Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Microeconomia Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Ms. Bruno Leonardo Silva Tardelli Revisão Textual: Profa. Ms. Luciene Oliveira da Costa Santos Introdução à Economia e ao estudo microeconômico 5 • Introdução • Conceito de Economia • Sistemas Econômicos • Tradeoff • Custo de Oportunidade • Funcionamento de uma e conomia de mercado: fluxos reais e monetários • Teoria Microeconômica • Divisão do estudo microeconômico · Nesta unidade, você terá a oportunidade de compreender conceitos básicos da economia para entendimento do assunto tratado na teoria microeconômica. Os principais conceitos da unidade são os de economia, sistemas econômicos, tradeoff, custo de oportunidade, bem como a exploração do fluxo circular da renda na economia. Além disso, são enumerados os principais tópicos de atuação da teoria microeconômica. Nesta orientação de estudos, constam as informações gerais para direcionar a respeito das atividades a serem desempenhadas, até mesmo para que o estudo tenha o rendimento ideal. Siga os seguintes passos na ordem: 1) Em primeiro lugar, observe a representação visual da unidade. Na representação esquemática, você poderá ter uma visão geral dos conceitos que serão trabalhados nesta unidade 2) Em segundo lugar, no tópico de contextualização, é importante notar como as decisões dos consumidores, na prática, podem ser difíceis, justamente pelo fato de, implicitamente, poderem estar raciocinando de acordo com os conceitos que serão apresentados no material teórico. 3) Em terceiro lugar, ao longo do material teórico, busque aprender cada conceito abordado. Além do material teórico, você terá acesso à apresentação de Power Point narrado sobre o texto. 4) Em quarto lugar, acompanhe a aula em vídeo ligada a esta unidade. Ela auxiliará em algum ponto específico que ainda tenha dúvida. 5) Em quinto lugar, realize a atividade de aprofundamento, que está no formato de fórum de discussão. Nesta atividade, você irá escrever um texto sobre a sua escolha de prato principal de um restaurante. 6) Em sexto lugar, na atividade de sistematização, irá responder o que será pedido, com o intuito de fixar o conteúdo. São 6 atividades autocorrigíveis pelo Blackboard. 7) Em sétimo lugar, verifique o material complementar da unidade. Bons estudos! Introdução à Economia e ao estudo microeconômico 6 Unidade: Introdução à Economia e ao estudo microeconômico Contextualização Leia a história a seguir para poder entender como as decisões dos consumidores podem ser difíceis: O jovem Marcelo utiliza muito o smartphone e está interessado em adquirir um novo, pois o atual não atende mais às suas necessidades. Assim, ele realiza algumas buscas na internet e observa que dois modelos de interesse: o novo Via Láctea ou o novo Grape. Indeciso, Marcelo passou um mês analisando as vantagens e desvantagens de cada um e tentando analisar qual deles poderia trazer uma maior satisfação. A questão de Marcelo é que existem modelos melhores que os selecionados, mas são bem mais caros. Dessa forma, ele precisa decidir qual escolher, com base na restrição orçamentária que possui. Além disso, estava ciente que a escolha pelo Via Láctea implicaria não ter o Grape e vice-versa. Por fim, após um mês de busca, o jovem opta por comprar o novo Grape. Infelizmente, dias após o modelo chegar a sua casa, em uma discussão, o irmão mais novo de Marcelo se apropria do aparelho e o arremessa contra a parede. Marcelo chora, pois, após longa busca pelo melhor aparelho possível em relação ao dinheiro que possuía, seu sonho havia acabado. 7 Introdução É notória a necessidade dos seres humanos de realizarem o maior número de tarefas no menor tempo possível. Um exemplo emblemático disso são as tecnologias implantadas pouco a pouco em smartphones e tablets, que causam grande expectativa em muitos consumidores. Uma explicação básica sobre tal euforia é que, cada vez mais, as pessoas têm nas mãos boa parte do que necessitam para reduzir o tempo empregado na resolução de problemas. Tanto na vida pessoal, quanto nas empresas, o uso da tecnologia tem auxiliado os indivíduos a realizarem o máximo de atividades em menor tempo. Nas empresas, por exemplo, o desenvolvimento tecnológico pode gerar redução de custos e aumento da competitividade. Outro fato interessante é a insistência das pessoas em racionalizar o consumo a partir de pesquisas de preço e qualidade de produtos, seja em supermercados, lojas de eletrodomésticos, ou concessionárias de veículos. As famílias e as empresas precisam tomar decisões em todo momento sobre as formas de racionalizá-lo. Para tal, devem refletir sobre elas, de modo a obterem o maior sucesso possível. Podemos dizer que esse é o “pontapé inicial” do estudo econômico tradicional. Em geral, a economia não aceita que os seres humanos sejam irracionais a ponto de escolherem o que seja pior para eles mesmos. Existiria, sim, o desejo nos indivíduos de obter o máximo de satisfação, considerando a limitação orçamentária de cada um. Para aprofundamento do que envolve esse “mundo” de decisões, nesta unidade, você estudará: • o conceito de economia; • as diferenças básicas entre os Sistemas Econômicos mais importantes; • os conceitos de Custo de Oportunidade e Tradeoff; • o Funcionamento de uma economia de mercado, a partir dos fluxos reais e monetários; • a Introdução à Teoria Microeconômica e Divisão do Estudo Microeconômico. 8 Unidade: Introdução à Economia e ao estudo microeconômico Conceito de Economia A partir da introdução apresentada sobre as decisões que os indivíduos enfrentam, chegamos a um conceito de economia: [...] a ciência social que estuda de que maneira a sociedade decide (escolhe) empregar recursos produtivos escassos na produção de bens e serviços, de modo a distribuí-los entre as várias pessoas e grupos da sociedade, a fim de satisfazer as necessidades humanas (VACONCELLOS; GARCIA, 2010, p. 2-3). Observe que conceitos importantes, e talvez obscuros até o presente momento, envolvem o trecho anterior. Em primeiro lugar, é importante ter em mente que as escolhas ou decisões estão sempre presentes na economia. Em segundo lugar, é importante que as escolhas referem-se aos recursos produtivos, que podem ser interpretados basicamente como fatores de produção. Estes, por sua vez, seriam o trabalho, a terra e o capital. Por exemplo, no caso de um produtor agrícola, existe a escolha de quantos trabalhadores devem ser contratados, a extensão da terra necessária e quanto de recursos financeiros, convertidos em vários itens, tal como o maquinário, deve ser empregado para viabilizar a plantio. Em terceiro lugar, é importante atentar para o conceito de escassez, o qual indica que os fatores de produção disponíveis são limitados. Por exemplo, quando um produtor rural vai plantar qualquer tipo de cultura em sua terra, a cerca colocada ao redor da propriedade apresenta a limitação da terra que ele possui, de modo que, se quiser produzir num espaço maior, terá de adquirir a posse de mais terras. Outro exemplo seria o de que, como consumidoras, as famílias devem escolher apenas alguns tipos de produtos nos supermercados, lojas de eletrônicos, ou concessionárias de veículos; caso contrário, não terão dinheiro suficiente para a compra de tudo o que necessitam. O conceito de escassez, portanto, pode ser aplicado com o ditado popular “querer não é poder”. Em quarto lugar, é importante o conceito de distribuição, pois, simplificadamente, insere a discussão de como a sociedade se organiza para dividir a terra disponível em um país, ou como o dinheiro é alocado entre os indivíduos da sociedade. Em quinto lugar, é importante refletir que as necessidades humanas poderiam ser encaradas como a satisfação de qualquer desejohumano. Por exemplo, para algumas pessoas, o fato de manter o cabelo pintado pode ser uma necessidade humana, mas não é assim para outras. Portanto, as necessidades humanas não são os itens básicos que cada pessoa precisa para sobreviver, mas todos os desejos que ela possui. 9 Sistemas Econômicos A apresentação do conceito de sistema econômico, bem como o conceito dos principais sistemas, é necessária neste momento para que você possa entender como a maior parte dos países do mundo está organizada. Conforme as palavras de Vasconcellos e Garcia (2008), “um sistema econômico pode ser definido como a forma política, social e econômica pela qual está organizada uma sociedade”. Dois sistemas predominantes no estudo econômico são o socialista (ou economia centralizada) e o capitalista (ou economia de mercado). No sistema socialista, a sociedade se forma em torno de um planejador central (o governo), que decide todas as questões econômicas fundamentais. Por exemplo, sob esse sistema, o governo (Estado) mantém a propriedade das empresas, ou seja, é presente a propriedade pública dos meios de produção, em que o Estado define a produção e quantidade dos itens que julga serem necessários para os habitantes. Por outro lado, há o sistema capitalista, que é predominante atualmente. Conforme Hunt (1981), o capitalismo possuiria quatro características básicas: • Trata a produção de maneira orientada para o mercado, ou seja, o que é produzido no sistema capitalista tem por finalidade ser vendido e não ser consumido pelo produtor. Por exemplo, um marceneiro, nesse sistema, não produz com o intuito de mudar o mobiliário da própria casa, mas sim com o interesse de vender. • Ao contrário do sistema socialista, existe no capitalismo a propriedade privada dos meios de produção, ou seja, há uma parte da sociedade que é possuidora, por exemplo, de máquinas, ferramentas, matérias-primas, domínio da tecnologia e direito de produzir. • Existe uma parte da sociedade que tem, como único instrumento de trabalho, a própria força de trabalho e vende esta força ao produtor em troca de um salário. • Sob o sistema capitalista, a maior parte da sociedade possui comportamento individualista, tem desejo de consumo e conquista financeira e, por fim, busca o melhor resultado possível em suas atividades (comportamento maximizador). Reflita Se você pensar um pouco na sociedade atual, encontrará traços evidentes de uma sociedade em que o foco é a economia voltada para a produção e venda de mercadorias, com traços individualistas (tanto do lado das empresas quanto das famílias) e que busca extrair o máximo de lucro possível, no caso das empresas, que são as detentoras dos meios de produção. Alguns traços desse tipo de comportamento, por exemplo, são vistos na própria família, em que o consumismo é um traço forte. 10 Unidade: Introdução à Economia e ao estudo microeconômico Tradeoff A partir do reconhecimento de que você vive em uma sociedade capitalista, também se verifica que as escolhas de onde trabalhar, o que consumir, o que produzir, para quem produzir e quanto produzir são características das pessoas que vivem sob este sistema. Quando falamos de escolhas a serem tomadas, uma parte das pessoas sente certo “frio na barriga”. A razão para isso é que, por exemplo, se houver dois caminhos para seguir, a escolha de um implica abandonar o outro. Essa experiência você adquire ao longo da vida, pois, no trabalho, na escolha de um aparelho eletrônico para comprar e até mesmo no seu curso de graduação, muitas decisões devem ter sido tomadas. Figura 1 – Os possíveis caminhos Fonte: Thinkstock/Getty Images Dizemos que uma pessoa enfrenta um tradeoff quando precisa escolher algo desde que a escolha envolva a perda de outro elemento que também é desejado. Por exemplo, imagine que um estudante esteja optando entre realizar um curso de Arquitetura e Psicologia. Apesar do prazer de cursar ambos, o estudante talvez não tenha o tempo necessário para dedicar-se aos dois cursos e, então, teria de escolher um deles. Isso o coloca numa situação de tradeoff. 11 Custo de Oportunidade Voltando à situação do estudante que deve escolher entre Arquitetura e Psicologia, a decisão pode passar, por exemplo, pela análise sobre a satisfação ao longo do curso (e na atuação profissional) e a possibilidade de crescimento da carreira no futuro. Supondo que o estudante tenha que pagar o mesmo valor em ambos os cursos e demonstre a mesma expectativa de satisfação nos estudos e na atuação profissional, a decisão racional passa a depender da possibilidade de sucesso na carreira. Caso o estudante acredite que seu maior progresso profissional esteja ao realizar o curso de Arquitetura, mas escolha o curso de Psicologia, claramente, ele perceberá que existe uma oportunidade perdida. No estudo econômico, dizemos que há um custo de oportunidade. Figura 2 – O “cálculo” do custo de oportunidade Fonte: Thinkstock/Getty Images O custo de oportunidade seria “qualquer coisa que se tenha de abrir mão para obter algum item” (MANKIW, 2001, p. 6). Assim, o estudante deve avaliar se, ao cursar Arquitetura, quanto estará perdendo de ganhos futuros ao não fazer o curso de Psicologia. Ao mesmo tempo, deve se perguntar se, no caso de estudar Psicologia, quanto estará perdendo no futuro ao não realizar Arquitetura. Essa análise dirá ao estudante qual das perdas no enfrentamento do tradeoff será mais significativa. Outro exemplo poderia ser o de um estudante que está na universidade realizando um curso de Odontologia e é chamado por um amigo para se tornar sócio de um restaurante. Nesse caso, se decidir pela sociedade, o estudante terá de abandonar o curso de Odontologia em função da falta de tempo para aliar as duas atividades. Nessa circunstância, para a tomada de decisão, o estudante deve realizar a seguinte comparação: se decidir pela sociedade do restaurante, quanto perderá se deixar Odontologia? A seguir, outra pergunta deve ser feita: se continuar o curso, quanto perderá desistindo da sociedade? O estudante deverá, assim, decidir pela opção que gere o menor custo de oportunidade (ou seja, a menor perda relativa entre as opções). 12 Unidade: Introdução à Economia e ao estudo microeconômico Funcionamento de uma economia de mercado: fluxos reais e monetários O funcionamento de uma economia de mercado (ou capitalista) pode ser explicado por meio de fluxos circulares que mostram como bens ou serviços, fatores de produção, remuneração destes fatores de produção e o pagamento dos bens e serviços transitam na economia. Os fatores de produção são os recursos produtivos que foram comentados anteriormente. Basicamente, eles são representados por trabalho (a força de trabalho humana), capital e terra. A partir da combinação entre esses fatores, a produção de qualquer bem ou serviço – que são os produtos da economia – torna-se possível. A remuneração dos fatores de produção representa o pagamento realizado a cada possuidor de cada fator. Assim, entre as remunerações existentes numa economia de mercado estão o salário, o juro, o aluguel e o lucro. A seguir, está listado o conceito de cada um deles, conforme Vasconcellos e Garcia (2008): • Salário: remuneração do trabalhador (é o que recebe uma pessoa que trabalha). • Juros: remuneração do capital (quando se empresta capital para alguém, deve-se pagar um valor a mais para esta que emprestou, além de devolver aquilo que foi emprestado; esse valor a mais é o juro). • Aluguel: remuneração do proprietário da terra (quando alguém possui uma fazenda e aluga para alguém, esse recebe um aluguel). • Lucro: remuneração dos proprietários das empresas. A partir desses conceitos, podemos iniciar o estudo de fluxos circulares da economia. Supondo um país sem governo e sem contato com outrospaíses, existem dois tipos de fluxos circulares na economia (o fluxo real e o fluxo monetário); unidos formam um terceiro fluxo: o chamado fluxo da renda na economia. Fluxo real da economia O fluxo real da economia expressa a circulação de bens, serviços e fatores de produção e é representado pela figura 3. Figura 3 – Fluxo real da economia Mercado de Bens e Serviços Mercado de Fatores de Produção Empresas Ofertas Ofertas Demanda Demanda Famílias Fonte: Adaptado de Vasconcellos e Garcia (2008) 13 Para entendimento do fluxo real, é necessário analisar os elementos que o constituem. Primeiro, observe que a figura 3 possui os itens famílias e empresas. As famílias constituem agentes econômicos que consomem (ou seja, que demandam) bens e serviços; as empresas representam as unidades produtoras de bens e serviços para serem consumidas pelas famílias. Assim, as empresas produzem para que as famílias possam consumir. Segundo, veja que a figura 3 contém um mercado de bens e serviços e um mercado de fatores de produção. No mercado de bens e serviços, são definidos o que e o quanto as empresas pretendem produzir para seus consumidores. Por outro lado, no mercado de fatores de produção se definem os fatores de produção (trabalho, terra e capital) envolvidos em cada empresa para produzir os bens e serviços que as famílias demandam para serem consumidos. Imagine que você quer comprar um sofá. Para confeccionar esse bem, foi preciso que um grupo de pessoas emprestasse sua força de trabalho para as empresas produtoras de sofá – para trabalharem serrando as madeiras e cortando tecidos, entre outros passos para a confecção do produto. Além disso, as fábricas precisariam de outro fator de produção, o capital, que seria adiantado para a compra de tecido, madeira e ferramentas necessárias. Assim, se você deseja (demanda) um sofá, para que ele seja ofertado será necessário, inicialmente, o adiantamento dos fatores de produção para, na sequência, haver a entrega do sofá. Esse é o fluxo real da economia. Em síntese As famílias demandam bens e serviços para serem consumidos. Além disso, ofertam trabalho, terra e capital para as empresas produzirem e ofertarem os bens e serviços que desejam consumir. 14 Unidade: Introdução à Economia e ao estudo microeconômico Fluxo monetário da economia Para a formação completa dessa economia de mercado (ou capitalista) é preciso de mais um fluxo circular, o fluxo monetário da economia. No fluxo monetário, gira apenas o dinheiro necessário para que o sofá chegue à sua casa. Como foi necessário trabalhadores e capital para que a empresa produzisse o bem, é necessário que a empresa pague os trabalhadores pelo serviço prestado e aos donos do capital pelo dinheiro emprestado. Assim, as empresas devem remunerar os trabalhadores com salário e os donos do capital com juros, conforme foi explicado anteriormente sobre remuneração dos fatores de produção. Além disso, você que comprou o sofá deve pagar algo por este produto, sendo que este algo representa o pagamento dos bens e serviços. Figura 4 – Fluxo monetário da economia Pagamento dos bens e serviços Remuneração dos fatores de produção EmpresasFamílias Fonte: Adaptado de Vasconcellos e Garcia (2008) Observe a figura 4. Ela contém os elementos básicos de um fluxo monetário. Estão representadas as famílias e as empresas, como antes, e o pagamento dos bens e serviços e a remuneração dos fatores de produção. 15 Fluxo de renda da economia O fluxo de renda representa a junção dos dois fluxos anteriores (o real e o monetário). Figura 5 - Fluxo de renda da economia Mercado de Bens e Serviços Mercado de Fatores de Produção Empresas Ofertas de bens e serviços ReceitasDespesas Pagamento dos fatores de produção Renda das famílias Oferta de FP - Trabalho - Capital - terra - ... Demanda de FP Demanda de bens e serviços Famílias Fluxos monetários Fluxos reais Fonte: Adaptado de Vasconcellos e Garcia (2008) As famílias emprestam capital, terra e trabalho para as empresas poderem produzir os bens e serviços que as famílias querem consumir. Para que tal ocorra, as empresas devem pagar salários, juros, aluguéis para que as famílias queiram oferecer seus fatores de produção (salário, capital e terra). Além disso, as famílias devem pagar pelos bens e serviços oferecidos pelas empresas (Figura 5). 16 Unidade: Introdução à Economia e ao estudo microeconômico Teoria Microeconômica A economia pode ser dividida em duas partes: a microeconomia e a macroeconomia. A macroeconomia trata de temas como taxa de juros, desemprego, inflação e taxa de crescimento. Entretanto, o alvo de estudo introdutório desta unidade é a microeconomia (ou teoria microeconômica). A microeconomia aborda, conforme Pindyck e Rubinfeld (2010): [...] o comportamento das unidades econômicas individuais. Tais unidades abrangem consumidores, trabalhadores, investidores, proprietários de terra, empresas – na realidade, quaisquer indivíduos ou entidades que tenham participação no funcionamento de nossa economia. A microeconomia explica como e por que essas unidades tomam decisões econômicas. Nas palavras de Vasconcellos e Garcia (2008): [...] a microeconomia, ou teoria dos preços, analisa a formação de preços no mercado, ou seja, como a empresa e o consumidor interagem e decidem qual preço e a quantidade de determinado bem ou serviço em mercados específicos. Alertamos para o fato de que as questões analisadas pela microeconomia não são de uma empresa específica, mas são do mercado como um todo. Por exemplo, a microeconomia, ao tratar de empresas do setor alimentício, não trabalha com a formação de preços e quantidades a serem produzidas de uma empresa específica, mas do setor como um todo. A microeconomia trata da análise sobre toda a estrutura do mercado em questão, tentando entendê-la. 17 Divisão de estudo microeconômico O estudo da microeconomia pode ser, basicamente, dividido em cinco tópicos, que são, conforme Vasconcellos e Garcia (2008): 1) análise da demanda; 2) análise da oferta; 3) análise das estruturas de mercado; 4) teoria do equilíbrio geral e bem-estar; 5) imperfeições (“falhas”) de mercado. A análise da demanda busca entender como o consumidor realiza as decisões que podem trazer o máximo de satisfação, devido às restrições orçamentárias que as famílias possuem. A análise da demanda leva em consideração, principalmente, entre outros, a renda das famílias e os preços dos produtos, bem como suas alterações ao longo do tempo. A análise da oferta visa compreender o comportamento das firmas (empresas) no mercado. O foco das firmas, assim como dos consumidores é sempre o mesmo: obter o melhor resultado possível em suas decisões. Se, por um lado, as famílias buscam a maior satisfação dos seus desejos de consumo, devido à renda que possuem e os preços dos produtos, por outro lado, as firmas visam obter o máximo de lucro possível. Para tal, as firmas vão levar em consideração a relação entre os custos e receitas de modo a possibilitar maximização do lucro. Na análise das estruturas de mercado, é abordada a capacidade das empresas conseguirem ou não alterar os preços dos seus produtos e a quantidade a ser colocada no mercado para comercialização. Ao contrário da análise da oferta e estruturas de mercado – que estudam apenas mercados isolados, por exemplo, somente o mercado do arroz, ou dos sofás, ou aéreo etc. –, a teoria do equilíbrio geral e bem-estar trabalha com as inter-relações dos mercados. Por fim, o tópico de imperfeições de mercado analisa como os mercados podem ser melhorados em situações que não podem ser resolvidas apenas de acordo com as “regras do mundo capitalista”. Um exemplo disso seriam as externalidades negativascom o emblemático caso da poluição. Se, por um lado, para as empresas fabris, pode ser economicamente vantajoso arremessarem lixo industrial diretamente nos rios, por outro lado, muitas pessoas sofrem com a poluição da água. A unidade Introdução à Economia e ao Estudo Microeconômico chega ao fim. Nesta unidade, foram abordados diversos conceitos econômicos básicos que são importantes para entendimento da teoria microeconômica, como as ideias de tradeoff e custo de oportunidade. 18 Unidade: Introdução à Economia e ao estudo microeconômico Material Complementar Sites: Como material complementar, você pode acessar o link abaixo. O conteúdo aplica o conceito de custo de oportunidade no “mundo” dos investimentos e foi publicado pela revista digital InfoMoney, em 28/08/2013, com o título “Custos de Oportunidade: Vale a pena trocar de investimento?”. http://goo.gl/0hwLT8 19 Referências HUNT, E.K. História do Pensamento Econômico. 7 ed. São Paulo: Campus, 1981. MANKIW, N. G. Introdução à Economia: Princípios de Micro e Macroeconomia. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2001. PINDYCK, R. S.; RUBINFELD, D. L. Microeconomia. 6. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2010. VASCONCELLOS, M. A. S.; ENRIQUEZ GARCIA, M. Fundamentos de Economia. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. 20 Unidade: Introdução à Economia e ao estudo microeconômico Anotações
Compartilhar