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Poesia na Grécia Arcaica, verdade e as leis da história

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Universidade Federal do Rio de Janeiro
Metodologia - Teoria da História
Luiza Larangeira
Aluna: Milena Guerrão Lourenço
PROVA DE METODOLOGIA - AV1 - 2019.1
Discorra sobre as funções socioculturais da poesia, na Grécia Antiga, enfatizando as relações entre verdade, memória e palavra cantada (Detienne e Vernant).
 A tradição poética na Grécia Arcaica portava a responsabilidade de transmitir, de geração em geração, a verdade para a sociedade. Tal verdade, porém, possui conotação distinta da conhecida atualmente, a verdade grega, denominada Alétheia, carrega o que é bom, belo e virtuoso, e não se constitui como oposta à mentira, mas se opõe ao esquecimento. Essa concepção de verdade X esquecimento está presente na tradição poética, no discurso mágico-religioso do poeta.
 O poeta, por sua vez, é o porta-voz da verdade na Grécia Antiga. Cantando sobre os feitos gloriosos dos heróis da Idade do Ouro, o poeta evoca a virtude dos mesmos, seguindo a inspiração da Musa, filha da Memória, que concede ao poeta a visão da verdade. “Através de sua memória, o poeta tem acesso direto, mediante uma visão pessoal, aos acontecimentos que evoca, tem o privilégio de entrar em contato com o outro mundo” (DETIENNE, p 17).
 Os feitos virtuosos cantados pelo poeta são caracterizados pela Kléos que, segundo Detienne, seria “a glória que passa de boca em boca, de geração em geração” (Detienne, p 19), esta sendo o alvo dos heróis, que, como explicita Vernant, preocupavam-se apenas “em ser honrados pelo destino de Zeus, Diós aísa, este destino de pronta morte” (VERNANT, p 38). Melhor dizendo, os heróis épicos se dispunham à morrer o que Vernant chamou de bela morte, a qual se daria num ato glorioso de bravura de um herói em plena juventude, pois acreditavam que escapa-se da morte pela morte, alcançando, desta forma, a Kléos, tendo seus feitos eternizados e glorificados pelo canto do poeta.
 Assim, a verdade cantada pelo poeta era o que se estabelecia em contraponto ao esquecimento dos grandes feitos dos heróis, através dela a glória seria dada aos acontecimentos virtuosos.
Com base nas discussões feitas em aula e nos textos lidos, explique a relação, estabelecida pelos romanos, entre o discurso ornado e o cumprimento das leis da história.
 Para os romanos, a história devia produzir lições moralizantes, gerais, que orientassem os homens. Tal objetivo seria alcançado pelo ornamento do discurso, com a arte da retórica, que criaria a representação dos fatos narrados, prendendo a atenção do leitor/ouvinte.
 Cícero, em De Oratore, denomina os historiadores gregos, Heródoto e Tucídides especificamente, como “homens eloquentíssimos” e, ainda sobre Tucídides, afirma que “sua dicção tem tanta proporção e tensão, que não se sabe se o fato dá brilho ao estilo ou a língua ao pensamento” (CÍCERO, p 147). Assim, o discurso e os fatos narrados já não estão distantes, pelo contrário, se aproximam ao ponto de criar a representação dos acontecimentos, com a qual seria possível ver o fato através da palavra.
 Entretanto, o discurso ornado só teria efeito se cumprisse seu dever com as leis da história, estas que determinavam que o historiador não devia contar algo falso, que não aconteceu, nem algo que não fosse verdadeiro, assumindo aqui a verdade grega, Alethéia, que seria o que é bom, belo e virtuoso, então o discurso histórico não se ocuparia de tudo o que aconteceu, apenas do que carregava essa tríade, e, ainda, o historiador deveria manter um discurso imparcial, sem intenção de agradar ou desagradar.
 Em suma, apenas o discurso ornado construiria a história e seus ensinamentos, pois conseguiriam a atenção de seus leitores pela representação e, a partir disso, passaria os ensinamentos que conduziriam suas ações.

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