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Direito Penal XXIX EXAME DE ORDEM UNIFICADO (2019.2)

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Direito Penal
XXIX EXAME DE ORDEM UNIFICADO (2019.2) 
 Guilherme foi condenado definitivamente pela prática do crime de lesão corporal seguida de morte, sendo-lhe aplicada a pena de 06 anos de reclusão, a ser cumprida em regime inicial fechado, em razão das circunstâncias do fato. 
Após cumprir um ano da pena aplicada, Guilherme foi beneficiado com progressão para o regime semiaberto. Na unidade penitenciária, o apenado trabalhava internamente em busca da remição. Durante o cumprimento da pena nesse regime, veio a ser encontrado escondido em seu colchão um aparelho de telefonia celular. 
O diretor do estabelecimento penitenciário, ao tomar conhecimento do fato por meio dos agentes penitenciários, de imediato reconheceu na ficha do preso a prática de falta grave, apenas afirmando que a conduta narrada pelos agentes, e que teria sido praticada por Guilherme, se adequava ao Art. 50, inciso VII, da Lei nº 7.210/84. 
O reconhecimento da falta pelo diretor foi comunicado ao Ministério Público, que apresentou promoção ao juízo da Vara de Execuções Penais de São Paulo, juízo este competente, requerendo a perda de benefícios da execução por parte do apenado. O juiz competente, analisando o requerimento do Ministério Público, decidiu que, “considerando a falta grave reconhecida pelo diretor da unidade, impõe-se: a) a regressão do regime de cumprimento de pena para o fechado; b) perda da totalidade dos dias remidos; c) reinício da contagem do prazo de livramento condicional; d) reinício da contagem do prazo do indulto.” 
Ao ser intimado do teor da decisão, em 09 de julho de 2019, terça-feira, Guilherme entra em contato, de imediato, com você, na condição de advogado(a), esclarecendo que nunca fora ouvido sobre a aplicação da falta grave, apenas tendo conhecimento de que a Defensoria se manifestou no processo de execução após o requerimento do Ministério Público. 
Considerando apenas as informações narradas, na condição de advogado(a) de Guilherme, redija a peça jurídica cabível, diferente de habeas corpus e “embargos de declaração”, apresentando todas as teses jurídicas pertinentes. A peça deverá ser datada no último dia do prazo para interposição, considerando que, em todos os locais do país, de segunda a sexta-feira são dias úteis.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DE EXECUÇÃO PENAL DA COMARCA DE SÃO PAULO/SP
Processo nº: xxxx
Guilherme, já qualificado nos autos, vem respeitosamente a presença de Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado infra-assinado, interpor
AGRAVO EM EXECUÇÃO
Com fulcro no artigo 197 da Lei nº 7.210/84 – Lei de Execução Penal.
Requer que seja feita a retratação por parte do juízo a quo, na forma do artigo 589 do Código de Processo Penal, por analogia. 
Caso Vossa Excelência entenda em não acolhimento, deveria haver requerimento de encaminhamento do feito para instância superior, com as respectivas razões recursais.
Termos em que, pede deferimento
São Paulo, 15 de julho de 2019
OAB
XXX
RAZÕES DE AGRAVO EM EXECUÇÃO
Processo nº: xxx
RECORRENTE: GUILHERME
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Colenda Câmara
I – DOS FATOS
Guilherme após cumprir 1 anos da pena que a ele foi aplicada, recebeu uma falta grave, após ter sido encontrado em seu colchão um telefone celular.
A conduta que teria sido narrada pelos agentes penitenciários, se adequava ao artigo 50, inciso VII, da Lei nº 7.210/84.
Após ajuizada ação do Ministério Público, o juiz competente decidiu a regressão do regime de cumprimento de pena para o fechado, a perda da totalidade dos dias remidos, o reinício da contagem do prazo de livramento condicional e o reinício da contagem do prazo do indulto
 Guilherme ficou sabendo que a Defensoria se manifestou no processo de execução após o requerimento do Ministério Público.
II – DO DIREITO
Sobre reconhecimento da falta grave não observou as formalidades legais. Nos termos do artigo 50 da Lei 7.210/84, realmente como mencionado pelo diretor do estabelecimento penitenciário, a conduta de esconder celular configura prática de falta grave (inciso VII). 
Todavia, para assegurar o direito ao exercício do princípio da ampla defesa e do princípio do contraditório, pacificou a jurisprudência o entendimento de que o reconhecimento de falta grave depende de regular procedimento administrativo disciplinar, devidamente assegurado o acompanhamento de defesa técnica. Nesse sentido é o teor da Súmula 533 do Superior Tribunal de Justiça. Na situação apresentada, o diretor do estabelecimento reconheceu a prática de falta grave sem observar as exigências antes mencionadas, ou seja, sem instaurar procedimento administrativo e sem garantir o direito de defesa. Dessa forma, não pode aquele reconhecimento ser considerado pelo juízo da execução. 
Portanto, não sendo válido o reconhecimento da prática de falta grave, sequer seria possível a regressão do cumprimento da pena para o regime fechado.
Ainda que o reconhecimento da falta grave fosse considerado válido, impossível seria a sanção de perda da integralidade dos dias remidos. O artigo 127 da Lei de Execução Penal, admite que a punição por falta grave gere perda dos dias remidos. Todavia, o mesmo dispositivo assegura um limite de perda de até um terço, sendo a decisão do magistrado que determina a perda de todos os dias remidos.
Diante da ausência de previsão legal a execução penal está sujeita ao princípio da legalidade, que também é aplicável na execução penal.
Sobre o reinício da contagem do prazo de livramento condicional, não pode o magistrado impor o reinício da contagem do prazo do livramento condicional, nos termos da Súmula 441 do STJ que expressa: “A falta grave não interrompe o prazo para obtenção de livramento condicional. ” 
Pelas mesmas razões, a Súmula 535 do STJ, prevê que a prática de falta grave não interrompe o prazo para fins de comutação de pena ou indulto, sem prejuízo de esta ser considerada no momento de analisar o preenchimento dos requisitos subjetivos deste benefício. 
III – DOS PEDIDOS
Diante do exposto, reque a Vossa Excelência o conhecimento e provimento do recurso, afastando-se o reconhecimento da falta grave e suas consequências.  
Termos em que, pede deferimento
São Paulo, 15 de julho de 2019
OAB
XXX

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