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Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais- CEFET MG Fundamentos de Reologia 2EMAT.014 1 Aula 07: Efeitos Não-Newtonianos Profa. Dra. Aline Bruna da Silva 2015 2EMAT.014 IntroduçãoIntrodução • A escolha da equação constitutiva e do modelo mais adequado para cada polímero depende de vários parâmetros: – Deformação; – Temperatura; – Pressão. • Sob dado gradiente de deformações (cisalhamento ou• Sob dado gradiente de deformações (cisalhamento ou elongacional), qual será a resposta predominante do polímero? – Fluido Newtoniano – Fluido não Newtoniano – Viscoelástico • A história termomecânica anterior influirá na resposta atual? IntroduçãoIntrodução EFEITOS NÃO-NEWTONIANOS: • Efeito de Weissenberg; • Aparecimentos de vórtices na entrada de um capilar;capilar; • Reemaranhamentos; • Fenômenos observados na extrusão em razão da elasticidade; Efeito de Efeito de WeissenbergWeissenberg • Observado quando um bastão/pá dentro de um recipiente contendo um polímero fundido ou em solução gira: Fluído Newtoniano: rotação gera forças rotação gera forças centrífugas que empurram o fluido para as bordas (vórtice para baixo). Fluido Newtoniano. PA = pressão no ponto A e PB = pressão no ponto B Efeito de Efeito de WeissenbergWeissenberg • Observado quando um bastão/pá dentro de um recipiente contendo um polímero fundido ou em solução gira: Fluído não-Newtoniano: Forças normais superam forças centrífugas, fazendo com que o fluido viscoelástico suba sobre o bastão/pá (vórtice para cima). Surgimento de diferença de tensões normais Efeito de Efeito de WeissenbergWeissenberg • Ocorre principalmente por causa do surgimento de diferenças nas tensões normais; • A rotação (fluxo tangencial) orienta as macromoléculas, que sempre tendem a retornar ao estado de equilíbrio (conformação aleatória);aleatória); • As macromoléculas exercerão uma tensão na camada do fluido mais próxima a elas, contra o bastão/pá, promovendo o surgimento de tensões normais de intensidade maior; • No fluxo de materiais poliméricos a diferença entre as tensões normais não é zero; Efeito de Efeito de WeissenbergWeissenberg Fluído não-Newtoniano: ReemaranhamentoReemaranhamento ((RecoilRecoil)) Quando o gradiente de pressão é aplicado: • (a) e (b) – o polímero começa a fluir; • (c) – regime permanente; Quando o gradiente de pressão é retirado: • (d) a (f) – o perfil de velocidades “recua”. ReemaranhamentoReemaranhamento ((RecoilRecoil)) • O perfil de velocidades “recua”, percorrendo o mesmo caminho anterior, porém em um tempo maior; • Fenômeno ocorre em razão do reemaranhamento (ou reenovelamento) das moléculas do polímero, tentando voltar à sua conformação aleatória de equilíbrio; • Reemaranhamento não é total devido aos efeitos viscosos (dissipação de energia), que não permitem que a recuperação elástica, a qual está associada à memória do fluido, seja completa; ReemaranhamentoReemaranhamento ((RecoilRecoil)) • Um polímero possui memória quando seu comportamento no tempo atual é dependente de toda a história termomecânica anterior à que de toda a história termomecânica anterior à que ele foi submetido e, se em repouso, ele tentará voltar, pelo mesmo caminho, às conformações aleatórias de equilíbrio; ReemaranhamentoReemaranhamento ((RecoilRecoil)) • Para isso, ele tem que ter a capacidade de armazenar energia (elasticidade); • A energia armazenada permite que o polímero tente voltar ao estado inicial de conformação, masvoltar ao estado inicial de conformação, mas durante essa tentativa, também haverá dissipação de energia na forma de calor (viscosidade), a qual retardará e impedirá parcialmente a recuperação total. Formação de Vórtices na Entrada de Formação de Vórtices na Entrada de CapilaresCapilares Fluído Newtoniano: todas as linhas de fluxo são convergentes na entrada do convergentes na entrada do capilar. Formação de Vórtices na Entrada de Formação de Vórtices na Entrada de CapilaresCapilares Polímero: linhas de fluxo centrais são convergentes, porém as linhas de convergentes, porém as linhas de fluxo perto da parede podem divergir, chegando a formar vórtices. • A formação de vórtices gera uma perda de pressão na região de entrada do capilar, estando relacionada à elasticidade do material polimérico Formação de Vórtices na Entrada de Formação de Vórtices na Entrada de CapilaresCapilares relacionada à elasticidade do material polimérico e aos gradientes de deformação elongacional que ocorrem na entrada do capilar. Formação de Vórtices na Entrada de Formação de Vórtices na Entrada de CapilaresCapilares Formação depende do tipo de polímero: • polímeros com ramificações PEBD PEAD • polímeros com ramificações longas (ex.: PEBD) formam vórtices; • polímeros lineares (ex.: PEAD) não formam; TixotropiaTixotropia e e ReopexiaReopexia • Existem dois tipos de fluidos onde a viscosidade não é função apenas da relação entre tensão e taxa de cisalhamento, mas também do tempo em que foram submetidos ao cisalhamentoem que foram submetidos ao cisalhamento (fluidos dependentes do tempo); • Fluidos tixotrópicos • Fluidos reopéxicos TixotropiaTixotropia e e ReopexiaReopexia • Fluidos tixotrópicos: viscosidade diminui com o tempo a uma dada taxa de cisalhamento; exemplos: algumas tintas, graxas, geleias, maionese; • Fluidos reopéxicos: viscosidade aumenta com o tempo a uma dada taxa de cisalhamento; exemplos: algunsuma dada taxa de cisalhamento; exemplos: alguns lubrificantes; • Ambos fenômenos são consequência da quebra ou da formação de aglomerados, géis, ligações químicas e físicas das macromoléculas, interações entre partículas e macromoléculas, entre outros motivos; TixotropiaTixotropia e e ReopexiaReopexia V i s c o s i d a d e V i s c o s i d a d e Tempo Fenômenos Observados na ExtrusãoFenômenos Observados na Extrusão • Inchamento do extrudado (B); • Fratura do fundido; • Pele de cação; • Orientação / tensões internas congeladas; • Extensibilidade do fundido. Inchamento do Inchamento do ExtrudadoExtrudado • Aumento da seção transversal do material extrudado, logo na saída da matriz, em relação a área da seção transversal da matrizrelação a área da seção transversal da matriz de extrusão; • Altera as dimensões do extrudado em relação a matriz, podendo distorcer seu formato; Inchamento do Inchamento do ExtrudadoExtrudado Inchamento do Inchamento do ExtrudadoExtrudado c e D D B= Inchamento do Inchamento do ExtrudadoExtrudado • Antes de entrar na matriz, as moléculas poliméricas estão fundidas, emaranhadas aleatoriamente. • Na região de entrada da matriz ocorrerá um desemaranhamento considerável devido ao fluxo elongacional;elongacional; • Esta deformação elástica elongacional é recuperada conforme o fluido prossegue ao longo do comprimento da matriz; • A taxa de sua recuperação depende da característica de relaxação do polímero fundido; Inchamento do Inchamento do ExtrudadoExtrudado • Ao mesmo tempo, o fluido está sujeito a uma deformação cisalhante durante seu percurso através da matriz; • Esses fluxos (elongacionais e cisalhantes) levam à• Esses fluxos (elongacionais e cisalhantes) levam à orientação das cadeias poliméricas; • Na saída da matriz, o extrudado polimérico tende a recuperar a deformação elástica elongacional residual, devido ao efeito de entrada, e também a deformação elástica cisalhante; Inchamentodo Inchamento do ExtrudadoExtrudado • Esta recuperação acontece pela contração no comprimento do elemento de fluxo e aumento no seu diâmetro em relação ao diâmetro dano seu diâmetro em relação ao diâmetro da matriz; • Portanto, é um fenômeno originado da relaxação de tensões elásticas no polímero fundido; Inchamento do Inchamento do ExtrudadoExtrudado Inchamento do Inchamento do ExtrudadoExtrudado • A uma taxa de cisalhamento fixa, B decresce com o comprimento da matriz (L); • Quanto maior o tempo de residência dentro da matriz, menor B; Inchamento do Inchamento do ExtrudadoExtrudado • B aumenta com o aumento da relação Db/Dc (Db é o diâmetro do barril ou cilindro da extrusora e Dc é o diâmetro da matriz); Db/Dc Fratura do FundidoFratura do Fundido • São distorções grosseiras do extrudado, presentes quando tensões excessivas são empregadas; Fratura do Fundido (a) (b) (a) Espiralado, (b) uniforme, (c) bambú, (d) ao acaso. (a) (b) (c) (d) (c) (d) Fratura do FundidoFratura do Fundido • Duas teorias para explicar a fratura do fundido: – Tordella: ocorre devido à “turbulência elástica” na região de entrada da matriz, onde elevadas taxas de deformação elongacionais levam ao desenvolvimento de tensões superiores à resistência coesiva do polímero fundido; Fratura do FundidoFratura do Fundido • Duas teorias para explicar a fratura do fundido: – Benbow e Lamb: origem pode estar relacionada ao fenômeno de “gruda-desliza” das camadas do fluido sendo arrastadas na parede da matriz, quando assendo arrastadas na parede da matriz, quando as tensões desenvolvidas no fundido em fluxo cisalhante ultrapassam a resistência adesiva do polímero com a superfície metálica da parede da matriz; – Provavelmente ambos efeitos contribuem para a fratura do fundido; Fratura do FundidoFratura do Fundido • Ocorre acima de uma tensão (~ 105 Pa) ou taxa de cisalhamento crítica; • Taxa de cisalhamento crítica aumenta com a temperatura; Quanto mais suave o ângulo de entrada na matriz, menor a extensão do fenômeno; Fratura do FundidoFratura do Fundido • Taxa de cisalhamento crítica aumenta com o aumento da razão entre o comprimento (L) e o diâmetro (D) da matriz; • Quanto menor a adesão, menor a ocorrência de fratura. Pele de CaçãoPele de Cação • Caracterizado pela irregularidade superficial que se forma perpendicular à direção do fluxo, gerado pela mudança de perfil de velocidades do fundido ao sair da matriz; Pele de CaçãoPele de Cação Quando o extrudado sai da matriz, o perfil de velocidades se altera, ocorrendo aceleração das camadas mais próximas à parede da matriz; Pele de CaçãoPele de Cação • Quando o extrudado sai da matriz, o perfil de velocidades se altera, ocorrendo aceleração das camadas mais próximas à parede da matriz; • Como o fundido é viscoelástico, a componente elástica• Como o fundido é viscoelástico, a componente elástica permite o aparecimento de forças de tensão perto da superfície; • Essas forças superam a tensão do fundido e a superfície se rasga, liberando as tensões; Pele de CaçãoPele de Cação • Comparação entre os fenômenos de pele de cação e fratura do fundido: – Apresenta distorção perpendicular enquanto a fratura do fundido produz um padrão helicoidal efratura do fundido produz um padrão helicoidal e irregular; – Ocorre em taxas de cisalhamento menores; – Não depende do ângulo de entrada nem da relação L/D da matriz. Orientação / Tensões Internas CongeladasOrientação / Tensões Internas Congeladas • Nos processos de transformação de polímeros, o nível médio de orientação ou tensões internas congeladas na peça depende de: – Grau (quantidade total) de orientação induzida inicialmente durante a etapa de conformação, que é proporcional ao nível da tensão ou taxa de cisalhamento existente; – Tempo médio de relaxação das cadeias poliméricas do fundido no intervalo entre a temperatura de processamento (Tp) e a temperatura de solidificação (Ts) do material; Orientação / Tensões Internas CongeladasOrientação / Tensões Internas Congeladas • Nos processos de transformação de polímeros, o nível médio de orientação ou tensões internas congeladas na peça depende de: – Tempo efetivamente disponível para relaxação e desorientação das cadeias do polímero, que depende dodesorientação das cadeias do polímero, que depende do formato da peça, calor específico do polímero e magnitude dos intervalos entre Tp e Ts e Tp e Tambiente; • Orientação molecular e tensões internas congeladas influenciam nas propriedades mecânicas da peça conformada, de acordo com o grau de anisotropia induzida. • Operações de estiramento nos processos de conformação de polímeros podem ser efetuados somente em materiais que tem capacidade de sustentar tensões tracionais no estado fundido, ou seja, materiais com elasticidade; Extensibilidade do FundidoExtensibilidade do Fundido ‘’Draw‘’Draw--downdown’’’’ • O comportamento de estiramento varia com o tipo de polímero e com as condições operacionais do processo específico de transformação, e depende do balanço de propriedades viscosas e elásticas do fundido polimérico; Extensibilidade do FundidoExtensibilidade do Fundido ‘’Draw‘’Draw--downdown’’’’ • A capacidade de extensibilidade do fundido implica em dizer que o fundido polimérico, apesar de requerer uma predominância de comportamento viscoso em relação ao comportamento elástico, deve apresentar uma elasticidade suficiente para dar estabilidade dimensional ao produto.