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Envelhecimento do Sistema Nervoso Profa. Dra. Eliane Comoli Depto Fisiologia da FMRP-USP Senescência - Envelhecimento fisiológico: normal Senilidade - Envelhecimento patológico: deletério Envelhecimento É um processo lento, progressivo e inevitável, caracterizado pela diminuição da atividade fisiológica e adaptação ao meio externo, em que acumula-se processos patológicos com o passar dos anos. O envelhecimento leva a um aumento das doenças crônicas e degenerativas Efeito temporal no Envelhecimento Longevidade Humana e principais fatores responsáveis pelo aumento da expectativa de vida AUDIÇÃO Exposição constante ao barulho danifica as células ciliares. PRESSÃO ARTERIAL Acúmulo de placas de gordura nas paredes das artérias facilita o aparecimento da hipertensão. PELE A pele fica mais fina e seca; suceptível à maiores infecções RITMO CIRCADIANO Mudança na atividade elétrica no relógio biológico; mudanças na atividades motora e metabólicas VISÃO Problemas não corrigíveis com lentes: glaucoma e degeneração da mácula MÚSCULOS Perda da força muscular. OSSOS Diminuição da reposição óssea: fragilidade e fraturas ósseas CÉREBRO Degeneração de neurônios e redução das sinápses Envelhecimento Efeito do Envelhecimento no Sistema Circadiano Circadian disruption may arise from genetic (clock gene mutations) or environmental (shift work) factors and contributes to the development of behavioral and cardiometabolic disorders. • Redução na amplitude de ritmos circadianos de atividade elétrica • Perda da precisão temporal • Possíveis reduções na sensibilidade do SCH para a estimulação da retina • Alterações na expressão do VIP e AVP (Benloucif et al., 1997; Davidson et al., 2008; Li and Satinoff, 1995; Valentinuzzi et al., 1997; Weinert and Waterhouse, 1999; Kawakami et al., 1997; Roozendaal et al., 1987) Mudanças relacionadas à idade no sistema circadiano Atividade no SCH e atividade motora em rato jovem (A e C), idoso (B e D) Mudança na atividade elétrica no relógio biológico; mudanças na atividades motora e metabólicas. Envelhecimento reprodutivo relacionado ao sistema circadiano Luz Temperatura etc Alterações na expressão do VIP (peptídeo intestinal vasoativo) AVP (arginina-vasopressina) Envelhecimento Reprodutivo Atenuação da amplitude Atraso no tempo (retardo de 3h) Overall levels of VIP mRNA per cell in young, middle-aged, and old females (mean SEM). Kristine Krajnak et al. J. Neurosci. 1998;18:4767- 4774©1998 by Society for Neuroscience Envelhecimento e alterações Circadianas Energéticas Mudança na utilização energética Aumento do tecido adiposo Atenuação da ascensão dos níveis de leptina noturnos Mutante de genes CLOCK: ativa vias anorexígenas da homeostase energética e reduz a ingestão de alimentos (Downs and Urbanski, 2006; Cincotta et al., 1993) Níveis de hormônios com a idade Envelhecimento do Sistema Nervoso O aumento da expectativa de vida tem revelado o surgimento de déficits e alterações neurológicas degenerativas. Idosos apresentam sintomas de déficits motores, sensoriais e psicológicos Hipóteses para o envelhecimento do Sistema Nervoso 1. Envelhecimento é resultado de um programa genético suceptível a modificações Teoria Genética Apoptose – morte celular programada Alterações Programadas 2. Envelhecimento é resultado do acúmulo passivo de alterações nos ácidos nucleicos das células Teoria do Acúmulo de Danos Apoptose – morte celular programada Teoria Genética Cada célula é programada para um determinado número de divisões, e quando esse numero é atingido a proliferação cessa e ocorre a morte celular via processo de apoptose. Acúmulo passivo de alterações a) Devido ao acúmulo de moléculas danificadas por radicais livres: acúmulo de radicais livres gera acúmulo de lipofucsina nas células. O SN é muito sensível ao dano oxidativo; lipofuscina é um resíduo celular (pigmento de fosfolipídeos e proteínas; pode conter metais) Teoria do Acúmulo de Danos A lipofucsina é formada a partir da peroxidação dos lipídios das membranas de organelas, especialmente das mitocôndrias (tornando menos solúveis). Mais evidente em indivíduos velhos. É considerada um pigmento de desgaste. b) Devido a transcrição do DNA em RNA não ocorrer com confiabilidade gerando proteínas não funcionais. ex: precursor da proteína amilóide Teoria do Acúmulo de Danos Os erros sendo acumulativos e transmissíveis atingiriam uma elevada ocorrência, provocando o efeito chamado de erro catástrofe, onde a célula sofreria uma ineficiência letal, ocasionando sua morte e por conseqüência, a redução da capacidade funcional, fato que caracterizaria o envelhecimento. (CUNHA; JECKEL-NETO, 2002). Teoria do Acúmulo de Danos O Cérebro do Idoso O cérebro idoso: alterações anatômicas a) tamanho e peso menores, b) giros mais finos separados por sulcos mais abertos e profundos o que resulta em regiões corticais menores em comparação a cérebros de indivíduos jovens. c) o volume cerebral pode diminuir até 200 cm3. d) dilatação dos ventrículos e) diminuição da substância branca Ou seja, com o avanço da idade o peso e volume do cérebro humano diminuem. Consequentemente mudanças anatômicas em diversas estruturas do sistema nervoso. Atrofia cerebral durante o envelhecimento a) Morte celular no córtex dos giros pré-centrais, nos giros temporais, e no córtex do cerebelo, hipocampo, amígdala, substância negra, núcleos hipotalâmicos, núcleos de base, tálamo, tronco cerebral (núcleo facial), medula espinhal. b)Alterações por redução de tamanho das células ocorrem mais no tronco cerebral (núcleo coclear). Alterações nos axônios e conexões entre neurônios Alterações em dendritos e sinápses: diminuição progressiva da árvore dendrítica (causada pela atrofia e degeneração de axônios mielínicos = déficits cognitivos); Por conseqüência destas alterações mielínicas ocorre uma redução na conectividade cortical o que, ao invés da perda de neurônios, estaria associada a déficits cognitivos. A primeira é a formação dos emaranhados neurofibrilares, decorrentes da hiperfosforilação da proteína “tau”e de outras proteínas associadas ao citoesqueleto. Alterações consequentes do acúmulo de depósitos "A Tau é uma fosfoproteína neuronal. Esta proteína está associada à estabilização dos microtúbulos. No cérebro, apresenta-se em seis isoformas, derivadas do splicing alternativo deRNAm." A segunda alteração ocorre porque a síntese protéica deficitária e o aumento no depósito de substâncias anômalas (β-amilóide), acabam por provocar a degeneração celular, acumulando fragmentos, formando detritos que se aglomeram em placas senis ou neuríticas ao redor dos neurônios. Alterações consequentes do acúmulo de depósitos Emaranhados Neurofibrilares e Placas Amilóides As placas de beta amilóide podem bloquear a sinalização entre as células nas sinápses. Eles também podem ativar as células do sistema imunológico que causam inflamações e devoram células deficientes. Placas senis impregnação por prata Uma das principais causas da deterioração cognitiva com o passar da idade é o declínio significativo dos neurotransmissores. A síntese de proteínas é afetada com o passar da idade (receptores de membranas). As alterações em neurotransmissores são resultados da atrofia e morte neuronal. ♣ ♦ ♣ ♣ ♦ Declínio de Neurotransmissores As alterações que ocorrem no sistema nervoso provocam conseqüências nas funções cerebraisdurante o envelhecimento. Alterações nas capacidades cognitivas, sensitivas e motoras. Alterações e funcionamento do Sistema Nervoso no Idoso Unidade Motora constitui-se de 1 neurônio motor e o conjunto de fibras musculares por ele inervadas. Alterações Motoras O avanço da idade afeta as unidades motoras: Diminuição das unidades motoras. é uma das principais causas da diminuição de massa e força muscular. A diminuição da massa e da força muscular: de até 20% na sexta década de vida se dá por perda e/ou redução do tamanho das fibras musculares (afetando principalmente as fibras de tipo IIb - de contração rápida) Quando o processo de desenervação supera o processo de re-inervação ocorre a atrofia muscular e substituição por gordura e tecidos fibrosos . Reflexos Monossinápticos: reflexo de estiramento ou patelar Síndrome do Desequilíbrio compromete a habilidade do sistema nervoso em realizar o processamento de sinais vestibulares, visuais e proprioceptivos responsáveis pela manutenção da estabilidade corporal, bem como diminui a capacidade de modificações dos reflexos adaptativos. Agentes Causais a) Sistema Vestibular – redução de cristas vestibulares e fibras que inervam as células ciliadas; células de purkinje no cerebelo. a) Sistema Visual – decréscimo da acuidade visual (catarata, glaucoma). a) Sistema Auditivo – perda auditiva, zumbidos e vertigens; b) Alterações Posturais – declínio da força, atrofias e fibroses; sistema sensorial, efetor e central afetados. Alterações Motoras Demência é um termo geral para várias doenças neurodegenerativas que afetam principalmente as pessoas da terceira idade. Pode ser descrita como um quadro clínico de declínio geral na cognição como também um prejuízo progressivo funcional, social e profissional. ex: Doença de Parkinson Huntington Mal de Alzheimer Demência do Idoso Demência do Idoso Doença de Parkinson Condição crônica, forma mais frequente do parkinsonismo É uma doença do sistema nervoso que acomete principalmente o sistema motor. Sintomas motores comuns: Tremor de repouso Rigidez muscular Lentidão de movimentos Alterações da marcha e equilíbrio Acinesia Alterações posturais predominância da ação de músculos flexores. Podem ocorrer manifestações não motoras: Comprometimento da memória Depressão, Alteração do sono Distúrbio do sistema nervoso autônomo A Doença de Alzheimer é uma doença do cérebro, degenerativa, isto é, que produz atrofia, progressiva e irreversível, com início mais freqüente após os 65 anos. A Doença de Alzheimer produz a perda das habilidades de pensar, raciocinar, memorizar, que afeta as áreas da linguagem e produz alterações no comportamento. Doença de Alzheimer O sintoma primário mais comum é a perda de memória; que causa a estes pacientes um grande desconforto em sua fase inicial e intermediária. Sintomas da Doença de Alzheimer Com o avançar da doença vão aparecendo novos sintomas como confusão mental, irritabilidade e agressividade, alterações de humor, falhas na linguagem, perda de memória a longo prazo e desligamento da realidade. Evolução da Doença A evolução da piora é em torno de 5 a 15% da cognição (consciência de si próprio e dos outros) por ano de doença, com um período em média de oito anos de seu início e seu último estágio. Com a progressão da doença passa a não reconhecer mais os familiares ou até mesmo a não realizar tarefas simples de higiene e vestir roupas. Os sintomas depressivos são comuns, com instabilidade emocional e choros. Delírios e outros sintomas de psicose são frequentes, embora difíceis de avaliar nas fases finais da doença, devido à total perda de noção de lugar e de tempo e da deterioração geral. No estágio final necessita de ajuda para tudo. Atrofia cortical difusa Histopatologia da Doença de Alzheimer Histopatologia da Doença de Alzheimer Presença de grande número de placas senis e novelos neurofibrilares, degenerações e perda neuronal. Acúmulos de placas amilóides formam placas senis e tornam-se placas maduras. Emaranhados Neurofibrilares e Placas Senis Histopatologia da Doença de Alzheimer As placas são formadas quando pedaços da proteína chamada beta-amilóide que se agrupam. A beta amilóide é produto da proteína precursora amilóide. Eles também podem ativar as células do sistema imunológico que causam inflamações e devoram células deficientes. Emaranhados Neurofibrilares A presença de emaranhados neurofibrilares no hipocampo e na região frontotemporal, áreas cerebrais responsáveis pela memória, está fortemente relacionada ao desenvolvimento da Doença de Alzheimer. As proteínas Tau hiperfosforiladas agregam-se, formando os emaranhados neurofibrilares, que levam à progressiva degeneração dos neurônios. Fisiopatologia da Doença de Alzheimer https://www.youtube.com/watch?v=dj3GGDuu15I Hipóteses Etiológicas Fatores Genéticos Associados aos genes responsáveis pela proteína precursora da b- amilóide (APP), proteínas da membrana celular, e envolvidos no metabolismo da beta-amilóide e hiperfosforilação da proteína Tau. Outros fatores: toxicidade a agentes infecciosos, ao alumínio, a radicais livres de oxigênio, a aminoácidos neurotóxicos e a ocorrência de danos em microtúbulos e proteínas associadas. ADProgression ABNORMAL FDG-PET CSFA 42 \ tMCI Dementia -CSF abeta42 -FDG PET -Functíon (ADL) -Amyloid lmagíng -CSF Tau -MRI Hippo<ampaiVolume -Cognitive Performance MAL DE ALZHEIMER http://www.youtube.com/watch?v=KjDRKt_7fjY