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APS – DIREITO TRIBUTÁRIO I
Análise – Imunidades Tributárias
DAS IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS
O tributo é o instrumento do Estado através do qual este arrecada recursos necessários à manutenção do Estado Democrático de Direito, em especial no que tange a proteção do cidadão de forma isonômica (o Estado de Bem-Estar Social) e a garantia da livre iniciativa e da liberdade econômica (Estado liberal), ainda que esta acabe sofrendo maior ou menor influência do Estado.
“As Imunidades Tributárias surgiram juntamente com a demarcação da competência tributária. Ao passo que definiam a competência tributária limitavam essa competência.
No Estado Patrimonial (séc. XIII ao séc. XIX) era absolutamente proibida a incidência de tributos sobre o senhorio e sobre a Igreja. No final deste período, houve o Estado de Polícia, momento em que surgiram algumas alterações nas imunidades da Igreja. A intributabilidade só abrangia a Igreja católica, que desaparece apenas com o Liberalismo, passando haver liberdade de qualquer culto religioso. Posteriormente, no Estado Fiscal passou-se a limitar o poder tributário do Estado em vista aos interesses preexistentes dos indivíduos. As imunidades do antigo regime foram abolidas, substituídas pelas imunidades dos cidadãos.
No Brasil, as primeiras imunidades tributárias também consistiam absolutamente na não incidência de tributos sobre o senhorio e a Igreja. Mas, no Estado de Polícia, houve confisco dos bens da Igreja, extinção da jurisdição, proibição de testamentos em favor da alma e controle acerca da destinação dos dízimos recebidos.
A Constituição de 1824 extinguiu expressamente a imunidade da nobreza ao preceituar em seu art. 179, item 15 o seguinte: ‘Ninguém será isento de contribuir para as despesas do Estado em proporção de seus haveres’
Posteriormente, veio a Constituição de 1891, que foi a primeira de nosso país a fazer referências explícitas às imunidades, inspirada na constituição americana” (SABINO, 2012)
As imunidades tributárias consubstanciadas no artigo 150, VI da Constituição Federal configuram restrições à competência tributária do Estado, sendo limitações constitucionais ao poder de tributar, restringindo o legislador quanto à instituição de obrigação tributária principal, tratando-se de regras constitucionais que, além de expressas na Constituição, destinam-se à proteção e garantia de aplicação de valores constitucionais, consagrando-se como imunidades propriamente ditas e, portanto, tuteladas por cláusulas pétreas, não podendo- portanto, sofrer limitação, mas sendo passíveis de ampliação, já estando pacificado pelo STF que deve o conceito da imunidade ater-se estritamente ao caput do artigo 150, IV, CF/88, de forma que a concessão de imunidade abrange somente os impostos, não alcançando as demais espécies, como, por exemplo, taxas (ABRAHAM, 2018).
Outrossim, sua previsão constitucional justifica-se uma vez que ao tratarmos de imunidades atingimos, como já mencionada, a competência tributária do Estado, de forma que ainda que pretendesse o legislador infraconstitucional instituir tributo em contrário à imunidade, por esta ser previsão constitucional não poderá ser atingido por critérios de posterioridade ou especificidade.
Neste sentido, cabe diferenciarmos as imunidades das isenções. Enquanto a primeira atua no plano da instituição da competência tributária e define-se, conforme já visto, pela norma constitucional, as isenções decorrem de lei infraconstitucional e incidem sobre hipóteses em que há fato gerador do tributo, entretanto fica a entidade Estatal impedida de constituir deste fato crédito tributário, bem como exigir seu adimplemento do ente isento.
As imunidades podem ser qualificadas, ainda, em subjetivas, cuja incidência decorre de características e da condição da entidade a quem se aplica, e objetivas, ao relacionarem-se a características materiais, associando-se a fatos ou bens para a determinação de sua incidência e estão descritas nas alíneas “a” a “e” do inciso VI do artigo da Carta Magna mencionado retro, sendo elas:
Imunidade Recíproca
Conforme já brevemente disposto na tabela retro, trata-se de modalidade de imunidade subjetiva que visa garantir a autonomia dos entes da federação entre si, bem como o equilíbrio entre os poderes do Estado, salvaguardando o pacto federativo e, por conseguinte, os direitos e garantias fundamentais do cidadão.
Cabe apontar, ainda, que somente o patrimônio, os proventos e os serviços que estiverem vinculados às finalidades essenciais dos entes dispostos na referida tabela gozarão da imunidade.
Ainda, a título de exemplo da ampliação que o entendimento jurisprudencial trouxe ao cabimento da imunidade recíproca é o enquadramento da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos
“Recurso extraordinário com repercussão geral. 2. Imunidade recíproca. Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. 3. Distinção, para fins de tratamento normativo, entre empresas públicas prestadoras de serviço público e empresas públicas exploradoras de atividade. Precedentes. 4. Exercício simultâneo de atividades em regime de exclusividade e em concorrência com a iniciativa privada. Irrelevância. Existência de peculiaridades no serviço postal. Incidência da imunidade prevista no art. 150, VI, ‘a’, da Constituição Federal. 5. Recurso extraordinário conhecido e provido.” (STF – RE: RE: 601392 PR, RELATOR: MIN. JOAQUIM BARBOSA, DATA DE JULGAMENTO: 28/02/2013, TRIBUNAL PLENO, DATA DE PUBLICAÇÃO: ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJE-105 DIVULG 04-06-2013 PUBLIC 05-06-2013)
Imunidade dos Templos
Também se trata de imunidade subjetiva, sendo certo que apesar de trazer a alínea “b” do incido VI do artigo 150 da CF/88 a imunidade para os “templos”, esta não visa estritamente o objeto material, ou seja, a estrutura física do templo, mas sim utilizou o legislador a expressão de forma abrangente, referindo-se de forma genérica a qualquer local destinado ao culto religioso, bem como o seu patrimônio como um todo, desde que destinado exclusivamente à finalidade religiosa. Neste sentido, a presente imunidade coloca a salvo o direito fundamental à livre expressão religiosa, à liberdade de culto e o próprio Estado laico.
Como já mencionado, a jurisprudência ampliou à renda e proventos eventualmente auferidos pela instituição religiosa, desde que este não vise lucro e se destine exclusiva e integralmente à finalidade da entidade religiosa.
“2. Imunidade tributária de templos de qualquer culto. Vedação de instituição de impostos sobre o patrimônio, renda e serviços relacionados com as finalidades essenciais das entidades. Artigo 150, VI, ‘b’ e § 4º, da Constituição. 3. Instituição religiosa. IPTU sobre imóveis de sua propriedade que se encontram alugados. 4. A imunidade prevista no art. 150, VI, ‘b’, CF, deve abranger não somente os prédios destinados ao culto, mas, também, o patrimônio, a renda e os serviços ‘relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas’. 5. O § 4º do dispositivo constitucional serve de vetor interpretativo das alíneas ‘b’ e ‘c’ do inciso VI do art. 150 da Constituição Federal. Equiparação entre as hipóteses das alíneas referidas” (STF. RE 325.822, Rel. Min. Ilmar Galvão, Rel. p/ Acórdão: Min. Gilmar Mendes, Pleno, julg. 18/12/2002)
Neste sentido, é necessário ressaltar que compete à Administração Tributária o ônus de comprovar a adequada utilização da renda e do patrimônio da entidade ou o desvio de finalidade.
Imunidade dos Partidos Políticos, Sindicatos, Instituições Educacionais e Assistenciais
Última das imunidades subjetivas, tem por objetivo garantis o livre exercício político e resguardar o pluripartidarismo, conferir autonomia às instituições sindicais para que concretizem os direitos sociais previstos na Carta Magna pátria, bem como viabilizar as atividades das instituições de ensino e assistenciais na medida em que essas assumem para si obrigações que são precípuas do Estado.
Essencial ressaltar que ao tratarmos do caso concreto, a ampliação da aplicação da imunidade dependerá diretamenteda finalidade, até para que se resguarde o mercado contra a concorrência desleal ao se imunizar determinada atividade cuja destinação não se vincula diretamente ao fim institucional da entidade pleiteia a ampliação.
“[...] art. 14 do CTN (até que sobrevenha lei complementar específica), o qual preconiza as seguintes condições para a qualificação de tais entidades: I – não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título; II – aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos institucionais; III – manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatidão” (ABRAHAM, 2018)
Imunidade dos Livros, Jornais e Periódicos
Trata-se de imunidade tipicamente objetiva, na medida em que se aplica aos objetos previstos no tipo imunizante e justifica-se na divulgação da educação, na liberdade de expressão, no direito de informação, visto que ao imunizar-se os meios através dos quais estas se realizam, por conseguinte tem-se o seu barateamento, favorecendo seu acesso.
Em decisão, ao julgar o RE 330817 (repercussão geral) entendeu-se que a imunidade alcançaria ainda os e-books e audio books, à medida em que, nas palavras do relator exmo. Ministro Dias Toffoli “O suporte das publicações é apenas o continente, o corpus mechanicum que abrange o seu conteúdo, o corpus misticum das obras. Não sendo ele o essencial ou, de um olhar teleológico, o condicionante para o gozo da imunidade”.
Entretanto, ainda não está pacificada se a extensão da imunidade ora em tela alcança os demais insumos necessários à impressão e produção dos livros, jornais e/ou periódicos, havendo tanto entendimentos no sentido de que o texto de lei deve ser interpretado restritivamente, quanto entendimentos em sentido contrário.
“AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. TRIBUTÁRIO. ICMS. IMUNIDADE. ARTIGO 150, VI, ‘D’, DA CONSTITUIÇÃO. ALCANCE. INSUMOS EMPREGADOS NA FABRICAÇÃO DO PAPEL DESTINADO À CONFECÇÃO DE LIVROS. IMPOSSIBILIDADE. CARÁTER OBJETIVO DA GARANTIA CONSTITUCIONAL. PRECEDENTES. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO” (STF. RE 346.771 AgR, Rel. Min. Nelson Jobim, 2ª Turma, julg. 19/11/2002)
“DIREITO TRIBUTÁRIO. IPTU. IMUNIDADE. INSTITUIÇÕES RELIGIOSAS. IMÓVEIS. TEMPLO E RESIDÊNCIA DE MEMBROS. CONSTITUCIONALIDADE. PRECEDENTES. 1. O fato de os imóveis estarem sendo utilizados como escritório e residência de membros da entidade não afasta a imunidade prevista no art. 150, VI, c, § 4º da Constituição Federal. 2. Agravo regimental a que se nega provimento” (STF. ARE 930.133 AgR, Rel. Min. Edson Fachin, 1ª Turma, julg. 16/02/2016; STF. RE 202.149, Rel. Min. Menezes Direito, Rel. p/ Acórdão Min. Marco Aurélio, 1ª Turma, julg. 26/04/2011)
Imunidade de Fonogramas e Videogramas Musicais
Trata-se de imunidade objetiva incluída através da Emenda Constitucional nº 75/2013 que objetiva imunizar fonogramas e videogramas musicais produzidos no Brasil que contenham obras de brasileiros ou por brasileiros interpretadas, neste sentido incentivando a promoção e a valorização da cultura nacional, estimulando a indústria.
CONCLUSÃO
Ao passo que a tributação cumpre papel fundamental para a estruturação e manutenção do Estado Democrático de Direito, na medida em que provê subsídios para a implementação das medidas necessárias à proteção dos direitos e garantias fundamentais do cidadão, as imunidades tributárias, ainda que através da denegação da competência para tributar, também se prestam ao mesmo fim, sendo ambas, ainda que de forma oposta, ferramentas essenciais ao Estado.
Em especial no que tange as imunidades, ao instituí-las cumpre o legislador constituinte o dever de garantir a estrutura da federação, a autonomia de seus entes, a proteção às garantias e liberdades individuais e coletivas, o cumprimento do dever do Estado para com a cultura e o bem estar social e a proteção do mercado e à livre concorrência, competindo ao judiciário a tarefa de preencher as lacunas de entendimento, bem como a prestação de esclarecimento ante a relação entre as novas tecnologias e o texto constitucional, atualizando entendimentos e sempre buscando salvaguardar a Constituição Federal e, consequentemente, os direitos fundamentais nela consubstanciados.
REFERÊNCIAS BIBLIORÁFICAS
ABRAHAM, Marcus. Curso de Direito Tributário Brasileiro. Forense. Rio de Janeiro. 2018.
SABINO, Ana Carolina Melo Coelho. As Imunidades Tributárias na Limitação da Competência Tributária. 2012. Disponível em <http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/imunidades-tribut%C3%A1rias-na-limita%C3%A7%C3%A3o-da-compet%C3%AAncia-tribut%C3%A1ria>. Acesso em 17 de outubro de 2018 às 19:50.
< http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=337857> Acesso em 17 de outubro de 2018, às 21:00.

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