Buscar

Princípios Fundamentais de Contabilidade

Prévia do material em texto

Página 1 de 4 
 
 
CURSO: ADMINISTRAÇÃO 
DISCIPLINA: CONTABILIDADE BÁSICA 
PROFESSOR: LUÍS CLAUDIO RIBEIRO 
 
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DE CONTABILIDADE 
Em 2008, quando se iniciou o processo de convergência das normas 
contábeis brasileiras aos padrões internacionais – International Financial 
Reporting Standards (IFRS), para o setor privado, e International Public Sector 
Accounting Standards (Ipsas), para a área pública –, a Resolução nº 750/1993 
teve que ser revista em razão da aprovação do “PrPágina 1 de 4onunciamento 
Conceitual Básico – Estrutura Conceitual para a Elaboração e Apresentação 
das Demonstrações Contábeis”, pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis 
(CPC). Esse Pronunciamento foi referendado pelo CFC e deu origem à NBC T 
1 – Estrutura Conceitual para a Elaboração e Apresentação das 
Demonstrações Contábeis (Resolução nº 1.121/2008). 
Naquele ano, com a publicação da NBC T 1, houve reflexões sobre a 
oportunidade de revogação da Resolução nº 750/1993, considerando-se que 
passariam a coexistir duas orientações sobre as características da informação 
contábil do setor privado. Decidiu-se, na época, que a resolução não seria 
revogada porque seria realizada, futuramente, uma revisão em seu conteúdo 
para adequação à NBC T 1 e, também, para a manutenção dos princípios para 
as entidades do setor público. 
Em 2011, a NBC T1 foi revogada pela Resolução nº 1.374, que lhe deu 
nova redação, passando a ser intitulada NBC TG Estrutura Conceitual – 
Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-
Financeiro. 
No processo de revisão da Resolução nº 750/1993, surgiram questões 
como, por exemplo, a preponderância de alguns princípios da contabilidade 
sobre outros – ou seja, alguns princípios não apresentados na Resolução nº 
750/1993 poderiam ser interpretados como de menor relevância, ou não 
“fundamentais”, gerando dúvidas para os profissionais. 
Outro ponto considerado no processo de revisão da resolução foi a 
mudança do contexto socioeconômico do Brasil, que levou à necessidade de 
alguns ajustes, como a avaliação da aplicabilidade do princípio da atualização 
monetária no contexto da estabilidade financeira. Desse processo de revisão 
surgiu a Resolução nº 1.282/2010, alterando a Resolução nº 750/1993. 
A convergência da contabilidade das empresas privadas ao padrão 
internacional (IFRS) avançou rapidamente. Enquanto isso, a Contabilidade 
Aplicada ao Setor Público (CASP) iniciava a busca por padrões internacionais e 
carecia de uma Estrutura Conceitual que pudesse ampliar os princípios da 
contabilidade sob a perspectiva do setor público. 
As primeiras NBC TSP (NBC T 16.1 a 16.10), editadas em 2008, 
buscaram compatibilizar as diretrizes dos princípios de contabilidade com a 
informação contábil do setor público alinhada aos padrões internacionais. 
Página 2 de 4 
 
Em 2015, em razão da necessidade de se aprimorar a CASP, o Conselho 
Federal de Contabilidade criou uma comissão para avançar no processo de 
convergência das NBC TSP às IPSAS. Adotou-se a estratégia de convergência 
integral às IPSAS, ou seja, as normas internacionais passariam a ser 
traduzidas e adaptadas, sempre que necessário, à realidade brasileira. 
Da mesma forma como ocorreu no processo de convergência da 
contabilidade do setor privado, a primeira norma da área pública convergida foi 
a NBC TSP Estrutura Conceitual – Estrutura Conceitual para a Elaboração e 
Divulgação de Informação Contábil de Propósito Geral pelas Entidades do 
Setor Público, publicada no DOU do dia 4 de outubro de 2016. 
Com isso, os Princípios de Contabilidade, sob o ponto de vista das 
Estruturas Conceituais dos setores privado e público, passaram a ser 
comportados dentro das normas específicas, respectivamente, a NBC TG 
Estrutura Conceitual (Resolução nº 1.374/2011) e NBC TSP EC. 
Diante desses fatos, tornou-se necessária e natural a revogação da 
Resolução nº 750/1993, para evitar eventual conflito de referência conceitual. 
Porém, com a revogação da Resolução nº 750/1993, os Princípios de 
Contabilidade significativamente não foram estejam extintos. 
Os Princípios de Contabilidade procuraram reunir e condensar todos os 
Postulados, Princípios e Convenções Contábeis já existentes. São eles: 
 
1. Princípio da Entidade 
Reconhece o Patrimônio como objeto da Contabilidade e afirma a 
autonomia patrimonial, a necessidade de diferenciar um patrimônio particular 
de uma pessoa física, independentemente dos patrimônios das pessoas 
jurídicas individuais, do conjunto de pessoas jurídicas, sem considerar se a 
finalidade é ou não a obtenção de lucro. 
O patrimônio de uma pessoa física não se confunde, nem se mistura com 
o patrimônio da pessoa jurídica em que fizer parte. Na prática, como exemplo: 
despesas particulares de pessoas físicas (administradores, funcionários e 
terceiros) não devem ser consideradas como despesas da empresa; bens 
particulares de administradores não devem ser confundidos ou registrados na 
empresa. 
 
2. Princípio da Continuidade 
A continuidade ou não de uma Entidade (empresa), bem como a sua vida 
estabelecida ou provável, devem ser consideradas quando da classificação e 
avaliação das variações patrimoniais. Essa continuidade influencia o valor 
econômico dos ativos e, em muitos casos, o valor e o vencimento dos 
passivos, especialmente quando a extinção da sociedade tem prazo 
determinado, previsto ou previsível. 
Todas as vezes que forem apresentadas as Demonstrações Contábeis 
(Balanço Patrimonial, DRE, etc) e, nessa data, ser conhecido um fato relevante 
que irá influenciar na continuidade normal da empresa, esse fato deverá ser 
divulgado através de Nota Explicativa A aplicação desse princípio está 
Página 3 de 4 
 
intimamente ligada à correta aplicação do Princípio da Competência, pois se 
relaciona diretamente à quantificação dos componentes patrimoniais e à 
formação do resultado, e de constituir dado importante para aferir a capacidade 
futura de geração de resultado. 
Muito cuidado, porém, deve ser observado pelo profissional na 
observância desse princípio, uma vez que uma informação não fundamentada 
poderá trazer desastradas consequências para a empresa. 
 
3. Princípio da Oportunidade 
Refere-se ao momento em que devem ser registradas as variações 
patrimoniais. Devem ser feitas imediatamente e de forma integral, 
independentemente das causas que as originaram, contemplando os aspectos 
físicos e monetários. 
Quando se tratar de um fato futuro, o registro deverá ser feito desde que 
tecnicamente estimável mesmo existindo razoável certeza de sua ocorrência. 
São os casos de Provisões para Férias, para Contingências, etc. 
 
4. Princípio do Registro pelo Valor Original 
As variações do patrimônio devem ser registradas pelos valores originais 
das transações com o mundo exterior, expressos em valor presente e na 
moeda do país. Esses valores serão mantidos na avaliação das variações 
patrimoniais posteriores, quando configurarem agregações ou decomposições 
no interior da empresa. 
 
5. Princípio da Competência 
Estabelece que as Receitas e as Despesas devem ser incluídas na 
apuração do resultado do período em que foram geradas, sempre 
simultaneamente quando se correlacionarem (Princípio da Confrontação das 
Despesas com as Receitas), independentemente de recebimento ou 
pagamento. Prevalece sempre o período em que ocorreram. 
As Receitas são consideradas realizadas (ocorridas): 
a) nas vendas a terceiros de bens ou serviços, quando estes efetuarem o 
pagamento ou assumirem o compromisso firme de efetivá-lo, quer pela 
investidura na propriedade do bem vendido, quer pela fruição (usufruto) 
do serviço prestado; 
b) quando do desaparecimento parcial ou total de um passivo, qualquer 
queseja o motivo; 
c) pela geração natural de novos ativos independentemente da 
intervenção de terceiros. 
As Despesas são consideradas incorridas: 
a) Quando deixar de existir o correspondente valor ativo, por transferência 
de sua propriedade para terceiro; 
Página 4 de 4 
 
b) pela diminuição ou extinção do valor econômico do ativo; 
c) pelo surgimento de um passivo, sem o correspondente ativo. 
 
6. Princípio da Prudência 
Determina a adoção do menor valor para os componentes do Ativo e do 
maior valor para os componentes do Passivo, sempre que se apresentarem 
alternativas igualmente válidas para a quantificação das variações patrimoniais 
que alterem o PL. 
Impõe a escolha da hipótese de que resulte menor PL, sempre que se 
apresentarem opções igualmente aceitáveis diante dos demais princípios. 
Baseia-se na premissa de “nunca antecipar lucros e sempre prever possíveis 
prejuízos”. 
A aplicação desse princípio ganha ênfase quando devem ser feitas 
estimativas para definir valores futuros com razoável grau de incerteza. 
 
EM SÍNTESE: 
 O Princípio da Entidade reconhece o patrimônio como o objeto da 
contabilidade; 
 O Princípio da Continuidade são as diferenças, as situações pelas 
quais passam o patrimônio. A continuidade da contabilidade é um aspecto 
a ser observado cuidadosamente para que se tenha um controle da 
situação. 
 O Princípio da Oportunidade se refere ao mesmo tempo, a um todo e 
a cada fase do patrimônio, determinando o que deve ser feito de imediato 
independente do que possa ocorrer. 
 O Princípio do valor original, utiliza e mantém atualizado o valor de 
entrada. 
 O Princípio da Competência tem o objetivo de decidir quando as 
alterações patrimoniais vão aumentar ou diminuir o patrimônio líquido. 
 O Princípio da Prudência reforça as necessidades de apresentar 
informações que reflitam o patrimônio líquido, gera precauções por parte 
do contador, impõe escolha da hipótese de que resulte menos PL.

Continue navegando