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Estupro - DOUTRINA

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Estupro (art.213)
Consentimento do ofendido: é essencial que a vítima não tenha dado o consenso para que o fato seja típico e enquadrado no artigo. Se a vítima consentiu, é atípico. Isso CASO a vítima não se encontre em qualquer das situações previstas pelo art. 217-A, ou seja, a vítima não for vulnerável. 
Resistência da vítima: analisa-se se houve uma recusa autêntica da vítima ao ato sexual ou fez parte de um “jogo de sedução”. O erro do agente no que diz respeito ao dissenso da vítima importará em ERRO DE TIPO, afastando a tipicidade do fato. Se ele realmente achava que era um “falso não”, e considerando outros fatores como o da razoabilidade, será erro de tipo. E mesmo que a vítima demonstre que desejava o ato antes, ela pode modificar sua vontade e mudar de ideia a qualquer tempo antes da penetração, e havendo continuidade forçada, é constatado estupro. 
Marido como sujeito ativo do estupro: o marido somente poderá relacionar-se sexualmente com a esposa com o consentimento dela. Antigamente, ele agiria acobertado pela causa de justificação relativa ao exercício regular de um direito. 
Coação irresistível praticada por mulher: Uma mulher, mediante emprego de coação moral irresistível, obrigue um homem a violentar outra mulher por meio de conjunção carnal. Para Greco, por não ser possível a autoria mediata em crime de mão própria, o mais correto ao caso é a aplicação da intitulada “teoria do autor de determinação”: Podemos, dessa forma, utilizar a teoria do autor de determinação, preconizada por Zaffaroni, a fim de fazer com que a mulher que determinou a prática do estupro mediante conjunção carnal responda, com esse título especial - autora de determinação -, pelas mesma penas cominadas ao estupro. 
Mulher que constrange homem a pratica de conjunção carnal: hipótese muito rara, pois é difícil um homem ter ereção nessa situação. Mas ocorrendo, haverá estupro sim, pois admite tanto sujeito ativo homem como mulher também, desde que estejamos sempre de uma RELAÇÃO HETEROSSEXUAL! 
“Rodízio criminoso”: 3 agentes, unidos pelo liame subjetivo, resolvam estuprar a vítima. 2 seguram e o terceiro leva a efeito a penetração. Haverá um único crime ou 3 estupros em continuidade delitiva? Responderão por 3 delitos de estupro em continuidade delitiva, em que um é autor e os outros partícipes. 
Estupro de transexuais: um trans que frez a cirurgia de reversão genital pode sofrer estupro mediante conjunção carnal? Sim, independentemente de modificação no registro de nascimento, havendo relação sexual forçada conduzirá obrigatoriamente ao reconhecimento do estupro (e porque houve alteração do sexo natural da vítima). 
Desistência voluntária: é possível a travessia pela “ponte de ouro”. Se o agente, após o emprego de violência ou de grave ameaça, desistir do estupro, só responderá pelos atos praticados até aquele momento. Ademais, caso a intenção do agente seja a cópula vagínica, mas desiste enquanto pratica atos, também libidinosos, naturais à conjunção carnal, deverá responder somente pelo atos até então praticados, e não por estupro consumado. Porém, se o agente praticou atos, que por si sós já se configurassem na segunda parte do delito de estupro, deverá ser responsabilizado pelo constrangimento ilegal que submeteu a vítima. 
Médico que realize exame de toque na vítima com intenção libidinosa: será tipificado no art.215 estupro mediante fraude, fraude estaria demonstrada mediante a comprovação da falta de necessidade do mencionado exame. 
Síndrome da mulher de POTIFAR: A vítima que deveria ocupar o lugar do réu. A falta de credibilidade da vítima poderá conduzir à absolvição do acusado, ao passo que a verossimilhança de suas palavras será decisiva para um decreto condenatório. 
Crime impossível e impotência coeundi: não será condenado por estupro de conjunção carnal o homem que tiver impotência coeundi (impossibilidade de ereção), o crime será atípico por absoluta ineficácia do meio de execução (art.17 do CP). Pode ser condenado por pratica de atos libidinosos, mesmo tendo impotência. Um homem com impotência gerenandi (incapaz de procriar) pode cometer o crime de estupro. 
Conjunção carnal e a prática conjunta de atos libidinosos: A lei 12.015 de 2009 revogou o art. 214, referente ao crime de violento atentado ao pudor, sendo absorvido pelo art.213. Um agente que além da penetração vaginal, pratica outros atos libidinosos, deverá ser entendido que ele praticou um crime único, haja vista que os comportamentos se encontram na mesma figura típica, devendo ser entendida como infração penal de ação múltipla (tipo misto alternativo). 
O entendimento do STF diz que mesmo havendo ato libidinoso seguido de conjunção carnal, é possível haver continuidade delitiva (art. 71, CP) já que os fatos atribuídos a vítima foram praticados nas mesmas condições de tempo, lugar e maneira de execução. O crime subsequente, portanto, aconteceu como continuação do primeiro. Afasta-se o concurso material para aplicar a pena, e aplica a regra do crime continuado, desde que com a mesma vítima, em circunstâncias semelhantes, mesmo local e tempo. 
O entendimento do STJ é o contrário, dizendo que o art.213 é um tipo penal misco cumulativo, uma vez que as condutas previstas no tipo têm uma “autonomia funcional” e respondem a distintas espécies valorativas, e não há possibilidade de se reconhecer a continuidade delitiva. Se houver coito anal seguida de uma conjunção carnal, cada um caracteriza crime diferente e a pena será cumulativamente aplicada à reprimenda relativa à conjunção carnal. Aplica-se o concurso material de crimes (art. 69). O ato libidinoso diverso da conjunção carnal deve ser valorada na dosimetria da pena aplicada ao crime de estupro, aumentando a pena-base. 
Ejaculação Precoce: Caso o ato pretendido pelo agente exija que seu pênis esteja rígido, mas ele não consegue devido a uma ejaculação precoe, o crime será considerado tentado, pois não se consumou por circunstância alheia à sua vontade. No entanto, caso decida praticar ato libidinoso que não exija ereção, o crime será consumado. 
Crime tentado: o início da execução pode ser apontado com a prática de atos que importem no reconhecimento do constrangimento sofrido pela vítima, mesmo que o agente não se encontre em estado de ereção. Os atos de constrangimento, levados a efeito pela violência ou grave ameaça, já poderá responsabilizar por tentativa de estupro. 
Exame de Corpo delito: quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. Nos crimes não transeuntes (deixam vestígios), como o estupro, caso a violência deixe vestígios, será essencial o exame de corpo delito para demonstrar a materialidade do crime. Há situações que não serão necessárias, por exemplo 30 dias após o estupro. A análise do caso concreto é que determinará a necessidade, podendo tal regra ser excepcionada. O STF já disse que não há nulidade decorrente da falta de realização do exame do corpo delito, já não considera imprescindível a perícia, desde que existentes outros elementos de prova. 
O fato de os laudos de conjunção carnal e de espermatozoides resultarem negativos não invalida a prova do estupro, dado que é irrelevante se a cópula vagínica foi completa ou não, e irrelevante se houve ejaculação. 
Hediondez do estupro: o estupro em todas as suas formas (até mesmo tentado) é considerado crime hediondo. A progressão só é possível após o cumprimento de 2/5 da pena, se primário, ou de 3/5 da pena se reincidente. O regime inicial é fechado, independente de pena. O prazo de prisão temporário é de 30 dias no máximo. Não é possível fiança, nem anistia, graça ou indulto. O prazo para a concessão do livramento condicional é superior ao dos demais crimes. 
Necessidade de contato físico: Não é necessário o contato físico entre o agente e a vítima para efeitos de reconhecimento do delito de estupro, quando a conduta do agente for dirigida para que a própria vítima pratique ato libidinoso, quandoo agente mediante grave ameaça a obriga a se masturbar.

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