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CONTESTAÇÃO SEMANA 10

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AO JUÍZO DA 1ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE CAMPINAS/SP
PROCESSO Nº:....
JULIANA DAS FLORES , brasileira, solteira, empresária, portadora da carteira de 
identidade nº ...., expedida pelo ...., inscrita no CPF sob o nº ....., endereço eletrônico ....., 
residente e domiciliada na Rua Tulipa 333, Campinas/SP, pelo advogado infra-assinado, com 
endereço profissional constante da procuração em anexo, para fins do artigo 77, inc. V, do 
CPC, vem a esse juízo, oferecer
CONTESTAÇÃO
nos autos da AÇÃO DE ANULAÇÃO DE NEGÓCIO JURÍDICO, pelo RITO COMUM, que 
lhe move SUSANA MARQUES, já devidamente qualificada nos autos, pelos fatos e 
fundamentos a seguir expostos
II – SÍNTESE PROCESSUAL
A PARTE AUTORA doou, no dia 18/03/2012, um bem imóvel situado na Rua Melão 
121, Rio Preto/SP, no valor de R$ 50.000,00, ao Orfanato Semente do Amanhã, onde a 
PARTE RÉ exercia a função de diretora.
A AUTORA, que desempenhava o cargo de gerente de recursos humanos na empresa 
XYZ LTDA, a qual a PARTE RÉ era a sócia-majoritária e presidente, alega que tal doação só 
ocorreu por receio de perda do emprego, devido à coação praticada diariamente pela 
PARTE RÉ, demandando a anulação do negócio jurídico em questão. 
III – PRELIMINARES
 III.1 – COISA JULGADA
 A ação é plenamente improcedente diante da ocorrência de coisa julgada, uma vez 
que o pedido da PARTE AUTORA já foi declarado improcedente em sentença transitada em 
julgado proferida pelo Juízo da 2ª Vara Cível da Comarca de Campinas/SP (DOC-X).
 Desse modo, o processo deve ser extinto sem resolução do mérito, com fulcro no art. 
354 c/c art. 485, inc. V, ambos do Código de Processo Civil.
 III.2 – LEGITIMIDADE AD CAUSAM
 Impõe o art. 17 do CPC que, para postular em juízo, é necessário que haja por parte 
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do autor interesse e legitimidade.
 A RÉ é parte ilegítima para a ação intentada pela PARTE AUTORA, com fundamento 
no art. 337, XI, do CPC, uma vez que o negócio jurídico contestado teve como donatário o 
Orfanato Semente do Amanhã, e não a É, motivo pelo qual deve a presente ação ser extinta 
sem resolução do mérito, nos termos do art. 485, inc. VI, do CPC.
IV- DO MÉRITO
IV.1- PREJUDICIAL DE MÉRITO – DECADÊNCIA
 A ação é plenamente improcedente, uma vez que a direito do autor encontra-se 
totalmente fulminado pela DECADÊNCIA.
 Assevera o artigo 178, I, do Código Civil que é de quatro anos prazo decadencial para 
se pleitear a anulação do negócio jurídico caso haja coação, contado do dia em que ela 
cessar.
 A suposta coação sofrida pela PARTE AUTORA cessou no mês de abril do ano de 2012, 
sendo certo que a presente ação foi ajuizada somente no dia 20 de janeiro de 2017, o que, 
certamente, impõe o fato de que a PARTE AUTORA decaiu do direito de ação.
IV.2 DOS FATOS 
A AUTORA doou, no dia 18/03/2012, um bem imóvel situado na Rua Melão 121, Rio 
Preto/SP, no valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) ao Orfanato Semente do Amanhã, 
onde a RÉ exercia a função de diretora.
A AUTORA, que desempenhava o cargo de gerente de recursos humanas ma empresa 
XYZ LTDA, a qual a RÉ era a sócia-majoritária e presidente, alega que tal doação só ocorreu 
por receio de perda do emprego, devido à coação praticada diariamente pela RÉ, 
demandando a anulação do negócio jurídico em questão. 
IV.3- DOS FUNDAMENTOS
 A alegação da AUTORA é completamente infundada, pois em nenhum momento a RÉ 
praticou qualquer tipo de ameaça que viciasse a declaração de vontade necessária para que 
a AUTORA realizasse a doação do imóvel ao Orfanato Semente do Amanhã.
 Por professar a mesma religião da AUTORA, RÉ só lhe aconselhava sobre a 
necessidade de realização de caridades, ou seja, mesmo sendo diretora do orfanato 
donatário, jamais influiu diretamente na decisão pela celebração do negócio jurídico entre a 
PARTE AUTORA e a referida instituição beneficente.
 A alegação da AUTORA de que só celebrou o negócio jurídico devido ao receio de ser 
demitida pela RÉ é completamente ilógica! Uma vez que a AUTORA pediu demissão um mês 
após a celebração do negócio jurídico, com vistas a aceitação de proposta de emprego de 
uma empresa concorrente, sendo que tal proposta já havia sido feita em fevereiro de 2012, 
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ou seja, no mês anterior à realização da doação!
 Como pode uma pessoa alegar que realizou um negócio jurídico sob coação com a 
ameaça de perda do emprego, se essa pessoa já tinha proposta de emprego de outra 
empresa concorrente? Isso não faz nenhum sentido, e demonstra a total incoerência do 
pedido da AUTORA.
 A RÉ é extremamente religiosa, mas isso nunca influenciou de maneira abusiva nas 
relações de trabalho para com os empregados da empresa da qual ela é sócia majoritária e 
presidente. A empresa gerida pela RÉ tem outros funcionários que adotam religiões 
diversas, e que jamais doaram qualquer tipo de bem ao Orfanato Semente do Amanhã, o 
que corrobora o fato de nunca ter havido qualquer coação com a ameaça de perda do 
emprego a qualquer colaborador da empresa de propriedade da RÉ.
 Confrome a doutrina:
"Coação é toda ameaça ou pressão injusta exercida sobre um 
indivíduo para forçá-lo, contra a sua vontade, a praticar um ato ou 
realizar um negócio. O que a caracteriza é o emprego da violência 
psicológica para viciar a vontade. Não é coação, em si, um vício da 
vontade, mas sim o temor que ela inspira, tornando defeituosa a 
manifestação de querer do agente. (GONÇALVEZ, 2006, p. 383)."
 Conforme a Jurisprudência:
Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região TRT-3 -INEXISTENCIA 
DE COAÇÃO - AR 0011521-40.2017.5.03.0000 
0011521-40.2017.5.03.0000
Ementa
AÇÃO RESCISÓRIA. LIDE SIMULADA. SENTENÇA HOMOLOGATÓRIA 
DE ACORDO. INVALIDADE DE TRANSAÇÃO JUDICIAL. AUSÊNCIA DE 
VÍCIO DE VONTADE. INEXISTÊNCIA DE COAÇÃO MORAL 
IRRESISTÍVEL. CONLUIO. IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO.
VI - PEDIDO
 Diante do exposto, requer a esse juízo:
A. o acolhimento da preliminar de coisa julgada, com a consequente extinção do 
processo sem resolução do mérito, na forma do art. 485, inc. V, do CPC;
B. o acolhimento da preliminar de legitimidade ad causam, com a consequente 
extinção do processo sem resolução do mérito, na forma do art. 485, inc. VI, do 
CPC;
C. o acolhimento da prejudicial de mérito, com a consequente extinção do processo 
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com resolução do mérito, na forma do art. 487, inc. II, do CPC;
D. no mérito, a improcedência do pedido autoral;
E. a condenação da PARTE AUTORA ao pagamento das despesas processuais e os 
honorários advocatícios de sucumbência. 
VII - PROVAS
 Requer a produção das provas documentaL, depoimento pessoal, testemunhal e 
daquelas que se fizerem necessárias no curso da instrução processual.
Nestes termos, pede deferimento
Campinas/SP, 25/04/2019
Advogada
OAB/...
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