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Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas - USP Curso de Graduação em História Metodologia da História I Millena Benicio Silva FICHAMENTO DE LEITURA Autor: Josep Fontana Título: A História dos Homens Assunto: Capítulo 11 - Os Marxismos Local: Bauru Editora: Edusc Ano: 2004 Palavras-Chaves marxismos, stalinismo, método, história, historiografia I. O que era um método de pesquisa, tornou-se uma doutrina com a “invenção do marxismo” no final do século XIX e início do século XX (pág 309). i. necessidade de propagar os princípios do marxismo tendo em vista o novo modelo de sociedade II. historiadores russos trabalharam com dois traços característicos: simplificação catequista e “defesa da revolução” (pág 310). i. em um período entre 1927 e 1929 surgiu o stalinismo e, neste contexto, o "marxismo-leninismo" foi utilizado como ideologia com o objetivo de subordinação III. Visão marxista: o desenvolvimento do capitalismo na Rússia era similar à de outros países europeus - escrita por Mikhail Pokrovski, historiador acadêmico bolchevique. Essa tese perdurou até a queda de Trotski e à ascensão de Stalin (pág 310). i. os ideais defendidos por Trotski davam crédito ao programa do socialismo num só país ii. em contrapartida a Trotski, para Stalin, com os Planos Quinquenais, o mais importante era evidenciar o contraste entre o atraso da Rússia pré- revolucionária com os avanços que a planificação possibilitara iii. é por isso que a obra de Mikhail Pokrovski, História da Rússia, se tornou inapropriada e condenada em 1936, sendo acusado por Stalin de “pequeno burguês” IV. Reescrever e reelaborar a história para legitimar cada momento da linha política do partido - elemento chave do stalinismo. i. o trabalho dos historiadores deveria obedecer e convergir com as diretrizes do partido ii. [diretrizes: orientações, instruções, normas, ordens, preceitos, condutas, regulamento] V. condenação ao estudo de questões que o partido havia determinado como axioma i. [axioma: premissa considerada necessariamente evidente e verdadeira] VI. questão do modo de produção asiático - entre 1930 e 1931, historiadores russos ressignificaram o modo de produção asiático e apontaram como uma variante do feudalismo i. isso aconteceu porque Karl Marx, no texto Contribuição à crítica da economia política, discorreu sobre os modos de produção e sistematizou, chegando a um conjunto de seis etapas, onde cinco poderiam ser colocados em sequência para explicar a história ii. O modo de produção asiático não se encaixava no esquema de base eurocêntrico iii. em 1938 Stalin disse: “a história conhece cinco tipos fundamentais de relações de produção: a comunidade primitiva, a escravidão, o regime feudal, o regime capitalista e o regime socialista” (pág 312) iv. o modo de produção antigo de Marx foi convertido em “escravismo”, e o esquema se reconfigurou para apenas cinco etapas v. esse esquema foi difundido com o ideal de que “todas as sociedades devem passar por essas [cinco] etapas”, com isso, “o materialismo histórico convertera-se no que Marx combatia: uma filosofia da história” (pág. 312) VII. “Marxiísmo” - imitação da linguagem marxista, sem método teórico de Marx, adaptava às diretrizes políticas do momento. Modo alheio de se fazer a prática historiográfica e legitimação teórica (pág. 312). VIII. Stalin deixou a sua marca no modo de escrever a história da União Soviética, cujo objetivo era legitimar o regime i. [ecleticismos: Escolha, entre vários sistemas, daquilo que, em cada um, parece ser mais conforme com a razão. in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa] IX. Exemplo Polônia: escola de Poznan - Metodologia da pesquisa histórica Jerzy Topolski: “um produto escolástico em que a fúria classificatória, a retórica fastidiosa e a pretensão de estabelecer leis históricas situam-se bem longe da herança de Marx” (pág 314). X. Exemplo Romênia: antes havia imposição de pautas interpretativas, depois de Ceausescu houve a fabricação de mitos como protocronismo (pág 314). i. [protocronismo: é uma tendência moderna no nacionalismo cultural, baseado essencialmente em dados questionáveis e interpretações subjetivas, a um passado idealizado para o país como um todo] XI. A inserção do mundo extra-europeu na análise. Necessidade de revisão pós stalinismo com uma pesquisa histórica de qualidade - realizada por pesquisadores que entraram em confronto com representantes do escolasticismo (pág 315). i. deu-se com a dificuldade de aplicar o esquema dos modos de produção stalinista no mundo extra-europeu. XII. Estruturalismo marxista - o escolasticismo stalinista difundiu-se pela Europa e América Latina. Modelo à francesa ganhou uma cobertura filosófica e tornou-se a forma dominante do marxismo (pág 317). XIII. Para a formação de uma teoria da história utilização das ideias de Marx - instrumento de análise a fim de consumir teoricamente a realidade XIV. Desnaturalização economicista e cientificista do marxismo: ocorreu de forma distinta entre os países do Ocidente com a União Soviética - perda de liberdade (pág 318). XV. Escola de Frankfurt: estudos sobre marxismo - início com estudo da história do socialismo e do movimento operário (pág 318). i. Max Horkheimer: tomou do marxismo a ideia de pesquisar a existência social de modo que se chega à consciência ii. Theodor W. Adorno: volta à Alemanha pós-nazista na década de 1960 - ensina uma mistura de de “marxismo, psicanálise e sociologia”: a teoria crítica (pág 319). 1. caráter abstrato e elitista de seu ensino XVI. Período entre-guerras: 4 grandes teóricos marxianos (pág 320). i. George Lukács e Karl Korsch foram condenadas pelos marxistas ortodoxos ii. Antônio Gramsci desenvolveu o pensamento marxista enquanto esteve preso durante o regime fascista - ficou conhecido pós Segunda Guerra Mundial XVII. Karl Korsch criticava a transformação do marxismo em uma visão de mundo desligada das lutas sociais reais (pág 321). i. a crítica se deu pelo não entendimento de que Marx não analisava a realidade como uma sequência encadeada por leis da evolução social, como afirma Stalin ii. acreditava que as teses sobre a história se concretizavam exclusivamente no desenvolvimento do capitalismo da Europa ocidental XVIII. Mérito de Antônio Gramsci entendimento que o materialismo histórico era em sua essência uma “teoria da história” (pág 322). i. análise da obra 18 de Brumário permite entender melhor a metodologia histórica marxista ii. refutou o economicismo elementar confundido com marxismo ortodoxo iii. necessidade de discernir modificações econômicas: há aquelas que mudam profundamente a sociedade e há aquelas que mudam uma conjuntura menor, afetando apenas um grupo iv. a estrutura e as superestruturas formam um bloco histórico XIX. Supremacia de um grupo não se dá somente através da coerção, mas de ideologia também - conjunto de verdades que são aceitas pelas classes subalternas (p 323). XX. Correntes de historiografias marxistas italianas não dogmáticas - influenciadas pelo pensamento de Gramsci (pág 324). i. “repensar criticamente a formação da sociedade moderna e do estado unitário” - Renato Zanghri (pág 324) ii. história como instrumento de análise e compreensão do presente XXI. França: marxismo representado por Jaures - concomitante com os Annale (pág 325). i. trabalhou no interior da tradição marxista, mas à margem do Partido Comunista ii. fundamento de uma história global de uma “história total” - base do conhecimento da economia iii. globalização: fatos de massa, fatos institucionais e acontecimentos históricos XXII. Historiadores de tradição marxista: explicar os problemas reais, os do passado e presente, e promover soluções (pág 326). XXIII. Inglaterra: fundação, em 1946,do “Grupo de Historiadores do Partido Comunista Britânico" (pág 327). i. publicações comunistas ii. preocupação dominante pela cultura - Edward Thompson e Hill Kierman pela literatura iii. participação da revista de história Past and Present - englobava diversidade política - uma das mais importantes do século XX XXIV. Vere Gordon Childe - revolucionou a forma de pensar a arqueologia (pág 329). i. desenvolveu uma imagem global sobre a humanidade primitiva - a revolução neolítica foi um evento de características comuns, apesar de diferente em diversos lugares ii. condenava a ideia de um caminho linear em direção a um objetivo pré- determinado (pág 329) XXV. Intervenção soviética na Hungria e Crise política de 1956 - afastou os historiadores do Partido Comunista, apesar de continuarem no campo da política progressista (pág 331). XXVI. Eric J. Hobsbawm - contribuição para renovação teórica da historiografia marxista (pág 333). i. publicação de um fragmento de Grundrisse dedicado às formações econômicas pré-capitalistas XXVII. Corrente historiográfica surgida nos EUA influenciada pelos historiadores britânicos: Radical History Review (334). XXVIII. Edward Thompson - escreveu uma obra que sintetizava a história do movimento operário britânico. Na realidade o livro demonstrou-se uma inovação. i. não fez carreira, não se "institucionalizou" ii. “a teoria e a evidência devem manter um diálogo constante” (pág 337) iii. “a história radical deve ser boa história” (pág 337) XXIX. Ataque, por parte de Thompson, à falsificação histórica de que a sociedade inglesa do século XVIII era composta de “gente educada e comercial” - evidenciou o que foi oculto: século em que muita gente comum perdeu o direito à terra, a violência aumentou nos centros urbanos. i. Representando de uma tendência historiográfica e de projetos políticos XXX. Perry Anderson - desenvolvimento de um populismo socialista (pág 333). i. enfrentou politicamente Thompson ii. responsável pela New Left Review iii. ao longo de sua trajetória, seus interesses intelectuais mudaram (pág 339) XXXI. Walter Benjamin: autor de uma obra complexa - legado póstumo de teses sobre a história que são mais elogiadas do que compreendidas i. escreveu teses: “Sobre o conceito da história” (pág 341)
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