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Universidade Federal Rural do Semiárido - UFERSA Pró-Reitoria de Graduação - PROGRAD Centro de Ciências Biológicas e da Saúde - CCBS Departamento de Biociências - DBIO Curso de Bacharelado em Biotecnologia CROMATINA SEXUAL EM CÉLULAS DA MUCOSA ORAL Débora Gonçalves de Araújo José Messias Marcelo Sales da Rocha Raimundo Santiago da Silva Junior Professor Dr. Carlos Eduardo Alves Soares Mossoró-RN 2019 INTRODUÇÃO É importante salientar algumas definições e informações sobre o assunto a ser tratado para um melhor entendimento da prática como um todo. Segundo Antony Griffiths (2012, p. 44-45) os padrões de herança de genes nos cromossomos sexuais são diferentes daqueles dos genes autossômicos. Os padrões de herança de cromossomos sexuais foram investigados pela primeira vez no início dos anos 1900 no laboratório do grande geneticista Thomas Hunt Morgan, usando-se a mosca-das-frutas Drosophila melanogaster, onde esse inseto tem sido um dos mais importantes organismos de pesquisa na genética; ele é pequeno e seu ciclo de vida simples contribui para sua utilidade nesse aspecto. As moscas das-frutas têm três pares de autossomos mais um par de cromossomos sexuais, também chamados de X e Y. Como nos mamíferos, as fêmeas de Drosophila têm a constituição XX e os machos são XY. Entretanto, o mecanismo de determinação do sexo em Drosophila difere do de mamíferos. Nela, o número de cromossomos X com relação ao de autossomos determina o sexo: dois X resultam em uma fêmea e um X resulta em um macho. Nos mamíferos, a presença do cromossomo Y determina a masculinidade e a ausência de um Y determina o sexo feminino. Entretanto, é importante observar que, apesar dessa base um pouco diferente para a determinação do sexo, os padrões de herança monogênica dos genes nos cromossomos sexuais são acentuadamente similares em Drosophila e mamíferos. Membranas mucosas são estruturas que formam superfícies úmidas de cavidades do corpo que se comunicam com o meio externo. Constituída pela associação de epitélio mais tecido conjuntivo (ALVES, 2013). A observação dessas estruturas a partir do microscópio óptico resulta em uma prática simples, mas que permite clareza e objetividade a cerca do conhecimento sobre o conteúdo. Também conhecida como corpúsculo de Barr, foi descoberta pelo pesquisador inglês Murray Barr em 1949, onde antes em meados da década de 40, ele e outro pesquisador, Bertram, ao observarem a estrutura das células dos gatos, descobriram um dimorfismo sexual entre os seus neurônios. Nas células das fêmeas notava-se um pequeno corpo de coloração escura próximo a região nuclear, enquanto nos machos não se encontravam o mesmo. LIMA (2013) destaca que a cromatina sexual é o cromossomo X condensado de uma mulher que é mantido inativo (na medida em que as mulheres são XX, homogaméticas, e já tem um cromossomo X ativo produzindo as substâncias que ela precisa; portanto, não será necessário produzir tudo duas vezes. O homem é XY, e, sendo heterogamético, precisa do seu cromossomo Y, que produz coisas diferentes do cromossomo X. Por isso, na espécie humana, o homem nunca terá cromatina sexual). Acreditasse que nas primeiras fases de desenvolvimento embrionário 50% das células femininas inativam o cromossomo X que recebeu da mãe, e os outros 50% inativam o cromossomo X que recebeu do pai, e uma inativação de uma molécula de DNA ela acontece por um processo chamado condensação, que é quando uma molécula de DNA ela se enrola em uma proteína globular, chamado proteína estona, como as essas moléculas estão enroladas nesta proteína, elas não tem como ter seus genes livres, transcritos e depois traduzidos. Essa cromatina aparece em células somáticas no núcleo interfásico que está presente na interfase, onde é o período de intenso metabolismo que a célula se prepara para iniciar a sua divisão. LIMA (2013) destaca também a importância que é a mulher ter a adaptação (de condensar um de seus cromossomos X) para que ela possa garantir a variabilidade genética da espécie humana, ainda cita que o cromossomo X feminino que ficará condensado é selecionado aleatoriamente, por essa razão certa característica pode aparecer somente em partes do corpo de uma mulher. Embasado no que foi explicito, esse relatório é elaborado com objetivo de testemunhar de forma qualitativa e ilustrativa uma aula prática sobre cromatina sexual em células da mucosa oral, da disciplina de Genética para Biotecnologia na Universidade Federal Rural do semiárido, ministrada pelo Professor Dr. Carlos Eduardo Alves Soares, realizada no dia 17 de outubro de 2019, tendo como principal objetivo realizar uma pratica simples para observação de células da mucosa bucal em microscópio óptico. OBJETIVO Observar em lâmina de células da mucosa oral a cromatina sexual por microscopia óptica. METODOLOGIA: 1) O voluntario deverá bochechar uma ou duas vezes com água corrente para limpeza da cavidade bucal; 2) Com uma espátula ou palito de picolé raspara a parede interna da boca. Desfazer-se do primeiro material e raspar vigorosamente para colher as células mais profundas do epitélio estratificado. As células superficiais não se encontram em condições citológicas apropriadas para demonstração da cromatina sexual; 3) Espalhar o material colhido sobre uma lâmina limpa. Deixar secar ao ar por 30 segundos; 4) Mergulhar a lâmina em fixador preparado com três partes de água e sete de álcool etílico 95°, durante 2 minutos; 5) Em seguida, retirar a lâmina do fixador, esperar secar e pingar sobre o material uma gota de azul de metileno a 1%; 6) Esperar a coloração do material por 5 minutos e, em seguida, passar a lâmina em água destilada para a retirada do excesso de corante. Deixar secar ao ar 7) Levar a lâmina de células de mucosa oral ao microscópio e, com as objetivas de 4X, 10X, 40X, localizar uma região onde o material esteja finalmente espalhado. Passar para a objetiva de imersão e procurar núcleos com cromatina sexual. 8) Considerar somente corpúsculos que aparecem colados na face interna do envelope nuclear, em núcleos não degenerados, com bordos lisos e sem superposição. 9) Esquematizar núcleos interfásicos que apresentam cromatina sexual. MATERIAIS UTILIZADOS: 1) Lâminas de microscopia 2) Placas de Petri, proveta 3) Álcool etílico 70% (fixador) 4) Corante azul de metileno 1% 5) Água destilada 6) Óleo de imersão 7) Espátula ou palito de picolé 8) Microscópio Para inicio do procedimento experimental, foi realizada a limpeza da cavidade bucal, onde o voluntario fez o bochecho com água corrente, após esse ato com o uso de uma espátula de madeira descartável raspou-se levemente a face interna de sua bochecha. Em seguida, desprezou-se o primeiro raspado e logo após raspou-se novamente, espalhando o material sobre a lâmina. Depois disso, houve a hidratação do material em álcool 70% por 2 minutos. Em seguida foi adiciona uma gota azul de metileno (composto aromático heterocíclico, sólido verde escuro, solúvel em água, produzindo solução azul, inodoro, usado como um corante bacteriológico e como indicador), sobre a lâmina deixando agir por 5 minutos, e em seguida com auxilio do professor, a lâmina foi lavada com água destilada, após sua secagem foi colocada à lamínula sobre a amostra. Após todo esse procedimento o material já estava pronto para uso, onde foi colocado no microscópio e posicionado corretamente para sua observação pelas objetivas vermelha(4x) onde a amostra foi ampliada ematé 40 vezes mais que seu tamanho real, em seguida após girar o revolver para a objetiva amarela(10x) ampliando em até 100 vezes a amostra da mucosa bucal, posteriormente o revolver foi girado novamente para a objetiva azul(40x) ampliando assim 400 vezes o tamanho real da amostra e por ultimo, com o auxilio do Professor Dr. Carlos Eduardo Alves Soares, foi colocado um óleo de imersão para então girar o revolver e colocar na objetiva branca(100x), ampliando assim o conteúdo da amostra em até 1000 vezes que seu tamanho real. RESULTADOS E DISCUSSÃO Para analise dessa amostra os materiais devem ser corados, isso porque a maioria dos tecidos são incolores. Sendo assim, o corante azul de metileno foi de importância fundamental nesse processo experimental de aula prática, tornando a visualização da amostra nítida limitando seu conteúdo. A análise do microscópio de luz nos permitiu visualizar as células do tecido epitelial onde foi possível observar os limites entre núcleo (que se cora mais intensamente que as outras partes), citoplasma e membrana (envoltório celular responsável pela forma celular e substancias que entram e saem dela) (segue representado nas figuras 2, 3, 4 e 5). Onde não foi possível apenas observar a cromatina sexual, pois o voluntario era do sexo masculino, e como se sabe, a cromatina só aparece nas células femininas homogaméticas por elas conterem dois cromossomos X, onde um é inativo. Na figura 1 mostra de forma simples e objetiva como a cromatina sexual aparece em uma célula. Segundo a hipótese de Lyon, a inativação atinge ao acaso qualquer um dos dois cromossomos X da mulher, seja o proveniente do espermatozoide ou do óvulo dos progenitores. Alguns autores acreditam que a inativação de um cromossomo X da mulher seria uma forma de igualar a quantidade de genes nos dois sexos. A esse mecanismo chamam de compensação de dose. Como a inativação ocorre ao acaso e em uma fase do desenvolvimento na qual o número de células é relativamente pequeno, é de se esperar que metade das células de uma mulher tenha ativo o X de origem paterna, enquanto que a outra metade tenha o X de origem materna em funcionamento. Por isso, diz-se que as mulheres são “mosaicos”, pois – quanto aos cromossomos sexuais apresentam dois tipos de células (SÓ BIOLOGIA, 2008- 2019). Com os procedimentos já citados e com a lâmina que contia a amostra posicionada corretamente no microscópio, ao observar a lâmina na objetiva vermelha(4x) onde a amostra foi ampliada em até 40 vezes mais que seu tamanho real, não foi encontrado corpúsculo de Barr nas células sobrepostas que era para estar presente na região intracelular. Como citado anteriormente, o azul de metileno ajuda na diferenciação, pois o citoplasma seria os tons mais claros e o núcleo, o ponto azul mais escuro. Em seguida, após girar o revolver para a objetiva amarela(10x) ampliando em até 100 vezes a amostra da mucosa bucal, ficou mais nítido a estrutura celular, no entanto, não foi possível identificar a cromatina sexual, porque a coleta foi de células da mucosa oral de um homem, sendo que a cromatina sexual apenas se encontra nos cromossomos X inativo e condensado das células que constituem as fêmeas de mamíferos. Posteriormente o revolver foi girado novamente para a objetiva azul(40x) ampliando assim 400 vezes o tamanho real da amostra, e por ultimo, com o auxilio do Professor Dr. Carlos Eduardo Alves Soares, foi colocado um óleo de imersão para então girar o revolver e colocar na objetiva branca(100x), ampliando assim o conteúdo da amostra em até 1000 vezes que seu tamanho real, onde a estrutura celular ficou bem mais nítida, dando assim, para identificar o nucléolo e a região citoplasmática (parte mais esbranquiçada). Observando os grupos no decorrer da prática, foi possível perceber que a identificação da cromatina sexual não é uma coisa relativamente fácil. Mesmo com o material da mucosa do sexo feminino, ainda sim, houve certa dificuldade para a identificação dos corpúsculos. Logo, pode-se supor que uma das maiores dificuldades dessa prática é a extração do material biológico corretamente, claro, se baseando nos resultados observados e conversas com os participantes. A presente amostra obteve um aspecto bem nítido estrutural, ausência do corpúsculo de Barr e coloração forte, acredita-se que é uma ótima descrição no geral dos resultados. É importante destacar que esta análise pode ser feita durante a interfase, pois é nesta fase que pode ser observada nas mulheres uma marca corável, nunca encontrada em indivíduos do sexo masculino, ou seja, se o individuo possuir este grânulo que é denominado cromatina sexual, significa que ele é do sexo feminino. Figura 1- Exemplo de cromatina sexual Fonte: Leda Negreiros, 2014. CONSIDERAÇÕES FINAIS Conclui-se, portanto, que a prática se constitui na identificação do Corpúsculo de Barr e afins, e que o estudo das células é de fundamental importância para nossa saúde, de forma geral, para nossa vida, pois quanto mais especializados nessa parte de estudos, mais se dá o avanço da medicina e assim pode salvar vidas. E aulas práticas como essa facilitam o aprendizado, e ampliam o conhecimento já ganho em aulas teóricas. Não foi possível observar as cromatinas, porém ainda com o uso do microscópio e o corante na amostra possibilitaram visualizar células eucarióticas e algumas de suas estruturas e componentes celulares, como citosol, nucléolo, citoplasma, entre outros, estruturas estas, invisíveis a olho humano. A principal funcionalidade da identificação dessas cromatinas está no fato de através dela tornarmos capazes de diferenciar as células masculinas das femininas e também de identificar a ocorrência de síndromes ou anomalias cromossômicas sexuais. Onde suas anomalias podem acarretar em doenças como a Síndrome de Klinefelter. O indivíduo portador da síndrome de Klinefelter apresentará cromatina sexual positiva. O cariótipo mais comum da síndrome de Klinefelter é 47XXY e exibe 1 corpúsculo de Barr. Outros cariótipos possíveis da síndrome de Klinefelter e o número de corpúsculos de Barr: A determinação do sexo nuclear (presença do corpúsculo de Barr) tem sido utilizada em jogos olímpicos, quando há dúvidas quanto ao sexo do indivíduo. A observação em células da mucosa bucal em microscópio óptico é um mecanismo um tanto quanto efetivo e como citado antes, relativamente simples de ser executado. Finalizando este relatório, dedicamos um agradecimento ao Prof. Dr. Carlos Eduardo Alves Soares pelo apoio e ajuda com a objetiva de 100x, como também o auxílio no decorrer da prática em geral. ATIVIDADE 1. Quando e quem identificou pela primeira vez a cromatina sexual? Em 1949, Murray Barr. 2. Qual a origem genética da cromatina sexual? A cromatina sexual também chamada de corpúsculo de Barr é um cromossomo X inativado que pode ser observada apenas nas fêmeas. 3. Qual(is) aplicação(ões) genéticas dessa técnica? Ela é capaz de definir o sexo celular, além de ajudar nas identificações de anomalias, como é o caso da Síndrome de Klinefelter. 4. Como a cromatina sexual é vista em células do epitélio da mucosa bucal? É encontrada nas periferias das células femininas, e pode ser diferenciada através da coloração que acaba sendo mais forte, justamente por ser muito condensada. REFERÊNCIAS ALVES, Emannuelle. OBSERVAÇÃO DE CELULAS DA MUCOSA BUCAL HUMANA . 2013. Disponível em: <http://biologia-na-zootecnia.blogspot.com/2013/07/observacao-de-celulas-da- mucosa-bucal.html>. Acesso em: 20 out. 2019. GRIFFITHS, A. J. F., Wessler, S. R., Lewontin, R.C., Carroll, S. B. Introdução à genética. 11. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012. LIMA, Vanessa. CROMATINA SEXUAL OU CORPÚSCULO DE BARR. Ebah, 2013. Disponível em: <https://www.ebah.com.br/content/ABAAAgaOUAD/vanessa-relatorio-cromatina- sexual>. Acesso em: 20 out. 2019. MECANISMO DE COMPENSAÇÃO DE DOSE. Só Biologia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2019. Disponível em <https://www.sobiologia.com.br/conteudos/Genetica/herancaesexo2.php>. Acesso em: 20 out. 2019. NEGREIROS, Leda. NÚCLEO CELULAR. A tricolina bióloga, 2014. Disponível em: < http://atricolinabiologa.blogspot.com/2014/03/nucleo.html>. Acesso em: 20 out. 2019. APÊNDICES Figura 2- Célula da mucosa oral, objetiva de 4X Figura 3 - Célula da mucosa oral, objetiva de 10X Fonte: acervo dos autores, 2019. Fonte: acervo dos autores, 2019. Figura 4- Célula da mucosa oral, objetiva de 40X Figura 5- Célula da mucosa oral, objetiva de 100X Fonte: acervo dos autores, 2019. Fonte: acervo dos autores, 2019.
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