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Economia e Direito Econômico Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Dr. Júlio Cesar Gomes Revisão Textual: Prof.ª Esp. Kelciane da Rocha Campos Macroeconomia • Conceito de Economia; • Introdução às Contas Nacionais; • Componentes do Produto Interno Bruto; • Inflação; • Políticas Econômicas. • Analisar os grandes agregados econômicos, numa perspectiva de longo e curto prazo, e seus impactos para a sociedade; • Caracterizar a participação do Governo na economia; • Descrever as políticas econômicas: Fiscal, Monetária e Cambial. OBJETIVO DE APRENDIZADO Macroeconomia Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Macroeconomia Conceito de Economia O termo economia está atrelado à palavra oikonomia, (do grego oikos = casa, nomos = lei). Era, em seu início, considerada uma ciência que administrava a co- munidade doméstica. Alguns autores creditam o surgimento do termo a Xenofontes (430-355 a.C.) e Aristóteles (384-322 a.C.), porém o seu primeiro registro formal foi encontrado na obra do teólogo clássico São Tomaz de Aquino (1225-1274), que chamava de economos as pessoas que administravam os bens, as rendas e as despe- sas domésticas. Com o avanço e progresso da sociedade, a economia se expandiu e rompeu os muros da administração doméstica. De acordo com Adam Smith (1983), economia pode ser definida como o estudo do processo produtivo, distribuição, circulação e consumo dos bens e serviços. Atualmen- te, Economia pode ser conceituada como a ciência que estuda a melhor alocação dos recursos disponíveis, dado que os recursos são escassos (esgotáveis) e nossas necessi- dades ilimitadas (inesgotáveis). Divisão do Estudo da Economia Para Vansconcellos (2012), o campo de conhecimento da economia é único, mas como o estudo pode variar de acordo com o interesse e método de abordagem, pode- -se dividi-la em duas grandes áreas do conhecimento: Microeconomia: analisa o comportamento dos produtores e dos consumidores no mercado em que atuam. Ocupa-se, também, da formação do preço e da quantidade de equilíbrio necessária para tornar o mercado harmonioso para os agentes (produto- res e consumidores) atuarem. Este mercado é bastante conflituoso, porque enquanto o consumidor deseja comprar determinado bem ou serviço por um preço baixo, os produtores procuram vender este mesmo bem ou serviço pelo maior preço possível. Macroeconomia: analisa o comportamento dos grandes agregados econômicos, tais como Produto Interno Bruto (PIB), nível de investimento, inflação, desemprego, desenvolvimento econômico e fluxo de capitais internacionais, com o objetivo de for- mular Políticas Econômicas de curto e de longo prazo necessárias para o bom desem- penho da economia. Nesta Unidade, vamos estudar a macroeconomia, ou seja, o comportamento dos grandes agregados econômicos. Diferentemente do estudo da microeconomia, em que utilizamos a condição coe- teris paribus para analisar as variáveis isoladamente, no estudo macroeconômico será analisado como uma variável interfere ou reflete sobre as outras variáveis. 8 9 Introdução às Contas Nacionais O nível de produção de um país é mensurado de acordo com a sua atividade econô- mica. De maneira geral, pode-se afirmar que o nível de produção de um país pode ser medido de acordo como são remunerados os fatores que compõem o Produto Interno Bruto (PIB), que é o índice utilizado para quantificar a atividade econômica de um país. O diagrama do fluxo circular facilita o entendimento da remuneração dos fatores: Mercado de Produtos EmpresasFamílias Mercado de Fatores de Produção Fluxo de Bens e Serviços Gasto($) (=PIB) Receitas($) (=PIB) Salários, Aluguéis, Juros e Lucros($) (PIB) Renda($) (=PIB) Bens e Serviços Comprados Terra, Capital, Trabalho e Empreendedorismo Bens e Serviços Vendidos Insumos para a Produção Fluxo de Dinheiro Figura 1 Fonte: Adaptado de Mankiw, 2012 Note que são basicamente dois agentes: famílias e empresas. Segundo Vasconcellos (2012), as famílias são detentoras dos fatores de produção e os cedem para a empresa em troca de uma remuneração. As empresas utilizam os fatores de produção e dentro de poderosas unidades de produção, denominadas firmas, se utilizam dos fatores de produção, capacidade instalada e tecnologia para transformar os fatores de produção em produtos intermediários, aqueles que serão utilizados em novos processos produti- vos por outros setores e empresas ou produtos finais, aqueles que já estão prontos para o consumo. As famílias de posse da renda, oriunda da cessão dos fatores de produção para as empresas, utilizam-na para a aquisição dos bens finais (tangível - uma geladeira, por exemplo) e/ou serviços (intangível - o pagamento dos honorários de um advogado, por exemplo). Desta forma, a remuneração volta para as empresas, que são capazes de fazerem novos investimentos e desenvolverem novos processos produtivos. 9 UNIDADE Macroeconomia Podemos calcular a produção do país por três óticas diferentes: sob a ótica da ren- da, sob a ótica da despesa ou dos gastos e sob a ótica da produção. Ótica da Renda – Receita Interna Bruta (RIB) - refere-se à remuneração dos fatores que participam do processo de produção. Pode-se calcular a RIB somando-se: salários + aluguel + juros + lucros. Se o Governo for incluído na análise, devem ser acrescen- tados os impostos, que são fonte de renda do Governo. Ótica da Despesa ou Gastos – Despesa Interna Bruta (DIB) - refere-se aos gastos dos agentes que compram a produção. Ótica da Produção – Produto Interno Bruto (PIB) – considera todos os produtos e serviços produzidos na economia. De acordo com Mankiw (2012), o conceito do PIB é o somatório de todos os bens e serviços finais produzidos internamente no país em determinado período de tempo. Vale lembrar que essa medida exclui os produtos intermediários, com a finalidade de evitar a contabilização em duplicidade. Ressalta-se, também, que bens usados não devem ser contabilizados,porque já o foram na época de sua produção; desta forma, se uma pessoa adquire, no ano de 2018, um carro ano 2015, não deverá ser contabilizada esta despesa no PIB de 2018, pois já foi contabilizada em 2015. Apesar de Mankiw (2012) considerar somente duas óticas, a da renda e a da des- pesa, pode-se calcular a produção do país por três óticas diferentes porque a teoria econômica considera que numa economia a receita deve ser igual à despesa. Isto significa que, para cada transação de compra e venda, temos os dois agentes - o ven- dedor (RIB) e o consumidor (DIB), e o produto (PIB) que está sendo comercializado entre as partes. Para eliminar as distorções causadas por aumentos dos preços ocasionados tanto na RIB, quanto na DIB, convencionou-se utilizar o PIB para mensurar a atividade eco- nômica. Isto é fácil de explicar: se consideramos um aumento de preços de 100% em determinado ano e analisarmos o crescimento da atividade econômica pela ótica da receita ou despesa, podemos dizer que dobrou a atividade econômica, mas se formos considerar os produtos efetivamente produzidos, constataremos que a produção não aumentou, e sim apenas os preços dos produtos. Se for utilizada a DIB ou a RIB para mensurar o crescimento da economia, deve-se analisar se houve ou não aumentos de preços e retirar a variável inflacionária da análise. Ao passo que se for utilizado o PIB, analisa-se a produção de um determinado ano em comparação a outro. Assim, se a produção aumentou em relação ao perí- odo anterior, diz-se que ocorreu crescimento econômico e se a produção diminuiu, constata-se que houve uma retração da atividade econômica, isto é, a economia cresceu a taxas decrescentes. 10 11 Componentes do Produto Interno Bruto Os componentes do PIB são os seguintes. Consumo: é a despesa das famílias destinada à aquisição de bens e serviços. Os bens se referem a parte das despesas das famílias e podem ser divididos em bens durá- veis e não duráveis. Os bens duráveis são aqueles tangíveis, isto é, aqueles que se pode ver e tocar, e que duram vários ciclos produtivos, como, por exemplo, um fogão, um automóvel ou uma geladeira. Já os bens não duráveis também são tangíveis, porém são aqueles que não duram por vários ciclos produtivos, como, por exemplo, alimen- tos, produtos de limpeza ou remédios. Os serviços dizem respeito a bens intangíveis e são considerados os serviços, de maneira geral, tais como o trabalho de uma babá, um plano de saúde, a limpeza de um veículo ou um tratamento de manicure. Figura 2 Fonte: Pixabay Investimento: são despesas destinadas à melhoria da capacidade produtiva. Via de regra, é a compra de bens e serviços para se produzir mais bens e serviços. Incluem-se neste item bens de capital (instalações e equipamentos) e estoques necessários para a produção de novos bens e serviços. A exceção a essa regra é a aquisição de nova mora- dia pelas famílias, que aliás é o único gasto da família que não é considerado consumo e sim investimento. Figura 3 Fonte: Pixabay 11 UNIDADE Macroeconomia Gastos do Governo: referem-se às despesas do Governo nas esferas Municipal, Estadual e Federal destinadas à aquisição de bens e serviços. O Governo funciona como uma grande empresa e como tal deve pagar seus funcionários e consumir produtos destinados e serviços com o objetivo de garantir que os equipamentos públicos estejam em perfeitas condições de funcionamento para a utilização da sociedade. Figura 4 Fonte: Pixabay Exportações Líquidas: é a diferença entre as Exportações e as Importações rea- lizadas. Exportação diz respeito aos produtos que são produzidos internamente num país e vendidos a outro, e Importação refere-se aos produtos produzidos em outros países e adquiridos internamente por outro. Figura 5 Fonte: Pixabay Simplificadamente, pode-se dizer que o PIB é igual a: 12 13 Y = C + I + G + (X-M), onde: Y = PIB C = Consumo das famílias I = Investimentos G = Gastos do Governo X = Exportação M = Importação Repare que se as importações superarem as exportações, isso impactará nega- tivamente sobre o PIB, porque ao invés de se somar as exportações, irá se subtrair as importações. O PIB refl ete o bem-estar de uma sociedade? Ex pl or O PIB é um indicador que reflete eficientemente o crescimento econômico, porque com o aumento da produção mais empregos são gerados para a sociedade e, desta forma, há uma melhora para toda a sociedade. A geração de emprego faz com que mais empresas entrem no mercado de trabalho e com isso aumenta o consumo das famílias. O aumento do consumo das famílias aumenta as vendas e com isso a receita dos empresários, o que os estimula a fazerem maiores investimentos. Com o aumento dos investimentos e gastos da família, aumenta também a receita do governo, que é capaz de oferecer serviços de melhor qualidade. A grande crítica que se faz ao modelo, entretanto, é que não pode refletir a qua- lidade de vida da população. Se uma pessoa trabalha muito, fazendo horas extras, inclusive, está colaborando para o crescimento do PIB, porém deixa de estar com sua família, acordando cedo e dormindo tarde. Neste contexto, sua qualidade de vida não está melhorando, embora tenha mais renda e com isso dê um padrão de vida melhor para sua família. Saiba um pouco sobre o PIB. https://youtu.be/DA7CHD9NXEM Ex pl or 13 UNIDADE Macroeconomia Inflação Inflação é o aumento persistente e generalizado dos níveis de preços dos bens e serviços. O indicador que identifica o aumento persistente e generalizado dos preços, ou seja, a inflação, é o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que monitora os preços de uma determinada cesta de bens e serviços que são adquiridas pelos consumidores típicos das 15 principais regiões metropolitanas do país. Isto sig- nifica que se somente um item desta cesta subir de preço, não teremos inflação. Deve haver aumento generalizado, isto é, de vários produtos ou serviços ao mesmo tempo para impactar o índice. Para ver a Imagem, acesse o link: https://goo.gl/Umtpoj Ex pl or Para saber um pouco mais sobre inflação, acesse o link: https://youtu.be/ZZEFReskU0Y Ex pl or Causas da inflação A inflação pode gerar vários distúrbios na economia e isto afeta, principalmente, as pessoas das classes econômicas menos favorecidas, que gastam tudo o que recebem na aquisição de bens e serviços. Se o preço do produto aumenta, sua capacidade de compra diminui e leva a uma sensação de empobrecimento destas classes. Por isso o Governo busca controlar a inflação com certo rigor. As causas mais frequentes da inflação estão elencadas abaixo. Inflação de demanda: se a renda da população aumenta, é normal que a procura por determinado produto aumente, como, por exemplo, a carne de primeira. Se várias pessoas que não compravam este item passam a adquiri-lo, é de se esperar que falte produto no mercado. Os consumidores irão disputar os produtos escassos e com isso ocorre a elevação dos preços. A lógica da elevação se explica porque para os produ- tores aumentarem a produção para atender ao excesso de demanda, aumentarão seus custos de produção e com isso repassam esse aumento para os preços do produto. Inflação de oferta: é ocasionada por aumentos nos custos dos fatores de produ- ção e também por redução da oferta dos insumos, mesmo que não haja uma alteração na demanda. Quando o preço de algum insumo sofre aumento e este, imediatamente, é repassado ao preço final do produto, teremos inflação de oferta. No caso de de- sabastecimento de algum insumo, como, por exemplo, o petróleo, também ocorre inflação ocasionada pela escassez de oferta. A greve dos caminhoneiros ocorrida no mês de maio de 2018 pode explicar perfeitamente este fenômeno. 14 15 Inércia inflacionária: ocasionada pormecanismos de indexação. Um exemplo dis- to é se o preço do aluguel for indexado (atrelado) à inflação e estiver no mês de seu reajuste, isto significa que as empresas, por esperarem o aumento deste aluguel e, por consequência, em seus custos de produção, repassam este reajuste aos preços, antes mesmo de eles acontecerem. É o que se chama de memória inflacionária ou expecta- tiva inflacionária. Este mecanismo acaba perpetuando a inflação futura. Consequências da infl ação Agora que já foram vistas as causas da inflação, identificaremos, dentre todas as consequências da inflação, as três que podem ser caracterizadas como principais. Consequência na distribuição de rendas: um dos efeitos mais devastadores da infla- ção, porque corrói o poder de compra da população (VASCONCELLOS, 2012). Afeta principalmente a parcela que tem rendimento fixo, porque os reajustes de salários são anuais e a inflação pode ser até diária. Consequência no balanço de pagamentos: quando a inflação está muito alta, os preços dos produtos importados ficam mais baratos que os produtos nacionais. Os consumidores, orientados pelo princípio da racionalidade, sempre buscam os pro- dutos mais baratos, preferindo os produtos importados em detrimento ao produto nacional. Isto causa um desajuste nas Exportações Líquidas, que, conforme visto an- teriormente, é o resultado das exportações menos as importações. Consequência na expectativa dos agentes: em caso de inflação alta, os agentes econômicos adiam os investimentos ou retardam suas compras. Como o cenário fica imprevisível no longo prazo, ocorrerão menos investimentos e menos consumo, prin- cipalmente de bens duráveis, que, normalmente, são comprados de forma parcelada. Conforme visto nas consequências acima, a inflação pode causar sérios desajustes na economia; por esta razão, estes desajustes devem ser resolvidos no curto prazo, para que não haja impactos duradouros na economia, o que pode gerar um declínio na atividade econômica e, consequentemente, nos níveis de investimentos e emprego. Note que uma variável afeta diretamente as outras: aumenta a inflação e com isso di- minui o consumo e os investimentos, o que impacta diretamente sobre o PIB. Com a diminuição da atividade econômica, aumenta o desemprego. As distorções relativas ao baixo crescimento, alta inflação e declínio dos investi- mentos devem ser corrigidas em seu nascedouro e para isso precisa-se da intervenção do Governo. Na economia de mercado mista em que se vive no Brasil e na maior parte do mundo, a participação do Governo é muito importante porque ele é capaz de mover sozinho a curva de demanda agregada, em virtude de seu alto consumo para manter funcionando o aparato governamental. A participação do Governo, no entanto, vai além da esfera de consumo e investi- mento, cabe a ele, ainda, fornecimento de bens públicos e serviços públicos e utiliza-se das Políticas Econômicas para interceder na macroeconomia, a fim de corrigir as con- 15 UNIDADE Macroeconomia sequências causadas pela inflação, baixo crescimento do PIB e falta de investimento, no curto prazo, e melhoria da capacidade produtiva e melhor distribuição de rendas, no longo prazo. Políticas Econômicas Caracterizam-se por um conjunto de medidas de cunho econômico de que o Go- verno se utiliza para corrigir os rumos macroeconômicos ou colocar em prática ações planejadas para atingir determinados objetivos, sejam eles de curto prazo ou de longo prazo, conforme estabelecidos em seu plano de governo. As políticas econômicas buscam alcançar quatro objetivos: 1. crescimento do PIB – importante para aumentar os investimentos, nível de emprego, nível de produção e arrecadação do governo; 2. controle da inflação – evitar as consequências ocasionadas por forte elevação de preços na economia; 3. equilíbrio nas contas externas – garantir que as transações com o mercado externo possam ocorrer de maneira equilibrada, pois se o país importa muito mais do que exporta, pode esgotar suas divisas (estoque de moeda estrangeira, no caso dólar), o que impossibilita a compra de produtos importados dos quais o país é dependente, como, por exemplo, fertilizante e derivados de petróleo; 4. distribuição de rendas equilibradas – um dos maiores desafios do Governo, pois a distância entre os mais ricos e mais pobres é abismal, ocorre desde a época do descobrimento do Brasil e se arrasta até os tempos atuais. Vale lembrar que a busca de um objetivo muitas vezes ajuda no alcance de outro, mas muitas vezes pode haver conflitos entre os objetivos. Se o objetivo for o cresci- mento do PIB, fica mais facilitada a busca por uma melhor distribuição de rendas; por outro lado, ao se buscar o controle da inflação, utilizam-se políticas econômicas restritivas, o que dificulta o crescimento econômico e distribuição de rendas, conforme detalharemos a seguir. Para colocar em prática as Políticas Econômicas, o Governo se utiliza de alguns ins- trumentos. Dentre os principais instrumentos de Políticas Econômicas, destacam-se a Política Fiscal, Política Monetária, Política Cambial e Política de Rendas e de Preços. Política Fiscal A Política Fiscal é formulada de acordo com duas vertentes: Política Tributária e Política de Gastos Públicos. A área tributária é responsável por toda a arrecadação do governo, que compre- ende impostos, taxas e contribuições. 16 17 Imposto, por definição e de acordo com o Código Tributário, que dispõe o seguinte em seu artigo 16, é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte. Dois exemplos que podem ser citados são o Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) e o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), que são pagos, mas não há nenhuma contraprestação de serviços por parte do poder público, ou seja, o governo pode utilizar o recurso para qualquer finalidade. Para a cobrança de taxas deve, necessariamente, ocorrer uma contrapartida de serviços referente aos valores que forem arrecadados. Na taxa do lixo, por exemplo, os recursos só podiam ser usados para a limpeza urbana. As contribuições só podem ser impostas pela União e também deve ocorrer uma prestação de serviços vinculada a ela. No Governo Fernando Henrique Cardoso (1994-2002), foi criada a Contribuição Provisória Sobre Movimentação Financeira (CPMF), cujos valores deveriam ser destinados à área da saúde. Em relação aos gastos do Governo, também existem duas vertentes: gastos corren- tes e gastos de investimentos. Os gastos correntes são aqueles destinados a manter funcionando o aparato governamental ou a máquina pública. Compreendem estes gastos as despesas de custeio (gastos com pessoal, material de consumo, serviços de terceiros, entre outros) e transferências (despesas sem contraprestação de serviços, como, por exemplo, bolsa família). Gastos de investimentos são àqueles voltados para a melhoria da capacidade produ- tiva do país e compreendem, por exemplo, despesas de capital, inversões financeira e amortização da dívida. Pode-se dizer que a política fiscal é expansionista quando visa ao aumento da produção. Se o governo reduz os impostos, os consumidores e as empresas ficarão com maior receita para destinarem à compra de bens e serviços e para aumentar os investimentos. O resultado disso é o aumento da produção e do emprego. A política fiscal contracionista é utilizada para frear o consumo e normalmente uti- lizada para o combate à inflação. Se o Governo quer reduzir a inflação, pode diminuir os gastos públicos e com isso reduzir a demanda, forçando a queda dos preços. O re- sultado disso é que as empresas, vendendo menos, irão produzir menos, ocasionando desemprego e diminuição da atividade produtiva. Política Monetária A Política Monetária diz respeitoao controle da oferta de moeda e da taxa de juros pelas autoridades monetárias com o objetivo de garantir a liquidez do mercado. Pode- -se dizer que a moeda é como um produto qualquer no mercado e, desta forma, o seu preço é determinado pela oferta e demanda. Por esta razão, o governo não pode emitir mais moedas do que o necessário para serem realizadas as transações, porque se 17 UNIDADE Macroeconomia isso ocorrer, o excesso de moeda causará uma redução no seu preço, ou seja, a moeda será capaz de comprar menos produtos, o que significa que haverá inflação. De uma forma geral, pode-se dizer que qualquer objeto pode ser utilizado como meio de troca, desde que as pessoas o aceitem como tal. Atualmente, o meio mais comum de troca é a moeda, mas ao longo da história muitos outros instrumentos já foram utilizados como meio de troca. Entretanto, para uma análise mais específica, inicialmente, se fará um breve relato histórico, desde o seu surgimento, até a definição de suas funções e seu processo de evolução contemporânea. Abaixo se apresentam as principais fases da evolução monetária: • Escambo; • Mercadorias–Moeda; • Metalismo (Ouro/ Prata); • Moeda-Papel; • Papel-Moeda; • Moeda Bancária (ou Escritural); • Definições Atuais de Meios de Pagamento (M1, M2, M3, M4). Escambo Pode-se conceituar escambo como o puro e simples ato de realizar trocas diretas em espécie (mercadorias). Esse tipo de troca foi muito utilizado na antiguidade, principalmente por grupos nômades que sobreviviam, basicamente, da caça, pesca e plantio de alguns tubérculos (o que ainda não poderia ser denominado de agricultura). Como as comunidades eram pequenas e suas necessidades limitadas (naquela época não existia a ideia de valor de mercadorias, acumulação ou excedentes, mesmo porque eram mercadorias perecíveis que não poderiam ser armazenadas por muito tempo), não havia muitos problemas em relação à realização destas trocas, que eram feitas, exclusivamente, para suprir a necessidade de sobrevivência destes grupos. Com o passar do tempo, entretanto, as comunidades foram crescendo, organi- zando-se e especializando-se em suas tarefas. Esse avanço propiciou o surgimento de novos produtos no mercado, aliados com a dificuldade crescente de se estabelecer relações justas e coerentes de troca, como também de encontrar parceiros cujos de- sejos e disponibilidades fossem coincidentes entre si, fazendo com que este sistema rudimentar de trocas ficasse inviável. Mercadorias–Moeda Com a evolução da sociedade, impõe-se a necessidade de criar métodos para faci- litar as trocas. As comunidades, então, elegem um único produto como referencial de trocas, uma mercadoria que fosse rara o bastante para expressar um “valor”, e que ao mesmo tempo atendesse a necessidade comum e que fosse aceita por todos. Nessa época, muitos produtos foram utilizados como referencial de valor, tais como 18 19 gado, fumo, azeite, escravo, sal etc. Apesar do grande avanço representado pela utilização de mercadorias, esse tipo de moeda não resolveu completamente o problema das trocas, sendo um exemplo disto a utilização do gado, que apresentava grande dificuldade de ser subdividido, mas quando os indivíduos o guardavam como uma poupança, essa “moeda” aumentava por meio da reprodução, ou seja, “rendia juros”. Com a passagem das trocas diretas, de um produto por outro, para trocas indi- retas, intermediadas por algum outro bem de aceitação geral, com um certo valor intrínseco, passou-se para a chamada Era de Mercadoria–Moeda. Para que uma mercadoria pudesse ser aceita como moeda, deveria ter algumas características, tais como: • durabilidade: algo perecível jamais seria aceito como moeda; • divisibilidade: a mercadoria eleita deve poder ser dividida em frações menores, de forma que possam ser feitas transações de grande e de pequeno porte; • homogeneidade: qualquer unidade da mercadoria eleita deve ser rigorosamente igual às outras unidades dessa mercadoria; • e facilidade de manuseio e transporte: a utilização do bem eleito não deve ser prejudicado em função de dificuldades de transporte e manuseio. Para resolver o problema das trocas, criado por algumas mercadorias que não atendiam a todas as condições acima, surge a moeda metálica, que vem representar um avanço na história monetária. Metalismo Embora vários tipos de produtos tenham sido utilizados como moeda, as comu- nidades começaram a adotar os metais, devido ao seu valor intrínseco, como meio de troca. Inicialmente, foram utilizados o cobre, o bronze e o ferro como instrumento mone- tário, mas como existiam em abundância e constantemente eram descobertas novas jazidas, o que fazia com que fossem gradativamente se desvalorizando, não serviam como reserva de valor, uma característica essencial dos meios de troca. Para garantir a reserva de valor, esses metais foram substituídos por metais nobres, como o ouro e a prata, que geralmente tinham grande aceitação em qualquer parte do mundo, independentemente do estágio de desenvolvimento econômico da região. A utilização do ouro e da prata nas transações econômicas trouxe aspectos posi- tivos tanto pela conveniência, pois eram fáceis de manusear e transportar, devido ao seu pequeno tamanho, quanto pelo seu alto valor intrínseco – as moedas cunhadas em ouro ou prata tinham o poder de compra equivalente ao valor do material utilizado em sua fabricação, possibilitando que uma pequena quantidade tivesse um alto valor nas trocas por bens. Entre as vantagens da utilização de ouro e prata, cabe ressaltar, além do seu alto valor de troca, que existia também o fato de o metal não estar sujeito à ação do tempo (deterioração) e possuir facilidade de divisão, porque podia-se, facilmente, fragmentar uma quantidade de ouro ou prata em inúmeras quantidades menores, sem diminuição 19 UNIDADE Macroeconomia do seu valor. Outro aspecto positivo era que suas reservas eram limitadas, e a desco- berta de novas jazidas não chegava a afetar o volume que se encontrava em circulação. Entretanto, há alguma limitação quanto à sua utilização: o problema do transpor- te em longas distâncias e seu peso, além do risco de assalto a que estavam sujeitos os comerciantes. Moeda–Papel A moeda–papel surgiu com o objetivo de superar as dificuldades que os comercian- tes europeus enfrentavam em suas viagens de uma região para outra, foi a solução en- contrada para que os comerciantes pudessem realizar seus empreendimentos comer- ciais sem precisar trazer consigo ouro ou prata, facilitando a locomoção e eliminando riscos de assaltos. Essa prática consistia em depositar moedas metálicas em instituições conhecidas como “Casas de Custódia” e em troca recebia-se um título ou um certificado de depósito, que era uma espécie de garantia emitida por essas instituições em favor do depositante. Esses certificados acabaram tendo grande aceitação, de tal maneira que a maioria dos comerciantes não ia mais até as Casas de Custódia para realizar a troca por mo- eda metálica. Os comerciantes acabavam fazendo transações utilizando os próprios certificados, que eram transferíveis a terceiros. Surge, então, uma nova moeda, com 100% de lastro e com a garantia de que, a qualquer momento, poderia ser convertida pelo seu proprietário em moeda metálica. Ao longo do tempo, passou a ser o meio preferido de troca e de reserva de valor. Papel–Moeda (ou Moeda Fiduciária) O surgimento da moeda–papel foi o passo mais importante dado para o desenvol- vimento da moeda, uma vez que sua aceitação não era mais questionada e sua credibi- lidade indiscutível, já que era totalmente lastreada em metal precioso, mas havia ainda um problema a ser solucionado: o comerciante, até então, levava um certificado com o valor total de seu depósito, o que ocasionava restrições em suas negociaçõescomer- ciais, porque não poderia comercializar com várias pessoas. Isso foi resolvido pelos próprios comerciantes, que passavam a exigir das “Casas de Custódia” em vez de um recibo de 200 unidades monetárias, dez recibos de 20 unidades monetárias cada. Quando estes recibos, ou direitos sobre o ouro, tornavam-se pagáveis ao porta- dor, completava-se o primeiro ciclo de desenvolvimento das cédulas. O passo seguinte ocorreu quando as “Custodiantes” começaram a perceber que os proprietários dos certificados não “resgatavam” seus títulos todos ao mesmo tempo, e enquanto alguns faziam a conversão outros faziam novos depósitos. Os “banqueiros” descobriram que não precisavam manter todo o volume de ouro à disposição, e sim um estoque determinado e suficientemente elevado que atendesse a demanda das conversões. Assim, gradativamente, as “Casas de Custódia” passaram a emitir certificados não lastreados em metal, ou apenas parcialmente lastreados. O valor da parte da 20 21 emissão de certificados que não era sustentado por uma quantidade igualmente em ouro é denominado moeda fiduciária. A partir desta fase, foi possível que os bancos atraíssem depositantes, oferecendo-lhes em troca o pagamento de juros. A emissão de papel-moeda por particulares mostrou-se como uma prática preda- tória, onde qualquer banco poderia fazer emissões em excesso e depois não ser capaz de cobrir grandes demandas por ouro. Isto quase levou o sistema ao colapso, porque os depositantes possuíam “pedaços de papel” sem nenhum valor, o que colocou em xeque a credibilidade dessas instituições. Devido a esses fatos, a partir da 2ª metade do século XIX, o Estado foi levado a assumir o processo de emissão, passando a controlá-la na maioria dos países. Após a Primeira Guerra Mundial, os países abandonaram o padrão–ouro e hoje em dia a moeda não é mais lastreada, o seu valor depende, exclusivamente, de sua aceitação, da oferta de moeda e da credibilidade adquirida pelo país que a emite. As principais características das moedas fiduciárias são: • inexistência de lastro; • inconversibilidade; • monopólio do governo quanto às emissões primárias. Se o Governo pode emitir moedas, por que não paga todas as suas dívidas via emissões? Para descobrir, acesse o link: https://youtu.be/nmop5yscXLoEx pl or Moeda Bancária (ou Escritural) Como foi verificado até aqui, houve uma evolução significativa dos meios de pa- gamento. Esta evolução ocorreu também na sociedade como um todo e apesar de os bancos perderem a autonomia para efetuar emissões, estes continuaram a desem- penhar um papel muito importante na sociedade, porque hoje, tal como antigamen- te, não é seguro para os indivíduos transportarem quantias elevadas em moeda e, também, não são comuns negócios que envolvem milhões serem transacionados em moeda corrente. A evolução da sociedade e do sistema bancário fez nascer um outro tipo de moeda: a moeda escritural. A moeda escritural diz respeito aos lançamentos tanto de crédito, quanto de dé- bito em conta corrente. Estes lançamentos são feitos através de crédito e débito em conta corrente. A moeda escritural é de extrema relevância na economia, visto que representa hoje, nas sociedades modernas, cerca de 85% (oitenta e cinco por cento) da moeda em circulação na economia. Definições atuais de Meios de Pagamento (M1, M2, M3, M4) Antes de citar as definições de meios de pagamento, é interessante apresentar as funções que as moedas exercem na economia contemporânea: 21 UNIDADE Macroeconomia • Meio de Troca (ou intermediária de trocas) - talvez esta seja a função mais importante da moeda. Bens e serviços são trocados por moeda, que pode ser trocada novamente por novos bens e serviços, de acordo com o desejo e necessidade da comunidade; • Unidade de Valor - provavelmente a função mais antiga da moeda. Como todos os diversos bens e serviços existentes em uma economia têm um preço mone- tário, podemos através da moeda determinar facilmente o valor de um bem em relação ao outro, através do preço de cada um deles; • Reserva de Valor - a moeda é o meio mais fácil de determinação de riqueza no mundo. Como em qualquer momento ela pode ser transformada em bens ou serviços, guardá-la por qualquer razão é sinônimo de acumulação de riquezas. É óbvio que para isto ocorrer a moeda não pode sofrer desvalorização, que é comum em época de inflação. A hiperinflação corresponde à ausência total de reserva de valor na moeda; • Padrão de Pagamentos Diferidos - origina-se de uma operação de venda efe- tuada a crédito, isto é, adquire-se o bem hoje, pelo qual se paga parceladamente, podendo-se usufruir do mesmo enquanto se está pagando. Como a transação de venda e a amortização das parcelas são feitas através de moeda, ela pode ser utilizada como meio de pagamentos diferidos. Agora, como já foram apresentadas as funções da moeda, pode-se definir com maior clareza os meios de pagamentos: É o total de moeda em circulação e à disposição do público (setor privado) com exceção do setor bancário. Pode ser representado pela moeda corrente (Papel-moeda em poder do Público) somada aos Depósitos à Vista nos Bancos Comerciais, podendo ser representado como: M1 = MP + D, onde: MP = Papel-Moeda em Poder do Público D – Depósito à Vista nos Bancos Comerciais M1, portanto, são os meios de pagamento de uma visão de perfeita liquidez. Já o conceito M2 inclui o M1 somado aos títulos federais. M2 = M1 + TP, onde: TP = Títulos Públicos O M3 corresponde a um conceito que, além do M2, inclui os depósitos em caderneta de poupança. 22 23 M3 = M2 + S, onde: S = Depósito em Caderneta de Poupança Por fim, o M4 é o conceito que, além do M3, inclui os depósitos a prazo fixo. M4 = M3 + TPr, onde: TPr = Títulos Privados. Cabe, ainda, ressaltar que o Banco Central regula todo o sistema econômico na- cional e é responsável pelo controle da oferta de moeda e o controle da taxa de juros. Para a aplicação da Política Monetária adequada, o governo se utiliza dos seguintes instrumentos de controle monetário: • Recolhimento Compulsório – parte dos depósitos à vista nos bancos comerciais é revertida ao Banco Central; • Redesconto Bancário – consiste na concessão de assistência financeira de liqui- dez por parte do Banco Central aos bancos comerciais com dificuldade momen- tânea de caixa. As taxas, entretanto, têm caráter estritamente punitivo, com taxas acima das praticadas pelo mercado; • Operações com Títulos Públicos – também conhecido como operações de mercado aberto (Open Market) é o meio mais eficiente e ágil de controle monetá- rio e é capaz de equilibrar a oferta monetária e regular a taxa de juros a curtíssimo prazo. Consiste na compra e venda de títulos da dívida pública, emitidos pelo Banco Central. Havendo necessidade de expandir a oferta monetária, as auto- ridades monetárias resgatam em grande quantidade os títulos da dívida pública em circulação; de forma inversa, quando desejam retirar o excedente de papel moeda em circulação na economia, emitem títulos da dívida pública; • Controle e Seleção de Crédito – por meio desse instrumento, as Autoridades Monetárias têm condições de controlar o volume e a distribuição das linhas de crédito, impondo teto e base para a taxa de juros, determinando prazos, limites e condições para a concessão de novas linhas de créditos; • Persuasão Moral – a operacionalidade é mantida por meio da divulgação de in- formações de forma clara e precisa pelo Banco Central aos bancos comerciais, de tal forma que induzam os bancos a adotarem, voluntariamente, o comportamento considerado adequado pelas Autoridades Monetárias. Política Cambial É a medida de conversão da moeda nacional em relação à moeda estrangeira. No caso brasileiro,a taxa de câmbio tem como referência o dólar norte-americano. 23 UNIDADE Macroeconomia Qual a taxa de câmbio ideal para um país? Ex pl or Segundo a teoria da Paridade do Poder de Compras, partindo-se de uma situação de equilíbrio, a variação da taxa cambial de um país em relação a outro será a diferen- ça entre a inflação interna e externa. De forma simplificada, pode-se dividir em três os sistemas de câmbio existentes: livre, fixo e “minibandas”. No sistema de câmbio livre, o valor da moeda é determinado pelas forças de merca- do, ou seja, oferta e demanda de dólares. A oferta de dólar é dada pelos exportadores, turistas estrangeiros, multinacionais, por empréstimos internacionais. Já a demanda por dólar é determinada pelos importadores, empresas que fazem pagamentos de juros ou títulos no exterior, turistas brasileiros quando viajam ao exterior, empresas multinacionais quando remetem lucros. Por ser um sistema muito volátil, as oscilações podem ser grandes, levando ao cha- mado sistema de “flutuação suja”, na qual o Banco Central estipula certos limites que não são comunicados ao mercado. Se a cotação supera o limite, o Bacen vende lotes e moeda estrangeira; se ocorre o contrário, a posição do Banco Central é inversa. Quando o governo estipula uma taxa de câmbio e esta não se altera, é chamada de taxa de câmbio fixa. Ex.: a Argentina de 1991 a 2001. Esse sistema é muito uti- lizado em países que atravessam problemas de inflação, fazendo com que os preços dos produtos importados parem de subir, essa prática é chamada âncora cambial. Já o sistema de minibandas é um sistema de flutuação determinada, onde o gover- no estipula e informa ao mercado um piso e um teto de flutuação. No Brasil, o sistema adotado é de câmbio flutuante com intervenções estratégicas por parte do Governo. Política de Rendas Durante a década de 80, a aceleração do processo inflacionário trouxe à tona a discussão sobre a chamada política de rendas. Tal política diz respeito a uma tenta- tiva de intervenção nos mecanismos de formação de preços e salários. Controle de preços – foram feitas inúmeras tentativas neste sentido aqui no Bra- sil, mas nenhuma trouxe o retorno esperado a não ser no curtíssimo prazo. Política salarial – como a relação salário X inflação (o salário, neste caso poder de compra, depende diretamente da inflação, isto é, se existe inflação acelerada e o salário nominal não acompanha, haverá perda do poder de compra, diminuin- do, assim, o salário real; por outro lado, ajustes nominais de salários impactam os custos e, portanto, os preços e a inflação; um outro enfoque é que aumentos reais elevam a demanda da economia) é muito estreita, a política salarial tem a capaci- dade de fixar ajustes nominais e não reais de salários. 24 25 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Livros Globalização, Salário e Emprego Ler o Capítulo 5. Disponível na Biblioteca Virtual Noções de Macroeconomia AMADO, Adriana. Barueri: Manole, 2003. Vídeos Economia Monetária - Moeda e Bancos https://youtu.be/VU33U10ZXKg Renda Nacional e Crescimento Econômico https://youtu.be/Sqdqloe9-EQ Leitura O Novo Consenso em Macroeconomia no Brasil: A Política Fiscal do Plano Real ao Segundo Governo Lula https://goo.gl/B1eSZL 25 UNIDADE Macroeconomia Referências GREMAUD, Amaury Patrick; TONETO JUNIOR, Rudinei; VASCONCELLOS, Marco Antônio Sandoval. Economia brasileira contemporânea. 7ª ed. São Paulo: Atlas, 2012. MANKIW, N. G. Introdução à economia: princípios de micro e macroeconomia. Rio de Janeiro: Editora Campus, 2012. PASSOS, C. R. M.; NOGAMI, O. Princípios de economia. São Paulo. Editora Thomson Learning, 2010. SMITH, Adam. A riqueza das nações: investigação sobre sua natureza e suas causas. São Paulo: Abril Cultural, 1983. SOUZA, Jobson Monteiro de. Economia brasileira. São Paulo: Person, 2009. (Biblioteca Virtual Universitária) SOUZA, Nilson Araújo de. Economia brasileira contemporânea: de Getúlio a Lula. 2ª ed., ampl. São Paulo: Atlas, 2008. VASCONCELLOS, M. A. S. Economia micro e macro. 6ª edição. São Paulo: Atlas, 2012. 26
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