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Unidade 4 - Gerenciamento de Bacias Hidrográficas

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- -1
GERENCIAMENTO DE BACIAS 
HIDROGRÁFICAS
CAPÍTULO 4 – COMO OCORRE O PROCESSO 
DE FORMAÇÃO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS?
Cibelle Machado Carvalho
- -2
Introdução
O gerenciamento de bacias hidrográficas está fundamentalmente associado ao conceito de saúde ambiental. Mas
você sabe o que é saúde ambiental? É um novo campo de estudos que tem por intuito integrar a saúde do homem
e o meio ambiente de maneira interdependente, pois as questões ambientais são tidas como essenciais para a
vida dos seres humanos.
A gestão de recursos hídricos engloba o conceito de saúde porque suas diretrizes e aspectos legais devem
conservar os solos, a água e a biodiversidade para acondicionar o futuro da sociedade. Assim, a água está
associada à segurança alimentar, socioeconômica e humana e requer uma gestão hídrica eficiente para que sua
disponibilidade seja assegurada à atual e às futuras gerações, conforme os padrões de qualidade adequados a
cada uso.
E sabe como isso é possível? No Brasil foram desenvolvidos mecanismos práticos de implantação da legislação
pertinente aos recursos hídricos com a hierarquia de agências e secretarias nos processos de regulamentação e
gestão das águas. A Política Nacional dos Recursos Hídricos foi um marco, em 1997, com a criação de
instrumentos que gerenciam e resguardam os recursos hídricos, além de visar a impedir o avanço da degradação
ambiental, principalmente das águas doces, essenciais para a vida humana.
Vale destacar que as águas subterrâneas são uma das principais reservas de água doce na Terra. O homem tende
a utilizar de forma irresponsável os recursos hídricos disponíveis e essa falsa sensação de inesgotabilidade acaba
quando se percebe que nem toda água é potável. Assim, preservar as águas subterrâneas é fundamental porque
são uma das maiores porcentagens de água doce de fácil acesso, visto que descontaminar a água, muitas vezes é
economicamente inviável e tecnicamente complexa. Mas por que a sociedade não utiliza as águas subterrâneas?
Porque além de ser uma reserva, é fácil sua contaminação em função das ocupações antrópicas, explorações
excessivas e disposição de efluentes domésticos e industriais.
Para que isso não ocorra é necessário um planejamento multidisciplinar com planos, diretrizes e normas guiados
com sustentabilidade. Partindo disso, para entendermos esses fatos, iremos estudar a legislação dos recursos
hídricos do Brasil, seus mecanismos e instrumentos, além de entender as características das águas subterrâneas
e as dinâmicas das bacias hidrográficas.
Bons estudos!
4.1 Legislação hídrica: Lei Federal 9433/97
O direito à vida é anterior a outros direitos. Dessa maneira, a relação do homem com a água antecede ao direito,
pois é um elemento intrínseco à sua sobrevivência (MACHADO, 2002; SOARES, 2015).
A Constituição Federativa Brasileira de 1988, em seu art. 5, garante a inviolabilidade do direito à vida. Assim, a
Lei n. 9.433, de 8 de janeiro de 1997, que institui a Política Nacional de Recursos Hídricos – PNRH, prevê a
necessária disponibilidade e direito a acesso à água a toda a população brasileira. Vale destacar que a PNRH
autoriza uma quantidade insignificante para a sobrevivência humana, sem a necessidade de autorização
governamental. Porém, irrigação, indústria e outros necessitam de outorgas e licenças de uso.
A Lei n. 9.433/97, em seu art. 12, salienta que independem de outorga (licença do uso da água) pelo poder
público “as derivações, captações e lançamentos” considerados insignificantes. Perante isso, o Brasil reconhece
que a sociedade tem direito à água. Além disso, destaca-se que a prioridade é a satisfação das necessidades
básicas e a proteção do meio ambiente e ecossistemas.
Machado (2002) afirma que a gratuidade da água para a sociedade é para beber, alimentar-se e a higiene
pessoal, visto que o primeiro fundamento da PNRH é a água como um bem de domínio público. Para o usuário
carente ou de renda baixa, é dever do poder público fornecer a água, como atividade social obrigatória.
É inconstitucional e ilegal o corte da água realizado por qualquer órgão público ou concessionária de serviço de
- -3
É inconstitucional e ilegal o corte da água realizado por qualquer órgão público ou concessionária de serviço de
abastecimento de água, em relação àqueles que não puderem pagar o mínimo desse recurso, para sua
sobrevivência. Ação civil pública, mandado de segurança e ação popular são instrumentos eficazes para corrigir
desvios de poder (SOARES, 2015).
Clique nos itens a seguir para conhecer os objetivos da PNRH.
I
Assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de
qualidade adequados aos respectivos usos (BRASIL, 1997, art. 2º).
II
A utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte aquaviário,
com vistas ao desenvolvimento sustentável (BRASIL, 1997, art. 2º).
III
A prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou decorrentes
do uso inadequado dos recursos naturais (BRASIL, 1997, art. 2º).
IV
Incentivar e promover a captação, a preservação e o aproveitamento de águas pluviais
(BRASIL, 1997, art. 2º).
Além disso, tem como diretrizes e propósitos implementar a política das águas no Brasil, uma gestão sistemática
das águas sem dissociação de qualidade e quantidade. O planejamento tem de ser adequado às diversidades
físicas, econômicas, ambientais, sociais, culturais, bióticas e demográficas das bacias hidrográficas. Além do mais,
a PNRH fundamenta a integração da gestão dos recursos hídricos com a gestão ambiental; a articulação das
águas com os setores e usuários e os usos do solo, para os planejamentos regional, estadual e nacional
adequados (BRASIL, 1997).
A mesma lei ainda argumenta que deve existir uma integração da gestão das bacias hidrográficas com as zonas
costeiras, os sistemas estuarinos e a União, pois devem se articular com o Estado para o gerenciamento de
interesse comum.
A sociedade paga pelas taxas de serviço relacionadas ao tratamento de água e de esgoto, visto que, no Brasil,
toda água destinada a consumo humano deve obedecer a padrões e normas de potabilidade estabelecidas pelo
Ministério da Saúde, regidas pela Portaria n. 2.914, de 12 de dezembro de 2011, que dispõe sobre os
procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de
potabilidade, para que, assim, não ofereça risco à população.
As águas no Brasil são de domínio dos estados ou da União. Porém, a implementação da PNRH e/ou a Política
Estadual dos Recursos Hídricos não é embasada em limites de união ou estados, mas sim de bacias hidrográficas,
como aponta o primeiro artigo da PNRH.
Vale destacar que a PNRH não definiu o que é bacia hidrográfica, apenas identificou que são catalogados como
rio “principal” e/ou “tributário”. Além disso, quando presente a escassez de água no Brasil, cumpre o Estado
suspender as outorgas que possam prejudicar o consumo humano e dessedentação animal. Vale destacar que os
animais, para sua dessedentação, têm garantia, mas para seu abate devem obedecer a regras de racionamento
estabelecidas pelas políticas públicas.
A PNRH enfatiza a necessidade de planejamento ambiental articulado com planejamentos estaduais e municipais
e desenvolvimento econômico, social e ambiental da região, além de integrar o plano diretor municipal. Além
disso, a PNRH criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Clique na interação a seguir
para conhecer os objetivos da PNHR.
I
Reunir, dar consistência e divulgar os dados e informações sobre a situação qualitativa e
quantitativa dos recursos hídricos no Brasil(BRASIL, 1997, art. 27).
II
Atualizar permanentemente as informações sobre disponibilidade e demanda de recursos
hídricos em todo o território nacional(BRASIL, 1997, art. 27).
III
Fornecer subsídios para a elaboração dos Planos de Recursos Hídricos (BRASIL, 1997, art.27).
Note que o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos tem de coordenar a gestão integrada das
águas, arbitrar administrativamente os conflitos, implementar a PNRH e planejar, regular e controlar o uso e a
preservação, além da recuperação das águas (BRASIL, 1997).
Integram o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (veja a figura adiante) os , queConselhos
- -4
Integram o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (veja a figura adiante) os , queConselhos
têm por intuito subsidiar a formulação da Política de Recursos Hídricos e dirimir conflitos; o Ministério do Meio
, que formula a Política Nacional de Recursos Hídricos e subsidia a formulação doAmbiente – MMA/SRHU
Orçamento da União; a , que implementa o Sistema Nacional de RecursosAgência Nacional de Águas – ANA
Hídricos, tendo como função outorgar e fiscalizar o uso de recursos hídricos de domínio da União; e também os 
 que têm por intuito desenvolver as outorgas e a fiscalização do uso de recursos hídricos deÓrgãos Estaduais
domínio do Estado (ANA, 2011).
E, por fim, integram-se ao Sistema Nacional os , que objetivam decidir sobre o Plano deComitês de Bacias
Recursos Hídricos (quando, quanto e para quê cobrar pelo uso de recursos hídricos) e as Agências de Água
(escritório técnico do comitê de Bacia) (ANA, 2011).
Figura 1 - Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos do Brasil.
Fonte: Elaborada pela autora, adaptada de ANA, 2011, p. 24.
Por fim, vale destacar que, para integrar o Sistema Nacional de Recursos Hídricos, as organizações civis de
recursos hídricos devem ser legalmente constituídas (BRASIL, 1997).
VOCÊ QUER VER?
No vídeo da ANA – Agência Nacional de Águas (2014a) você podeA Lei das Águas do Brasil
conhecer mais a Lei das Águas e o Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hídricos,
que tem base na Lei n. 9.433/1997. Assista em: <<https://www.youtube.com/watch?
>.v=bH08pGb50-k
- -5
4.1.1 Plano de Recursos Hídricos
Os planos de recursos hídricos são planos diretores que visam fundamentar e orientar o Plano Nacional de
Recursos Hídricos – PNRH. Além disso, são planos de longo prazo, com horizonte de planejamento compatível
com o período de implantação de seus programas e projetos (BRASIL, 1997). A PNRH, em seu art. 7, estabelece
que os planos de recursos hídricos devem ter como conteúdo mínimo os itens listados a seguir (BRASIL, 1997,
art. 7). Clique para ler.
• 
I - Diagnóstico da situação atual dos recursos hídricos.
• 
II - Análise de alternativas de crescimento demográfico, de evolução de atividades produtivas e de
modificações dos padrões de ocupação do solo.
• 
III -Balanço entre disponibilidades e demandas futuras dos recursos hídricos, em quantidade e
qualidade, com identificação de conflitos potenciais.
• 
IV - Metas de racionalização de uso, aumento da quantidade e melhoria da qualidade dos recursos
hídricos disponíveis.
• 
V - Medidas a serem tomadas, programas a serem desenvolvidos e projetos a serem implantados,
para o atendimento das metas previstas.
• 
VI - (VETADO).
• 
VII - (VETADO).
• 
VIII - Prioridades para outorga de direitos de uso de recursos hídricos.
• 
IX -Diretrizes e critérios para a cobrança pelo uso dos recursos hídricos.
• 
X - Propostas para a criação de áreas sujeitas a restrição de uso, com vistas à proteção dos
recursos hídricos.
É competência das “Agências de Águas” elaborar o plano, além de sugerir o prazo de vigência, e dos Comitês de
Bacias Hidrográficas aprovar ou não o prazo.
O plano de gerenciamento de recursos hídricos geralmente é realizado por bacia hidrográfica. A bacia
hidrográfica é uma unidade de gestão que tem como gestor responsável o Comitê de Bacias. Nas unidades
hidrográficas brasileiras, há diversas bacias hidrográficas relacionadas, e isso depende de como a região irá
abordar suas problemáticas. Por exemplo: o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco abrange 639.219
km de área de drenagem (7,5% do país), além de sete unidades da federação (Bahia, Minas Gerais, Pernambuco,2
Alagoas, Sergipe, Goiás, e Distrito Federal) totalizando 507 municípios (ANA, 2015). Dessa maneira, sua
organização foi realizada e composta por dezoito Comitês de Afluentes, dividindo assim os afluentes com as
mesmas dimensões ambientais, sociais, culturais e demográficas, entre outras. Há apenas um Comitê Federal por
existir uma bacia hidrográfica interestadual.
Outro exemplo é o Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio Santa Maria do estado do Rio Grande
do Sul, criado pelo Decreto Estadual n. 35.103/1994, que engloba seis municípios. Porém, não é um comitê
vinculado a uma região hidrográfica. Perante tais exemplos, percebe-se que as organizações são e devem ser
descentralizadas, visto que é objetivo da PNRH uma gestão dos recursos hídricos regionais ou inter-regionais,
pois os problemas são locais e devem ser resolvidos como tais, além de contar com a participação do poder
•
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descentralizadas, visto que é objetivo da PNRH uma gestão dos recursos hídricos regionais ou inter-regionais,
pois os problemas são locais e devem ser resolvidos como tais, além de contar com a participação do poder
público, dos usuários e das comunidades.
O art. 8 da PNRH estabelece que o Plano de Recursos Hídricos deve ser elaborado por bacia hidrográfica, por
estado e para o país. Esses três planos previstos não podem nascer na cúpula ou centro, mas sim na base do
Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, pois a bacia hidrográfica é uma unidade territorial de
planejamento descentralizada, visto que as necessidades básicas da sociedade são procuradas e gerenciadas
localmente e por bacia hidrográfica.
Assim, os planos estaduais integram os planos de bacias hidrográficas dos seus estados e as prioridades
apontadas em cada ponto; já o plano do país integra os planos estaduais para que, assim, sejam conhecidas e
estabelecidas as prioridades (MACHADO, 2002). Além disso, os planos estaduais devem se orientar para a
realidade de suas bacias e sub-bacias hidrográficas, tendo que planejar suas relações hídricas com os estados
vizinhos e até com outros países, caso existam.
Portanto, o Plano Nacional de Recursos Hídricos, além de apontar as necessidades nacionais, deve também
apontar as necessidades dos rios transfronteiriços, pois as águas não têm limite territorial como países e cidades.
O plano de recursos hídricos é de ordem pública. A lei estabelece que ele deve ter conteúdos mínimos a serem
cumpridos, demonstrando sua indispensabilidade. Dessa maneira, todos os planos (local, estadual e nacional)
devem atender aos incisos do art. 7 em vigor, já apresentados no início deste item.
VOCÊ QUER LER?
O Plano de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio Gravataí, realizado no ano de 2012,
pertence à Região Hidrográfica do Guaíba. Grande parte da sua área está localizada na Região
Metropolitana de Porto Alegre, do estado do Rio Grande do Sul. É composta por nove
municípios (DRH/SEMA, 2012). Disponível em:
<http://www.comitegravatahy.com.br/index.php/comite-gravatahy-documentos/category/3-
>.plano-de-bacia
VOCÊ QUER LER?
Conheça o PNRH, Plano Nacional de Recursos Hídricos (MMA, 2011), instrumento de gestão
que visa fundamentar e orientar a implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e
a atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hídricos – SINGREH.
Disponível em:
<http://www.mma.gov.br/estruturas/161/_publicacao/161_publicacao16032012065259.pdf
>.
- -7
4.2 Instrumentos para a gestão dos recursos hídricos
Visando a seguridade dos recursos hídricos brasileiros para a geração atual e futura, a Política Nacional dos
Recursos Hídricos – PNRH foi sistematizando instrumentos para garantir a efetividade e o controle das águas.
Dessa forma, o art. 5 instituiimportantes instrumentos para a sua concretização, sendo o primeiro o Plano de
, já descrito anteriormente.Recursos Hídricos
O segundo instrumento é o , em classes, segundo sua qualidade e seusenquadramento dos corpos de água
usos preponderantes. Assim, o enquadramento é uma meta de qualidade da água que deve ser estabelecida a
curto, médio e longo prazos, a partir dos usos que se pretende fazer do recurso hídrico. Essa estratégia deve ser
descrita pelo plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica em questão.
A qualidade da água é descrita na Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, criada pela Lei 
n. 6.938/1981. A resolução CONAMA 357 dispõe sobre a classificação dos corpos de água e as diretrizes
ambientais para o seu enquadramento, além de padrões de lançamento de efluentes nas bacias hidrográficas.
Para se enquadrar os rios, há três procedimentos, os quais o Comitê de Bacias, que é um colegiado representado
por todos os setores da sociedade com interesse nos recursos hídricos, discute: o rio que se tem, o rio que se
quer ter e o rio que se pode ter. Muitas vezes, pelos parâmetros de água encontrados, não se pode ter uma água
potável, visto que existem limitações técnicas e econômicas.
Assim, os usos mais exigentes dos corpos de água servem primeiramente à proteção da vida aquática e à
preservação do ecossistema, ao abastecimento doméstico e a recreações primárias. Em segundo lugar, à
dessedentação animal e à irrigação e, por último, à navegação.
A qualidade da água tem cinco classes, sendo a primeira a classe especial e, posteriormente, denominadas classe
1, 2, 3 e 4, em que a primeira designa a água de usos mais exigentes. Assim, o enquadramento serve como
estratégia e planejamento do plano de bacias, referência para a outorga (licença de uso da água) e para cobrança
do uso da água e de subsídio para o sistema de informações.
Outro instrumento é dos recursos hídricos. As atividades antrópicas que possama outorga dos direitos de uso
provocar alterações nas águas e suas condições naturais são consideradas “usos”, por exemplo, a irrigação, a
geração de energia hidroelétrica, a entrada de esgoto e efluentes nas bacias hidrográficas (ANA, 2011). Por
conseguinte, a outorga de direito ao uso objetiva assegurar o controle qualitativo e quantitativo desses usos para
que, assim, ocorra um efetivo exercício do direito ao acesso à água (BRASIL, 1997).
A PNRH afirma que a Agência Nacional de Águas é a instituição responsável por analisar tecnicamente a emissão
das outorgas dos corpos hídricos de domínio da União, bacias hidrográficas interestaduais, interfronteiriços ou
de unidades da Federação. Já para os corpos de água do estado, a outorga é realizada pelo órgão gestor deste.
Além do mais, a ANA tem a atribuição de fiscalizar os usos das águas e dos corpos hídricos, assim como
supervisionar as ações sobre o uso de acordo com a legislação vigente e subsidiar as ações necessárias ao
atendimento dos padrões de segurança hídrica (ANA, 2011A).
A é outro instrumento da Política Nacional dos Recursos Hídricos, quecobrança pelo uso de recursos hídricos
VOCÊ QUER VER?
O vídeo , da Agência dePlanos de Recursos Hídricos e o Enquadramento de Corpos d´Água
Águas (2014b) que explica os Planos de Recursos Hídricos e o Enquadramento de Corpos d’
Água. Disponível em:
< >.https://www.youtube.com/watch?v=f2Yj9NYID9w
- -8
A é outro instrumento da Política Nacional dos Recursos Hídricos, quecobrança pelo uso de recursos hídricos
objetiva obter recursos financeiros para os programa, ações e intervenções do plano de bacias hidrográficas
(BRASIL, 1997). Clique na interação a seguir para saber mais sobre este recurso.
O instrumento de cobrança tem por objetivo obter verba para a recuperação das bacias hidrográficas e estimular
investimentos em despoluição. Além disso, a PNRH prevê que o usuário reconheça a água como bem econômico
e dá a ele uma indicação de seu real valor, que incentive a racionalização do uso da água.
São os Comitês de Bacias, ou seja, os usuários, a sociedade civil e o poder público que decidem o valor da
cobrança do recurso hídrico. Porém, o parâmetro para se definir os valores se dá por quem polui mais, paga
mais. O art. 21 da PNRH salienta que nas derivações, captações e extrações de água, o volume retirado e seu
regime de variação e os lançamentos de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos, o volume lançado e seu
regime de variação e as características físico-químicas, biológicas e de toxidade do afluente devem ser
observados para tomadas de decisão eficientes e efetivas.
As taxas cobradas pelo uso do recurso hídrico devem ser obrigatoriamente aplicadas na bacia hidrográfica em
questão. Aplica-se na forma de financiamento de estudos, projetos, programas e obras que estejam no Plano de
Bacias. Também é previsto na lei o pagamento de despesas de implantação e custeio dos órgãos ligados ao
Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (BRASIL, 1997).
Por fim, o é um instrumento que objetiva coletar, tratar,Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos
armazenar e recuperar as informações sobre recursos hídricos e fatores intervenientes em sua gestão. Assim,
todos os dados gerados por órgão integrante do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos devem ser
incorporados ao Sistema Nacional de Informação sobre Recursos Hídricos.
O Sistema de Informação sobre Recursos Hídricos tem por princípio a descentralização da obtenção e produção
de dados e informações, além de uma coordenação unificada. Frisa-se que este instrumento tem por princípio
desenvolver o acesso aos dados e informações para a sociedade. Dessa maneira, objetivará reunir e divulgar os
dados e informações sobre a situação qualitativa e quantitativa dos recursos hídricos no Brasil, subsidiando os
novos planos de bacias (BRASIL, 1997).
4.2.1 Comitês de Bacias Hidrográficas
O Comitê de Bacias Hidrográficas – CBH é um fórum em que um grupo de pessoas se reúne para discutir sobre
um interesse comum – o uso da água na bacia (ANA, 2011). Trata-se de um grupo de pessoas que representam os
três níveis: o poder público, os usuários e a sociedade civil. Tal grupo, apesar das visões diferenciadas, tem um
limite, que é a bacia hidrográfica. Assim, precisam tomar as melhores decisões para este recurso que é finito e
limitado: a água.
Há diversos interesses e usos na distribuição da água, e isso pode acarretar em conflitos, além de ameaçar a
garantia da efetividade do recurso, que é considerado um bem comum. Com isso, para reverter tais problemas e
desenvolver um uso múltiplo são necessários acordos com todos os grupos sociais que necessitam da água para
sua sobrevivência.
A água é utilizada para abastecimento urbano, irrigação, uso industrial e geração de energia, entre outras
finalidades. Porém, podem ser debatidos seus usos para a outorga, cobrança e enquadramento ideal para a
sociedade como um todo e de acordo coma legislação vigente. Vale destacar que é necessário obter a qualidade
ambiental e ecossistêmica.
O Comitê de Bacias Hidrográficas é um colegiado (figura a seguir) com atribuições normativas e deliberativas
(MACHADO, 2002). Segundo a Resolução n. 5/2000, do Conselho Nacional dos Recursos Hídricos, os usuários
devem representar no máximo 40%, as organizações civis 20% e poderes públicos no máximo 40%. No entanto,
essas são orientações legais para referenciar as legislações estaduais, porém, encontram-se uma composição
diferenciada dos comitês, com percentuais maiores ou menores aos indicados por esta resolução.
- -9
Figura 2 - Reunião de um Comitê de Bacias Hidrográficas.
Fonte: Shutterstock, 2018.
Para se criar um Comitê, inicia-se pela composição do colegiado. A escolha é um processo público, transparente,
democrático e realizado por meio de editais. Assim, como regra geral, deve ser realizada a universalização da
informação e a divulgação, a legalidade e a lisura do processo eleitoral,a transparência do processo e a ampla
participação de todos os envolvidos no processo de gestão (ANA, 2011).
Por fim, a criação do Comitê deve atender às normas e à lei das águas. Mas como a gestão de recursos hídricos é
descentralizada, levará as figuras dos Comitês de Bacias a ter personalidade jurídica e autonomia, mostrando
assim democracia para a eficiência e ou ineficiência de sua atuação (MACHADO, 2002).
VOCÊ SABIA?
Que apenas em 2006 foi instituído o primeiro comitê gestor de uma bacia hidrográfica no
Nordeste, no Rio Piranhas-Açu? A decisão foi aprovada por unanimidade pelo Conselho
Nacional de Recursos Hídricos. É o primeiro instituído após o lançamento do Plano Nacional de
Recursos Hídricos e o primeiro a ser criado na região do semiárido brasileiro. É o resultado de
um amplo processo de mobilização das comunidades da bacia que tem uma população média
de 1,4 milhão de pessoas.
- -10
4.3 Hidrogeologia: caracterização das águas subterrâneas 
brasileiras
Os aquíferos são uma formação geológica subterrânea e funcionam como reservatórios de água, alimentados
pela precipitação, pela evapotranspiração e pela infiltração (ciclo hidrológico). O ciclo hidrológico está ligado ao
movimento e à troca das águas em seus diferentes estados físicos. Assim, a água que continua a infiltrar-se atinge
a zona saturada das rochas e entra na circulação subterrânea, aumentado sua quantidade. Assim, a zona
saturada (aquíferos), os poros ou fraturas rochosas estão completamente preenchidos (MIDÕES; FERNANDES,
2002).
As águas subterrâneas podem ressurgir pela superfície nas nascentes e nos poços artesianos, além de alimentar
as linhas de água. A seguir, serão apresentadas as classificações e o processo de formação dos aquíferos.
4.3.1 Processo de formação dos Aquíferos
Existem basicamente dois tipos de aquíferos (próxima figura) e eles são classificados em confinados e não
confinados (livres), dependendo da ausência ou presença da linha de água. Os aquíferos confinados têm pressão
maior que a pressão atmosférica. Por exemplo, um aquífero artesiano é confinado. Os aquíferos confinados são
aquíferos de grande produção, e os aquíferos livres são os mais explorados, devido ao seu fácil acesso (CAICEDO,
2002).
O autor salienta que os aquíferos livres são de formação geológica permeável e o nível de água está à pressão
atmosférica. Já os aquíferos confinados são permeáveis, mas completamente saturados, diferentemente dos
aquíferos livres, que são parcialmente saturadas.
Os aquíferos são formados pela geologia, podendo ser definidos conforme apresentado nas abas a seguir. Clique
para ver.
Aquitardo
É uma formação geológica de natureza semipermeável, ou seja, pode armazenar a água que transmite
lentamente. Não rentável a partir de poços (MIDÕES; FERNANDES, 2002).
Aquicludo
É uma formação geológica que pode armazenar água, mas não pode transmitir. Dessa maneira, não tem
condições de movimentá-la de um lugar para o outro (em condições naturais ou em quantidade significativas).
Aquífero
É uma formação geológica que contém água e permite que esta se movimente em condições naturais e
quantidades significativas (CAICEDO, 2002).
Observe a imagem a seguir.
- -11
Figura 3 - Há diferentes tipos de aquíferos.
Fonte: Elaborada pela autora, adaptada de MIDÕES; FERNANDES, 2002, p. 6.
A figura apresenta o aquífero confinado e o não confinado, sendo a camada B limitada no topo e na base por
camadas impermeáveis – C e A. A camada D é limitada na base pela camada C (impermeável). Vale destacar que
as camadas impermeáveis podem não ser representadas como na figura, mas podem ser descontínuas e/ou
irregulares. Além disso, os níveis de água dos aquíferos podem variar de acordo com as chuvas, com a
quantidade de água extraída, se há alterações no ciclo hidrológico e variações de pressão atmosférica, entre
outros fatores.
Os aquíferos existem em diferentes formações: os por , cujas rochas têm fraturas ocupadasfraturas ou fissuras
pela água. Por isso, para uma perfuração de poço artesiano, é necessária uma precisão geológica em acertar a
fratura. Teoricamente, apresentam os menos produtivos em nível de água, no entanto, pela diversidade
geológica brasileira, torna-se necessário conhecê-los, visto que há regiões em que são utilizados para o
abastecimento da sociedade e para a dessedentação animal. As formações podem ocorrer por rochas graníticas,
filões de quartzo, gabros e outras.
Os são aquíferos associados às rochas carbonáticas, havendo bastante sensibilidade ao desgaste porcársicos 
ação da água. A água circula em condutas e as formações são de calcários e dolomitos. As fraturas podem atingir
dimensões maiores (devido à dissolução do carbono), acarretando, assim, em grandes rios subterrâneos.
Os são rochas por cujos poros a água circula, devido aos seus espaços vazios de pequenas dimensões.porosos
As formações geológicas são de areia limpa e consolidada por um tipo de cimento chamado de arenito e
conglomerado (veja a figura a seguir).
- -12
Figura 4 - Os aquíferos podem ser formados por diferentes tipos de formação geológica.
Fonte: Elaborada pela autora, adaptada de MIDÕES; FERNANDES, 2002, p. 11.
Midões e Fernandes (2002) salientam que, muitas vezes, os aquíferos podem ser simultaneamente de mais de
um tipo. Por exemplo, um granito pode ter uma zona superior muito alterada, em que a circulação é feita pelos
poros, e uma zona inferior de rocha sã na qual pode ocorrer uma circulação por fraturas.
4.3.2 Conservação e importância
As águas subterrâneas são formadas pelos excedentes das águas das chuvas que percorrem as camadas abaixo
da superfície do solo. Além disso, são uma reserva de água embaixo do solo que funciona como uma espécie de
“caixa d’água que alimenta os rios” (ANA, s. d.).
Os aquíferos têm por função manter as águas superficiais estáveis e evitar o transbordamento, absorvendo o
excesso de água da chuva intensa (regularizando-as). Frisa-se que os aquíferos armazenam água doce sem muita
perda de evaporação, processo valioso para regiões secas e quentes.
Os aquíferos têm diversas funções, como estocagem e regularização de excedentes de enchentes dos rios e
capacidade máxima. Agem como filtro, utilizando a capacidade filtrante e de depuração biogeoquímica do maciço
natural permeável. Têm função estratégica, pois são uma reserva para épocas de escassez, além da função
mantenedora, pois mantêm o fluxo de base dos rios (WREGE, 1997).
Além disso, os aquíferos brasileiros contribuem para que grande parte dos efluentes seja perene (ou que não
sequem na estiagem), pois compõem uma parcela significativa da água potável que a sociedade utiliza. Apesar de
o solo e as zonas não saturadas apresentarem excelentes mecanismos de filtragem, os aquíferos ainda podem
reter bactérias e resíduos, além de substâncias que podem afetar as águas subterrâneas se não forem tomadas as
devidas precauções.
A poluição da água pode ocorrer de forma direta ou indireta, ou seja, por atividades antrópicas ou atividades
naturais. A poluição urbana é provocada principalmente por descarga de efluentes domésticos e industriais
(NUNES; FREITAS; ROSA, 2011). Outra prática que pode acarretar em poluição das águas dos aquíferos é a
atividade agrícola, pois os fertilizantes e pesticidas são contaminantes potencialmente significativos.
Os aquíferos são uma alternativa viável para as populações que não têm águas superficiais em condições
quantitativas e qualitativas suficientes. Apesar dos benefícios dos aquíferos, sua utilização desenfreada pode
acarretar problemas, visto que fazem parte do ciclo hidrológico, além de alimentar os rios, lagos e oceanos.
- -13
De acordo com a Constituição Federal, é competência dos estados a autorização do uso das águas subterrâneas
(inclusive perfuração de poços). O Brasil tem o maior aquífero do mundo, denominado Alter do Chão, localizado
nos estados do Amazonas, Pará e Amapá, com capacidadepara abastecer a população mundial pelas próximas
décadas. Além dele, no Brasil, há também o Sistema Aquífero Guarani (SAG), um dos aquíferos transfronteiriços
mais importantes do mundo, localizado nos territórios da Argentina, do Brasil, do Paraguai e do Uruguai, cuja
área de abrangência é estimada em 1,2 milhão de km² (BARRETO; GOMES; WENDLAND, 2010).
Assista ao vídeo e aprenda mais sobre a a importância da conservação e formação dos recursos hídricos.
https://cdnapisec.kaltura.com/p/1972831/sp/197283100/embedIframeJs/uiconf_id/30443981/partner_id
/1972831?iframeembed=true&playerId=kaltura_player_1549479270&entry_id=1_lm44p58m
O Brasil possui dois dos maiores aquíferos do mundo, por isso são necessários bom planejamento, gestão e
controle de exploração, com fiscalizações e licenças de captações, entre outras medidas estruturais e não
estruturais para a conservação dessas reservas.
VOCÊ SABIA?
Desde 2007, a Agência Nacional de Águas desenvolve e financia publicações, além de cursos de
capacitação sobre as águas subterrâneas. Essas ações fornecem conhecimento hidrogeológico
para uma gestão sistêmica e integrada dos recursos hídricos. Quer saber mais? Acesse o mapa
interativo dos aquíferos do Brasil (SNIRH, 2016). Disponível em:
<http://portal1.snirh.gov.br/ana/apps/webappviewer/index.html?
>.id=6f1c6551a61e42ceb8bd77ba0e784d99
VOCÊ O CONHECE?
José Luiz Flores Machado é geólogo do CPRM/Serviço Geológico do Brasil. Atualmente
coordena e executa estudos hidrogeológicos. O pesquisador redescobriu o Aquífero Guarani,
afirmando que não é o “mar de água doce” que se pensava existir. Além disso, constatou que
nele há uma diversidade geológica, com espaços (quilômetros) que podem variar
drasticamente, com água ou sem. O aquífero chegou a ser considerado e divulgado na
imprensa como o maior do mundo e seria constituído de um megarreservatório de água
subterrânea doce e potável (MACHADO, 2006). Disponível em:
<http://rigeo.cprm.gov.br/xmlui/bitstream/handle/doc/14836/art_machado.pdf?
>.sequence=1&isAllowed=y
- -14
4.4 Dinâmica dos aquíferos
Água subterrânea é qualquer quantidade de água presente na superfície terrestre. Pode se apresentar através de
poros, fraturas e falhas em rochas, um processo natural e importante para a reserva de água da sociedade atual e
futura.
Logicamente, quanto maior for o nível de infiltração do solo, maior será a reserva de água. Porém, isso depende
dos fatores apresentados nas abas a seguir. Clique e conheça.
•
Porosidade do solo
Solos menos porosos tendem a ter menor infiltração de água. Exemplo disso são os solos argilosos
que têm porosidade menor, diminuindo a permeabilidade.
•
Declividade do relevo e terreno
Quanto menor for a declividade, maior será a infiltração, pois a água depois de precipitada tende a
ficar mais tempo na superfície terrestre, ocorrendo o processo de infiltração. Áreas íngremes com
maior declividade tendem a ter um escoamento maior e mais rápido. O relevo, com todas as suas
características, influencia diretamente no tempo de concentração da água e indiretamente no
balanço hídrico local e regional (FREITAS, 2010).
•
Presença de cobertura vegetal
Conserva a umidade, aumenta o aporte de matéria orgânica e a capacidade de absorção e
infiltração de água nos solos. Além disso, a matéria orgânica, por ser um constituinte agregador,
mantém os solos agregados, preservando a porosidade e a capacidade de infiltração (MENDONÇA
et al., 2009).
•
Velocidade da queda da chuva
Quanto mais forte, maior será o escoamento e menor será a infiltração.
Observe que o nível de água embaixo no solo é denominado nível freático. Quando o nível freático é profundo, é
necessária uma estrutura para alcançá-lo, por exemplo, poços artesianos. Quando o acesso é rápido e atinge o
ponto da superfície terrestre, surgem as nascentes. Elas podem ser contínuas (água o ano inteiro) e
intermitentes (água uma época do ano). Veja a figura a seguir.
•
•
•
•
- -15
Figura 5 - Quando o nível freático atinge a superfície terrestre surgem as nascentes, colaborando para que 
grande parte dos rios seja perene.
Fonte: Roberto Tetsuo Okamura, Shutterstock, 2018.
Conhecer a estrutura do solo é importante para conhecer a dinâmica hídrica, pois conforme as características
físicas do solo pode ocorrer maior ou menor retenção de água. A baixa capacidade de infiltração, associada à
perda de umidade do solo (áreas desmatadas, por exemplo), reduz a recarga de aquíferos, pois haverá maior
compactação e endurecimento da superfície do solo, acelerando o escoamento superficial e reduzindo a recarga
aquífera.
Reinert et al. (2006) afirmam que a taxa de infiltração de água no solo pode reduzir em até 100 vezes quando um
solo sob vegetação de mata é convertido em lavoura. Além disso, os fatores climáticos podem favorecer ou não a
recarga de aquíferos, pois com chuvas prolongadas a infiltração é mais profunda.
Dessa maneira, fatores como relevo, fauna, flora, tipo de chuva, atividades antrópicas, tipo de terreno (grau de
compactação, textura, porosidade, estrutura do solo e condições ambientais) e fluido, grau de umidade,
evapotranspiração, temperatura do solo e presença de ar afetam a infiltração (CUSTÓDIO; LLAMAS, 1976).
A infiltração só ocorre profundamente quando há água disponível para penetrar o solo depois de satisfeita a
capacidade de campo, ou seja, o volume máximo do solo. Assim, com a chuva continuada, pode ocorrer a
saturação do solo, levando à infiltração profunda, correspondendo à recarga subterrânea (FETTER, 1988).
O solo possui partículas (areia, silte ou argila) que juntamente com a matéria orgânica formam a estrutura do
solo (PERUSI, 2001). Essa estrutura pode reter mais ou menos água em seus microporos, aumentando ou
diminuindo a retenção e a transmissão de água (AZEVEDO; DALMOLIN, 2004).
A densidade do solo é dada pelo volume ocupado naturalmente pelo ar e pela água. Isso varia com a
compactação e o ambiente. A capacidade de infiltração é uma propriedade do solo em dada condição de tempo e
absorção da chuva, que, por sua vez, determina o potencial de recarga.
- -16
Figura 6 -
O solo mal manejado acarreta em poluição das águas subterrâneas.
Fonte: aksud, Shutterstock, 2018.
Os solos e suas propriedades físicas vão depender da textura (granulometria) que está intimamente ligada à
porosidade, atuando, assim, na retenção da água nos macro e microporos. Além disso, há propriedades físicas,
como permeabilidade, densidade e compactação, que podem inibir ou não os processos de recarga de um
aquífero (HEALY, 2010).
Por fim, concluímos que há vantagens de se utilizar as águas subterrâneas, visto que sua qualidade costuma ser
CASO
Silva e colaboradores (2007) pesquisaram a vinhaça, produto da destilação do licor que é
fermentado do álcool de cana-de-açúcar. De maneira geral, ela apresenta elevadas
concentrações de nitrato, potássio e matéria orgânica. Sua utilização pode alterar as
propriedades físicas do solo e, consequentemente, aumentar a probabilidade de lixiviação de
íons, de forma a contaminar as águas subterrâneas, quando em concentrações elevadas, além
de promover a dispersão de partículas do solo, com redução da taxa de infiltração de água e
elevação do escoamento superficial, com possível contaminação de águas superficiais. Esta
pesquisa apontou que, por haver diferentes tipos de solos, há resultados variados. Porém, há
consenso de que a disposição do resíduo deve ser efetuada de forma correta para não poluir e
afetar as características ambientais do local (SILVA et al., 2007). Disponível em:
< >.http://www.scielo.br/pdf/%0D/rbeaa/v11n1/v11n1a14.pdf
- -17
Por fim, concluímos que há vantagens de se utilizar as águas subterrâneas, visto que sua qualidade costuma ser
superior, pois, quando há o processo de infiltração para os aquíferos, há filtragem e purificação da água, além de
esta serteoricamente protegida pelos agentes poluidores.
Síntese
Neste capítulo, apresentamos a legislação federal pertinente à Política Nacional dos Recursos Hídricos e à
conservação no Brasil. Além disso, avaliamos e conhecemos os instrumentos de gestão de recursos hídricos,
como enquadramento, outorga, cobrança, informação e plano de recursos hídricos. De maneira geral,
caracterizamos e classificamos os principais tipos e processos dos aquíferos e suas dinâmicas de infiltração. Por
fim, com esse conhecimento, esperamos que esteja apto a compreender o gerenciamento de bacias hidrográficas
e integração da gestão ambiental.
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
• conhecer a legislação federal pertinente à gestão e à conservação dos recursos hídricos no Brasil;
• conhecer os planos de recursos hídricos;
• analisar os instrumentos para a gestão dos recursos hídricos (enquadramento, outorga, cobrança e 
informação);
• conhecer a hierarquia das agências envolvidas nos processos de regulamentação e gestão;
• conhecer a caracterização dos processos geológicos que determinaram a formação dos aquíferos;
• avaliar os mecanismos de utilização dos aquíferos e os impactos ambientais associados a eles;
• verificar como ocorre o processo de infiltração da água no solo formando os aquíferos;
• analisar como os diferentes compartimentos do solo contribuem para a formação de diferentes tipos de 
aquíferos.
Bibliografia
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https://www.youtube.com/watch?v=bH08pGb50-k>. Acesso em: 25/11/2018.
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Acesso em: 25/11/2018.
WREGE, M. Termos hidrogeológicos básicos. . ÁguasCadernos Técnicos da Associação Brasileira
Subterrâneas. n. 4, 1997.
	Introdução
	4.1 Legislação hídrica: Lei Federal 9433/97
	4.1.1 Plano de Recursos Hídricos
	4.2 Instrumentos para a gestão dos recursos hídricos
	4.2.1 Comitês de Bacias Hidrográficas
	4.3 Hidrogeologia: caracterização das águas subterrâneas brasileiras
	4.3.1 Processo de formação dos Aquíferos
	4.3.2 Conservação e importância
	4.4 Dinâmica dos aquíferos
	Porosidade do solo
	Declividade do relevo e terreno
	Presença de cobertura vegetal
	Velocidade da queda da chuva
	Síntese
	Bibliografia

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