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1 promoção? O que falta para você conquistar sua 2 Resumo do que você vai ler Quer crescer na carreira? Talvez seja hora de prestar mais atenção às soft skills. Habilidades como empatia, senso crítico, análise e comunicação tornaram-se cruciais para as empresas e, portanto, para profissionais que querem ser reconhecidos e promovidos. Você pode identificar seus pontos fortes e fracos nessas áreas e, conscientemente, desenvolver suas capacidades. Veja a seguir o que são soft skills, por que são importantes e como você pode usá-las para fazer um trabalho melhor e ganhar mais. 3 Introdução O que são soft skills? Soft skills intrapessoais Quais são as soft skills mais importantes? Cooperação Convergência Como habilidades técnicas e soft skills se complementam? Humanos X máquinas Por que as soft skills são importantes para quem quer crescer na carreira? Como você pode desenvolver suas soft skills? Seus próximos passos 05 08 10 11 12 13 14 16 18 23 31 Saiba mais sobre soft skills 32 4 Sobre o Veduca O Veduca é uma plataforma de cursos online focados em desenvolvimento humano com base nas habilidades do século 21. São temas como liderança, comunicação, diversidade, produtividade entre outros. Habilidades também conhecidas como soft skills ou competências socioemocionais, cada vez mais valorizadas em profissionais e na cultura das organizações. Todos os cursos são baseados em videoaulas, com materiais complementares e quizzes para melhor assimilação dos conteúdos. Ao final dos cursos, os inscritos têm duas chances para realizar uma avaliação final, para comprovar conhecimento e conquistar um certificado online. Acesse a lista completa de cursos online e comece a estudar agora! 4 5 Introdução As máquinas de costura na fábrica da Shahi Exports, maior exportadora de roupas da Índia, na metrópole de Bangalore, ao sul do país, são, em geral, operadas por mulheres com formação escolar limitada. O trabalho delas é relativamente repetitivo e não exige alto nível de especialização, mas é fundamental para que a empresa atenda à demanda de clientes como Gap, Walmart e Target. Nesse cenário, um professor da Escola de Administração da Universidade do Michigan, Achyuta Adhvaryu, resolveu fazer uma experiência. Em conjunto com colegas de outros centros de pesquisa, ele coordenou um treinamento para um grupo de funcionárias dessa fábrica em temas como comunicação, gestão de equipe, finanças e resolução de problemas. As participantes eram escolhidas por sorteio, ou seja, aleatoriamente. Pela natureza do trabalho das costureiras, não era óbvio que esse tipo de treinamento faria alguma diferença no desempenho delas, mas, nove meses depois de concluído o treinamento, os professores constataram que a produtividade das profissionais desse grupo era 12% maior do que a das colegas que não haviam recebido o treinamento. 5 6 Os pesquisadores também avaliaram que os ganhos de produtividade trouxeram para a companhia um retorno de 256% sobre o valor investido no curso, como mostra este resumo publicado pela Universidade do Michigan, em 2017. A milhares de quilômetros das costureiras de Bangalore, pesquisadores de universidades nos estados americanos de Ohio e Indiana também resolveram medir a eficiência de treinamentos em habilidades que pouco tinham a ver com o conhecimento técnico dos profissionais participantes. Dessa vez, o público escolhido foi um grupo de médicos altamente especializados em suas áreas de atuação, que trabalhavam no Cleveland Clinic, um hospital de referência no nordeste dos Estados Unidos. Eles passaram por aulas e grupos de discussão sobre como estabelecer uma melhor comunicação com os pacientes e tornar o atendimento mais empático. Depois do curso, os pesquisadores universitários constataram que o grupo de médicos que recebeu o treinamento obteve uma melhora na avaliação dos pacientes quanto à qualidade do serviço. Outros efeitos do treinamento foram uma diminuição nos níveis de cansaço dos profissionais participantes e um aumento na sua satisfação com o trabalho. 6 7 Embora tenham operado de maneira independente e com objetos de estudo completamente diferentes — um grupo de trabalhadoras de baixa renda e instrução, na Índia, e uma equipe de médicos com elevado grau de especialização, em um hospital de prestígio nos Estados Unidos —, os pesquisadores de ambos os casos chegaram a conclusões semelhantes. Uma das percepções dos estudiosos, útil para gestores de empresas, é que treinamentos em habilidades não-técnicas podem ser muito benéficos para a organização. Já para os profissionais, esses estudos são relevantes na medida em que ajudam a explicar por que as companhias estão cada vez mais interessadas em contratar e promover pessoas que não sejam boas apenas nos requisitos técnicos das suas profissões, mas também nos aspectos mais “humanos” de qualquer trabalho. Em outras palavras, o que pesquisas como essas e tantas outras têm demonstrado é que habilidades não-técnicas são fundamentais para a produtividade, a alta performance e a inovação, em qualquer setor e em todos os níveis de hierarquia. Exemplos dessas habilidades são: saber construir relacionamentos, escutar verdadeiramente os outros, analisar uma situação com todas as suas nuances, tomar decisões com base em explicações racionais e criar soluções inéditas, entre outras. A essas capacidades “humanas”, ligadas a fatores como autoconhecimento, relacionamento e criatividade, os especialistas em gestão e carreira têm dado o nome de soft skills, o que em inglês significa algo como “habilidades sutis”. Quem estuda o mundo do trabalho está cada vez mais convencido de que as soft skills são tão importantes para o sucesso profissional quanto as habilidades técnicas e que, além disso, elas tendem a ser, cada vez mais, os fatores decisivos para promoções e contratações. É por isso que, se você quer crescer na carreira e ainda não pensou em como desenvolver suas soft skills, está na hora de prestar mais atenção ao tema. Esse pode ser o elemento que está faltando para você conquistar sua promoção. 8 O que são soft skills? O consultor em liderança e CEO da Unani.me Ricardo Mallet: soft skills como cooperação e convergência são fundamentais em qualquer setor profissional Para nos ajudar a entender melhor as soft skills, conversamos com um especialista em Gestão, Ricardo Mallet. Ele é CEO da Unani.me, empresa que oferece consultorias e cursos sobre Liderança para companhias, e possui 25 anos de experiência no mercado de treinamentos e palestras, com atuação em países como Brasil, Argentina, Portugal, França e Itália. Mallet também tem graduação em Gestão Empresarial com extensão em Estilo de Gestão e Liderança pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e certificação internacional em Coaching, Mentoring e Holomentoring® do Sistema ISOR®. Segundo Mallet, não existe uma definição definitiva sobre o que são soft skills, mas um ponto básico para entendê-las é saber que esse conceito surgiu em oposição às hard skills, ou seja, às “habilidades densas”, como são conhecidas as competências técnicas. Justamente por terem uma definição tão aberta, as soft skills acabam contemplando um conjunto extenso de habilidades. Segundo Mallet, é comum, inclusive, que existam as “soft skills da moda”, aquelas capacidades que, de repente, todo mundo começa a mencionar em entrevistas e conversas e que viram clichê. 9 “Houve uma época em que ‘proatividade’ era a palavra da moda. Depois, vieram o ‘protagonismo’ e a ‘resiliência’. Agora, estamos falando da capacidade de conviver com o diversoe do empoderamento. Esses termos variam de acordo com o momento do mercado. São todos importantes, sem dúvida, mas é interessante observar como esse grupo de habilidades é extenso”, observa Mallet. Para facilitar a navegação em um campo tão amplo, Mallet costuma classificar as soft skills como intrapessoais ou interpessoais. As intrapessoais são aquelas que dizem respeito à relação que o indivíduo tem consigo mesmo. Por exemplo, a forma como ele compreende, controla e aproveita seus sentimentos e desejos, suas expectativas e frustrações. Também entram nesse grupo capacidades como a de manter o entusiasmo diante das dificuldades e a disciplina. Já as soft skills interpessoais abrangem o relacionamento do indivíduo com outros indivíduos e com os grupos que fazem parte do seu convívio. Essa categoria abarca habilidades como a empatia (ser capaz de se colocar no lugar do outro), a facilidade em manter um diálogo interessante e produtivo, o poder de influenciar as pessoas por meio da argumentação e o carisma. 10 Soft skills intrapessoais No trabalho, as soft skills intrapessoais entram cena, por exemplo, em situações nas quais o profissional precisa reagir às dificuldades e oportunidades que surgem e sobre as quais ele não tem muito controle. Vamos imaginar que a economia do país entre em recessão e o plano de expansão que o gestor de uma empresa precisa colocar em prática fique ainda mais desafiador. Surge, nesse caso, um belo teste para a sua capacidade de entender os novos cenários econômicos, avaliar se é o caso de mudar de estratégia ou de manter o plano, cultivar sua própria animação com o trabalho e se empenhar para chegar um pouco mais cedo ao escritório para refazer as planilhas de metas. As hard skills seriam, nesse caso, o entendimento dos indicadores de mercado (que índices representam o que, como eles são calculados, quais são suas médias históricas) ou a habilidade em criar as planilhas que ajudarão a guiar os demais departamentos. Já as soft skills seriam, por exemplo, a capacidade de tomar decisões com base nas novidades que se apresentam e a disciplina necessária para trabalhar duro e manter o planejamento da área em dia. 10 11 Quais são as soft skills mais importantes? Ricardo Mallet ressalta que todas as soft skills são importantes, mas que seu grau de relevância varia conforme o contexto. “A questão é o que é importante para você como profissional, para sua equipe e para o seu momento. Em uma área de atendimento ao cliente, a empatia é fundamental, mas em um time de desenvolvimento de softwares, isso tende a ser menos importante do que a capacidade analítica”, ele explica. De modo geral, porém, Mallet acredita que duas habilidades são importantes em qualquer situação: cooperação e convergência. 12 Cooperação “Quando falamos de trabalho em equipe, cooperação é obviamente fundamental, Se eu estou no barco, tenho que estar disposto a remar junto, e não fazer de conta que estou remando e esperar que alguém reme por mim”, ele afirma. O consultor explica que há pessoas naturalmente mais cooperativas, enquanto outras tendem a ser mais competitivas. Ambos os comportamentos podem ser úteis, mas mesmo quem é competitivo precisa ser capaz de trabalhar bem em equipe, em algum grau, para crescer dentro de uma empresa. “Competição e cooperação não são necessariamente antagônicas, mas é possível definir uma escala de quem naturalmente se posiciona mais em uma ponta e quem está em outra”, explica Mallet. Nessa escala, ele diz, é importante saber buscar o ponto adequado a cada situação. Trocando em miúdos, mesmo a pessoa ultracompetitiva precisa ter algum grau de habilidade em cooperação, para usá-la quando a situação exigir. 12 13 Convergência 13 A segunda soft skill que Ricardo Mallet destaca como essencial para qualquer profissional em qualquer área é a convergência. Nas palavras dele, isso significa “comportar-se de forma respeitosa e sincera com todas as pessoas com quem se convive”. “Estar disposto a ouvir o ponto de vista alheio de forma isenta, sem julgamentos, é uma capacidade essencial. Além disso, junto com esse respeito, é importante a capacidade de se posicionar, porque a pessoa que não faz isso fica apática, o que não ajuda em nada a equipe”, ele aponta. Ricardo arremata a explicação dizendo que, se a primeira habilidade que ele mencionou, a da cooperação, significa que todo mundo precisa remar junto, a segunda, a da convergência, mostra que todo mundo tem que remar para o mesmo lado. “Em todas as empresas em que dou treinamento, os problemas que não são relacionados a estratégia ou a produtos, ou seja, que têm a ver com pessoas, estão no ego inflado. O egoísmo faz uma pessoa entrar no barco e preferir que alguém reme por ela ou que ela reme para o lado que prefere, sem importar para onde os outros estão remando. Quem consegue superar isso, adquire uma visão grandiosa do mercado, do outro e até da vida”, ele resume. Quem não desenvolve cooperação e convergência trabalha, portanto, em um patamar abaixo do que poderia e ainda puxa o grupo todo para baixo. Sabe aquele profissional que todo mundo diz que é ótimo no que faz, entende muito do assunto de sua especialidade, mas que não sabe ser chefe, briga com todo mundo e nunca coopera? Pois é, provavelmente, o que falta para essa pessoa são as soft skills mais básicas, cooperação e convergência. Isso limita o crescimento profissional dela e torna a vida dos outros um inferno. 14 Já vimos que as soft skills são necessárias, mas isso não significa, é claro, que as habilidades técnicas estão deixando de ser importantes. O profissional com mais chances de ascensão, segundo os especialistas, é aquele que transita bem nos dois mundos, o do conhecimento específico e o das habilidades mais amplas. Como habilidades técnicas e soft skills se complementam? 15 Até porque as fronteiras entre esses polos devem ficar ainda mais difíceis de definir, com o avanço da tecnologia. “Essa oposição entre hard skills e soft skills é só por uma questão de densidade, ou seja, algumas habilidades são mais concretas, enquanto outras são mais sutis, mas vemos que existe uma graduação entre os extremos”, afirma Ricardo Mallet. Isso significa, por exemplo, que conhecimentos técnicos estão se tornando cada vez mais indissociáveis das habilidades de análise, criatividade e relacionamento. Por exemplo, para uma profissional de Marketing, conhecer os recursos de um software de design pode ser extremamente útil na criação de uma campanha, mas para escolher as ferramentas mais adequadas para a foto de um anúncio, ela precisará relacionar esse aspecto técnico com reflexões sobre a identidade visual do cliente, com suas próprias referências culturais e com o briefing indicado nas reuniões. Em resumo, sem saber manejar o software, ela não terá uma compreensão tão boa sobre as possibilidades visuais na criação, mas sem a capacidade de extrair um briefing claro do cliente e de usar seu repertório cultural de forma sensível, o aprendizado sobre a ferramenta tecnológica não terá servido para muita coisa. 15 16 Humanos X máquinas Além de notar que soft skill e hard skills se complementam, também é importante saber que essas fronteiras estão em constante redefinição porque as máquinas estão avançando. “Uma forma interessante de pensar em hard skills e soft skills é se perguntar o que um computador conseguiria fazer ou não. Jogar xadrez é hard ou soft? Talvez fosse visto como soft, um tempo atrás, mas já vimos que computadores programados para fazer cálculos quase sempre conseguem vencer seres humanos, hoje. Eu diria que essa habilidade é uma hard skill, portanto”, reflete Ricardo Mallet. O que máquinas ainda não conseguemfazer muito bem é lidar com criatividade e empatia, por exemplo. “Como é que a máquina sente? Ela emula, copia uma emoção e a demonstra, quando é programada para identificar que é hora de demonstrar aquela emoção, mas ela não sente aquilo de verdade. Nós, humanos, temos uma estrutura orgânica que nos permite vivenciar coisas como alegria, simpatia, encantamento, carisma. Todo esse conjunto, essa inteligência mais relacional, ainda é muito humana”, explica o especialista. 16 17 Nesse sentido, portanto, as soft skills também podem ser vistas como aquilo que as máquinas não conseguem fazer tão bem ou melhor do que um ser humano – pelo menos por enquanto. Veja abaixo alguns exemplos de como as hard skills e as soft skills são diferentes, mas também se complementam. Efetuar corretamente um cálculo Ensinar um profissional da equipe a usar as planilhas como insumos para a tomada de decisões Usar corretamente o bisturi em uma cirurgia Convencer o cliente a investir em anúncios nas redes sociais usando argumentos aos quais ele é sensível Oferecer informações a um cliente com base em palavras-chave identificadas nas mensagens que ele envia 2 3 4 5 6 1 Coordenar, em conjunto com a equipe, a definição de que cálculos são relevantes para o projeto Construir planilhas de custos Escrever textos com a grafia correta das palavras Ouvir um paciente que está nervoso em uma cirurgia e acalmá-lo Conhecer a dinâmica de custos de um anúncio nas redes sociais Demonstrar empatia com o problema do cliente e oferecer uma sugestão criativa de como ele pode resolver um problema Hard skills Soft Skills Criar textos agradáveis e originais 17 18 Por que as soft skills são importantes para quem quer crescer na carreira? Como vimos no começo deste e-book, as soft skills estão se tornando cada vez mais importantes para quem tem a aspiração de ser reconhecido profissionalmente porque elas são fundamentais para que o trabalho seja eficiente e agradável, algo que toda empresa valoriza, é claro. A percepção de que as habilidades sutis serão cada vez mais importantes para as organizações já tem aparecido, há algum tempo, nos principais espaços de informação e debate sobre o mundo corporativo. 18 19 A consultoria Deloitte, uma das mais reconhecidas companhias em seu setor, incluiu essa discussão em um de seus relatórios globais de tendências do mercado de trabalho, o 2019 Deloitte Global Human Capital Trends. Nessa publicação, a consultoria explica que uma mudança central para as empresas da nossa época é a consolidação de novos tipos de vagas de trabalho, que a empresa nomeou de “híbridas”. O termo se deve ao fato de essas posições misturarem características das vagas tradicionais, em que os desafios a serem resolvidos são basicamente os mesmos o tempo todo, e os postos de trabalho do futuro, em que os desafios estarão em mutação permanente. Essas vagas híbridas já estão tomando conta do mercado e são as que pagam melhor e oferecem oportunidades mais interessantes de desenvolvimento. Ou seja, provavelmente, são as vagas que você quer conquistar! Veja ao lado como a Deloitte descreve essas “vagas híbridas”. “As pesquisas demonstram que os postos pelos quais há maior demanda das empresas e aqueles com crescimento mais acelerado em termos salariais são os chamados “ trabalhos híbridos”. Ele combinam habilidades técnicas, incluindo operações de tecnologia e análise de interpretação de dados, com soft skills em áreas como comunicação, serviços e colaboração”. 20 Outra publicação que recentemente deu destaque às soft skills foi a The Economist, uma das mais respeitadas revistas de economia do mundo. A unidade de inteligência do grupo (EIU) publicou, em 2018, um estudo sobre como as dificuldades de Comunicação afetam empresas nos Estados Unidos. Os pesquisadores ouviram mais de 400 executivos e membros de sua equipe, em organizações de diferentes tamanhos e setores. Confira ao lado a principal conclusão “Instruções pouco claras dos superiores, reuniões inúteis e outros problemas de comunicação podem se desdobrar em problemas maiores, com pesados impactos nos negócios. Segundo os participantes, barreiras de comunicação estão levando a atrasos ou falhas na conclusão de projetos (44% deles disseram isso), baixa moral no time (31%), incapacidade de alcançar objetivos (25%) e até mesmo perda de receita (18%), às vezes no valor de centenas de milhares de dólares”. 21 Entre as causas mencionadas para esses dificuldades estão as diferenças no estilo de se comunicar (42%), a definição pouco clara de responsabilidades (34%) e as pressões dos prazos (31%). Tudo isso indica que a capacidade de se comunicar com efetividade não só torna a vida mais fácil e agradável no local de trabalho, mas também evita perdas para as companhias. As pesquisas confirmam o que todo mundo que trabalha já percebeu na prática. Quem nunca perdeu uma ótima oportunidade porque “entendeu errado” o que o colega quis dizer ou vice-versa? É por isso que as empresas estão aprendendo a valorizar, de forma ainda mais marcante, as soft skills. 21 22 Na tradução para a sua vida cotidiana, isso significa que se você souber demonstrar que é um profissional “bom de relacionamento”, criativo, empático, colaborativo e inspirador, seu/sua chefe e o/a chefe dele/a muito provavelmente vão enxergar em você a capacidade de assumir responsabilidades ainda mais complexas do que as que você tem hoje. Agora, você deve estar se perguntando: “Como, afinal, eu posso desenvolver minhas soft skills e demonstrar que estou preparado para um novo cargo?”. Nós também ficamos ansiosos por uma resposta a essa questão! Levamos a pergunta, mais uma vez, ao Ricardo Mallet, e ele nos ajudou a pensar em formas simples de fazer isso. Resumimos abaixo, em quatro passos, algumas das sugestões do Veduca para você desenvolver suas soft skills. Confira! 22 23 Como posso desenvolver minhas soft skills? Defina expectativas reais e pontos mínimos de melhoria quanto a seus pontos fracos Um primeiro passo, segundo o consultor Ricardo Mallet, é saber que cada indivíduo tem um conjunto de capacidades diferentes e que essas características naturais precisam ser seu ponto de partida para ganhar musculatura nas soft skills. Se alguém perguntasse quais são seus pontos fracos, em termos de soft skills, você provavelmente teria a resposta na ponta da língua, não teria? São aquelas características que nós sabemos que às vezes nos atrapalham e que todo mundo reconhece em nós, às vezes, até de uma forma incômoda. Pode ser seu pavio curto, sua timidez ou sua inabilidade em administrar o tempo, por exemplo. Esse é o seu calcanhar de Aquiles evidente e, se você concorda que tem esse comportamento, pode começar a trabalhar esse ponto admitindo para si mesmo que existe uma certa “zona” que você dificilmente vai ultrapassar, no que diz respeito a esse aspecto. 1 24 “Não adianta esperar que alguém com muito pouca habilidade em uma determinada área se destaque positivamente, em algum momento da vida, por ter desenvolvido enormemente aquela soft skill. O trabalho dessa pessoa provavelmente será o de atenuar os danos que a falta daquela habilidade pode provocar”, ele explica. Por exemplo, em uma equipe com um número razoável de pessoas, provavelmente haverá algumas com habilidade natural para se comunicar. São as mais extrovertidas, as que conseguem manter uma conversa agradável e que não se importam em participar de situações que deem visibilidade a elas. Haverá nesse grupo, também, os profissionais que preferemouvir a falar e que têm pavor de apresentações em público. Essas pessoas dificilmente vão se tornar exímias comunicadoras – e está tudo bem quanto a isso! Perfis introvertidos podem se destacar de outras maneiras. O que uma pessoa com essas características não pode, porém, é deixar que sua inabilidade em se expressar de forma efetiva seja uma barreira para as situações em que ela necessariamente terá que se comunicar. Essa pessoa pode, por exemplo, delegar a apresentação do projeto em equipe para o grupo que tem mais talento para os palcos e Power Points. Porém, inevitavelmente, ela terá que vender ideias a seu/sua chefe, em algum momento, ou expor argumentos a um/a cliente, e é bom que ela dê conta do recado nesses momentos incontornáveis. Por isso, ela pode começar seu desenvolvimento de soft skills pensando em que situações precisará encarar minimamente sua dificuldade de se expressar e em como evitar que seu ponto fraco impeça que seus pontos fortes sejam vistos. Tudo isso, no entanto, sem a pretensão de se tornar “a rainha do PPT” no escritório. Mallet explica que esse conceito de “redução de danos” foi desenvolvido pelo autor e consultor britânico Marcus Buckingham e ajuda a aliviar a ansiedade, quando reconhecemos nossos pontos de melhoria. 25 Conheça e valorize seus pontos fortes Depois de ajustar suas expectativas quanto a seus pontos fracos e reconhecer, humildemente, que você não será o/a melhor em tudo, é hora de levantar um pouco o clima. Comece a observar mais frequentemente quais são seus pontos fortes evidentes, aquelas características que as pessoas reconhecem em você e que ajudam no seu trabalho. Vamos supor que você seja excelente em trabalhos de criação. Repare, no seu cotidiano, em como isso ajuda você e sua equipe. Reúna mentalmente alguns exemplos de ideias que você teve e que foram muito valiosas para a empresa. Entenda por que a sua ideia foi considerada inovadora – que ideias tinham sido sugeridas até então e não tinham funcionado? Como você chegou à ideia nova? Que ambientes ou situações estimularam sua criatividade? Ao fazer esse raio-X dos seus pontos fortes e entender em que condições eles funcionam melhor, você vai, aos poucos, ampliar sua consciência a respeito de como pode contribuir para a equipe e de como isso pode qualificar você para novas responsabilidades. 2 26 Como consequência, provavelmente você ganhará ainda mais desenvoltura para exercitar sua “fortaleza” e para colocá-la em prática quando necessário. Além disso, também será mais capaz de vender seu peixe de forma natural para o/a seu/sua chefe ou para um potencial empregador, quando tiver que falar das suas qualidades em uma entrevista, por exemplo. Explore mais profundamente como você se comporta Depois de refletir sobre seus pontos fracos e fortes mais evidentes e observá-los na prática, é hora de conhecer também aqueles comportamentos e características que não são tão óbvios para você, mas que compõem o seu perfil de soft skills. Existem formas estruturadas de fazer isso. Ricardo Mallet aponta que há uma série de testes de soft skills disponíveis na internet e que você pode explorar um pouco. A literatura sobre o tema também é de fácil acesso. Um dos testes mais conhecidos, segundo o consultor, é o que acompanha o livro Descubra seus Pontos Fortes, de Marcus Buckingham e Donald O. Clifton. Baseado em uma pesquisa do instituto Gallup com mais de 2 milhões de pessoas, o livro define caminhos para você identificar suas próprias características e, a partir disso, desenvolver aquelas que são mais úteis à sua carreira. Além de ler e pesquisar, você pode contratar um consultor no tema, se estiver a fim de mergulhar nesse universo com a ajuda de um profissional. Porém, se não quiser ou não puder gastar dinheiro com isso, Mallet também indica caminhos mais simples – e gratuitos – para quem quer se aprofundar nas suas soft skills. 3 27 Nesse caso, seus colegas de trabalho, amigos e família podem contribuir. “Como é que a gente consegue identificar como a gente mesmo é? Quando se compara com os outros. Além disso, o feedback das outras pessoas também pode ajudar. Uma forcinha externa é bem-vinda, porque quando não temos aquela janela de autopercepção muito desenvolvida, quem vai sinalizar para nós sobre nossas características são as pessoas com quem convivemos”, explica o consultor. Um exercício conhecido e fácil de aplicar, segundo Mallet, é pedir a no mínimo 10 amigos ou colegas de trabalho que listem quais são os cinco pontos em que você tem qualidades mais fortes e os cinco em que você pode melhorar. 27 28 Quanto mais pessoas você puder envolver nesse exercício, melhor, porque a amostra será mais ampla. Lembre- se, porém, que as pessoas precisam ter uma convivência tal com você que as permita saber como você se comporta para além das situações sociais mais superficiais. Além disso, antes de pedir que elas participem do exercício, certifique-se de que você não vai reagir negativamente às respostas dela. Aceite o que elas dizem de coração aberto e não use as respostas para discutir a relação imediatamente ou devolver as críticas, dizendo coisas do tipo: “ah, mas nesse dia eu agi assim porque você tomou tal atitude”. Aliás, o melhor é nem encarar as observações dos participantes do seu exercício como críticas. Pense nos pontos negativos que elas apontarem como oportunidades de se entender melhor e de fortalecer suas habilidades. Outro ponto a se considerar é que uma mesma característica pode ser vista de forma negativa ou positiva de acordo com a situação e com quem a descreve. Por isso, não entenda as observações como condenações. O que foi apontado como teimosia, por exemplo, em outro contexto poderia ser visto como persistência. Não coloque peso demais nas respostas, ao contrário, use-as como ferramenta para entender quando vale atenuar um comportamento natural seu e quando vale reforçá-lo. Por fim, lembre-se que quando falamos de algumas grandes habilidades, podemos ter dificuldade em um ponto e facilidade em outros. Ricardo Mallet dá um exemplo. “Só consegui descobrir que tenho pouca empatia quando fiz um teste desse tipo. Eu sou criativo, comunicativo, ou seja, tenho habilidades que poderiam ser vistas como a de uma pessoa que se relaciona bem, mas tenho dificuldade em me colocar no lugar dos outros”, ele conta. Quando você pedir aos participantes do seu teste que descrevam como você é, lembre-se de encorajá-los a serem específicos em suas descrições, para que você de fato possa identificar a área problemática. 29 Crie e execute um plano de ação A esta altura, depois de conhecer melhor suas soft skills, inclusive a partir da observação que outras pessoas fizeram de você, chegou o momento de criar um plano de ação e colocá-lo em prática. Esse plano pode ser simples. Comece definindo uma experiência pela qual você queira passar no curto, médio ou longo prazo e liste as habilidades que você considera mais importantes para essa vivência. Em seguida, pense em quais delas você identificou que já possui e quais você precisa desenvolver. Vamos ver um exemplo. Experiência desejada: coordenar uma equipe de vendas Soft skills fundamentais para isso: a) comunicação excelente; b) capacidade de motivar pessoas; c) disciplina para manter os processos em ordem. Soft skills em que sou forte: Sou muito comunicativo e disciplinado Soft skills em que sou fraco: Tenho dificuldade em motivar pessoas, especialmente quando sinto que estão acomodadas. Minha tendência é desistir delas e focar nas que têm mais energia. 4 30 A partir desse diagnóstico simples,ficará mais fácil pensar em oportunidades que ajudem você a acentuar as habilidades que identificou como “fortalezas” e a amenizar aquelas em que nãose sente tão apto. No exemplo acima, o profissional precisa aprender um pouco mais sobre como motivar pessoas. Seu plano de ação pode incluir desde ações simples, como assistir a palestras no YouTube sobre motivação de equipes, até iniciativas mais trabalhosas, mas que permitam uma imersão no tema, como fazer um curso online, estabelecer uma relação de mentoria com um gestor reconhecido ou bater um papo com o RH da empresa sobre o tema. Sempre cabe lembrar que planos de ação, como você sabe, funcionam melhor quando contam com metas específicas, mensuráveis, realistas e com prazo definido. Veja um exemplo, usando o caso que descrevemos acima. Plano de ação para desenvolver minhas soft skills Soft skill desejada: capacidade de motivar equipes Ações: Assistir a três vídeos por semana sobre o tema, em plataformas confiáveis, como a dos TED Talks, nos próximas dois meses. O objetivo é conhecer o básico do que dizem os especialistas e começar a refletir sobre como eu atuo, quando preciso motivar minha equipe. Daqui a três meses, me matricular em um curso online sobre o tema, para aprofundar meu aprendizado sobre técnicas de motivação Identificar um/a chefe de equipe que eu considere inspirador/a e verificar se ele/a estaria disponível para uma relação de mentoria, daqui a seis meses. Isso me ajudaria a discutir questões práticas e a exercitar minha habilidade como gestor, para que eu esteja mais habilidoso/a em um ano ou dois. A CB 31 Seus próximos passos Gostou dessas sugestões? Esses são apenas alguns pontos iniciais sobre o tema das soft skills, para inspirar você a buscar mais informações, refletir e encontrar seus próprios caminhos de desenvolvimento profissional. Continue atento ao que o Veduca tem a oferecer para quem quer expandir suas habilidades socioemocionais. Esperamos seguir em contato com você! 31 32 Saiba mais sobre soft skills No vídeo abaixo, o CEO do Veduca, Marcelo Mejlachowicz, dá mais exemplos do que são soft skills e explica por que o Veduca está se dedicando a oferecer oportunidades de desenvolvimento dessas habilidades. https://www.youtube.com/watch?v=0nDYwP89j1o • No site da Exame, a sócia-diretora da Companhia de Idiomas, Lígia Crispino, dá exemplos de como soft skills e hard skills se complementam. • Neste outro post, também do Exame.com, o consultor financeiro Mauro Calil comenta sobre algumas das soft skills mais buscadas pelas empresas de áreas como engenharia e finanças. • Este post do blog da Points Rocket lista os cinco melhores TED Talks para pensar sobre como aumentar o engajamento da equipe, uma habilidade importante para quem quer desenvolver soft skills de liderança. • Em um vídeo na plataforma TED, a percussionista Evelyn Glennie, que perdeu quase toda sua audição aos 12 anos, explica como ouvir com atenção. Além de interessante, pode ser um bom começo para desenvolver a escuta atenta do outro. • O site Na Prática traz sugestões de como desenvolver soft skills, a partir de trechos do livro Inteligência Emocional, um best-seller do mundo corporativo, escrito por Daniel Goleman. 33 • Também no site Na Prática, o diretor executivo da Page Personnel, Ricardo Basaglia, afirma que “ não é a inteligência artificial que substitui empregos, é a emocional”. Entenda por quê. • Para aprender sobre soft skills e, ao mesmo tempo, praticar inglês, leias as seguintes reportagens: a revista Forbes explica por que soft skills importam; o site da escola de Negócios do MIT conta quatro coisas que você deve saber sobre soft skills; o autor Marcus Buckingham, mencionado por Ricardo Mallet, fala a respeito da importância de fortalecermos nossas soft skills, em seu canal no YouTube (confira abaixo) https://www.youtube.com/watch?v=HDclGisv57E 34 Somos um negócio social que tem a missão de impactar positivamente a vida das pessoas por meio de conteúdos de qualidade produzidos de forma sustentável, colaborativa, transparente, horizontal e oferecidos de maneira acessível e simples. Siga-nos nas redes sociais:
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