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1 O IMPACTO DAS MÍDIAS DIGITAIS NA DIVULGAÇÃO E CIRCULAÇÃO DAS FAKE NEWS¹ Mikaelle da Silva Inácio² Evandro Ferreira Gomes³ RESUMO Com o crescimento das mídias digitais, as pessoas passaram a ter maior acesso à internet e as redes sociais se tornaram uma ferramenta de informação, o usuário passou a ser não somente telespectador mas produtor de conteúdo, o que deu abertura a difusão de fake news, ou notícias falsas. Esses eventos acabam por abalar a credibilidade jornalística na rede. O objetivo principal deste trabalho é analisar como as mídias digitais colaboram para a divulgação e circulação das fake news, no decorrer da pesquisa é possível observar o quanto uma notícia falsa pode impactar de maneira negativa a vida das pessoas, seja com objetivos sociais ou políticos. PALAVRAS CHAVES: fake news; credibilidade; mídias digitais. ABSTRACT With the growth of digital media, people began to have greater access to the internet and social networks became an information tool, the user became not only viewer but content producer, which opened the diffusion of fake news, or fake news. These events ultimately undermine journalistic credibility in the network. The main objective of this work is to analyze how digital media contribute to the dissemination and circulation of fake news. In the course of the research is possible to observe how false news can negatively impact people's lives, whether for social or political purposes. KEY WORDS: fake news; credibility; digital media. ________________ ¹ Trabalho de conclusão de curso, do Centro Universitário Estácio do Ceará. 2 Graduando em Jornalismo, do Centro Universitário Estácio do Ceará 3 Mestre em Administração pela Universidade Estadual do Ceará, especialização em Gerencia de Marketing pela universidade Estadual do Ceará, graduação em Ciências Econômicas pela universidade de fortaleza. Orientador da pesquisa 2 INTRODUÇÃO Com o crescimento das mídias digitais a partir de 1995, que tinham como principal objetivo colaborar para o reencontro de conhecidos e para a criação e manutenção de grupos de contatos, milhões de pessoas foram aderindo a essas novas redes e houve o surgimento de outras ferramentas com prazo de vida mais curtos, devido à alta atualização dessas novas ferramentas de comunicação. A partir dos anos 2000 as mídias digitais tiveram o maior impacto na vida social, elas se tornaram ferramentas indispensáveis, seja para o uso pessoal, como profissional, era preciso estar conectado, aproximar-se de pessoas, de consumidores, tudo isso aliado a questão da imagem e a maneira como o usuário interagia nessas plataformas existentes. As mídias começaram a impactar a vida dos usuários, e chegava a se questionar até que ponto essa interferência era negativa. A principal característica da nova sociedade é sua capacidade de inserir grande quantidade de informações em sistemas tecnológicos informacionais, que tem uma rapidez muito grande em processar e distribuir essas informações com baixo custo, e com um crescente número de usuários podemos observar que houve também um aumento de conteúdos que são veiculados e compartilhados, sem antes ser feita uma pesquisa sobre sua veracidade e credibilidade. Notícias falsas existem desde antigamente, porém nunca se falou tanto como agora sobre essas notícias e os seus impactos na vida em sociedade. As denominadas fake news são pensadas e estruturadas para atingir alguns objetivos específicos, seja levar o leitor ao erro, estimular boatos, desfigurar uma informação verdadeira, atingir órgãos públicos e manipular as grandes massas, visando alcançar determinados resultados. As notícias falsas têm um formato que busca enganar o leitor, já que as mesmas dão a impressão que são verdadeiras, pois misturam, geralmente dados reais com um fictícios. Notícias falsas ganham espaço na internet de forma mais rápida, mais profunda e com um público maior que as notícias verdadeiras. Atualmente as fake news chegaram a um crescimento bastante significativo com a ajuda da tecnologias de informação, pois um grande público hoje tem acesso às plataformas de comunicação, dessa forma se tornou mais fácil sua divulgação e circulação nesses meios. Quando alguém repassa uma notícia, está atuando não só como destinatário mas também como meio para que essa notícia se espalhe, é possível afirmar que o saldo deixado pelas fake news é a desinformação da sociedade, que acaba inserida num contexto sobre o que é falso ou verdadeiro. “Uma mentira repetida mil vezes torna-se uma verdade”, o autor dessa famosa frase foi Joseph Goebbels, que foi ministro da propaganda nazista, esta afirmação nunca foi tão verdadeira como nos dias de hoje, vivemos no tempo da internet e das redes sociais e ninguém mais checa os fatos antes de compartilhar. O objetivo principal desse trabalho é analisar como as mídias digitais colaboram de alguma forma para a divulgação das notícias falsas. O que podemos ver atualmente é um crescente número de notícias com cunho duvidoso, que é quase impossível evitar sua circulação, pois vivemos em um mundo conectado, que busca sempre a urgência em divulgar algo, sem antes ter feito uma pesquisa sobre sua veracidade. 3 1. INTERNET-REVOLUÇÃO DIGITAL A Internet surgiu em plena guerra fria com objetivos militares, nas décadas de 1970 e 1980, além de ser utilizada para fins militares ela também foi um importante meio de comunicação acadêmico, estudantes e professores universitários, principalmente dos EUA, trocavam ideias, mensagens e descobertas pelas linhas da rede mundial. Somente no ano de 1990 que a internet começou a alcançar a população em geral, a partir deste momento ela cresceu em um ritmo bastante rápido. Muitos dizem que foi a maior criação tecnológica, depois da televisão na década de 1950. A internet, segundo Castells (2003), pode ser considerada a maior invenção tecnológica dos últimos tempos por conta do seu poder de alcance, da sua relação entre espaço-tempo, das informações instantâneas e principalmente no seu potencial de conectar pessoas nas mais variadas ocasiões. Segundo ele: [...] “internet, é um tecido da comunicação em nossas vidas: para o trabalho, os contatos pessoais, a informação, o entretenimento, os serviços públicos, a política e a religião”. (2009, p. 100) A internet possibilitou a comunicação com várias pessoas ao mesmo tempo, em qualquer lugar do planeta, a qualquer momento, o que resulta em um novo mundo sem barreiras para a comunicação, esse fenômeno foi denominado por Castells (2003) como a Galáxia da internet. Segundo Johnson (2001), a internet propiciou uma forma de interação social jamais vista antes, que reflete uma mudança cultural inesperada, na qual a ideia de individualidade é ameaçada pela rede, ou seja, todos nós estamos interconectados. A internet fez o cidadão não só capaz de interagir mas também agente comunicador. Ele não só passou a ter um maior acesso a informação como participa diretamente dela, seja opinando ou interagindo ao mesmo tempo em que a recebe. Com o grande número de usuários da internet, as notícias falsas começaram a circular nesse meio, as pessoas passaram a produzir e compartilhar notícias com conteúdo sensacionalistas, a internet que outrora era um grande meio de comunicação, passou a ser terreno de notícias com conteúdo falso que são compartilhadas sem que haja algum controle. Pierre Lévy afirma que estamos sendo modificados a cada dia, a nossa visão e reflexos mentais. De acordo com ele “a maior parte dos programas atuais desempenha um papel de tecnologiaintelectual: eles reorganizam, de uma forma ou de outra, a visão de mundo de seus usuários e modificam seus reflexos mentais” (2010, p. 54) Manuel Castells questiona como a internet mudou o modo com as pessoas utilizam os meios de comunicação, ela hoje é utilizada para acessar meios que a um tempo atrás tinham seu acesso restrito, segundo ele: A internet é cada vez mais usada para acessar os meios de comunicação de massa (televisão, rádio, jornais), bem como qualquer forma de produto cultural ou informativo digitalizado (filmes, música, revistas, livros, artigos de jornais, bases de dados). A internet já transformou a televisão. (Castells, 1999, p. XI). 4 De acordo com Ferreira (1994) a internet pode ser considerada a verdadeira rede global, pois é um conjunto que abrange todas as redes possíveis. "A Internet - maior rede de computadores do mundo - é frequentemente descrita como a rede das redes, pois abrange todas as espécies de redes possíveis, tornando- se a verdadeira rede global, contando com mais de 13.170 redes regionais, nacionais e internacionais."( Ferreira, 1994 p. 261) A Internet hoje pode ser considerada a maior rede do mundo de computadores. São mais de 50 milhões de usuários que estão conectados a ela, usando e tirando proveito de uma enorme variedade de serviços e recursos, porém é bom sempre ficar atento ao que é veiculado e compartilhado nesse meio. 2. SOCIEDADE EM REDE- SOCIEDADE CONECTADA A expressão sociedade em rede apareceu nos anos 70 como título de um estudo de Manuel Castells, o mesmo queria expressar uma sociedade que está conectada como nós que formam redes, para o autor “a rede é a mensagem e se constitui em um conjunto de nós interconectados que se transformam em redes de informação pela internet, na qual suas maiores características são a flexibilidade e a adaptabilidade, que constituem características fundamentais à sobrevivência e competitividade em um ambiente altamente dinâmico e volátil”. [...] A introdução da informação e das tecnologias de comunicação baseadas no computador, e particularmente na Internet, permite às redes exercer sua flexibilidade e adaptabilidade e afirmar assim sua natureza revolucionária (Castells, 2003, p. 8). A sociedade se caracteriza pelo grupo de pessoas que interagem entre si, a mesma também pode ser definida como uma rede de relacionamentos entre indivíduos que vivem juntos em uma comunidade organizada, a sociedade em rede está diretamente ligada ao processo de globalização. Os indivíduos, ao organizarem-se em grupos mais ou menos hierarquizados, estabelecem um conjunto de relações, formando redes de maior ou menor grau de complexidade. A principal característica da sociedade em rede é sua sujeição ao compartilhamento, que muitas das vezes é imediato, outra característica é que se desenvolve com base em uma dimensão virtual que possibilita cada vez mais o caráter tanto no tempo quanto no espaço. O mesmo conceito pode ser ligado ao das notícias falsas, segundo um estudo do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês) dos Estados Unidos. Cada postagem verdadeira atinge em média mil pessoas, enquanto as postagens falsas mais populares, aquelas que estão entre o 1% mais replicado atingem de mil a 100 mil pessoas. A sociedade em rede também é analisada por lévy(1999) definida pelo termo cibercultura, sendo este novo espaço de interações propiciado pela realidade virtual criada a partir de uma cultura da informática. 5 O ciberespaço (que também chamarei de “rede”) é o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial dos computadores. O termo especifica não apenas a infraestrutura material da comunicação digital, mas também o universo oceânico de informações que ela abriga, assim como os seres humanos que navegam e alimentam esse universo. (LÉVY, 1999, p.17). Em uma sociedade conectada em rede, se torna cada vez mais difícil fazermos algo sozinhos, pois qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo pode colaborar de alguma forma, seja com projetos, ideias ou observações. Segundo Lévy (1999) “Os pesquisadores e estudantes do mundo inteiro trocam ideias, artigos, imagens, experiências ou observações em conferências eletrônicas organizadas de acordo com interesses específicos". O mundo está ficando mais colaborativo e interconectado, as pessoas estão trabalhando em conjunto sem necessariamente estarem juntas. Para Mulgan como citado em Castell (1999, p. 109), “[...] as redes são criadas não apenas para comunicar, mas para ganhar posições, para melhorar a comunicação”. Quanto maior o poder de comunicação maior será o poder de dominação sobre a concorrência. A sociedade em rede é uma representação da sociedade contemporânea levando em consideração seus aspectos voltados à flexibilidade e adaptabilidade, que são essenciais à inovação e a criatividade, que configuram como competências essenciais do mundo globalizado. Lévy (2010, p. 75) acredita que “[...] nenhum tipo de conhecimento, mesmo que pareça-nos tão natural, por exemplo, quanto à teoria, é independente do uso de tecnologias intelectuais”. As novas tecnologias intelectuais estão baseadas na informática e frequentemente exteriorizam uma função cognitiva, estão relacionadas a uma atividade mental. O entendimento de rede para Lévy (2010) contempla: [...] a rede informático-mediática é apenas um dos múltiplos circuitos de comunicação e interação que estimulam a coletividade, e que numerosas instituições, estruturas e características culturais possuem, ao contrário, ritmos de vida e de reação extremamente longos (Estado, línguas, nações, religiões, escolas, etc.) (Lèvy, 2010, p. 119). Segundo Castells (1999, p. XX), “a principal característica espacial da sociedade em rede é a conexão em rede entre o local e o global”. E o autor ainda complementa que as redes globais operam por meio de nós que constituem o alicerce das regiões metropolitanas determinantes da estrutura local e espacial de cada país. A sociedade em rede exige do ser humano uma nova maneira de estar e encarar tudo na sociedade. As pessoas estão conectadas através da internet a outras pessoas, uma vez que a sociedade em rede é que determina suas necessidades, e não se sabe até quando a internet será a mais nova e efetiva tecnologia, graças a globalização. 6 3. DISSEMINAÇÃO DE FAKE NEWS E A POLÊMICA DA VACINA Com a origem da Internet na década de 90 as conexões entre as pessoas são facilitadas, e com a constante mudança dessa tecnologia da informação surgem as redes sociais, segundo Recuero: Rede social é gente, é interação, é troca social. É um grupo de pessoas, compreendido através de uma metáfora de estrutura, a estrutura de rede. Os nós da rede representam cada indivíduo e suas conexões, os laços sociais que compõem os grupos. Esses laços são ampliados, complexificados e modificados a cada nova pessoa que conhecemos e interagimos. (RECUERO, 2009, p.29) A primeira rede social surgiu em 1995 nos Estados Unidos e Canadá, chamada Classmates seu principal objetivo era conectar estudantes da faculdade. Atualmente existem diversos tipos de redes sociais, entre as mais populares podemos citaras profissionais como LinkedIn e de relacionamentos como Twitter, Myspace, Instagram whatsapp e Facebook. As redes sociais são uma forma de relações entre as pessoas, que, “na internet, [...] são as relações interpessoais mediadas pelo computador, e acontecem através da interação social em busca da comunicação.” (FREITAS, 2010, -.). Segundo Castells (2004 p. 5) “uma rede é um conjunto de nós conectados”. As redes sociais também podem ser compreendidas como: “[...] um conjunto de participantes autônomos, unindo ideias e recursos em torno de valores e interesses compartilhados” (MARTELETO, 2001, p. 72). Redes sociais estão intimamente ligada as mídias digitais que podem ser computadores, telefones celulares, smartfones, vídeos digitais, televisão digital, internet (WWW), jogos eletrônicos e outras mídias interativas. Portanto toda rede social é uma mídia social que, por sua vez, também é uma mídia digital. Recuero (2005) propõe um modelo para análise de redes sociais, constituído de três elementos principais: organização, estrutura e dinâmica. A organização se relaciona à interação social em um grupo. Já a estrutura se refere ao resultado das trocas dentro de um grupo, em termos de laços sociais e de capital social. Por fim, a dinâmica trata das modificações sofridas por uma rede com o passar do tempo. Um estudo do Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas para o Acesso à Informação (Gpopai) da Universidade de São Paulo (USP) apontou que, somente nas redes sociais, 12 milhões de brasileiros compartilham notícias falsas, um número bastante preocupante. As fake news se tornam virais principalmente no Facebook, através de algoritmo que ninguém sabe como funciona, segundo o sociólogo Boaventura Sousa Santos: “Temos nos nossos feeds os nossos amigos e os amigos dos amigos. E vemos o que publicam. O algoritmo cria a credibilidade do falso. E os jovens leem cada vez mais informação nas redes sociais”. “As redes sociais só vieram exponenciar um problema existente. É um problema de educação, de informação e de bom senso. E isso é o que falta às pessoas”. Frisa Pedro Rebelo especialista em redes sociais. 7 Ainda segundo Fernando Ilharco, professor no Departamento de Ciências de Comunicação da Universidade Católica: “A atenção é o recurso mais escasso pelo qual todos competem. Vivemos numa sociedade com muita informação e, ao mesmo tempo, muito desinformada”. As redes sociais vieram para aproximar pessoas, porém os usuários passaram a utilizar com objetivos errados, o que tornou um meio de divulgação de notícias falsas, muito comum hoje em dia, já não sabemos o que divulgamos e compartilhamos, pois está cada vez mais difícil de distinguir o falso do verdadeiro. No dia 26 de fevereiro de 1998 em Londres um médico chamado Andrew Wakefield apresentou uma pesquisa preliminar que foi publicada na conceituada revista The Lancet, o mesmo descreveu 12 crianças que desenvolveram comportamentos autistas e inflamação intestinal grave e também desenvolveram vestígios do vírus do sarampo no corpo. O médico e seus colegas levantaram a possibilidade da ligação desses problemas com a vacina MMR, que protege contra o sarampo, rubéola e caxumba, que havia sido aplicada em 11 crianças das 12 estudadas. A partir disso o número de vacinações de MMR começou a cair no Reino Unido e posteriormente ao redor do mundo. Esta história está sendo resgatada em um livro recém lançado no Brasil, o livro se chama outra sintonia o mesmo narra a história do autismo na sociedade. Na Europa mais 500 pessoas foram infectadas no primeiro trimestre desse ano, por uma epidemia de sarampo, resultante da queda de imunização, o que deixou as autoridades em alerta. Após o acontecido países como Itália e Alemanha, começaram a cogitar punições para quem não fosse vacinar os filhos. No Brasil existe diversos grupos de whatsapp e Facebook, que se reúnem para discutir os temores em relação as vacinas, as dúvidas vão desde efeitos colaterais ao medo de expor os bebês a uma carga muito grande de substâncias. Em 2004 o Instituto de Medicina dos EUA concluiu que não havia provas concretas que o autismo tivesse relação com a vacina. A conclusão também foi confirmada por análises na Califórnia. Figura 1: nota da revista The Lancet _______________ Imagem retirada do site: https://www.thelancet.com/ acesso em: 28. Out.2018. 8 Em 2010 Wakefield foi julgado pelo Conselho Geral de Medicina do Reino Unido, ele foi considerado inapto para o exercício da profissão, seu comportamento foi considerado como irresponsável, antiético e enganoso e ele foi impedido de exercer a medicina no Reino Unido. A revista onde foi publicado o estudo se retratou dizendo que suas conclusões eram totalmente falsas. O médico falsificou os dados de sua pesquisa, para atender interesses dos pais de crianças autistas que queriam processar os laboratórios produtores da vacina, o objetivo era ganhar milhões em indenização, com auxílio de advogados. Wakefield recebeu cerca 435 mil libras pelo seu falso estudo e das 12 crianças incluídas no Incluídas no estudo, 5 antes de receber a vacina já apresentavam problemas de desenvolvimento e 3 nunca tiveram autismo. Por último a Autism Speaks, entidade americana que se dedica a estudos e debates sobre autismo, escreveu em seu site em 2015 que as vacinas não causam autismo e fez um apelo para que os pais vacinassem seus filhos. No Brasil, nas últimas décadas se tem observado um movimento principalmente nas classes A e B de pais que evitam vacinar os filhos, os mesmos tem acesso a informações e associam a vacinação a algumas doenças. Segundo uma pesquisa encomendada pelo ministério da Saúde detectou que a média da vacinação no Brasil era de 81,4%, enquanto que na classe A era de 76,3%. O chamado movimento antivacina que vem crescendo no Brasil pode trazer doenças com a paralisia infantil, que havia sido eliminada do país. A vacinação de crianças tem atingido o nível mais baixo no Brasil em pelo menos 16 anos. Segundo os dados do Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde em 2017 pela primeira vez, todas as vacinas indicadas para crianças com menos de um ano ficaram abaixo da meta (que é imunizar 95% das crianças dessa idade), o ministério da saúde alertou para o risco da volta da doença que havia sido eliminada do Brasil desse 1990. Em comunicado a coordenadora do PNI, Carla Domingues disse: “Temos que ter em mente que a vacinação é a única forma de prevenção da poliomielite e de outras doenças que não circulam mais no país. Todas as crianças menores de cinco anos de idade devem ser vacinadas, conforme esquema de vacinação de rotina e na campanha nacional anual. É uma questão de responsabilidade social”. Segundo o ministério da saúde, com o sucesso das campanhas de vacinação que já eliminaram a poliomielite, sarampo, rubéola e síndrome da rubéola congênita, faz com que a população tenha uma falsa sensação de que as vacinas não são mais necessárias e acabam por não vacinar os filhos, porém os riscos ainda existem pois elas ainda não foram eliminadas no mundo inteiro. Roraima por exemplo passa por um surto de sarampo, a mesma foi associada a chegada de refugiados venezuelanos pelas autoridades. Outro fator que pode estar associado aos pais não vacinarem os filhos é a falta de vacinas nos postos de saúde, e as pessoas acabam por desistir de voltar ao posto. Quando parte da população deixa de ser vacinada, é criado grupos de pessoas vulneráveis, o que possibilita a circulação de agentes infecciosos. Tais agentesnão afetam apenas as pessoas que escolheram não tomar determinadas vacinas, mas também aquelas, que por diferentes motivos, não puderam ser vacinados. Portanto a vacinação vai além de uma escolha pessoal, é um assunto de saúde pública que precisa ser revisto por parte da população. 9 4. FAKE NEWS E A POLÍTICA As Fake News ganharam maior visibilidade após a campanha para eleição de Donald Trump nos Estados Unidos em 2016, segundo pesquisas que mostraram que houve uma influência direta das Fake News nas eleições norte americanas e que, cerca de 27% do eleitorado dos Estados Unidos teriam acessado pelo menos uma notícia falsa nas semanas que antecederam a eleição presidencial. Um grupo conhecido como “veles boys” ou meninos de Veles, moradores de uma cidade de 55 mil habitantes na Macedónia tinham entre 18 e 20 anos quando deram início a uma indústria lucrativa e poderosa, os jovens perceberam que cliques americanos rendiam mais dinheiro em sites e para chamar a atenção desse público a maneira mais fácil seria usar as eleições. Eles notaram que notícias sobre Trump, principalmente aquelas que o exaltavam rendiam mais acessos que a dos outros candidatos. Em entrevista para o documentário “Fake news — baseado em fatos reais”, produzido pela Globo News um dos Veles boys relatou: “Ele falava que a grande mídia era fake news, por isso seus apoiadores buscavam notícias em mídias alternativas e quando achavam, se a notícia era pró-Trump, eles nem se preocupavam em checar as informações” Diariamente eram lançadas diversas fake news e se espalhavam rapidamente, mesmo com seu conteúdo absurdo. As que mais tiveram maior repercussão foram: “Wikileaks confirma que Clinton vendeu armas para o Estado Islâmico” e “Papa Francisco choca o mundo e apoia Donald Trump”. Segundo investigações mais 100 sites pró-Trump, carregados de notícias falsas foram registrados na Macedônia o que tornou o país conhecido mundialmente como “A Fábrica de Fake News”. Essas notícias falsas se propagaram de uma maneira tão forte que influenciaram de alguma maneira as eleições dos Estados Unidos e por fim beneficiaram Donald Trump e desde então só tem ganhado força. No Brasil as fake news sobre política são divulgadas principalmente nos grupos de família do WhatsApp, por se tratar de uma rede privada, fica mais difícil seu controle e fiscalização. Segundo a ex-presidente da Costa e chefe da missão de observação eleitoral da Organização dos Estados Americanos (OEA) no Brasil Rica Laura Chinchilla, “O fenômeno que temos visto no Brasil talvez não tenha precedentes fundamentalmente por uma razão, estão usando redes privadas, que é o WhatsApp, pois é uma rede que apresenta muitas complexidades para que as autoridades possam acessar e realizar investigações”, ainda segundo ela “Outro fator que tem nos preocupado, e isso alertamos desde o primeiro turno, e que se intensificou neste segundo, foi o uso de notícias falsas para mobilizar vontades dos cidadãos”. As divulgações de fake news no período eleitoral dificulta uma tomada de decisão consciente por parte dos eleitores. Uma das notícias falsas que ficou conhecida nas eleições desse ano foi a camiseta de Flávio Bolsonaro contra os nordestinos, na primeira foto é mostrado a camisa com a seguinte frase “movimento nordestinos voltem para casa. O Rio não é lugar para jegue”, porém a imagem é falsa na segunda imagem mostra uma camisa lisa que tinha apenas um adesivo com o número 20. 10 Figura 2: camiseta de Flávio Bolsonaro ________________ Foto reprodução site: http://www.e-farsas.com/flavio-bolsonaro-posou-usando-camiseta-com-dizeres- contra-os-nordestinos.html acessado em: 28.out.2018 Outra imagem que circulou bastante nesse tempo de eleições foi a camiseta de Manuela D’Ávila onde tinha a seguinte frase: “Jesus é travesti”, a mesma se retratou pelo Twitter e comparou com foto da camiseta original, onde a frase verdadeira era “rebele- se”. Tipos assim de fake news se propaga muito rápido e atinge um público bastante grande. Figura 3: Twitter Manuela D’Avila _______________ Foto reprodução Twitter Manuela D’Avila disponível em: https://twitter.com/ManuelaDavila/status/1047144937345748994 acessado em: 28.out.2018 Embora exista o perigo das fake news influenciar nesse período eleitoral, ainda existe os chamados social bots que são softwares automatizados para disseminar em massa conteúdo partidário em redes sociais, a fim de influenciar a discussão política sobre 11 determinado tema e também para crescer o número de curtidas e seguidores de certo candidato, eles são projetados para parecerem humanos. Segundo um estudo da FGV só no Twitter cerca de 20% de todas as mensagens de apoio a políticos podem ser, na verdade, interações falsas feitas por bots. No Brasil nas eleições de 2014, onde estava na disputa Dilma Rousseff e o tucano Aécio Neves, segundo a pesquisa da Diretoria de Análise de Políticas Públicas da FGV (FGV/DAAP), os robôs geraram cerca de 11% das discussões durante o período. Ainda segundo outra pesquisa publicada em 2017 por Daniel Arnaudo da Universidade de Washington nos EUA e do Instituto Igarapé, no Rio, mostrou que o uso de bots foi fundamental no processo eleitoral e no impeachment e que daqui pra frente estará mais inteligente na manipulação de dados Nos últimos tempos boa parte dos debates públicos são feitos nas redes sociais, desde então se tornou quase obrigatório o investimento em redes sociais para a campanha eleitoral, fazendo com que as redes sociais se tornem terreno fértil para a divulgação de notícias falsas. Os bots e as fake news no período eleitoral é somente mais um capítulo dessa história. 5. FAKE NEWS- ÉTICA JORNALÍSTICA EM RISCO A presença das fake news só vem crescendo a cada dia principalmente no dia a dia do jornalista, atualmente é exigido cada vez mais do jornalista, porém também é exigido rapidez para produção e divulgação de matérias o que faz com que o jornalista faça a apuração de forma indesejada, se tornando um possível refém de divulgação de notícias falsas. Segundo Schudson (2017) “Um jornalista responsável não produz notícias falsas, nem notícias exageradas ou notícias corrompidas”. O principal papel do jornalista é produzir notícias para informar a população, os profissionais precisam checar e apurar rigorosamente o que chega a população, buscando sempre pela veracidade dos fatos. Segundo Kunczik (2001), “Os comunicadores têm o poder de influenciar os indivíduos no entendimento da informação. Essa influência pode ocorrer por motivos políticos, econômicos e culturais, na construção do texto, a seleção da imagem e do entrevistado”. O autor ainda frisa que “Os processos de seleção dos meios de comunicação não se restringem apenas a esse setor; também podem ocorrer no setor de distribuição”. As fake news muitas vezes são produzidas por jornalistas sem ética onde é possível questionar seu profissionalismo, o que leva também as pessoas questionarem os novos profissionais e as instituições de onde são oferecidos os cursos que deveriam ser preferencial em ética. Segundo Código de Ética (2007, art.4º) o jornalista tem um compromisso “com a verdade no relato dos fatos”, o art.4º ainda destaca que toda produção e apuração devem ser pautadas na correta divulgação da informação. As notícias falsas acabam por desvalorizar o jornalismo profissional, os meios de comunicação precisam checar com rigor as notícias e as fontes, pois hoje em dia qualquer pessoa pode ser produtor de conteúdo e é papel fundamental do jornalista está sempre atentoàs notícias que são divulgadas nas grandes massas. Atualmente com o crescimento das redes sociais, as notícias passaram a circular de maneira mais rápida, o público não checa antes de divulgar algo. Porém com todas essas transformações causadas pelas tecnologias, o jornalista ainda mantém na sua 12 essência a função de informar, contudo com um grande número de dados diariamente, ainda é possível se deparar com notícias falsas e é muito importante para esse novo jornalismo a checagem das informações. Conforme Millison (1999), filtrar e editar uma informação de confiança é muito importante na internet, pois qualquer pessoa pode tornar uma publicação importante. A possibilidade de qualquer pessoa hoje ser produtor de conteúdo na internet, faz com que o novo jornalismo seja desafiado todos os dias. Segundo Recuero (2009), os jornalistas “vão atuar com um duplo papel informativo: como fontes, como filtros ou como espaço de reverberação das informações.” Antigamente a quantidade de fatos e temas eram restritas pelo espaço físico disponível, o jornalista ficava restrito ao tamanho de laudas para contar as histórias, agora é possível escrever sobre praticamente tudo no ambiente digital, o que tornou mais dinâmico o trabalho do jornalista e alterou a forma de noticiar, com o papel ético do jornalista com o objetivo principal de informar, porém o jornalista deve ficar sempre atento principalmente nas redes sociais que é grande ambiente de notícias falsas. Atualmente existe o jornalista multimídia que apura a notícia, produz e divulga o conteúdo em variados tipos de veículos, isso não significa que o profissional multimídia seja o que faz tudo ou tenta fazer tudo, podemos observar que a maior diferença do jornalismo convencional, que ele tem uma visão vertical do fatos, a pauta vem do próprio jornalista o que irá determinar o que será consumido e comentado pelo público alvo, na prática esse novo jornalismo enfrenta instabilidades pois existe uma sobrecarga de conteúdos diariamente, correndo assim o risco de ser questionado sua veracidade , influenciando o resultado final do produto e clareza das informações pelo público. O Jornalismo deve servir ao público com informações completas, enriquecidas de detalhes, esse deve ser o principal objetivo do profissional de comunicação. Seja formar opiniões, conscientizar a população, oferecer à comunidade conhecimento. Contribuindo, assim para o crescimento individual, profissional e social do cidadão. A guerra contra as fake News ainda está no começo, principalmente por existir muitas pessoas que ainda utilizam esse termo. Entretanto o jornalismo é uma arma imprescindível nesse processo de mudança, atuando com responsabilidade para informar e levar o público a racionar e criar suas próprias conclusões sobre a realidade, tendo como principal objetivo a verdade. CONCLUSÃO As mídias digitais, a partir do momento que começaram a impactar a vida dos usuários, passaram a ser objeto de uso indevido, dessa forma contribuíram para a disseminação de notícias falsas, que são veiculadas sem nenhum controle, o público não procura pela veracidade e sim pela urgência de divulgar algo. A internet que culminou com um crescente número de usuários, várias pessoas foram aderindo a essa nova tecnologia e ela passou a ser um dos principais meios de comunicação entre as pessoas, era preciso está conectado. A comunicação se tornou mais dinâmica e o que antes era restrito passou a ser próximo. A internet veio para aproximar as pessoas e quando ela é bem utilizada passa a ser uma grande fonte de comunicação. 13 Os meios de comunicação ampliaram as relações sociais e modificaram as maneiras das pessoas interagirem, de acordo com Thompson (2011), os meios de comunicação, proporcionaram um universo de relacionamentos intermediados pelo computador em espaços virtuais, possibilitando aumentar e aprofundar o círculo de amizades, assim como expor ideias pessoais e compartilhar interesses comuns. Segundo a fundamentação, foi possível compreender a evolução do meios de comunicação, bem como investigar o que são as fake news, dando ênfase ao modo como elas são criadas, divulgadas e disseminadas na internet para atingir objetivos específicos, atualmente vivemos com um excesso de informações que são veiculadas diariamente, fazendo com que tenhamos uma visão rigorosa a respeito dos fatos, para não sermos alvos das notícias falsas, seja divulgando ou circulando tais notícias. O jornalismo tradicional tem sofrido nos últimos anos, por conta de sua credibilidade ser questionada todos os dias, pois com o crescimento das tecnologias de informações toda pessoa pode ser produtor de conteúdo, e é papel do jornalista ético sempre buscar a veracidade dos fatos. O jornalista tem papel fundamental em informar seu público alvo, com notícias com cunho verdadeiro, apuradas e produzidas rigorosamente por ele. O jornal hoje tornou-se cansativo e repetitivo, o que facilita aos consumidores de informação se sentirem atraídos por fake news, que têm títulos sensacionalistas, textos sem fontes, mas que muito se assemelha ao jornalismo. Em contrapartida o jornalismo não reage de maneira satisfatória, não busca pela inovação e acaba esquecendo que a internet é o local ideal para notícias curtas e para falta de aprofundamento e pesquisa. O Jornalismo precisa de mais pesquisa de fontes e de informação, pois ela é a matéria prima para um trabalho de qualidade, é preciso coletar um mundo de conhecimento, e cabe ao jornalista o papel de juntar a informação a ser veiculada, deixando as pessoas famintas por informação, e entregar algo de qualidade para ser devorado. Como os resultados apresentados, foi possível questionar que as fake news em sua essência, são notícias criadas e difundidas por diversos motivos, que inclui questões de cunho social, político, difamatório, dentre outros. No presente estudo observou- se que o uso das fake news na política faz com os eleitores tenham dificuldade em tomar uma decisão consciente, pois ela se propaga muito rápido e atinge um público muito grande. A respeito da polêmica da vacina foi possível esclarecer como uma notícia falsa chega a um patamar tão grande que faz com que parte da população desconfiam dos órgãos públicos, o que colabora para volta de doenças outrora extintas. As discussões sobre fake news são recentes, havendo pouco debate sobre o assunto, embora ainda seja umas das principais causas da diminuição da credibilidade jornalística, as pessoas precisam se conscientizar a respeito de tudo que é visto na internet, pois algumas notícias falsas misturam dados reais com falsos, fazendo com que as pessoas divulguem tais notícias. Atualmente vivemos na era da pós verdade, na qual a verdade dos fatos não é mais prioridade nem para os meios de comunicação, nem para a sociedade. A mesma é focada na popularização de crenças falsas e tem como objetivo fazer com que boatos prosperem, não estamos mais priorizando a veracidade dos fatos, nem buscando fontes de informações legítimas, a internet cria a falsa liberdade de que as pessoas podem tudo, 14 fazendo com que as mesmas acreditem que podem produzir e divulgar conteúdo sem uma pesquisa a respeito dos fatos. É de suma importância compreender o significado de fake news, tanto para o jornalismo como para o público, também é preciso ter mais estudos envolvendo fake news, principalmente para a identificação de sites que divulgam e difundem essas notícias, e cabe ao jornalista encontrar um meio de enfrentamento a essa questão tão importanteque são as fake news. REFERÊNCIAS ANDREW WAKEFIELD. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2018. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Andrew_Wakefield&oldid=51997484>. Acesso em: 28.out . 2018. CASTELLS, M. (1999). 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