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RESUMO DE AUDIO III PARTE 2 PATOLOGIAS VESTIBULARES As vestibulopatias podem ser divididas em: periféricas e centrais. Vestibulopatias Periféricas: - Síndrome de Ménière É uma hidropisia endolinfática, mais comum em adultos. Sinais e sintomas: perda auditiva flutuante, zumbido, plenitude auricular, vertigem, náusea e vômito. Etiologia: otosclerose (mau funcionamento do ducto e saco endolinfático), doenças autoimunes (desequilíbrio iônico), alergias (mecanismo pode produzir os sintomas), traumas cranianos (disfunção bioquímica das células que produzem ou absorvem endolinfa. Diagnóstico: pode ser um diagnóstico certo ou definido. → O diagnóstico certo, com confirmação histopatológica; → O diagnóstico definido, quando há duas ou mais crises de vertigem com duração mínima de 20 minutos, perda de audição documentada pelo menos uma vez, zumbido ou pressão auricular. O diagnóstico então é realizado através de história clínica, exames audiológicos e eletrofisiológicos, exames para diagnóstico diferencial. Tratamento: é realizado para aliviar sintomas e manter a doença em remissão. Ele pode ser medicamentoso com anti vertiginosos, antieméticos e ansiolíticos, dieta nutricional evitando o sal (hidropisia endolinfática) ou cirúrgico para a descompressão do saco endolinfático, labirintectomia ou neurectomia vestibular. - Vertigem Posicional Paroxística Benigna (VPPB) É a causa mais comum de vertigem e se caracteriza por crises súbitas e sem sintomas auditivos. Pode afetar os canais semicirculares posterior (80%), canais semicirculares laterais (15%) e canais semicirculares superiores. Sua descoberta então é feita através de diagnóstico clínico. Pode apresentar dois mecanismos, que são a canalítiase e cupololítiase. - Canalitíase: quando os cristais se alocam nos canais semicirculares , são característicos de nistagmos que duram menos de 60 s. - Cupolitíase: quando os cristais se alocam na cúpula, são característicos nistagmos que duram mais de 60 s. ● VPPB de Canal semicircular Posterior (CSP): o nistagmo vai bater para cima e possuir um componente torcional. Para realização do diagnóstico é feito o teste de Dix- hallpike e a manobra de Epley para tratamento. ● VPPB de Canal semicircular Lateral (CSL): o nistagmo vai ser horizontal, podendo ser geotrópico ou apogeotóico. Para realização do diagnóstico é feita a manobra de Head Roll e a manobra de Lempert ou manobra de Vannucci- Asprela para tratamento. ● VPPB de Canal semicircular Anterior (CSA): é muito rara e o nistagmo apresenta característica torcional. Para realização do diagnóstico é feito o teste de Dix- Hallpike e a manobra de Epley para tratamento. ● VPPB em crianças: tem uma incidência de 18,7%. Durante a crise as crianças ficam apavoradas, podendo ter quedas. - Neurite Vestibular É um distúrbio no sistema vestibular que acomete cerca de 12% dos pacientes no ambulatório de distúrbios vestibulares. Possui um pico de incidência entre 30 e 60 anos, mas pode ocorrer também em idosos e crianças. É causado frequentemente por infecção das vias aéreas superiores ou causa viral (herpes tipo I). Isso danifica o VIII nervo craniano (inflamação da divisão vestibular do nervo). Diminuição do fluxo sanguíneo na orelha interna ou exposição a agentes tóxicos ou substâncias alérgicas. Sintomas: vertigem aguda de duração prolongada, náuseas e vômitos, desequilíbrio, tendência a queda para o lado lesado, não há queixas auditivas, presença de movimento ocular anormal, desequilíbrio na marca e para se manter em pé, os sintomas são intensos após a instalação do quadro e melhora progressiva ao longo de dias. Diagnóstico: é realizado com testes clínicos (história e exame neurológico), ressonância magnética, prova calórica, avaliação audiológica. Tratamento: pode ser por reabilitação vestibular, fisioterapia e fonoaudiologia, tentativa de diminuir os sintomas, medicações anti vertiginosas, tratamento específico com uso de anti-inflamatório. - Migrânea É uma doença neurológica hereditária benigna (dismodulação encefálica). Os desencadeadores da dismodulação encefálica são: álcool, odores, hormônios sexuais femininos e alguns alimentos. Sintomas: possui sintomas premonitórios (como alteração de humor, fadiga, mialgia, depressão, aura), cefaléia precoce, cefaléia e sintomas pósdromo (como exaustão, sonolência, astenia, vômitos, dificuldade de concentração, irritabilidade, perda do apetite). Tratamento: pode ser profilático, dietas alimentares, terapia do estresse, evitar bebidas alcoólicas. Vestibulopatias Centrais: Podem ter diversas etiologias, sendo elas: ● Vascular: infarto da região dorsolateral do bulbo; hemorragia do tronco encefálico e cerebelo. ● Desmielinizante: esclerose múltipla. ● Tumores do ângulo pontocerebelar: schwannoma vestibular. ● Epilepsia vestibular ● Degeneração vestibular: degeneração cerebelar paraneoplástica; degeneração cerebelar e olivopontocerebelar; ataxia de Friedreich. Diferenças entre vestibulopatias Periférica e Central Periférica Central Local Labirinto e/ou VIII par craniano até a entrada do tronco encefálico Núcleos vestibulares, vias de interligação ou cerebelo Vertigem Presente Pode ter Nistagmo Presente- Horizontal Frequente- torsional Sinais neurológicos Raro Comum Náuseas Severa Ausente Desequilíbrio Moderado Severo Perda auditiva Comum Raro Recuperação Dias ou semanas Meses ou mais PROTOCOLOS DE AVALIAÇÃO DO EQUILÍBRIO - Escala de Equilíbrio de Berg Objetivo: Avaliar o desempenho do equilíbrio funcional e o risco de quedas, principalmente em idosos e pacientes com déficits de equilíbrio. Aplicações clínicas: ● Descrição quantitativa de equilíbrio ● Monitoramento do progresso do paciente ● Avaliação da eficácia das intervenções realizadas na prática clínica e na pesquisa - Time Up and Go Objetivo: avaliar o equilíbrio e a marcha em idosos. Aplicações clínicas: ● Determinar o risco de queda ● Tempo para: levantar, caminhar 3 metros, dar a volta, retornar à cadeira e sentar novamente. - Avaliação de Marcha e Equilíbrio Orientada pelo Desempenho (POMA) ou Escala de Tinetti Objetivo: Avaliar o nível de equilíbrio e qualidade da marcha prevendo riscos de queda, visando avaliar a mobilidade dos idosos e anormalidades da marcha. - DHI- Dizziness Handicap Inventory Objetivo: Avaliar o impacto da tontura na qualidade de vida. Aplicações clínicas: ● Avaliar o efeito do tratamento otoneurológico (medicamentoso, cirúrgico ou de reabilitação) ● Identificar problemas físicos, emocionais e funcionais associados ao comprometimento do equilíbrio. É um questionário de autorrelato com finalidade de mensurar as incapacidades decorrentes de tonturas, que afetam a qualidade de vida. Autopercepção de tontura no adulto e é um dos poucos questionários traduzidos para o português, compatível para aplicação na população brasileira. - Teste de Alcance Funcional (TAF) Objetivo: Avaliar alterações dinâmicas do controle postural para a população idosa. Avalia a capacidade de deslocamento dentro do limite de estabilidade (anterior e lateral) e o risco de queda. É validado para os EUA e Austrália, porém no Brasil é utilizado de forma adaptada. VECTOELETRONISTAGMOGRAFIA E POSTUROGRAFIA Orientaçõespara o paciente: 1. Comparecer acompanhado 2. Suspensão do uso de medicamentos 48h antes 3. Não ingerir estimulantes labirínticos 24h antes 4. Não ingerir álcool/narcóticos 72 h antes 5. Alimentação leve e repouso 6. Substituir lentes por óculos. Vectoeletronistagmografia: Aplicação clínicas: ● serve para confirmar/detectar presença de comprometimento vestibular ● indicar o lado da lesão ● identifica a lesão central ou periférica ● ajudar na identificação da causa e diagnóstico da vestibulopatia ● monitorar a reabilitação vestibular Indicação: é indicado para pacientes que apresentam tontura, desequilíbrio, quedas, cefaléias e para monitoramento do tratamento das vestibulopatias. Provas Objetivo Aplicação Resultados possíveis Calibração e Pesquisa dos movimentos sacádicos calibração e observação de movimentos sacádicos fixos em resposta ao aparecimento de alvos no campo visual Seguir os 2 pontos com o olhar Regular: normal Irregular: SPLC Pesquisa do NE verificar a presença/ausência de nistagmo de oa e of fixar o olhar no ponto de luz e depois fechar os olhos e imaginar o mesmo ponto Presente com olhos abertos: alterado Ausente com olhos abertos: normal Pesquisa do Nistagmo semiesontâneo ou direcional Verificar presença, tipo e direção do nistagmo seguir o ponto luminoso com o olhar (para cima, para baixo, esquerda e direita) Presente: comprometimento de vias vestibulares, periférico ou central Ausente: normal Rastreio Pendular avaliar a integridade do sistema oculomotor no controle dos movimentos lentos acompanhar o ponto luminoso que estará em movimentos pendulares Tipo I: normal Tipo II: nistagmo unilateral Tipo III: nistagmo bilateral Tipo IV: SPLC Nistagmo optocinético observar a presença, direção, velocidade. ganho e simetria do nistagmo acompanhar o movimento da luz realizados nos sentidos horário e anti-horário Simétrico: normal Assimétrico: alterações centrais Prova rotatória pendular decrescente (RPD) avaliar a compensação labiríntica sentado e com os olhos fechados a cadeira será girada 180º Simétrico: normal Assimétrico: alterações vestibulares Provas posicionais Objetivo: pesquisar a presença de nistagmo e/ou vertigem desencadeadas pela mudança rápida de posição. decúbito dorsal, decúbito lateral direito, decúbito lateral esquerdo, cabeça pendida Aplicação: deitado na maca o paciente deve fixar o olhar num ponto à sua frente. Resultados: - presente: disfunção vestibular; - ausente: normal. Provas pós-caloricas Objetivo: avaliação funcional de cada labirinto, permitindo a comparação as respostas entre os labirintos. Aplicação: o paciente deve estar em decúbito dorsal e com a cabeça inclinada 30º para frente ou 60º para trás. Resultados: - Hiperreflexia: aumento anormal do nistagmo; - Hiporreflexia: redução exacerbado do nistagmo; - Arreflexia: ausência de nistagmo; - Normorreflexia: aplicação da fórmula, predomínio labiríntico ou preponderância direcional. Posturografia É um exame complementar a vecto e capaz de analisar o impacto dos estímulos visuais, somatossensoriais e vestibulares sobre o controle postural. Indicado: para quem apresenta tontura, desequilíbrio, quedas e para monitoramento do tratamento de vestibulopatias. ● Posturografia estática: tem por objetivo avaliar o equilíbrio corporal. ● Posturografia dinâmica: tem por objetivo avaliar o controle postural. vHIT e VEMP - vHIT: avalia os canais semicirculares. - VEMP: avalia o sáculo e o utrículo. Reflexo vestíbulo ocular (RVO): é a integração do sistema vestibular com os músculos extra-oculares, que resulta no movimento compensatório dos olhos em igual velocidade e na direção oposta ao movimento cefálico. - Teste do Impulso Cefálico com Vídeo - vHIT Permite registrar medidas objetivas da resposta óculo-motora a estímulos fisiológicos (movimentos sacádicos) com impulsos de cabeça nos três planos espaciais. É realizado com uma câmera de vídeo e um óculos específico. Orientações prévias: não tomar medicamentos para vertigem e não utilizar maquiagem no momento do exame. São realizadas 6 manobras em diferentes direções para avaliar cada canal semicircular. Manobras horizontais para ambos os lados e manobras verticais (LARP e RALP) Aplicações clínicas: ● Diagnóstico da presença de alterações vestibulares unilaterais e bilaterais; ● Detectar, de forma precisa, o funcionamento dos canais semicirculares individualmente a partir da avaliação da integridade do RVO. - Potencial Evocado Miogênico Vestibular -VEMP É um exame complementar a avaliação otoneurológica, é objetivo , rápido e não invasivo. Pode ser dividido em dois tipos: 1. cVEMP (Potencial Evocado Miogênico Vestibular Cervical) Estimula a mácula sacular por via aérea com forte intensidade (igual ou maior que 90 dBNA) com clique ou tone-burst. Apresenta dois complexos de ondas bifásicas, com latência de: - Pico positivo (P)= 13 ms; - Pico negativo (N)- 23 ms; Mede a simetria entre as respostas relacionando os lados. Até 35% é dentro da normalidade. 2. oVEMP (Potencial Evocado Miogênico Vestibular Ocular) Avalia o utrículo, porção superior do nervo vestibular e vias vestibulares ascendentes. Demarcação das latências N10 e P15. Irá considerar os valores de amplitude e limiar entre as orelhas esquerda e direita para realizar indicação do provável lado da lesão. Até 25% é dentro da normalidade. Aplicações clínicas: - Identificar qualquer desordem na estrutura ao longo da sua via neural - Inúmeras aplicações no diagnóstico e monitoramento de várias desordens vestibulares. REABILITAÇÃO VESTIBULAR A reabilitação vestibular é um conjunto de procedimentos (exercícios e manobras) que visa restabelecer o equilíbrio corporal perdido, que é alcançado por conta do fenômeno de compensação vestibular. A compensação vestibular é uma sequência de fenômenos periféricos e centrais que ocorre após uma lesão vestibular. A compensação vestibular permite que o sistema de equilíbrio alterado se reorganize. Fazem parte desse fenômeno: habituação, restituição, adaptação e supressão. ● Habituação: redução nos sintomas a partir de uma exposição repetitiva ao movimento que causa os sintomas. ● Restituição: é uma reparação completa após uma lesão limitada e temporária. ● Adaptação: é um processo de acomodação do sistema de equilíbrio humano nas condições em que exista uma alteração. ● Supressão: é um processo adaptativo extremo, que o sistema de regulação central é capaz de inibir por alguns momentos os sintomas. Objetivos da reabilitação: ➔ Facilitar o processo de compensação vestibular; ➔ Reduzir a sensibilidade aos movimentos corporais que produzem tontura; ➔ Reduzir o risco de quedas. A proposta terapêutica é restaurar a função de equilíbrio ou trazê-lo o mais próximo possível do normal e eliminação da terapia medicamentosa. Protocolo de Cawthorne-Cooksey: É utilizado em disfunções vestibulares unilaterais ou traumatismo craniano. Este protocolo possui exercicios de movimentação ocular e de cabeça em diversas direções. Protocolo de Herdman: É utilizado para hipofunção vestibular unilateral ou bilateral. Este protocolo tenta estabilizar os movimentos oculares, integrando a informação vestibular para manter a estabilidade postural. Manobras:Tem por objetivo reduzir os sintomas de tontura e promover a recuperação do equilíbrio corporal. É a partir delas que somos capazes de descobrir o diagnóstico através da direção inicial dos nistagmos e sua duração. ● Canalitíase ou cupolitíase. Existem muitas manobras, mas algumas são mais utilizadas que outras. 1. Manobra de Dix- Hallpike 2. Manobra de Epley Mais utilizadas 3. Manobra de Brandt-Daroff 4. Manobra de Semont 5. Manobra de Gans 6. Manobra de Yacovino 7. Manobra de Appiani 8. Manobra de Roll-Over ou Lempert 9. Manobra de Guffoni Vestibulopatias periféricas ● VPPB: as manobras mais utilizadas são Brandt-Daroff, Semont e Epley ● Cinetose: os exercícios do protocolo de Cawthorne e Cooksey são mais utilizados. Vestibulopatias centrais: geralmente são utilizados os exercícios do protocolo de Cawthorne- Cooksey. Medicamentos: ● Antieméticos, antinflamatórios, antidepressivos e anticonvulstivos. ● Ácido acetilsalicílico (AAS), betaistina (Labirin), cinarizina ou clonazepam. ● Vitaminas do complexo B podem causar desequilíbrio.
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