Buscar

Blastocistose 1

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Apostila de Parasitologia Humana Parte I Protozoários Profa. Heloisa Werneck de Macedo 
 
Capítulo 4 – Blastocystis hominisi 1
PROTOZOÁRIOS INTESTINAIS 
BLASTOCYSTIS HOMINIS 
INTRODUÇÃO 
 Há cerca de 100 anos foi identificado o protozoário intestinal Blastocystis hominis 
(B. hominis), um dos parasitos mais comumente encontrados na população mundial, 
atingindo taxas de prevalência da ordem de 50% nos países em desenvolvimento, e de 
1,5% a 10% nos países desenvolvidos. 
 B. hominis tem sido considerado agente causador de doença intestinal humana, 
a blastocistose, o que vem gerando muitas controvérsias. Pode ser responsável por 
doença gastrintestinal, principalmente em indivíduos imunossuprimidos, como 
portadores de doença hematológica maligna, AIDS e em crianças pré-escolares, 
principalmente mal nutridas. Tudo indica que a imunodepressão é o fator principal para 
o surgimento de manifestações clínicas. 
Apesar da blastocistose ser considerada uma importante parasitose, ainda são poucos 
os estudos sobre o parasito, e sua existência muitas vezes tem sido negligenciada, 
devido ao pequeno número de laboratórios que fazem sua identificação. 
 Pouco se conhece sobre sua forma de transmissão, patogenicidade, 
características em cultura, taxonomia, ciclo de vida, bioquímica e biologia molecular. No 
entanto, progressos substanciais no conhecimento de sua biologia têm sido obtidos nos 
recentes anos. 
 B. hominis é polimórfico e de posição taxonômica ainda discutível. Sua 
morfologia vem sendo estudada através da microscopia ótica e eletrônica. 
 
Apostila de Parasitologia Humana Parte I Protozoários Profa. Heloisa Werneck de Macedo 
 
Capítulo 4 – Blastocystis hominisi 2
MORFOLOGIA 
 B.hominis é um organismo polimórfico e possui 4 formas morfológicas descritas 
na literatura, sendo elas: vacuolar, granular, amebóide e cística,sendo que a forma 
amebóide é encontrada principalmente em fezes diarréicas (Figura 1). 
 
Figura 1 - B. hominis: formas encontradas nas fezes, aumento 1.800X. (De 
Carli, 2001- Brumpt E, Neveu-Lemaire N. Travaux Pratiques de Parasitology. 
Paris: Masson et C Editeurs, 1958) 
 
Figura 2 - B. hominis 
 
 
 
FORMA VACUOLAR 
Apostila de Parasitologia Humana Parte I Protozoários Profa. Heloisa Werneck de Macedo 
 
Capítulo 4 – Blastocystis hominisi 3
 A forma vacuolar varia grandemente de tamanho (2 a 200 µm de diâmetro) com 
uma média de 4 a 15 µm. As formas vacuolares são esféricas e caracterizam-se por 
possuírem um grande vacúolo localizado no centro da célula, o qual pode ocupar 90% 
do seu volume. O vacúolo central normalmente contém um material granular ou 
floculento, de densidade eletrônica variável que parece ter um papel de 
armazenamento. A membrana plasmática do parasito contém uma película salpicada, a 
qual parece ter a função de endocitose. O citoplasma é uma fina banda localizada 
perifericamente, devido à expansão do vacúolo. O que mais se destaca nesta região é a 
presença de organelas semelhantes a mitocôndrias. É interessante o que se tem 
descoberto sobre estas formas no sentido de que elas podem acumular estruturas 
apoptóticas ligadas à membrana celular, e ao vacúolo central, que levam à programação 
da morte desta célula. A forma vacuolar é predominante em culturas líquidas 
axenizadas e é bastante observada em amostras de fezes frescas, apesar de se 
apresentar numa forma menor (~ 5 µm), podendo ser reconhecida ao microscópio óptico 
em preparações de fezes não coradas. 
 
 
FORMA GRANULAR 
 A forma granular parece se originar da forma vacuolar “in vitro”, por uma 
modificação induzida por fatores, tais como, concentrações de soro no meio de cultura, 
transferência de células de um meio de cultura para outro estéril e adição de certos 
antibióticos. Esta forma é muito similar à forma vacuolar, exceto que seus numerosos 
grânulos são encontrados dentro da delgada banda do citoplasma periférico ou, mais 
comumente, dentro do vacúolo central. Estes grânulos apresentam várias formas 
morfológicas. Tem-se sugerido que alguns grânulos do vacúolo central têm funções 
reprodutivas, participando na esquizogonia e endogenia, representando a progênie do 
B. hominis. 
 
FORMA AMEBÓIDE 
 A forma amebóide tem sido pouco relatada, e sua descrição morfológica ainda é 
motivo de controvérsia. Porém, com o avanço dos estudos genéticos, sabe-se que as 
diferenças notadas por diversos autores são devido à diversidade genética entre as 
diferentes colônias isoladas. Esta forma tem sido observada em culturas antigas, 
culturas tratadas com antibióticos e, ocasionalmente, em amostras de fezes. De um 
modo geral, as formas amebóides são bem menores (2.6 a 7,8 µm) e possuem 
pseudópodes extensos. Foi demonstrada a presença de bactérias inseridas em 
estruturas como lisossomos dentro da célula, assim como a presença de organelas em 
Apostila de Parasitologia Humana Parte I Protozoários Profa. Heloisa Werneck de Macedo 
 
Capítulo 4 – Blastocystis hominisi 4
seu interior, tais como vacúolo central, numerosos corpos de Golgi, retículo 
endoplasmático, mitocôndrias e lisossomas, dentro de extensões citoplasmáticas como 
pseudópodes. Outros autores não descrevem todas estas estruturas. Existe 
controvérsia em relação à mitocôndria, sendo sugerido ser um hidrogenossoma, uma 
vez que B.hominis é um organismo anaeróbio. 
 Apesar destas diversidades morfológicas, o papel da forma amebóide parece 
estar bem entendido. A presença de partículas de matérias ingeridas no interior da 
célula (bactérias) ou destroços celulares (restos de células vizinhas mortas) no interior 
celular, indicam um importante papel nutritivo ou regulador na célula blastocística. 
 
FORMA CÍSTICA 
 Estas formas apresentam diâmetros menores (3 a 5 µm) e muito distintas em 
aparência das outras formas, podendo ser facilmente confundidas com restos fecais. Os 
cistos presentes nas fezes são esféricos ou ovais e protegidos por uma parede cística 
com multicamadas. A parede cística parece formar-se sob uma cápsula. O seu interior 
celular contém de um a quatro núcleos, múltiplos vacúolos, depósitos de glicogênio e 
lipídeos. 
As formas císticas têm uma grande variabilidade morfológica e os autores sugerem que 
isto indica a presença de diferentes espécies de Blastocystis. Em relação à resistência 
destes cistos, sabe-se que eles não são lisados em água, sobrevivem em temperatura 
ambiente até 19 dias, sendo sensíveis ao calor, frio extremo e a desinfetantes comuns. 
Ao contrário das formas císticas, as formas vacuolar e granular são sensíveis a 
variações de temperatura, ambientes hipertônicos e hipotônicos e à exposição ao ar. 
Portanto, o estágio cístico é considerado a forma transmissível do parasito. 
 
OUTRAS FORMAS 
 Outras formas têm sido descritas na literatura. Amostras de fezes coletadas por 
colonoscopia demonstraram uma forma denominada avacuolar, por não conter o 
vacúolo central e nem cápsula, enquanto que amostras de fezes frescas humanas 
revelaram formas multivacuoladas. 
 
 
 
 
 
Apostila de Parasitologia Humana Parte I Protozoários Profa. Heloisa Werneck de Macedo 
 
Capítulo 4 – Blastocystis hominisi 5
 
 
www.dpd.cc.gov/px/HTLM/Image-Library.htm em 16/01/04 
 
Figura 3 - B. hominis: forma cística não corada (esquerda) e corada pela coloração 
tricrômica (direita). 
 
 www.dpd.cc.gov/px/HTLM/Image-Library.htm em 16/01/04 
 
Figura 4 - B. hominis: forma cística corada pelo lugol (esquerda) e coradapela 
coloração tricrômica (direita) 
 
 
CICLO EVOLUTIVO 
 
 Até hoje não se sabe com certeza o ciclo de transmissão do B. hominis 
para o homem. A ilustração apresentada foi retirada da página do CDC (Central of 
Diseases Control and Prevention) na Internet. 
Apostila de Parasitologia Humana Parte I Protozoários Profa. Heloisa Werneck de Macedo 
 
Capítulo 4 – Blastocystis hominisi 6
 
www.dpd.cc.gov/px/HTLM/Image-Library.htm em 16/01/04 
 
Figura 5 - Ciclo de vida do B. hominis 
 
 A forma clássica encontrada nas fezes humanas é o cisto. (1) O cisto de parede 
espessa presente nas fezes parece ser o responsável pela transmissão externa, 
possivelmente por via fecal-oral através da ingestão de água ou alimento contaminado; 
(2) Os cistos penetram nas células do trato digestório e multiplicam-se assexuadamente; 
(3) e (4) Formas vacuolares do parasito dão origem a formas multivacuolares (5a) e 
formas amebóides (5b). O desenvolvimento multivacuolar em pré-cisto (6a) dá origem 
ao cisto de parede fina (7a) que parece ser o responsável pela autoinfecção. A forma 
amebóide dá origem ao pré-cisto (6b), o qual se desenvolve para o cisto de parede 
Cisto parede espessa
ruptura 
esquizoginia 
Cisto parede 
fina 
cisto parede 
espessa 
pre-cisto 
mitoses 
vacuolar 
multi-vacuolar 
Multiplicação 
da forma 
vacuolar
mitoses 
Multiplicação da forma ameboide 
ameboide 
pre-cisto 
eliminação 
Cisto parede espessa
Apostila de Parasitologia Humana Parte I Protozoários Profa. Heloisa Werneck de Macedo 
 
Capítulo 4 – Blastocystis hominisi 7
espessa (7b) por esquizogonia. A forma de transmissão mais aceita é a via fecal-oral, 
como ocorre com a maioria dos protozoários intestinais. 
 Por ser a forma vacuolar a mais encontrada em culturas e também a mais 
observada em material fecal, suspeitava-se ser esta a forma infectante para o homem, 
porém, quando inoculou-se a forma vacuolar por via oral em cobaias, pode-se observar 
apenas um pequeno aumento da taxa de infecção em 20%, enquanto que quando 
inoculado por via intracecal, esta taxa foi de ~35%. Ao contrário do estudo anterior, 
inoculou-se a forma cística por via oral em ratos e realizou-se necropsia após 7 dias de 
infecção. Os achados de necropsia demonstraram a presença de grande número de 
células de B. hominis no conteúdo do ceco e menor número no restante do intestino, o 
que indica que esta forma parece ser a forma infectante, pois é a única forma capaz de 
resistir às condições adversas do meio devido à sua parede protetora. 
 Somente o cisto não é lisado em água, é capaz de sobreviver em temperatura 
ambiente até 19 dias, sendo, entretanto, frágil ao calor e frio extremos e a desinfetantes 
comuns. 
 Levando-se em conta as possíveis vias de transmissão do B. hominis, embora 
não tenha sido comprovado, parece ser transmitido por água contaminada, água não 
tratada, condições de higiene deficientes, e por alimentos contaminados. Dessa forma, 
as pessoas podem se contaminar em viagens para países em desenvolvimento e áreas 
selvagens. 
 Há indícios de que a blastocistose seja uma zoonose, uma vez que pacientes em 
contato com animais de estimação ou animais de fazenda foram provavelmente 
infectados por estes. 
 Tem sido descrita a transmissão por via fecal-oral entre membros de uma 
mesma família e entre crianças de creches e tem-se sugerido a transmissão sexual em 
grupos de homossexuais, mas ainda não foi confirmado. 
 
PATOGENICIDADE 
 
 Há controvérsias se B. hominis é realmente patogênico ou se este é somente um 
comensal. A dificuldade em determinar sua patogenicidade está na possibilidade de um 
mesmo indivíduo poder albergar concomitantemente outros microrganismos. 
 Tem sido sugerido que pode ser um patógeno oportunista em pacientes 
imunossuprimidos. Este parasito tem sido o agente mais comum de infecção parasitária 
em pacientes homossexuais portadores ou não do vírus HIV. 
Apostila de Parasitologia Humana Parte I Protozoários Profa. Heloisa Werneck de Macedo 
 
Capítulo 4 – Blastocystis hominisi 8
 Al-Tawil e colaboradores (1994) realizaram estudo em paciente com suspeita de 
blastocistose através de colonoscopia e biópsia. Foi observada ulceração da mucosa do 
cólon e, na superfície da úlcera, infiltrados de Blastocystis em direção à lâmina própria e 
espaços glandulares. Foram vistas ainda células inflamatórias e eosinófilos no ceco, 
cólon transverso e reto do paciente. Estes achados levaram a concluir que, neste caso, 
Blastocystis seria o agente etiológico destas alterações, visto ter sido o único patógeno 
identificado no material de biópsia e nas fezes. 
 Foi observado que o parasito é mais comum em pacientes com diarréia crônica 
ou severa e que pode estar associada à síndrome do cólon irritável. 
 A presença ou ausência de patogenia pode estar relacionada em algumas 
ocasiões aos tipos de cepas, virulentas ou não e isto poderia ser explicado por suas 
formas antigênicas e genéticas heterogêneas. A constatação desta variabilidade 
genética do parasito, mostrou a possível existência de mais de uma espécie deste 
parasito em humanos. Foram classificados dois grupos antigênicos: (1) que geram 
diarréia crônica nos indivíduos infectados e (2) que geram diarréia aguda, 
demonstrando, desta forma, que diferentes sorotipos apresentam potenciais 
patogênicos distintos. 
 B.hominis pode ser encontrado tanto em indivíduos saudáveis como em 
pacientes com sintomas gastrintestinais. Nos dias atuais, a possibilidade de causar 
doença é um tema de intenso debate entre diversos pesquisadores. 
 Pode originar manifestações clínicas, persistentes por um período variável de 3 a 
10 dias, podendo permanecer no intestino grosso (ceco, cólon transverso e reto) por 
períodos de semanas a anos, entretanto, de uma forma geral não causa distúrbios 
gastrintestinais, sendo, portanto, considerado assintomático por alguns autores. 
 Os sintomas mais freqüentes são inespecíficos e incluem diarréia, dor 
abdominal, cólicas ou desconfortos e náusea. Em casos agudos da doença tem-se 
relatado diarréia aquosa, ocorrendo em menor proporção nos casos crônicos. Tem-se 
observado ainda a ocorrência de fadiga, anorexia e flatulência, assim como 
sangramento retal. 
 A associação desta parasitose tem sido relatada em pacientes com distúrbios 
imunológicas como AIDS, leucemia, diabetes descontrolada e em pacientes em uso de 
pequenas doses de imunossupressores. 
 Na ausência de outras causas relacionadas com a diarréia ou com outros 
sintomas gastrintestinais nos pacientes com blastocistose, este deve ser considerado 
como o agente causador das manifestações clínicas. Contudo, não se deve descartar a 
possibilidade de que outros agentes etiológicos como vírus e causas não infecciosas 
como toxinas, estejam envolvidos no processo. 
Apostila de Parasitologia Humana Parte I Protozoários Profa. Heloisa Werneck de Macedo 
 
Capítulo 4 – Blastocystis hominisi 9
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL 
 
 A identificação de B. hominis pode ser feita através de exame parasitológico de 
fezes utilizando-se os métodos de concentração de fezes por sedimentação 
espontânea (Lutz), sedimentação por centrifugação (Ritchie) e de flutuação (Faust). 
Porém, alguns autores defendem que os métodos de concentração parecem ser 
inadequados para pesquisa de B. hominis por causarem destruição das formas 
vacuolar, multivacuolar, e granular. Segundo Zaman & Howe (1995) a forma vacuolar é 
lisada ao adicionar-se água destilada no material fecal, poristo tem-se recomendado o 
uso de solução salina nas diluições ou lavagens durante a preparação de amostras, o 
que diminuiria o risco de falsos negativos. Deve-se ressaltar que é importante realizar a 
análise de amostras múltiplas de fezes para possibilitar a detecção de B. hominis em 
indivíduos com baixa carga parasitária. Entretanto, para outros autores, os métodos de 
concentração e cultura têm aumentado a sensibilidade de detecção do protozoário. 
 Muitos laboratórios normalmente realizam diagnóstico de B. hominis pela 
visualização microscópica de formas vacuolares nas fezes moldadas, e de formas 
amebóides em fezes diarréicas. É imprescindível que os laboratoristas estejam aptos a 
realizar o diagnóstico pelo menos das formas císticas, uma vez que estas formas podem 
predominar em amostras fecais. Pode-se identificar B. hominis em esfregaços de fezes 
frescas e em esfregaços permanentes corados, usando-se técnicas de coloração, tais 
como a tricrômica, Giemsa, Wright, ou hematoxilina férrica. Dentre estas colorações 
citadas, a tricrômica tem sido a mais usada rotineiramente no seu diagnóstico. 
Entretanto, a coloração de Giemsa é a que proporciona melhores resultados para 
demonstração dos núcleos. A solução de iodo (lugol) é indicada como corante 
temporário, facilitando a visualização das características morfológicas. 
 Estudos têm demonstrado que pode ocorrer alteração das formas de B. hominis 
quando visualizados microscopicamente, devido ao tempo de estocagem do material 
fecal não fixado, condições ambientais, os efeitos do preservativo, do diluente e das 
soluções de coloração. Estas condições devem ser criteriosamente observadas a fim de 
minimizar as alterações. 
 Os meios de cultura têm tido cada vez mais importância, devido à habilidade dos 
microrganismos crescerem como colônias sobre um meio sólido ou semi-sólido, o que 
favorece a possibilidade de estudos genéticos e bioquímicos porque proporcionam a 
geração de populações clonadas (Tan et al.,2002). 
 Em relação ao diagnóstico imunológico, tem-se obtido pouco sucesso através de 
técnicas sorológicas de Imunoblotting, ensaio imunoenzimático (ELISA) e 
Imunofluorescência. Observou-se resposta humoral com produção de IgG contra 
Apostila de Parasitologia Humana Parte I Protozoários Profa. Heloisa Werneck de Macedo 
 
Capítulo 4 – Blastocystis hominisi 10
antígenos de B. hominis pelo ELISA, contudo não se sabe se o homem adquire 
imunidade contra a blastocistose . 
 
TRATAMENTO 
 Na prática diária, o simples encontro desse parasito na amostra fecal em um 
paciente assintomático não requer maiores investigações e nenhuma forma de terapia, 
porque o protozoário tende a desaparecer espontaneamente e/ou infectar cronicamente 
o ser humano (colonizar). Há uma tendência mundial em considerá-lo não patogênico. 
Na persistência da sintomatologia e no afastamento de outras causas de enterocolite, 
deve-se iniciar metronidazol, que no entanto não apresenta eficácia absoluta. Estudos 
“in vitro” mostram que o parasito é sensível à furazolidona, sulfametoxazol com 
trimetropim, pentamidina e iodoquinol.

Continue navegando