para menores de idade. 
Áreas afetadas pelo consumo de drogas 
 BIO: biológica. 
Sabemos que as drogas causam uma série de danos à saúde do indivíduo, isso inclui, 
principalmente, danos ao coração, pulmão, rins, estômago, fígado e cérebro. Apesar do 
grande prejuízo, normalmente, quando não há danos irreversíveis, a parte física é a mais 
rápida de se recuperar. É a primeira parte a ser tratada através, principalmente, da 
cessação da ingestão da substância, de uma alimentação nutritiva, atividade física, o 
sono regular e todos os cuidados médicos necessários. Em cerca de dois a três meses já 
não se percebe que o indivíduo fazia o uso de álcool eou outras drogas. 
 PSICO: Psicológica. 
Baixa autoestima, descontrole emocional, pensamento distorcido, depressão e 
ansiedade são alguns dos danos que a droga e o estilo de vida do dependente químico 
causam na mente. 
[10] 
 
 SOCIAL: a vida social, ou seja, trabalho, escola, família, relacionamentos, 
etc. 
Com a progressão da doença o indivíduo começa, naturalmente, a selecionar 
ambientes que aprovam seu consumo, se afastando de ambiente saudáveis. Com o 
aumento do tempo necessário para uso, decorrente do desenvolvimento de tolerância, 
ele prejudica sua capacidade de trabalhar, estudar ou manter qualquer atividade que 
exija pontualidade e disciplina. O relacionamento familiar piora no mesmo padrão em 
que a doença progride, a família às vezes se torna um inimigo, um obstáculo entre o 
dependente e a droga. 
Características comuns em pacientes que desenvolveram a dependência 
química. O Quadro abaixo mostra algumas características comuns, mas não 
regras, em pessoas que desenvolveram a dependência química. A presença 
ou não desses fatores na vida de um dependente pode variar em quantidade 
e intensidade. 
 
 
Abuso na infância, doenças psiquiátricas 
associadas (comorbidades), consumo como 
forma de resolução de conflito, apreço 
pelos efeitos vivenciados. 
 
Predisposição genética, sistema de 
recompensa cerebral do SNC, resistência 
aos efeitos da substância 
 
Baixa escolaridade, Exclusão Social, Família desestruturada, Ambientes permissivos, 
Estimulo ao consumo. 
[11] 
 
Uso, Abuso e Dependência. 
Não existe uma fronteira clara entre uso, abuso e dependência. Podemos definir uso 
como qualquer consumo de substâncias, seja para experimentar, seja esporádico ou 
episódico; uso nocivo é definido como consumo de substância já associado a algum 
tipo de prejuízo (biológico psicológico ou social); e, por fim dependência como 
consumo sem controle, geralmente associado a sérios danos para o usuário. 
Uma coisa é a pessoa intoxicar-se. Outra coisa é, por estar intoxicada ou intoxicar-se 
frequentemente, sofrer um acidente, desenvolver uma cirrose, brigar com o patrão ou 
com os familiares, ser detida por policiais, etc. a figura a seguir mostra essas diferenças 
e dimensões. No eixo horizontal temos a dimensão “Dependência”. No eixo vertical, 
está representada a ampla variedade de problemas associados ao uso de drogas, 
incluindo os de natureza física, psicológica, familiar e social. 
A figura abaixo nos dá uma boa ideia sobre uso abuso e dependência: 
Quadrante A: neste quadrante, localizamos os indivíduos que, independentemente de 
seus padrões de uso, não apresentam indicação alguma de dependência, nem 
problemas associados ao uso. Pensando no álcool, seriam os chamados bebedores 
sociais. 
Quadrante B: aqui encontramos os indivíduos cujo 
padrão de uso já lhes traz algum tipo de dano, 
prejuízo, complicação, ou problema que afeta seu 
funcionamento físico, psíquico, familiar, ou social. 
No entanto, não evidenciam o menor grau de 
dependência. Seriam os usuários nocivos 
Quadrante C: representa os indivíduos cujos 
padrões de ingestão acham-se evidentemente, 
associados a danos, prejuízos, complicações, ou problemas e que apresentam, 
inequivocamente, algum grau de dependência. Esses indivíduos são os dependentes 
propriamente ditos. 
Quadrante B: é uma possibilidade inexistente, uma vez que é inconcebível um 
indivíduo com algum grau de dependência, mesmo que mínimo, sem que ao menos o 
próprio diagnóstico de dependência não seja considerado um problema. 
 
 
 
B C 
D A 
[12] 
 
Veja quais são os critérios para diagnosticar uma pessoa como dependente químico ou 
usuário nocivo: 
Critérios da Classificação Internacional de Doenças – Décima edição 
(CID-10) para dependência de substâncias 
CID-10 – Critérios para dependência de substâncias 
 
O diagnóstico de dependência deve ser feito se três ou mais dos seguintes critérios são 
experiência dos ou manifestos durante os últimos 12 meses: 
 
 Um desejo forte ou senso de compulsão para consumir a substância 
 Dificuldades em controlar o comportamento de consumir a substância em termos 
de início, términoe níveis de consumo. 
 Estado de abstinência fisiológica, quando o uso da substância cessou ou foi 
reduzido, como evidenciado por: síndrome de abstinência característica para 
substancia, ou o uso da mesma substância (ou de uma intimamente relacionada) 
com a intenção de aliviar ou evitar os sintomas de abstinência. 
 Evidência de tolerância, de tal forma que doses crescentes da substância psicoativa 
são requeridas para alcançar efeitos originalmente produzidos por doses mais 
baixas 
 Abandono Progressivo de prazeres ou interesses alternativos em favor do uso da 
substância psicoativa: aumento da quantidade de tempo necessário para obter ou 
tomar a substância ou recuperar-se de seus efeitos 
 Persistência no uso da substância, a despeito de evidência clara de consequências 
manifestamente nocivas, tais como danos ao fígado por consumo excessivo de 
bebidas alcoólicas, estados de humor depressivos como consequência do consumo 
excessivo da substância, ou comprometimento do funcionamento cognitivo 
relacionado com a droga: deve-se procurar determinar se o usuário estava 
realmente consciente da natureza e extensão do dano 
 
Critérios da classificação estatística internacional de doenças – 
décima edição (CID-10) para uso nocivo de substâncias 
CID – 10 – Critérios para o uso nocivo de substâncias 
 
 O diagnóstico requer que um dano real tenha sido causado à saúde física e mental 
do usuário 
 Padrões nocivos de uso são frequentemente criticados por outras pessoas e estão 
associados a consequências sociais adversas de vários tipos 
 A intoxicação aguda ou a “ressaca” não é por si mesma evidência suficiente do 
dano à saúde requerido para codificar o uso nocivo 
 Uso nocivo não deve ser diagnosticado se a síndrome de dependência, um 
distúrbio psicótico ou outra forma específica de distúrbio relacionado com álcool 
ou drogas estiver presente. 
[13] 
 
Parte 3 – Farmacologia 
Conceito 
Farmacologia é a ciência que estuda como as substâncias químicas interagem com os 
sistemas biológicos. 
Farmacologia da Cocaína/Crack 
O uso da cocaína começou nos países andinos (Peru, Bolívia, Equador e Colômbia) há 
mais de 2.000 anos. Seu isolamento químico foi feito por um alemão, chamado Albert 
Niemann. 
Koller, médico oftalmologista austríaco, descreveu as propriedades anestésicas da 
cocaína e introduziu seu uso em cirurgias oftalmológicas 
O uso de cocaína apresentou vários danos à saúde, e tal fato levou a proibição e ela 
quase desapareceu no começo do século XX. Seu reaparecimento foi em 1960, como 
droga de elites econômicas. 
Formas de Consumo 
A cocaína pode ser injetada, inalada ou fumada (crack). Assim, o crack não é uma 
droga nova: é uma forma de cocaína que pode ser administrada via pulmonar. A 
diferença é que a absorção é mais rápida e produz, aparentemente, um efeito mais 
intenso. 
Na farmacologia ela tem três efeitos principais: 
1. Anestésico local 
2. Vasoconstritor 
3. Um poderoso psicoestimulante 
Principais efeitos cardiovasculares: 
1. Taquicardia 
2. Aumento da pressão arterial 
Ao mesmo tempo em que o coração está sendo estimulado, a vasoconstrição privam o 
músculo cardíaco do sangue necessário. Essa combinação pode causar grave arritmia 
ou ataque cardíaco (mesmo em jovens usuários). Além disso a vasoconstrição pode 
causar danos a outros órgãos: aos pulmões de indivíduos que fumam cocaína; 
destruição da cartilagem nasal de quem inala e danos ao trato gastrointestinal 
Efeitos sobre o SNC 
[14] 
 
Com o uso continuado, esses sistema passa a necessitar da droga para exercer suas 
funções e os estímulos naturais para ativá-lo tornam-se insuficientes. O uso crônico de 
estimulantes resulta no esvaziamento dos neurotransmissores que produzem a 
sensação de prazer. 
 
As sinapses operam usando um sistema de feedback negativo. Logo, mudanças 
compensatórias ocorrem pra permitir que os neurônios se adaptem às alterações 
causadas (tolerância). 
 
Além da dependência, a intoxicação do SNC pode causar dores de cabeça, perda de 
consciência temporária, convulsões e morte; Alguns desses efeitos são decorrentes do 
aumento da temperatura corporal. 
Efeitos Psicoativos que favorecem a Dependência 
Os efeitos estimulantes da cocaína parecem aumentar as habilidades física e mentais 
dos usuários. Experimentam euforia, exaltação da energia e da libido, diminuição do 
apetite, exacerbação do estado de alerta e aumento da autoconfiança. Altas doses da 
cocaína intensificam a euforia, a agilidade, a verbosidade e os comportamentos 
estereotipados e alteram o comportamento sexual. Esses efeitos positivos encorajam o 
uso e a dependência dessa droga. Esses sentimentos de alegria e confiança causados 
pela cocaína podem transformar-se facilmente em irritabilidade, inquietude e 
confusão. O uso da cocaína aumenta o risco de suicídio, traumas maiores e crimes 
violentos. 
 
[15] 
 
Os diversos efeitos do uso agudo são descritos no quadro a seguir; 
Sistema Efeitos do uso agudo 
Geral: Psicológicos 
 
 
• Euforia 
• Sensação de bem-estar 
• Estimulação mental e motora (ficar “Ligado”) 
• Aumento da autoestima 
• Agressividade 
• Irritabilidade 
• Inquietação 
• Sensação de anestesia 
Geral: Físico 
 
• Aumento do tamanho das pupilas 
• Sudorese 
• Diminuição do apetite 
• Diminuição da irrigação sanguínea dos órgãos 
Neurológico • Tiques (coordenação motora diminuída) 
• Derrame cerebral 
• Convulsão 
• Dor de cabeça 
• Desmaio 
• Tontura 
• Tremores 
• Tinido no ouvido 
• Visão embaçada 
Psíquico 
 
• Depressão (efeito rebote da intensa excitação) 
• Desconfiança e sentimento de perseguição (Noia) 
Cardiovascular 
 
• Aumento dos batimentos cardíacos 
• Batimento cardíaco irregular 
• Aumento da pressão arterial 
• Ataque cardíaco 
Respiratório • Parada respiratória 
• Tosse 
Social 
 
• Isolamento 
• Falar muito 
• Desinibição 
[16] 
 
Efeitos do uso Crônico 
O uso prolongado da cocaína faz com que o SNC promova algumas modificações para 
adaptar-se à nova situação. 
Tolerância 
É a necessidade de doses cada vez maiores para se obter o efeito esperado. No caso da 
cocaína, a tolerância aparece para os efeitos euforizantes e cardiovasculares. 
A sensação de EUFORIA desaparece completamente com o uso de doses regulares. 
A TOLERÂNCIA CARDIACA é parcial: com o uso repetido, há a diminuição da frequência 
cardíaca, apesar de ainda manter-se acima da média. 
Sensibilização 
É a exacerbação da atividade motora e dos comportamentos fixos após a exposição a 
doses repetidas de cocaína. A depleção dopaminérgica, resultado do uso crônico de 
cocaína, provoca alterações anatômicas e funcionais nos receptores neurais: há um 
aumento do número e da sensibilidade dos receptores pós-sinápticos de dopamina. 
Com a administração de cocaína, a dopamina liberada na fenda, além de permanecer 
mais tempo por ali, encontrará um número maior de receptores mais sensíveis para 
estimular. 
Kindling 
O processo de sensibilização pode levar ao aparecimento de convulsões. 
Neurônios de determinadas regiões do cérebro expostos intermitentemente às 
propriedades anestésicas da cocaína tornam-se mais sensíveis aos seus efeitos e 
disparam com maior rapidez a cada exposição. Com o uso crônico, a resposta neural é 
intensa, mesmo perante baixas doses da substância. O sistema límbico tem seu 
funcionamento elétrico alterado e essa disfunção pode se espalhar, causando 
convulsões generalizadas. 
Overdose 
Uma dose suficientemente alta pode levar a falência de um ou mais órgãos do corpo, 
provocando overdose, que pode acometer qualquer tipo de usuário (crônico,eventual 
ou iniciante). Os principais sistemas envolvidos na overdose são o circulatório, o 
nervoso central, o renal e o térmico. 
A overdose acontece em duas fases: 
A excitação inicial é seguida por fortes dores de cabeça, vômitos e convulsões graves. 
[17] 
 
Perda de consciência, depressão respiratória e falha cardíaca, levando à morte. 
Complicações Psiquiátricas 
Altas doses podem provocar alterações graves de comportamento devido ao prejuízo 
na capacidade de julgamento, da memória e do controle do pensamento. 
A sensação intensa de medo e paranoia pode levar o indivíduo a recorrer de violência. 
Formigamento e sensação de insetos rastejando sob a pele podem levar a escoriações 
na pele. 
Ansiedade, insônia e depressão são exacerbadas com o uso. 
Entre uma ingestão e outra os usuários ficam irritáveis e disfóricos. 
Complicações sociais 
Nas décadas de 1960 e 1970 pensava-se que os estimulantes promoviam o convívio e 
eram utilizados como “drogas de festas”. As pessoas os usavam inicialmente para 
reduzir a inibição social e promover a comunicação interpessoal. 
No entanto, o uso continuado provoca paranoia. Logo, os usuários passam a evitar 
aqueles que julgam poder “prejudicá-los”. 
Consequências sociais 
• Menor participação social 
• Menor capacidade de julgamento, resultando em dificuldades profissionais, 
familiares, sociais e comportamentos de risco. 
• Prejuízo da capacidade para o trabalho 
• Comportamento violento – é a principal causa de morte entre usuários 
(acidentes, suicídio, homicídio). 
• Atividade criminosa – Roubo para manutenção do uso 
• Prostituição – como moeda de troca. 
• Comportamento sexual de risco – sexo desprotegido e com múltiplos parceiros. 
• Disseminação de doenças e infecções (HIV – Seringas e sexo) 
• Efeitos sobre as crianças – maus tratos, maus cuidados, abuso, prejuízos no 
desenvolvimento... 
• Rompimento de vínculos familiares. 
• Custos econômicos: internações, tratamento do usuário e familiares. 
 
[18] 
 
Farmacologia – Álcool 
Introdução 
O uso do álcool é detectado desde os tempos pré-bíblicos, mas somente na virada do 
século XVIII para o século XIX, após a revolução industrial inglesa, é que aparece, na 
literatura, o conceito do beber nocivo. 
A produção do álcool até o século XVIII era artesanal. Com a revolução industrial 
inglesa, passou-se a produzi-las em larga escala, reduzindo o seu custo. Soma-se a isso 
o fato de que, com a urbanização, o perfil das relações sociais foi modificado e o álcool 
tem um importante papel nessas relações. 
Todas essas mudanças permitiram que um número muito maior de pessoas passassem 
a consumir o álcool com maior frequência. Foi a partir daí que alguns médicos 
começaram a observar uma série de complicações físicas e mentais, decorrentes desse 
uso excessivo. 
Frases da época 
“Beber começa com um ato de liberdade, caminha para o habito e, finalmente, afunda 
na necessidade” 
Benjamim Rush médico 1790 
“O hábito da embriaguez é uma doença da mente”. 
Thomas Trotter, médico, séc. XIX 
Transtornos físicos 
• Transtornos 
Gastroenterológicos 
• Transtornos 
Musculoesqueléticos 
• Transtornos Endócrinos 
• Câncer 
• Doenças cardiovasculares 
• Doenças respiratórias 
• Transtornos metabólicos 
• Transtornos hematológicos 
• Transtornos do SNC e 
periféricos 
Doenças hepáticas 
Os danos ao fígado constituem as consequências mais sérias do consumo excessivo do 
álcool. Mudanças irreversíveis tanto na estrutura quanto no funcionamento do fígado 
são comuns. A maioria das mortes (75%) atribuídas ao alcoolismo é causada por 
cirrose. 
São elas: 
[19] 
 
• Fígado gorduroso 
• Hepatite alcoólica 
• Cirrose alcoólica 
• Transtornos Psiquiátricos 
• Intoxicação alcoólica aguda 
• Convulsões 
• Delirium tremens 
• Alucinose alcoólica 
• Intoxicação patológica 
• Blackouts alcoólicos 
• Depressão 
• Suicídio 
• Hipomaníaca 
• Ansiedade 
• Ciúme patológico 
• Transtornos de personalidade 
• Transtornos alimentares 
• Esquizofrenia 
• Complicações sociais 
• Intoxicação Aguda 
A intoxicação aguda é quando o indivíduo ingere uma grande quantidade da 
substância. As alterações de comportamento decorrentes da intoxicação alcoólica 
aguda incluem comportamento sexual inadequado, agressividade, diminuição do 
julgamento crítico e funcionamento social e ocupacional prejudicados. 
Intoxicação Patológica 
Início súbito de comportamento agressivo e frequentemente violento, não típico do 
indivíduo quando sóbrio, que ocorre logo após a ingestão do álcool. Existe 
classicamente uma amnésia para o evento e o que se alega é que o agressor estava em 
um estado de transe ou automatismo. O episódio é normalmente seguido por um 
longo período de sono. 
Blackouts alcoólicos 
Referem-se a perda de memória induzida pela intoxicação. Essas ocorrências são 
relatadas em 1/3 dos indivíduos dependentes e, também, são relativamente comuns 
em usuários sociais, após um episódio de uso pesado. Podem ser em bloco (densa e 
total) ou fragmentária (fragmentos de amnésia). Durante um blackout, uma pessoa 
pode realizar qualquer tipo de atividade sem parecer estar num estado mental 
alterado. 
Complicações sociais 
Uma complicação social implica no fracasso em cumprir adequadamente um papel 
social desejado, ser pai/mãe, marido/esposa, filho/filha, profissional, estudante, 
motorista, etc. e que resulta em prejuízos para si mesmo e, quase que 
inevitavelmente, para outras pessoas. O indivíduo alcoolista geralmente perde sua 
reputação e a maneira como as outras pessoas pensam ou regem em relação a ele 
acaba reforçando seu novo papel como alcoolista 
Áreas mais afetadas: 
• Funcionamento familiar 
[20] 
 
• Problemas no trabalho 
• Habitação 
• Dificuldades financeiras 
• Crimes 
• Dirigir alcoolizado 
• Vitimização 
• Funcionamento familiar e violência domestica 
O uso abusivo do álcool (e outras drogas) está frequentemente associado a mau 
funcionamento familiar, violência doméstica e abuso físico e sexual de crianças. 
• Problemas no trabalho 
São muitas as influências adversas que o uso abusivo do álcool pode ter sobre o 
trabalho acometem desde a presidência ao chão da fábrica. Os perigos e prejuízos 
variam de acordo com a profissão. 
• Habitação 
Nas áreas urbanas, os problemas de habitação e os problemas com uso abusivo de 
álcool geralmente caminham juntos. São eles: 
• Má manutenção da casa 
• Problemas com os vizinhos 
• Falta de pagamento de aluguéis e taxas 
• Muitas mudanças de endereço 
• Dificuldades financeiras 
Beber excessivamente é um ato dispendioso. Além das despesas com si próprios, 
muitos usuários gastam dinheiro com amigos, taxis para voltar pra casa, almoços fora 
de casa, consumo aumentado de cigarros, jogos uma demissão de emprego, etc. 
• Crimes 
Com muita frequência o álcool parece ser o responsável pela desinibição e liberação 
de comportamentos violentos ou sexualmente agressivos, mas isso não prova que o 
álcool causou o comportamento criminoso, apesar de estar cada vez mais comprovada 
essa ligação genuína. 
• Dirigir alcoolizado 
Apesar da legislação atual o índice de pessoas que dirigem alcoolizadas é de 16% 
• Vitimização 
Uma pessoa embriagada torna-se alvo fácil de ladrões e pessoas violentas. 
[21] 
 
Farmacologia – Tabaco 
Introdução 
A organização mundial da saúde (OMS) estima que um terço da população mundial 
seja fumante. 1.200.000.000 pessoas fumantes. 
No Brasil, segundo pesquisa do centro brasileiro de informações sobre drogas 
psicotrópicas (CEBRID) o número de pessoas que já experimentaramtabaco é de 44%, 
sendo que 10,1% são dependentes da nicotina 
O Tabagismo é uma pandemia (epidemia que atinge proporções mundiais) responsável 
pela segunda causa principal de morte. Atualmente é, responsável pela morte de 1 a 
cada 10 adultos no mundo (aproximadamente 5 milhões de mortes a cada ano). 
Acredita-se que metade das pessoas que fumam hoje morrerá eventualmente em 
decorrência de doenças relacionadas ao tabaco. 
Farmacologia 
A nicotina é uma droga vasoconstritora (reduz o tamanho das veias/ artérias), é 
hipertensora e agregante plaquetária (acumula placas de gordura). 
O tabagismo é fator de risco para mais de 50 doenças. Entre elas podemos citar: 
 Doenças cardiovasculares 
• Angina 
• Infarto agudo do miocárdio 
• Acidente vascular cerebral 
• Tromboangiite obliterante 
Cânceres 
• Pulmão 
• Boca 
• Laringe 
• Esôfago 
• Rim 
• Bexiga 
• Útero 
• Fígado 
• Faringe 
• Pâncreas 
Doenças pulmonar obstrutiva crônica: 
• Bronquite/ enfisema 
Citam-se ainda: 
• Hipertensão arterial 
• Leucemia 
• Catarata 
• Menopausa precoce 
• Úlcera péptica 
• Disfunção erétil 
• Impotência sexual 
 
22 
 
Farmacologia – Maconha 
Introdução 
O primeiro registro do uso de Cannabis Aparece no Book os Drugs, escrito em 2737 
a.C. pelo imperador chinês Shen Nung: prescrevia Cannabis para tratamento de gota, 
malária, dores reumáticas e doenças femininas. Aparentemente os chineses tinham 
muito respeito pela planta. Durante milhares de anos, utilizavam-na medicinalmente e 
dela extraíam fibras para fabricação de tecido. Porém, foi somente no início do século 
XX que o uso da Cannabis como medicamento praticamente desapareceu no mundo 
ocidental, em razão da descoberta de drogas sintéticas. 
Recentemente voltou-se a discutir o uso terapêutico da maconha, gerando 
considerável controvérsia a respeito. Por um lado, estudos já demonstraram que o 
princípio ativo puro da maconha [delta-9-tetra-hidrocanabinol (THC)] é útil no alívio de 
náuseas e vômitos e na estimulação do apetite. Os efeitos analgésicos, 
antiespasmódicos, anticonvulsivantes, de bronco dilatação em casos de alívio da 
pressão intraocular em casos de glaucoma requerem mais pesquisas. Porém, por outro 
lado, existem medicamentos sintetizados, para essas finalidades, mais seguros e 
eficazes, não justificando a utilização de uma droga que pode gerar dependência e 
cujos efeitos nocivos ainda não são completamente conhecidos. 
A maconha é a droga ilícita mais consumida no mundo. Em, 2006, o United Nations 
Office on Drugs na Crime (UNODC) estimou que 166 milhões de pessoas ou 3,9% da 
população mundial, de idades entre 15 e 64 anos, consumiram maconha. 
 
 
23 
 
Efeitos do uso agudo 
 
Gerais  Relaxamento 
 Euforia 
 Aumento do prazer sexual 
 Pupilas dilatadas/ conjuntivas vermelhas 
 Boca seca 
 Aumento do apetite 
 Alívio da dor 
 Dores de cabeça 
 Tontura 
 Náusea reduzida 
 Risco maior de acidentes 
 Cansaço 
Psíquicos  Ansiedade, leve à grave 
 Ataques de pânico 
 Risco aumentado de sintomas psicóticos 
 “Pensamentos profundos” / mudanças de nível de 
consciência 
 Sentidos mais aguçados 
Neurológios  Atenção e memória alteradas 
 Lentidão 
 Coordenação motora alterada 
Respiratórios  Rinite/faringite 
 Tosse, asma, etc. 
Cardiovasculares  Palpitação, agitação/tensão 
 Aumento da pressão arterial 
Efeitos do uso crônico 
 Dependência 
 Fadiga crônica e letargia (moleza) 
 Dor de cabeça 
 Irritabilidade 
 Dor de garganta crônica 
 Problemas respiratórios (bronquite, piora da asma, tosse, etc.) 
 Diminuição a coordenação motora 
 Alterações da atenção, concentração e memória 
 Depressão 
 Ansiedade 
 Mudanças rápidas de humor 
 Isolamento social 
 Afastamento das atividades escolares e de trabalho, lazer e outras 
atividade sociais 
 Síndrome amotivacional 
 Ataques de pânico 
 Mudanças de personalidade 
 
24 
 
Problemas Associados ao Uso de Maconha 
1. Uso precoce 
Estudos recentes mostram evidências que o uso precoce da maconha é um preditor de 
uso nos anos subsequentes: um estudo com jovens australianos mostra que de cada 5 
indivíduos que fizeram o uso de maconha em algum momento da vida quatro 
continuarão depois. Além disso, quanto mais precoce for o início maiores os prejuízos 
da droga no organismo. 
2. Dependência 
A dependência da maconha é diagnosticada, há algum tempo, nos mesmos padrões 
que outras substâncias. Muitos estudos comprovam que estes critérios de 
dependência aplicam-se tão bem à dependência da maconha quanto a outras drogas. 
Comparada à outras drogas, um entre dez indivíduos que usaram maconha na vida se 
torna dependente num período de quatro a cinco anos de consumo pesado. Este risco 
é comparável ao risco de dependência do álcool (15%) do que de outras drogas 
(tabaco 32% e opióides 23%). 
3. Síndrome de abstinência 
Verificar parte 1, síndrome de abstinência de maconha. 
4. Alteração das funções cognitivas 
O uso prolongado de maconha pode acarretar alterações sutis na memória, atenção, 
organização e interação de informações complexas. Apesar de sutis, essas alterações 
podem afetar o funcionamento do dia-a-dia. Chegou-se a observar que usuários de 
maconha tendem a obter resultados inferiores a não usuários em testes que medem a 
capacidade intelectual (QI). 
Não se sabe ainda se os danos podem ser completamente revertidos após a cessação 
do uso de maconha, mas os principais sintomas tendem a desaparecer com a 
continuidade da abstinência. 
5. Prejuízo das vias respiratórias 
O uso crônico da maconha está associado à bronquite crônica, provocando danos a 
longo prazo às vias respiratórias, o que pode levar, em última instância, ao câncer de 
pulmão e destas vias. 
6. Síndrome amotivacional 
Dentre os efeitos negativos do uso da maconha mais mencionados na prática clínica e 
em estudos, a síndrome amotivacional, que é a perda de vontade, energia e motivação 
 
25 
 
para realizar as atividades rotineiras, é a amais evidente. Os usuários de maconha não 
abandonam suas ocupações, compromissos sociais e familiares, mas se sentem muito 
estagnados e paralisados para perseguir outros objetivos ou mesmo modificar algo 
que, nesta situação, os incomoda. 
Mitos e verdades 
MITO: A maconha pode deixar o usuário louco 
VERDADE: A maconha pode induzir a uma psicose aguda (desorganização mental 
grave), com os seguintes sintomas: confusão mental, perda da memória, delírio, 
alucinações, ansiedade, agitação. Este quadro está muito associado ao período de 
intoxicação. A maconha pode precipitar quadros psicóticos como a esquizofrenia em 
pessoas vulneráveis. Pode também exacerbar sintomas naquelas pessoas que já 
apresentaram alguma doença mental, como esquizofrenia e depressão. 
MITO: Fumar maconha durante a gravidez não é tão perigoso 
VERDADE: Estudos sugerem que o uso da maconha durante a gravidez, principalmente 
no primeiro semestre, gera dificuldades de desenvolvimento fetal e nascimento de 
bebês abaixo do peso, pois esta droga estimula parto prematuro, aumenta a 
possibilidades de defeitos no nascimento, os bebês podem apresentar distúrbios de 
comportamento e desenvolvimento durante as primeira semanas após o nascimento e 
mais tarde dos 4 aos 12 anos. 
MITO: A maconha não gera dependência 
VERDADE: A maioria das pessoas que experimenta esta droga não se torna usuário 
regular e, destes, poucos se tornam dependentes. Um estudo recente nos Estados 
Unidos mostrou que 10% dos que experimentam maconha se tornam dependentes, 
15% dos que experimentam álcoolse tornam dependentes e 17% dos que 
experimentam cocaína se tornam dependentes, ela possui síndrome de abstinência 
(ver parte 1 síndrome de abstinência de maconha) e evidência de tolerância. Hoje em 
dia, a dependência de maconha é vista da mesma forma que a de outras drogas. 
MITO: Fumar maconha faz menos mal que cigarro 
VERDADE: Não é porque o cigarro é uma droga considerada legal que faça menos mal 
que a maconha. O cigarro de maconha possui também o alcatrão, entre outra 
substâncias, que é um dos mais nocivos componentes que o cigarro possui. Mas a 
maconha e o cigarro compartilham alguns efeitos tanto agudos como crônicos, dentre 
eles os efeitos irritativos nos pulmões e efeitos estimulantes, tanto na nicotina como 
no THC, no coração, principalmente para indivíduos com algum problema prévio neste 
órgão. No que se refere aos efeitos crônicos, tanto cigarro quanto a maconha geram 
distúrbios respiratórios crônicos, tipo bronquite, câncer de pulmão, boca, esôfago e 
 
26 
 
estômago. A quantidade de cigarros de tabaco fumadas é maior que a média dos que 
fumam maconha, mas o tempo que o usuário de maconha retém a fumaça nos 
pulmões e o fato de fumarem sem filtro, o que faz com que sua fumaça tenha 50% 
mais substâncias cancerígenas que o tabaco, facilita ainda mais o aparecimento de 
irritação e câncer nas vias respiratórias. 
MITO: Fumar maconha faz menos mal que álcool. 
VERDADE: O uso agudo da maconha traz pelo menos os mesmo riscos do que a 
intoxicação pelo álcool. As duas drogas produzem: 
1. Dependência. 
2. Alterações mentais significativas. 
3. Comprometimento do desempenho profissional. 
4. Aumento da mortalidade por acidentes, suicídio e violência. 
 
 
27 
 
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS 
 
- FLIGIE, Neliana Buzi; Bordin, Selma; LARANJEIRA, Ronaldo. Aconselhamento em 
dependência química. Segunda edição. São Paulo: Roca, 2010. 
 
- ZANELATTO, Neide A.; LARANJEIRA, Ronaldo. O tratamento da dependência 
química e as terapias cognitivo-comportamentais. Terapia Cognitivo-
Comportamental em Grupos. Porto Alegre: Artmed, 2013. 
 
- Bieling, Peter J.; McCABE, Randi E.; ANTONY, Martin M.; Terapia Cognitivo-
Comportamental em Grupos. Tradução Ivo Haun de Oliveira – Porto Alegre: 
Artmed, 2008. 
 
- BECK, Judith S.; Terapia Cognitiva: teoria e prática. Tradutora Sandra Costa. 
Porto Alegre: Artmed, 1997. 
 
- JUNGERMAN, Flávia S.; SILVA, Neide A. Zanelatto da. Tratamento psicológico do 
usuário de maconha e seus familiares: uma manual para terapeutas – São 
Paulo: Roca, 2007. 
 
- BRASIL. Presidência da República. Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas. 
Drogas: cartilha sobre tabaco. Brasília: Presidência da República. Secretaria 
Nacional de Políticas sobre Drogas, 2010. 
 
 
- BRASIL. Presidência da República. Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas. 
Drogas: cartilha sobre maconha, cocaína e inalantes. Brasília: Presidência da 
República. Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas, 2010. 
 
 
28 
 
Parte 5 – Terapia Cognitiva e 
Comportamental 
Introdução 
 
Esse capítulo foi elaborado para treinar os indivíduos que tentam deixar o uso de 
drogas com técnicas eficientes no tratamento da dependência química. As técnicas 
utilizadas são baseadas na terapia cognitivo-comportamental (TCC) em grupos. A TCC 
tem uma enorme quantidade de estudos atestando sua eficácia, o que a levou ao 
status de mais importante e mais bem validadas entre as abordagens psicoterápicas. 
A TCC em grupo é uma abordagem respeitosa e colaborativa que fomenta a auto 
eficácia do paciente. É compatível com os tratamentos mais amplamente disponíveis 
como os 12 passos. Em virtude de seu forte foco em habilidades, a TCC grupal é ideal 
para pessoas que carecem de habilidades específicas de manejo tanto na relação 
direta com o uso da droga (por exemplo, capacidade de recusar bebidas e outras 
drogas, manejo emocional) quanto ao ato de lidar com as circunstâncias de vida que 
podem desencadear o uso. 
Uma sessão após a outra, o indivíduo irá conhecer as técnicas necessárias para 
conquistar e manter a abstinência. O Desenvolvimento dessas habilidades não é 
adquirido como mágica e muitas vezes pode não ocorrer naturalmente. É algo que 
precisa ser praticado com persistência. Por tanto, existe a necessidade de 
comprometimento, paciência e muito treino. 
 
 
 
29 
 
Matriz Decisória 
Nesta reunião iremos discutir sobre os prós e contras de alterar o comportamento de 
uso da droga. Para isso iremos utilizar um instrumento que ajuda a tomar decisões 
chamado “matriz decisória”. Este instrumento pode ser usado para outras finalidades 
como mudar ou não de um emprego, afastar-se ou não de um amigo... 
Instruções: 
1- Preencher no primeiro espaço os prós de continuar usando 
2- Preencher no segundo quadro os contras de continuar usando 
3- Preencher no primeiro espaço os prós de manter a abstinência 
4- Preencher no segundo quadro os contras de manter a abstinência 
 
Prós de continuar usando Contras de continuar usando 
De que você gosta na droga? De que você não gosta na droga? 
De que você gosta em si mesmo quando usa? De que você não gosta em si mesmo 
 
Consequência na família, trabalho, saúde... Consequência na família, trabalho, 
saúde... 
 
 
 
 
Prós de manter a abstinência Contras de manter abstinência 
De que você gosta em si mesmo De que você não gosta em si 
mesmo 
Quando não usa? Quando não usa? 
Consequência na família, trabalho, saúde... Consequência na família, trabalho, 
saúde... 
 
 
30 
 
Situações de Alto Risco 
Fundamentos 
Uma análise de 311 episódios de recaída, Cummins, Gordon e Marlett 
identificaram três situações primárias de alto risco associadas a 75% de todas as 
recaídas: 
I. Estados emocionais negativos = 35% 
II. Pressão social = 20% 
III. Conflito interpessoais = 16% 
Sendo assim fica evidente a importância de identificarmos as situações que podem 
oferecer risco à nossa meta de manter a abstinência. Nessa sessão iremos aprender 
somente a identifica-las e na próxima sessão iremos conhecer algumas técnicas para 
lidar com essas situações. 
Mas afinal o que é uma situação de alto risco (SAR)? 
Uma SAR é aquela que impõe uma ameaça ao indivíduo e o impede de se controlar. 
Exemplos de situações de alto risco 
Estados emocionais negativos (35%): 
 Frustração 
 Raiva 
 Depressão 
 Medo 
 Solidão... 
Estados físicos e fisiológicos negativos: 
 Abstinência 
 Dor 
 Contusão 
Estados emocionais positivos: 
Teste de controle pessoal: expor-se a situações de alto risco para testar sua habilidade 
de controlar-se 
Conflito com companheiro, família ou amigos que gera (16%): 
 
31 
 
 Frustração ou Raiva; 
 Outros sentimentos (ansiedade, apreensão, etc.). 
Pressão social (20%): 
 Direta: Ex. quando amigos insistem para que entre na roda de maconha. 
 Indireta: Ex. quando cede ao uso ao pensar no pai, que é seu modelo e tem o 
habito de beber. 
Técnicas para identificar situações de alto risco 
As situações de alto risco são diferentes para cada pessoa, por isso cada um 
deve aplicar as técnicas aqui apresentadas para definir com maior clareza 
quais são as suas própria situações de alto risco. 
1º Técnicas do auto monitoramento 
Método: Registro da compulsão, e desejos de uso. Anotar também as 
habilidades usada para evitá-los e se foram bem sucedidas ou não. 
2º Avaliações de auto eficácia 
Método: fazer uma lista de situações de alto risco. 
1. Numerar de 0 a 10 o grau de tentação que sentirá; 
2. Numerar de 0 a 10 o grau de segurança paralidar com a situação. 
3. O que você realmente faria nessa situação? 
Objetivo: verificar as quais as habilidades de enfrentamento eu preciso para 
manter a abstinência e o quanto eu estou preparado para lidar com ela. 
3º Descrições de episódios anteriores ou fantasias de recaída 
Método: Analisar as recaídas pelas quais passou, ou teme passar, pode ser 
uma fonte de informação e aprendizado. 
Para conduzir sua reflexão nessa técnica, você pode responder as perguntas 
que seguem, como um roteiro: 
1. Quais foram as circunstancia que culminaram ou culminariam com o 
uso inicial? 
2. Que habilidades seriam necessárias para enfrentar essa situação? 
3. De que maneira o uso inicial evolui para uma recaída? 
4. O que pensou a respeito do uso inicial? 
 
32 | P á g i n a 
 
 
Tarefa 
1. Identifique duas situações que representam alto risco para sua 
recuperação e diga qual foi o método utilizado para identificá-las. 
 
 
33 | P á g i n a 
 
Assertividade 
Fundamento 
Assertividade é a habilidade social de fazer afirmação dos próprios direitos e expressar 
pensamentos, sentimentos e crenças de maneira direta, clara, honesta e apropriada ao 
contexto, de modo a não violar o direito das outras pessoas. A postura assertiva é uma 
virtude, pois se mantém no justo meio-termo entre dois extremos inadequados, um 
por excesso (agressão), outro por falta (submissão). Ser assertivo é dizer "sim" e "não" 
quando for preciso 
Direitos significam: 
- Expressar sua opinião 
- Falar sobre seus sentimentos 
- Pedir que outros mudem o comportamento que o afeta 
- Aceitar ou recusar qualquer coisa que peçam 
Há quatro estilos de comportamento ou resposta: passivo, agressivo, passivo-
agressivo e assertivo. 
Passivo: pessoas que tendem a abrir mão de seus direitos, quando acreditam na 
possibilidade de que para defendê-los precisam entrar em conflito com alguém. 
Normalmente não deixam os outros saberem o que pensam ou sentem, escondendo 
seus sentimentos, mesmo quando isso não é necessário. Consequentemente estão 
sempre se sentindo ansiosas ou com raiva. Às vezes ficam deprimidas com sua falta de 
efetividade, ou magoadas com os outros. As pessoas não têm como saber o que esse 
indivíduo pensa ou deseja e acabam fazendo as coisas do jeito que querem. Além 
disso, podem ficar ressentidas por não dizerem o que desejam. 
Agressivo: são aquelas que agem para proteger os seus direitos, mas ao fazerem isso 
acabam subestimando o direito dos outros. Apesar de terem suas necessidades 
imediatas satisfeitas, os resultados da agressividade são frequentemente negativos em 
longo prazo. Como desconsideram as necessidades alheias para conseguirem o que 
querem, acabam por entrar em suas “listas negras” e poderão sofrer retaliações no 
futuro. 
Passivo-agressivo: são pessoas cujo comportamento exteriorizado não corresponde 
exatamente àquilo a que pensam ou sentem. Podem indicar o que querem, fazendo 
comentários sarcásticos ou murmurando coisas, sem dizer diretamente o que está em 
suas mentes. Ou, então, podem “dizer” o que sentem batendo portas, agindo com 
indiferença com relação à pessoa, atrasando-se... Às vezes, podem conseguir o que 
querem sem negociar diretamente. No entanto, as pessoas ao redor normalmente não 
 
34 | P á g i n a 
 
intendem a mensagem e se sentem confusas ou com raiva e o passivo-agressivo acaba 
se sentindo frustrado e vítima da situação. 
Assertivo: a pessoa assertiva decide o que quer, planeja uma forma de conseguir e 
age. Normalmente, o plano mais eficaz é deixar claro suas opiniões e sentimentos e 
solicitar ao outros as mudanças que gostaria que fizesse, diretamente, evitando 
ameaças e declarações negativas. No entanto uma pessoa assertiva pode decidir que 
uma resposta passiva é a melhor (com um chefe insensível), ou que uma resposta 
agressiva é necessária (com pessoas que inúmeras solicitações feitas de maneira 
assertiva não tenham funcionado). É típico da pessoa assertiva que adapte seu 
comportamento à situação. Geralmente, sentem-se satisfeitas e são bem vistas. A 
assertividade é o modo mais efetivo de fazer com que as pessoas saibam o que se 
passa com você ou que efeito o comportamento dele tem sobre você. Ao se expressar 
assertivamente você pode resolver sentimentos desconfortáveis que, de outra 
maneira, permaneceriam e cresceriam e geralmente resulta na solução de problemas e 
em sentir o controle da própria vida. A pessoa assertiva não se sente vítima das 
circunstâncias. No entanto, é importante deixar claro que suas metas não podem ser 
atingidas em todas as situações, uma vez que nunca se pode controlar a resposta dos 
outros. 
 
Técnicas de manejo 
Pensar antes de falar. Identifique aquilo a que você está reagindo. O que a outra 
pessoa lhe fez? Tente não tirar conclusões sobre as intenções dela. Não assume que 
ela deve saber o que se passa em sua mente. 
Planeje melhor o jeito de falar. Seja direto e específico naquilo que disser. Evite 
misturar outros assuntos. Seja positivo, sem pedir desculpas ou fazer apologias. Não 
deixe a outra pessoa mal. Culpa-la somente irá provocar uma reação defensiva e 
diminuirá probabilidade de que ela o ouça. 
Preste atenção à sua linguagem corporal. Contato visual, gestos, postura, expressões 
faciais e tom de voz. Suas palavras e expressões devem levar a mesma mensagem. Fale 
firmemente. 
Mostre vontade de ser compreensivo. As pessoas ouvirão se souberem que você 
trabalhará para resolver a situação. Ninguém quer sair com a sensação de fracasso. 
Tente achar um jeito para que ambos ganhem. Tente compreender seu ponto de vista 
e peça esclarecimentos, se forem necessários. Se discordar de algo, fale sobre isso. 
Não domine, nem submeta. Busque um senso de igualdade no relacionamento. 
 
35 | P á g i n a 
 
Insista. Se você achar que não está sendo ouvido, precisará agir novamente. Em 
algumas circunstâncias, persistência e consistência serão necessárias à assertividade. 
Mudar uma forma habitual de responder requer esforços conscientes e o desejo de 
conviver com o não natural por certo período. Alguém não assertivo terá que se 
esforçar inicialmente, já que a resposta não assertiva ocorrerá quase 
automaticamente. O primeiro passo é ficar atento à sua forma habitual de responder e 
fazer um esforço consciente de mudança 
Lembre-se tenha sempre em mente ao praticar a assertividade: 
 Pense um pouco antes de falar. 
 Seja específico e direto naquilo que disser. 
 Preste atenção à sua linguagem corporal. 
 Esteja disposto a se comprometer. 
 Repita novamente, se achar que não foi ouvido. 
Exercício prático 
Este exercício tem a finalidade de ajudá-lo a identificar o estilo que você tem usado 
nas várias situações sociais. Eleja três situações sociais diferentes antes da próxima 
reunião, descreva-as e a forma como você respondeu. 
Exemplo: 
Situação Um: 
_______________________________________________________________________ 
Sua Resposta: 
_______________________________________________________________________ 
Qual foi o estilo utilizado? ( ) Passivo ( ) Agressivo ( ) Passivo-Agressivo ( ) Assertivo 
Como você poderia ter respondido assertivamente a cada uma dessas três situações 
(caso não tenha sido)? 
 
 
36 | P á g i n a 
 
Habilidade de Iniciar Conversações 
Fundamentos 
Conversar é o primeiro passo para estabelecer contatos casuais ou íntimos com outras 
pessoas. É uma habilidade de comunicação básica. 
Algumas pessoas têm mais facilidade e outras, mais dificuldade. De qualquer forma 
sempre podemos melhorar. 
As pessoas, de uma maneira geral, sentem-se mal quando uma conversa é vazia e bem 
quandoé agradável e interessante. 
Há uma grande relação entre habilidade e conforto em estabelecer conversações e 
problemas com álcool/drogas: 
Algumas pessoas usam álcool/drogas porque acreditam que isso as ajuda a conversar 
com as pessoas em festas e encontros e se sentem desconfortáveis ou incapazes sem o 
uso. 
Algumas pessoas evitam se socializar ou encontrar pessoas em virtude dessa 
dificuldade, o que contribui para solidão, tédio e isolamento (situação de risco). 
Frequentemente pessoas que usam drogas têm amigos que também usam drogas. As 
pessoas que decidem parar de usar podem se sentir solitárias e é muito importante 
começar a conhecer novas pessoas e construir novas amizades, como alternativa para 
reduzir a tentação de retornar aos lugares e amizades anteriores. 
Técnicas de manejo 
Falsas percepções que podem ser obstáculo no início de conversações: 
Que se deva apenas falar de assuntos importantes, sérios e de grande relevância. 
Não é necessário iniciar uma conversa sobre a fome do mundo ou sobre as políticas 
nacionais. Não precisamos resolver os problemas do mundo na primeira conversa com 
alguém. A conversa deve ser divertida, uma forma de compartilhar ideias, ou de 
conhecer pessoas de uma maneira confortável. Logo, não há problema em começar 
uma conversa com assuntos pequenos e menos relevantes. Esportes, o clima, as 
pessoas conhecidas em comum são boas e simples portas de acesso a conversas. 
Que você é totalmente responsável por manter uma conversa. Conversar é um 
processo de duas vias, em que cada pessoa contribui igualmente. Assim, comece com 
um assusto que proporciona que a outra pessoa possa responder fácil e 
confortavelmente. 
 
37 | P á g i n a 
 
Que você nunca deve falar de você mesmo. Alguns aprendem que falar sobre si 
mesmo não é polido e geralmente se sentem desconfortáveis nessas situações. Alguns 
estudos de psicologia social mostra que pessoas gostam de pessoas que tem interesses 
e atitudes semelhantes. A única maneira de conseguir saber quais são as ideias e os 
gostos que compartilhamos é falar sobre isso, de forma a estimular que o outro fale 
também. Falando de nós abrimos a porta para que o outro fale sobre ele. Dê o 
exemplo. É bom falar sobre nós mesmos. Você pode falar sobre si mesmo enquanto 
conversa sobre coisas simples. Se a conversa tiver como tema automóveis, você pode 
dizer, por exemplo, por que gosta de determinado modelo. O nível das revelações 
varia de situação a situação, de pessoa a pessoa. 
Aqui estão algumas sugestões que ajudam no início de uma conversa. 
Ouça e observe. As pessoas dão pistas que podem ajudá-lo a decidir sobre o assunto 
que da conversa. Essas pistas estão nas conversas que estão tendo com outras pessoas 
ou nas coisas em que estão interessadas. Como você percebe se as pessoas estão 
interessadas ou aborrecidas? Aproxime-se de alguém quando este não em alguma 
atividade, com pressa, ou no meio de uma conversa. Se essa pessoa estiver em meio a 
um grupo, espere até que haja uma “brecha” no assunto. Não hesite nem interrompa. 
Deixe que a pessoa saiba que você quer falar. Estabeleça contato visual e dizendo 
algo primeiro, em vez de permanecer ali e esperar que ele fale. Perceba se sua xícara 
de café está vazia e sugira que completem sua xícara juntos. Pergunte se conhece 
alguém ali. Lembre-se a conversa não tem que ser de “peso”. 
Use questões de final aberto. Essa é uma técnica simples e muito efetiva em manter 
uma conversação. Uma pergunta de final aberto encoraja uma discussão, enquanto 
uma fecha pode ser respondida com um simples sim ou não. Por exemplo: “o que você 
achou do filme?” versus “você gostou do filme?”. Perguntas abertas sinalizam que 
você quer conversar. 
Checar se a conversa está sendo bem recebida. Como o outro está respondendo? As 
respostas às suas perguntas estão sendo curtas? A pessoa está devolvendo perguntas 
e comentários? Está olhando para o relógio, olhando para outros pontos, ou por trás 
de você? Ou está mantendo contato visual posicionado à sua frente? Se parecer que a 
pessoa não está interessada, termine a conversa. Você não tem de dizer tudo na 
primeira conversa. Lembre-se que a conversa deve ser divertida e fácil. Se alguma das 
partes não tiver aproveitando, termine a conversa de maneira delicada. As conversas 
podem ser longas ou breves. É preciso ter cuidado para não sobrecarregar o 
interlocutor. Se achar que o assunto não está interessante ou está desconfortável para 
o outro, mude-o. 
Termine a conversa delicadamente. Quando a conversa tiver chagando a um final ou 
alguém tiver que ir embora, você pode terminar a conversa de maneira educada, 
 
38 | P á g i n a 
 
dizendo algo agradável a respeito do quanto aproveitou ou gostou da conversa. Você 
pode mencionar que tem de sair ou que percebe que ela tem de ir embora e talvez se 
encontrem mais tarde. Basicamente, o apropriado aqui é deixar seu convite com a 
sensação de que você gostou da conversa e que seu sentimento é sincero. Terminar de 
forma agradável aumenta a probabilidade de que a pessoa queira voltar a falar com 
você. 
 
 
39 | P á g i n a 
 
Habilidade de fazer e receber críticas. 
1- Fazer críticas: 
Fundamentos 
Às vezes desaprovamos ou achamos desagradáveis algumas coisa que outras pessoas 
fazem. É importante saber dizer-lhes isso e pedir-lhes que mudem, sem, no entanto, 
magoá-las ou causar discussões. 
Fazer isso pode ser muito difícil. Muitas pessoas falham por diversas razões 
- Acham que fazer isso é feio. 
- Querem evitar magoar a outra pessoa. 
- Têm medo de “perder” a pessoa ou de serem rejeitadas. 
- Têm medo de começar uma briga. 
Essa relutância é normalmente, resultado de anos de experiência com a crítica 
“destrutiva”. As habilidades a serem praticadas aqui se referem a como fazer uma 
crítica “construtiva”. 
Há muitas razões para aprender a fazer críticas construtivas: 
- Muitas vezes, as pessoas fazem coisas que irritam as pessoas à sua volta e nem 
mesmo percebe e isso pode limitar sua habilidade de interagir com sucesso. Ao 
dizermos que seu comportamentos é desagradável (interromper quem fala estar 
sempre muito atrasado, não cumprir o que promete, etc.) estaremos ajudando-
as. 
- Se ficarmos durante muito tempo evitando fazer uma crítica necessária, 
provavelmente acabaremos nos sentindo estressados e desconfortáveis com o 
relacionamento. Depois de algum tempo, sentiremos raiva, frustração ou 
ressentimento e esses sentimentos se refletirão no dia a dia no nosso 
comportamento com essa pessoa. 
- Além de mudanças positivas, nossa habilidade em fazer críticas construtivas nos 
ajudará (e ao outro) a nos sentirmos bem sobre nossas capacidades de discutir e 
resolver nossas dificuldades. 
- Uma crítica destrutiva não traz resultados positivos, pois é percebida como 
“ataque pessoal”. Diante de um ataque a pessoa tem duas opções, fugir 
(ressentida) ou atacar (defender-se). O resultado é um distanciamento ou uma 
séria discussão. 
 
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Muitos usuários relatam que fazem o uso de drogas quando se sentem frustrados ou 
com raiva de outras pessoas por causa de conflitos interpessoais. Esses conflitos 
podem ser gerados por críticas colocadas de maneira destrutiva. 
 
 
Técnicas de manejo 
Acalme-se. Se estiver com raiva ou a ponto de explodir, espere alguns minutos até 
sentir-se calmo, antes de falar. 
Ao fazer uma crítica, fale sobre seu sentimento e não sobre o comportamento do 
outro. Por exemplo, imagine que seu filho não telefonou como disse que faria. Ao 
invés de lhe dizer “você nunca cumpre o que promete, você não se importa com 
ninguém”, diga-lhe” senti-me ignorada, desprezadae muito aflita por você não ter 
telefonado como disse que faria”. Isso tem menos probabilidade de gerar um 
comportamento de defesa e de provocar uma discussão. Uma boa forma de lembrar-
se disso é usar o seguinte tipo de frase: “quando você faz X, eu me sinto Y”. Perceba 
como isso é diferente de “X é uma coisa rui de se fazer”. 
Faça uma crítica com um tom de voz firme e claro, mas não raivoso. Se a crítica for 
recebida em um contexto de explosão emocional, será menor a probabilidade de ser 
internalizada. O sarcasmo, a raiva e a ironia podem ser efetivos para punir e esse não é 
o objetivo da crítica construtiva. 
Dirija sua crítica ao comportamento da pessoa e não a pessoa como um todo. Todos 
nós aceitamos o fato de que, às vezes, fazemos coisas que aborrecem as outra 
pessoas. No entanto, é muito provável que nos tornemos defensivos e argumentativos 
se nos fizerem uma crítica pessoal ou nos ofenderem. Um comportamento que 
aborrece não faz de ninguém uma má pessoa. Por exemplo: imagine que tenha usado 
a calculadora de uma pessoa e que tenha se esquecido de colocá-la no lugar. Ao 
chegar, lhe diz ele: “como você é burro, não sabe que não é para deixar minhas coisas 
por aí?”. Como você se sentiria? Como reagiria? E se a crítica fosse colocada dessa 
maneira: “você não guardou minha calculadora e isso me incomoda”. Como você se 
sentiria? Como reagiria? 
Solicite uma mudança de comportamento específica. Às vezes, presumimos que o 
outro sabe o que deve ser feito para nos agradar. Mas, geralmente, não sabe. Aquilo 
que pode ser completamente obvio para uma pessoa pode não ser para outra. Assim, 
ao fazer uma crítica sobre determinado comportamento, diga, especificamente, o que 
você gostaria que tivesse sido feito. No exemplo do segundo item, devemos 
acrescentar à crítica formulada “senti-me ignorada, desprezada e muito aflita por você 
 
41 | P á g i n a 
 
não ter telefonado como disse que faria. Gostaria que tivesse cumprido o combinado”. 
O exemplo do quarto item ficaria assim: “você não guardou minha calculadora e isso 
me incomoda. Eu gostaria de encontrá-la no lugar quando precisar dela”. 
Esteja disposto a firmar um compromisso com a pessoa. A meta não é ganhar uma 
batalha, mas alcançar uma solução mutuamente satisfatória. Por exemplo, você pode 
estar insatisfeito com seu irmão por que este frequentemente traz amigos para fazer 
festa em casa, que geralmente termina muito mais tarde que o combinado. Ao 
contrário de ficar insistindo para que ele termine no horário permitido, ou brigar para 
não ter mais festas, você pode fazer um compromisso de concordar com longas festas, 
mas num intervalo de dois meses e num dia que lhe seja adequado. 
Inicie a conversa com comentário positivos. A melhor crítica é aquela que contém um 
elogio. Podemos reforçar um ponto forte da pessoa que poderá ajudar a reforçar um 
ponto fraco. Por exemplo: “filho você sempre respeitou a privacidade minha e de seu 
pai, consultando-nos sobre as pessoas que pretendia traze a nossa casa. No entanto, 
hoje de manhã, surpreendi-me quando dei de cara com uma garota em nosso 
banheiro. Fiquei assustada, a princípio, e depois zangada. Gostaria de ter sido 
consultada antes. Estou certa de que uma pessoa tão zelosa, como você, tomará essa 
precaução da próxima vez.” 
2- Receber críticas 
Fundamentos 
As críticas são frequentes na vida de todas as pessoas, todos os dias, e recebe-las de 
forma educada é uma das coisas mais difíceis em nossa interação com os demais. 
As críticas, quando feitas e recebidas apropriadamente, nos fornecem uma chance 
valiosa de aprender sobre nós mesmos e sobre a forma como afetamos as outra 
pessoas. Sempre há o que ser melhorado e o feedback construtivo de outras pessoas 
nos ajuda a melhorar. 
Outra razão para praticar a habilidade de receber uma crítica educadamente é que isso 
nos ajuda a evitar argumentos desnecessários e permite às outras pessoas saber que 
estamos abertos a ouvir seu ponto de vista. A pessoa que responde agressivamente a 
uma crítica desencoraja o outro a voltar a falar numa próxima vez, o que pode levar a 
uma consequência mais danosa (um empregado que não sabe receber uma crítica 
educadamente pode perder o emprego ou uma oportunidade de crescer 
profissionalmente; um marido que não pode aceitar uma crítica de maneira apropriada 
prejudica uma conversação que pode contribuir para um relacionamento satisfatório). 
As críticas podem ser feitas de duas formas distintas: construtivas (assertivas) ou 
destrutivas (passivas e agressivas): 
 
42 | P á g i n a 
 
- As críticas construtivas são dirigidas ao comportamento e não as pessoas. Nesse 
caso a pessoa descreve os sentimentos que se relacionam a algo que você fez e 
solicita a mudança. 
- As críticas destrutivas ocorrem quando alguém nos crítica como pessoas, ai invés 
de criticar nosso comportamento. Este tipo de crítica está mais frequentemente 
relacionado ao estado emocional do outro ou a uma provocação para a discussão 
do que para o seu comportamento. 
Tanto para o caso da crítica construtiva quanto da crítica destrutiva, vale a pena estar 
atento à reação emocional que a sucede. Brigas e discussões, de um modo geral, não 
conduzem a qualquer caminho positivo. 
Relação entre essa habilidade e o problema com álcool e drogas: 
- Conflitos interpessoais e a raiva ou outros sentimentos negativos resultantes 
deles são situações de alto risco para recaídas. Falhar em responde efetivamente 
às críticas pode levar a sérios conflitos interpessoais, ao passo que responder de 
uma maneira efetiva pode reduzir os conflitos e a probabilidade de fazer o uso 
das substâncias. 
- O problema com álcool e drogas provoca rupturas no funcionamento da pessoa 
de várias maneiras (com os pais, cônjuge, colegas de trabalho, etc.) e torna o 
usuário suscetível a uma variedade de críticas a respeito de seu comportamento. 
Esse aumento da probabilidade de receber críticas torna essa habilidade 
especialmente importante. 
Receber críticas a respeito do beber/usar 
 Em função do contexto em que é feita, a crítica do beber/uso pode tomar a 
forma de acusação ou interrogatório (“você está atrasado e sei que você estava 
usando de novo”), ainda que a pessoa que receba a crítica esteja 
comprometida com a decisão de parar de usar e aderida ao tratamento. A 
confiança perdida demora para ser restabelecida e a vigilância reduzida. O 
excesso de vigilância poderá gerar uma percepção distorcida da situação, 
levando a críticas infundadas, no entanto, em determinadas situações a crítica 
será pertinente. Em ambos os casos, é importante ser capaz de responder às 
críticas de modo a permitir uma comunicação produtiva, ao invés de iniciar 
uma relação agressiva. 
 A crítica sobre beber pode se focar no passado e tanto poderá ser destrutiva 
(“você foi horrível durante os anos em que bebia, arruinou nosso lar e a nossa 
família”) quanto construtiva (“estou feliz com suas mudanças, mas algumas 
vezes fico frustrada com tudo o que sofremos no passado. Penso que me 
sentiria melhor e mais esperançosa sobre nós se você voltasse a jantar conosco 
 
43 | P á g i n a 
 
novamente e ouvisse das crianças como foi seu dia na escola”). Nem sempre 
quem faz críticas consegue manter-se focado no aqui e agora. 
 Durante a fase inicial da abstinência, é possível que as críticas sobre o beber 
sejam ocasionadas por outros comportamentos associados ao uso e que 
incomodam outras pessoas, como por exemplo, uma esposa que se ressente 
com o isolamento ou o comportamento instável do marido e, ao invés de 
manifestar este sentimento, pode focar-se no passado ou no risco presente de 
voltar a usar. Essa crítica mal dirigidapode ocorrer porque o comportamento 
de beber esteve associado a esses outros comportamentos no passado e talvez 
por ser mais fácil ou automático criticar o uso do que abordar outro problema. 
Uma postura aberta não defensiva, com perguntas esclarecedoras sobre o 
conteúdo da crítica, permitirá uma melhor compreensão da percepção e do 
sentimento de quem lhe dirige a crítica. 
Técnicas de manejo 
O principal objetivo do treino da habilidade em receber críticas (sejam construtivas ou 
não) é manter uma postura assertiva. Sempre que possível, uma segunda meta 
poderia ser tentada: a de mudar a natureza da crítica e ajudar a outra pessoa a se 
comunicar de maneira mais produtiva. Mesmo um crítica destrutiva, colocada da pior 
maneira possível, pode conter alguma informação útil. 
 Não fique na defensiva, não entre numa discussão e não contra-ataque. Fazer 
isso só aumentará a argumentação e diminuirá a chance de uma comunicação 
efetiva entre você e o outro. Considere a seguinte situação: um marido que 
está indo pescar e recebe críticas da esposa a respeito do seu ato de pescar. O 
marido replica: “Quem é você para dizer se pescar é bom ou não? Você não 
entende nada de pescaria”. Esse tipo de colocação é absolutamente ofensivo e 
agrava os sentimentos entre o marido e a sua esposa, levando a esse tipo de 
argumentação. 
 Faça pergunta à outra pessoa para tentar, sinceramente, esclarecer e 
especificar melhor a crítica para que você perceba seu conteúdo e propósito. 
Fazendo mais perguntas sobre a colocação da crítica, você encoraja o outro a 
formulá-la de uma forma mais provável de melhorar a comunicação mútua. 
Continuando com o exemplo anterior, uma resposta não defensiva e que 
ajudaria a esclarecer a crítica poderia ser: “percebo que o fato de eu ir pescar 
está te incomodando, mas não sei como. Poderia me dizer?”. 
 Encontra algo na crítica com o que você concorde e apresente ao seu 
interlocutor de forma mais direta. Isso é particularmente importante quando a 
crítica está 100% correta. Ao invés de responder com culpa ou hostilidade, 
aceite-a de modo assertivo e admita se for negativo. Voltando ao exemplo 
anterior: “Você está certa. Estou deixando-a sozinha com muita frequência nas 
 
44 | P á g i n a 
 
últimas semanas”. Essa abordagem retira grande parte do impacto negativo da 
crítica e ajuda a quem faz a crítica a ser mais objetivo em seus feedbacks. 
 Proponha um compromisso que você possa assumir. Isso significa propor 
alguma mudança de comportamento adequada à crítica. No exemplo anterior, 
essa proposta poderia ser, por exemplo, ir pescar essa semana e ir ao cinema 
com a esposa (ou alternativa que a agradasse) na outra semana. 
 Rejeite uma crítica injusta. Muitas vezes, uma crítica não tem justificativa. 
Nessas situações, é importante rejeitá-la de maneira polida, porém firme. Por 
exemplo, o marido chega em casa e diz agressivamente para a esposa: “parece 
que um ciclone passou por esta casa e as crianças ainda não jantaram. Às vezes 
acho que a única coisa que você faz é ficar sentada dentro de casa, enquanto 
estou trabalhando”. Uma resposta apropriada da esposa seria dizer, de 
maneira firme e não raivosa: “de fato, a casa hoje está uma bagunça e eu estou 
atrasada com o jantar das crianças. Mas hoje eu não me senti bem durante o 
dia todo e não gosto da maneira como está falando comigo”. 
Exercícios prático - Habilidade de fazer críticas 
Lembre-se 
 Primeiro: acalme-se. 
 Coloque a crítica em termos de seus sentimentos, não em termos de fatos 
absolutos. 
 Critique comportamento, não a pessoa. 
 Solicite uma mudança de comportamento específica. 
 Esteja aberto a negociar um compromisso. 
 Inicie e comece de maneira positiva. 
 Use um tom de voz claro e firme e não raivoso. Exercício prático 
Aproxime-se de uma pessoa a qual tenha a intensão de dizer algo negativo. Faça 
críticas construtivas. Tente seguir as recomendações aqui apresentadas. 
Antes de terminar a reunião responda: 
I. Identifique o problema: 
II. Qual sua meta nessa situação? 
Depois de ter conversado com a pessoa registre o que aconteceu: 
I. O que disse a ele/ela? 
II. Como ele/ela respondeu? 
III. Quais sugestões anteriores você utilizou? 
Exercício prático - Habilidade de receber críticas 
 
45 | P á g i n a 
 
Lembre-se 
- Não fique na defensiva, não discuta não contra-ataque. 
- Encontre algo com que concordar. 
- Faça perguntas para esclarecimentos. 
- Proponha um compromisso realizável. 
Exercício prático 
Fique atento, até nossa próxima reunião, a qualquer crítica que venha a receber e 
tente responder a ela de acordo com os parâmetros discutidos aqui e depois faça suas 
anotações: 
Descreva a situação: 
Descreva sua resposta: 
Verifique: 
- Você se comportou como se a crítica não valesse a pena? ( ) SIM ( ) NÃO 
- Você encontrou algo com o que concordar? ( ) SIM ( ) NÃO 
- Você fez perguntas para esclarecer a crítica? ( ) SIM ( ) NÃO 
- Você propôs um compromisso? ( ) SIM ( ) NÃO 
 
 
46 | P á g i n a 
 
Habilidades de recusa 
Fundamentos 
Receber convite ou pressão para beber/usar é uma situação de alto risco comum. 
Ser capaz de recusar um convite para o uso requer muito mais do que uma sincera 
decisão de parar de beber. Requer assertividade específica para agir de acordo com 
essa decisão. 
O uso social do álcool é muito comum em nossa cultura e podemos encontra-lo em 
uma grande variedade de lugares e situações. Assim, mesmo aquela pessoa que evita 
todos os bares se encontrará em situações em que outras pessoas estarão bebendo ou 
fazendo planos para beber em encontros familiares, festas no escritório, restaurantes, 
jantares na casa de amigos etc. Muitas pessoas poderão oferecer-lhe um drinque 
(parentes, amigos, encontros de negócios etc.) e esses convites poderão ser casuais ou 
até mesmo repetitivos ou argumentativos. Diferentes situações serão mais ou menos 
difíceis para diferentes pessoas. 
Praticar a recusa é uma habilidade que permite responder mais rápida e efetivamente 
quando essas situações reais ocorrem. 
Técnicas de manejo 
A natureza específica de uma resposta assertiva a um convite para beber é variável, 
dependendo de quem o está oferecendo e de como a oferta é feita. Muitas vezes, um 
simples “não, obrigado” será o suficiente. Compartilhar um problema com outras 
pessoas poderá ser útil em alguns momentos e em outros não. 
Comportamentos não verbais 
Fale de maneira clara, firme e com voz não hesitante. Caso contrário, deixará a pessoa 
em dúvida sobre o que você realmente quer dizer. 
Olhe nos olhos da pessoa. Isso aumenta a efetividade de sua mensagem. 
Não se sinta culpado. Você não magoa ninguém por não querer beber/usar e, em 
muitas situações as pessoas nem vão saber se você bebeu ou não. Você tem o direito 
de não beber. 
Comportamentos Verbais 
“Não” deveria ser a sua primeira palavra, pois termina logo com o assunto. Se você 
hesitar em dizer não, as pessoas ficarão em dúvida sobre o que realmente quer dizer. 
Você pode sugerir uma alternativa: um café, um sorvete, um suco, um lanche, uma 
caminhada, uma volta de carro, etc. 
 
47 | P á g i n a 
 
Solicite uma mudança de comportamento. Se a pessoa estiver repetidamente 
insistindo, peça-lhe que não mais lhe ofereça um drinque/dose. Por exemplo se a 
pessoa disser “vamos lá só essa pela nossa amizade”, uma resposta apropriada seria 
“se você quiser ser meu amigo, não me ofereça mais isso”. 
Depois de dizer não, mude de assunto para algo que evite entrar em uma longa 
discussão sobre o uso. Por exemplo “não, obrigado, eu não bebo. Estou feliz por ter 
vindo a esta festa.

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