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Estereótipos e preconceitos As relações sociais com os outros podem ser divididas em termos positivos (atração) ou negativos (agressão). Fala-se em atração interpessoal quando a avaliação cognitiva e afetiva que fazemos de outros orienta o nosso comportamento no sentido da proximidade destes. Por outro lado, falamos em agressão interpessoal quando agimos de modo a causar danos físicos ou psicológicos a outros, existindo uma intenção de destruição. Associados a estas relações encontram-se 3 fenómenos: estereótipos, preconceitos e discriminação. Destes 3 abordaremos os dois primeiros. Os estereótipos correspondem a generalizações. O estereotipo é uma categoria favorável ou desfavorável que é partilhada por um grupo social ou cultural que se refere a características pessoais, especialmente a traços de personalidade ou a comportamentos. São esquemas cognitivos que elaboramos sobre as qualidades ou características das pessoas de um determinado grupo ou categoria às quais associamos um tom afetivo favorável ou desfavorável. São simplificadores e apressam as perceções e julgamentos sobre o outro. Os estereótipos de género são um conjunto de estereótipos resistentes à revisão recorrente na nossa sociedade e dividem se em dois níveis: Estereótipos de papeis de género – crenças partilhadas a propósito das atividades apropriadas para homens e mulheres. Estereótipos de traços de género – generalizações relativas a características psicológicas que diferencialmente se atribuem a homens e mulheres. Alguns estereótipos relativamente comuns dizem que: Os homens são… As mulheres são… Independentes Dependentes Racionais Emocionais Dominantes Submissas Desorganizados Organizadas Seguros Inseguras Aventureiros Medrosas Rebeldes Dóceis Ameaça do estereotipo - Indivíduos que sentem que o seu comportamento pode confirmar um estereotipo negativo apresentam pior desempenho. Por exemplo, se homens e mulheres forem submetidos a um mesmo teste, no final, os resultados serão idênticos, porém, se antes da realização da prova as mulheres forem informadas de que os homens costumam ter melhores resultados o seu desempenho resulta pior que estes. Se o primeiro objetivo dos estereótipos é o de simplificar e organizar o meio social, eles servem, quase sempre, para justificar a discriminação de pessoas e grupos e gerar preconceitos. Os preconceitos são atitudes negativas em relação a pessoas ou grupos. Possuem uma componente afetiva, uma cognitiva (crenças sobre indivíduos) e uma comportamental, à qual pertence a discriminação (tratamento desfavorável concedido a uma pessoa ou grupo). Uma das formas de preconceito mais comuns na sociedade é o racismo. Este, estando na origem da discriminação racial, pressupõe a crença que os membros de uma dada etnia têm características distintas que os tornam inferiores ou superiores face a outros grupos. Para estudar os efeitos psicológicos da segregação racial na autoestima das crianças norte americanas negras, Kenneth e Mamie Clark criaram uma experiência, O teste da boneca. Para tal exibiram a um grupo de crianças norte-americanas negras 4 bonecas idênticas, à exceção da cor de pele. Os psicólogos perguntavam, então, qual das bonecas as crianças mais gostavam, qual tinha uma cor mais bonita, qual parecia má… Verificou-se a preferência pelas bonecas brancas e a rejeição das negras. Interpretados os resultados conclui-se que as crianças não nascem racistas mas repetem as condutas racistas dos que as cercam. Embora os conceitos estereotipo e preconceito estejam associados não são exatamente o mesmo. Os estereótipos derivam do processo cognitivo da categorização, correspondendo a representações constantes, consistentes e uniformes. Já os preconceitos são atitudes que nos predispõem para agir desfavoravelmente com base nas nossas crenças e opiniões relativamente a uma categoria. Um exemplo disso é a discriminação dos ciganos no momento em que procuram emprego ou casa, pois a categoria “cigano” está frequentemente associada, nas representações socias, a características como “violento” e ladrão”, assim são, muitas vezes, desprezados e humilhados. De modo a determinar o grau de hostilidade de uma dada sociedade face a um grupo, Gordon Allport criou, na década 50 do século passado, a escala de preconceito e discriminação, a qual se divide em 5 níveis sucessivos: Antilocução, onde se desenvolve um discurso depreciativo dirigido a um dado grupo ou individuo, alimentando e legitimando o preconceito, através de “piadinhas” homofóbicas, racistas, etc. Esquiva, onde se promove o isolamento e exclusão de um grupo ou individuo alvo de preconceito Discriminação, aqui nega-se a igualdade de acesso a oportunidades. Ataque físico, neste nível o individuo ou grupo-alvo passa a ser vítima de vandalismo e ataques violentos. Por fim, no Extermínio, estamos perante a forma mais grave de expressão de preconceito: o genocídio ou etnocídio. Apesar de, como pudemos concluir, as atitudes preconceituosas estarem associadas a comportamentos discriminatórios, uma pessoa pode ter preconceitos e não discriminar (um patrão pode considerar que contratar uma mulher é prejudicial por conta da maternidade) ou pode discriminar e não ter preconceitos (um patrão pode não ter nada contra funcionários que usem piercings mas não os contratar por achar que podem ser prejudiciais ao negócio).
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