Buscar

Aula 08

Prévia do material em texto

Direito Penal Ii
AULA 08
Professora: Paola Mendes
Teoria Geral da Ação processual Penal 
 Conceito de Ação Penal:
É o direito do Estado-acusação ou da vítima de ingressar em juízo, solicitando a prestação jurisdicional, representada pela aplicação das normas de direito penal ao caso concreto. Não há possibilidade de haver punição, na órbita penal, sem o devido processo legal, isto é, sem que seja garantido o exercício do direito de ação, com sua consequência natural, que é o direito ao contraditório e à ampla defesa. 
É o direito de pedir ao Estado-Juiz a aplicação do direito penal objetivo a um caso concreto. É também o direito público subjetivo do Estado-Administração, único titular do poder-dever de punir, de pleitear ao Estado-juiz a aplicação do direito penal objetivo, com a consequente satisfação da pretensão punitiva (CAPEZ).
Condições da ação processual penal
As condições da ação seriam os elementos e requisitos necessários para que o juiz decida do mérito da pretensão, aplicando o direito objetivo em uma situação contenciosa. Essas condições “estão relacionadas com a pretensão que se deduz em juízo,” faltando qualquer um destes requisitos, o Juiz impede que esta relação prospere, ocorrendo à carência do direito de ação. O juiz examina se o processo está regular. Após isso, se regular o processo, passa a examinar as condições da ação.
Alguns autores entendem que estas condições da ação “não são condições para a existência do direito de agir”, mas condições para o seu regular exercício.
Observação: Em regra a doutrina elenca três condições da ação processual penal: legitimidade, interesse de agir e possibilidade jurídica do pedido.
Condições da ação processual penal
 Legitimidade para causa
A legitimidade para a causa, ou legitimatio ad causa, legitimação de parte ou, ainda, legitimidade ad causam, se refere à titularidade da ação, sendo ela ativa ou passiva.
Não basta a existência de um sujeito ativo e um sujeito passivo para que o provimento de mérito seja alcançado, para isso, é preciso que os sujeitos sejam, de acordo com a lei, partes legítimas, pois se tal não ocorrer o processo se extinguirá sem julgamento do mérito.
A legitimidade ativa, no processo penal, está ligada à titularidade para a propositura da ação penal (Ministério Público – na ação penal de iniciativa pública ou querelante – na ação penal de iniciativa privada). Já a legitimidade passiva é decorrente da autoria do fato supostamente delituoso, ou seja, figura no polo passivo o acusado/réu contra quem é exercida a pretensão punitiva. 
Condições da ação processual penal
Interesse de agir
Prova de existência de crime e indícios de autoria
Para a grande parte dos autores, “detecta -se o interesse de agir do órgão acusatório quando houver necessidade, adequação e utilidade para a ação penal.” 
O interesse de agir, no processo penal, se configura na prática de um fato aparentemente criminoso (fumus commissi delicti), resultando na necessidade do processo para o exercício do ius puniendi do Estado.
Condições da ação processual penal
Possibilidade Jurídica do pedido
Viabilidade de condenação, o que implica na tipicidade da conduta.
Quanto a esta condição, tanto Eugênio Pacelli quanto Aury Lopes Jr. fazem uma crítica em se adotar a concepção civilista no processo penal. O pedido, na ação penal, é sempre de condenação. Assim, a possibilidade jurídica do pedido é, na realidade, a possibilidade de punibilidade concreta, ou seja, é a possibilidade de se poder aplicar a pena caso a decisão seja de condenação. Assim, “presente a causa de extinção de punibilidade, como a prescrição, a decadência, a renúncia [...], a denúncia ou queixa deverá ser rejeitada ou o réu absolvido sumariamente, conforme o momento em que seja reconhecida”. (LOPES JR., 2016, p. 196) 
Observação: Alguns autores também elencam a justa causa como condição da ação que seria indícios mínimos de autoria e materialidade, ou seja, é o suporte probatório mínimo, sem o qual ninguém pode ser processado criminalmente.
Condições especiais para ação penal
Em determinadas situações a própria legislação processual exige outras condições para que se possa exercer do direito de ação: 
1. Representação do ofendido e requisição do Ministro da Justiça nas (nas ações públicas condicionadas);
2. Entrada do agente no território nacional para atender ao disposto no art. 7º, do Código Penal; 
3. Autorização do Legislativo para a instauração de processo contra o Presidente e o Vice-presidente da república; Ministros de Estado pela prática de crimes comuns – art. 51, I, CF;
4. Trânsito em julgado da sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento, no crime de induzimento a erro essencial ou ocultamento de impedimento – art. 236, parágrafo único do CP.
Espécies de ação processual penal
Primeira observação importante: TODA AÇÃO PENAL É PÚBLICA. A classificação em pública ou privada é dada pela titularidade da iniciativa. Pública quando a titularidade para a propositura for do MP e privada quando a titularidade for do ofendido ou de quem tem qualidade para representar, querelante.
Ação penal de iniciativa pública
Titularidade: Ministério Público, exclusividade (Artigo 129, I, da CF).
Exceção: A Constituição em seu art. 5º, LIX e o CPP no artigo. 29 trazem a previsão de que, caso o MP não ofereça denúncia no prazo legal, é admitida a ação penal privada subsidiária da pública, proposta pelo ofendido ou por seu representante legal. 
Observação: O art. 26 do CPP não foi recepcionado pela nova ordem constitucional, não existindo a possibilidade de as autoridades policiais ou judiciais iniciarem a ação penal ex offício nas contravenções penais. Transação Penal: Princípio da discricionariedade regrada, MP pode dispor ou não da Ação Penal, exceções legais.
Ação penal de iniciativa pública
Obrigatoriedade
MP não pode desistir de iniciara ação (materialidade e autoria(
Indisponibilidade
MPnão pode desistir da ação.
Oficialidade
Órgãosoficiais.
Oficiosidade
O MP deve agir de ofício, independentemente de provocação, salvo quando a ação penal pública for condicionada à representação ou requisição do ministro dajustiça (art. 100, §1º, CP e art. 24, CPP)
Divisibilidade
Intranscendêcia
A ação penal, quer seja pública ou privada, deve ser proposta a quem se imputa a prática do delito.
Suficiência da Ação Penal
A ação penal é suficiente/tramita por si só, salvo em relação às matérias que versem sobre o estado de pessoas, indicando aprejudicialidade(art. 92 do CPP).
Ação penal de iniciativa pública
Observação: Caso haja crime contra o patrimônio cometido por descendente contra ascendente, ou vice-versa, em que penda reconhecimento de paternidade no juízo cível, deverá o juízo criminal suspender o processo, pois pode ser que, uma vez reconhecido o parentesco, incida uma escusa absolutória, disposta no art. 181, II do CP, não podendo ter a condenação criminal. 
Ação penal CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO
O MP somente poderá dar início à ação se a vontade da vítima ou de seu representante legal o autorizarem, por meio de uma manifestação de livre vontade, chamada de representação. A representação possui natureza jurídica eminentemente processual, mas aplica-se a ela as regras de direito material intertemporal. O não exercício da representação legal acarreta a extinção da punibilidade, nos termos do art. 107, IV, CP.
Titular do direito da representação: A titularidade do direito de representação é do ofendido ou de seu representante legal, caso seja menor ou incapaz. Pode o direito de representação também ser exercido por procurador com poderes especiais (art. 39, caput, CPP).
Prazo para o exercício do direito de representação: O art. 38 do CPP estabelece que “Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazode 6 (seis) meses, contando do dia em que vier a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia”. Trata-se de prazo decadencial que não se suspende, nem se prorroga, como já vimos anteriormente. Prazo: Inclui o dia do começo e exclui do final.
Ação penal CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO
Observações: 
O prazo não contará para o menor, nem para o mentalmente incapaz, enquanto não cessar a incapacidade; pois não se pode falar em decadência de um direito que não se pode exercer. Assim, o prazo fluirá apenas para o representante legal, caso saiba quem é o autor da infração. 
Com o advento do Código Civil de 2002, os artigos arts. 34 e 50, parágrafo único, CPP, estão tacitamente revogados, pois o menor completando a maioridade é legitimado exclusivo, cessando a legitimidade do representante legal.
Exemplo: Caso um adolescente, contando com 16 anos, e seu representante legal tenham conhecimento de um crime contra a honra do menor, o prazo decadencial para o representante legal, contará a partir da ciência da autoria do fato, mas para o menor contará a partir do momento em que completar 18 anos. Assim, se o representante legal não fez a representação, o menor poderá fazer, se o crime não estiver prescrito. 
Ação penal CONDICIONADA À requisição do ministro da justiça
A requisição é um ato político praticado pelo Ministro da Justiça, requisitando a instauração da ação nas seguintes hipóteses: a) crime cometido por estrangeiro contra brasileiro, fora do Brasil (art. 7º, §3º, “b”, CP); b) crimes contra a honra cometidos contra chefe de governo estrangeiro (Art. 141, I, c/c art. 145, parágrafo único, CP); c) crimes contra a honra praticados contra o Presidente da República (Art. 141, I, c/c art. 145, parágrafo único, CP).
Prazo para oferecimento da requisição: Diferentemente da ação penal pública condicionada à representação, na omissão do CPP, pode o Ministro da Justiça oferecer a requisição a qualquer tempo, desde que não esteja prescrito o delito.
Eficácia objetiva da representação e da requisição: Feita a representação ou a requisição contra apenas um suspeito, esta se estenderá aos demais, autorizando o MP a propor a ação em face de todos. 
Da retração da representação e da requisição: Aquele que representou pode se retratar até o oferecimento da denúncia; porém, a partir do momento que esta foi oferecida não cabe mais a retratação, conforme previsto no art. 25,CPP. Quanto à requisição, por falta de previsão legal não é possível a retratação. Na Ação Penal nos casos da Lei Maria da Penha (Lei nº. 11.340/2006), após o julgamento da ADIn nº. 4424, proposta pelo PGR, e julgada (pelo STF) em fevereiro de 2012 (10x1), em que foi dada interpretação conforme a CF ao art. 16 da referida lei, não se permite mais a retratação da vítima em audiência.
Súmulas stj
Súmula 542
A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada.
Súmulas do stf
Súmula 608
No crime de estupro, praticado mediante violência real, a ação penal é pública incondicionada.
Obs: Para fins de caracterização de violência real em crimes de estupro, é dispensável a ocorrência de lesões corporais. Violência real x Violência presumida.
Súmula 609
É pública incondicionada a ação penal por crime de sonegação fiscal.
AÇÃO PENAL PRIVADA
É aquela em que o Estado, titular exclusivo do direito de punir, transfere a legitimidade para a propositura da ação penal à vítima ou a seu representante legal. A distinção básica que se faz entre ação penal privada e ação penal pública reside na legitimidade ativa. Nesta, a tem o órgão do Ministério Público, com exclusividade (CF, art. 129, I); naquela, o ofendido ou quem por ele de direito. Mesmo na ação privada, o Estado continua sendo o único titular do direito de punir e, portanto, da pretensão punitiva. Apenas por razões de política criminal é que ele outorga ao particular o direito de ação (CAPEZ). 
AÇÃO PENAL PRIVADA
Legitimidade: A legitimidade para a propositura da ação é do ofendido (vítima) ou de seu representante legal.
O autor, ofendido, denomina-se querelante e o réu, acusado, querelado. Se o ofendido é menor de 18 anos, ou mentalmente enfermo, e não tiver representante legal, ou seus interesses colidirem com os deste último, o direito de queixa poderá ser exercido por curador especial, nomeado para o ato (art. 33 do CPP). 
A partir dos 18 anos, a queixa somente poderá ser exercida pelo ofendido, pois, de acordo com o art. 5º, I, do novo Código Civil, com essa idade se adquire plena capacidade para o exercício de qualquer direito, inclusive a prática de atos processuais, sem interferência de curador ou representante legal.
Menor de 18 anos
Se maior de 18 mas com enfermidade mental
Maior de 18anos
Somente o representante legal pode oferecer a queixa.
Somente o representante legal pode oferecera queixa.
Somente o ofendido pode oferecer a queixa-crime.
AÇÃO PENAL PRIVADA
 Prazo para ajuizamento da queixa-crime: O prazo, como já visto quando do estudo da representação, é decadencial de 6 meses a partir do conhecimento da autoria do fato, de acordo com o art. 38, CPP.
Para o menor de 18 anos o prazo decadencial conta a partir do conhecimento da autoria, mas da data em que completar a maioridade, pois não tem sentido começar a fluir prazo para o exercício de um direito que ainda não pode ser exercido.
Haverá, nessa hipótese, dois prazos decadenciais: um para o ofendido, a partir dos 18 anos, e outro para o representante legal, a contar do conhecimento da autoria, nos termos da Súmula 594 do STF. Completando 18 anos, cessa imediatamente o direito de o representante legal ofertar a queixa, ainda que não decorrido seu prazo decadencial.
No caso de morte do ofendido, ou de declaração de ausência, o direito de queixa, ou de dar prosseguimento à acusação, passa a seu cônjuge, ascendente, descendente ou irmão (CPP, art. 31). A doutrina, seguida pela jurisprudência (RT, 466/321 e 603/301), tem considerado o rol como taxativo e preferencial, de modo que não pode ser ampliado (como, p. ex., para incluir o curador do ausente).
AÇÃO PENAL PRIVADA
 O prazo é decadencial, conforme a regra do art. 10 do Código Penal, computando-se o dia do começo e excluindo-se o dia final. Do mesmo modo, não se prorroga em face de domingo, feriado e férias, sendo inaplicável o art. 798, § 3º, do Código de Processo Penal (RT, 530/367). Assim, se o termo final do prazo cair em sábado, domingo ou feriado, o ofendido, ou quem deseje, por ele, propor a ação, deverá procurar um juiz que se encontre em plantão e submeter-lhe a queixa-crime. Nunca poderá aguardar o primeiro dia útil, como faria se o prazo fosse prescricional.
 Tratando-se de ação penal privada subsidiária, o prazo será de seis meses a contar do encerramento do prazo para o Ministério Público oferecer a denúncia (CPP, art. 29).
 Na hipótese de crime continuado, o prazo incidirá isoladamente sobre cada crime (RT, 523/418), iniciando-se a partir do conhecimento da respectiva autoria (despreza-se a continuidade delitiva para este fim). No crime permanente, o prazo começa a partir do primeiro instante em que a vítima tomou conhecimento da autoria, e não a partir do momento em que cessou a permanência (não se aplica, portanto, a regra do prazo prescricional). Finalmente, nos crimes habituais, inicia-se a contagem do prazo a partir do último ato.
 O pedido de instauração de inquérito (CPP, art. 5º, § 5º) não interrompe o prazo decadencial. 
AÇÃO PENAL PRIVADA
 No crime do art. 236 do CP (Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior), o prazo de 06 meses conta a partir do momento em que houve o trânsito em julgado da sentença cível que anulou o casamento; 
 Nos crimes de ação privada contra a propriedade imaterial que deixarem vestígios, sempre que for requerida a prova pericial: 30 dias contados a partir da ciênciada parte sobre a homologação do laudo pericial (art. 529, caput, CPP). Haverá 06 meses para requerer a busca e apreensão dos objetos que constituem o corpo do delito abrindo-se, após, prazo de 30 dias para a apresentação da queixa crime.
AÇÃO PENAL PRIVADA
OBSERVAÇÃO: No caso de morte do ofendido, ou de declaração de ausência, o direito de queixa, ou de dar prosseguimento à acusação, passa a seu cônjuge, ascendente, descendente ou irmão (CPP, art. 31). A doutrina, seguida pela jurisprudência (RT, 466/321 e 603/301), tem considerado o rol como taxativo e preferencial, de modo que não pode ser ampliado (como, p. ex., para incluir o curador do ausente). No tocante aos companheiros reunidos pelo laço da união estável, tem-se que a Constituição Federal, em seu art. 226, § 3º, reconhece expressamente a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar. Assim, no conceito de cônjuge, devem ser incluídos os companheiros. Mencione-se que, recentemente, o Plenário do STF reconheceu a união de pessoas do mesmo sexo como entidade familiar (ADPF 132 – cf. Informativo do STF, n. 625, Brasília, 2 a 6 de maio de 2011). Exercida a queixa pela primeira das pessoas constantes do rol do art. 32, as demais se acham impedidas de fazê-lo, só podendo assumir a ação no caso de abandono pelo querelante, desde que o façam no prazo de sessenta dias, observada a preferência do art. 36 do Código de Processo Penal, sob pena de perempção (CPP, art. 60, II). 
Princípios que regulam a ação penal privada
Oportunidade ou conveniência
Disponibilidade
Indivisibilidade
Intranscendência
O ofendido tem a faculdade de propor ou não a ação de acordo com a sua conveniência, aocontrário da ação penal pública.
Autoridade policial se deparar com uma situação de flagrante delito deação privada, ela só poderá prender o agente se houver expressa autorização do particular (CPP, art.
5º, § 5º).
Na ação privada, a decisão de prosseguir ou não até o final é do ofendido. É uma decorrência doprincípio da oportunidade. O particular é o exclusivo titular dessa ação, porque o Estado assim o
desejou, e, por isso, é-lhe dada a prerrogativa de exercê-la ou não, conforme suas conveniências.
O ofendido pode escolher entre propor ou não aação. Não pode, porém, optar dentre os ofensores qual irá processar. Ou processa todos, ou nãoprocessa nenhum. O Ministério Público não pode aditar a queixa para nela incluir os outrosofensores, porque estaria invadindo a legitimação do ofendido.
Significando que a ação penal só pode ser proposta em face do autor e do partícipe da infração
penal, não podendo se estender a quaisquer outras pessoas. Decorrência do princípio consagrado no
art. 5º, XLV, da Constituição Federal.
Ação penal privada: espécies
Exclusivamente privada, ou propriamente dita
 Pode ser proposta pelo ofendido, se maior de 18 anos e capaz; por seu representante legal, se o ofendido for menor de 18 anos; ou, no caso de morte do ofendido ou declaração de ausência, pelo seu cônjuge, ascendente, descendente ou irmão (CPP, art. 31).
 O sucessor tem o prazo de 60 dias para prosseguir com a ação, sob pena de perempção – art. 60, II, CPP (perda do direito ativo de demandar o réu sobre o mesmo objeto da ação).
Ação penal privada personalíssima 
 Sua titularidade é atribuída única e exclusivamente ao ofendido, sendo o seu exercício vedado até mesmo ao seu representante legal, inexistindo, ainda, sucessão por morte ou ausência. Assim, falecendo o ofendido, nada há que se fazer a não ser aguardar a extinção da punibilidade do agente.
 Há entre nós apenas um caso dessa espécie de ação penal: crime de induzimento a erro essencial ou ocultação de impedimento, previsto no Código Penal, no capítulo “Dos Crimes contra o Casamento”, art. 236, parágrafo único.
Ação penal privada subsidiária da pública
 Proposta nos crimes de ação pública, condicionada ou incondicionada, quando o Ministério Público deixar de fazê-lo no prazo legal. É a única exceção, prevista na própria Constituição Federal, à regra da titularidade exclusiva do Ministério Público sobre a ação penal pública (CF, arts. 5º, LIX, e 129, I).
 Só tem lugar no caso de inércia do Ministério Público, jamais na hipótese de arquivamento, conforme entendimento pacífico do STF (2ª T., RE 94.135, RTJ, 99/452-5; 2ª T., HC 59.966-6, DJU, 26 nov. 1982; Pleno, HC 63.802, RTJ, 118/130-49; 1ª T., HC 65.260-3, DJU, 8 set. 1989; 2ª T., HC 67.502, RTJ, 130/1084-7; HC 68.540, RTJ, 136/651-6).
 Como a titularidade precípua é do MP, este atua como interveniente adesivo obrigatório, podendo, inclusive, retomar a ação para si, conforme dispõe o art. 29, CPP.
Crimes de ação penal privada no código penal
 Calúnia
 Difamação 
 Injúria 
 Violação de direito autoral
 Usurpação de nome ou pseudônimo alheio
 Exercício arbitrário das próprias razões (sem violência)
Extinção da punibilidade da ação penal privada
Renúncia – arts. 49 e 50, CPP: Em decorrência do princípio da oportunidade, o ofendido pode renunciar ao seu direito de queixa. A renúncia é um ato unilateral que ocorre antes do oferecimento da queixa, podendo ser tácita ou expressa. Por conta do princípio da indivisibilidade da ação privada, se houver mais de um suspeito, a renúncia a um se estenderá aos demais, pois apesar do ofendido poder renunciar ao seu direito de queixa, não pode escolher dentre seus ofensores aqueles que quer processar- art. 48, CPP (A prática de um ato incompatível com a vontade de exercer o direito de ação ou de prosseguir com a ação).
Perdão – arts. 51 a 60, CPP: O perdão é decorrente do princípio da disponibilidade da ação privada. Trata-se de um ato bilateral, significando que aquele que está sendo perdoado deve manifestar o seu aceite, que ocorre após o oferecimento da queixa e pode ser, também, expresso ou tácito. Da mesma forma que a renúncia, havendo mais de um acusado o perdão será estendido aos demais, mas só gerará efeitos para aqueles que o aceitarem.
Perempção - A perempção é uma punição de natureza processual imposta ao querelante quando este se abstém da prática de um ato que deveria realizar, dentro das situações descritas no art. 60 e incisos, CPP.
Renúncia
Perdão
ANTES DO INICIODA AÇÃO PENAL
FACULTATIVIDADE OU OPORTUNIDADE
UNILATERAL
DEPOIS DO INICIO DA AÇÃO PENAL
DISPONIBILIDADE
BILATERAL
Decadência
Prescrição
Perempção
Atinge o direito de ação.
Sóocorre nos crimes de ação penal privada e nos crimes de ação penal pública condicionada à representação do ofendido (6 meses).
ANTES DA AÇÃO PENAL.
Atinge diretamente o direito de punir ou executar punição já imposta.
Pode ocorrerem qualquer tipo de ação penal.
PODE OCORRER EM QUALQUER MOMENTO, INCLUSIVE APÓS O TRÂNSITO EM JULGADO DA SENTENÇA.
Atingeo direito de prosseguir na ação.
Só ocorre nos crimes de ação penal privada (exclusiva ou personalíssima).
SÓ OCORRE APÓS INÍCIO DA AÇÃO PENAL.
Denúncia, a queixa e o aditamento
 A denúncia é a peça acusatória inaugural da ação penal pública incondicionada e condicionada – art. 24, CPP, enquanto a queixa-crime é a peça exordial da ação penal de iniciativa privada.
Requisitos do Artigo 41 cpp
a) Descrição do fato em todas as suas circunstâncias: A descrição deve ser precisa, não se admitindo a imputação vaga e imprecisa. Havendo concurso de agentes, a denúncia deve especificar a conduta de cada um dos coautores e partícipes.
b) Qualificação do acusado ou fornecimento de dados que possibilitem sua identificação: Qualificar é apontar o conjunto de qualidades pelas quais se possa identificar o denunciado.
c) Classificação jurídica do fato: A correta classificação do fato imputado não é requisito essencial da denúncia, pois não vincula o juiz, que poderá dar àquele definição jurídica diversa (emendatio libelli).
d) Rol de testemunhas: O arrolamento de testemunhas é facultativo. Entretanto, o momento adequado é o da propositura da ação – art. 41, CPP, sob pena de preclusão.
Requisitos do Artigo 41 cpp
e) Pedido de condenação: Na ação penal pública não precisa ser expresso, bastandoque esteja implícito na peça, enquanto na ação penal privada deve ser expresso sob pena de perempção – art. 60, inciso III, CPP.
f ) O endereçamento da petição: O endereçamento equivocado não impede o recebimento da denúncia, tratando-se de mera irregularidade sanável com a remessa dos autos ao juízo competente.
g) O nome, o cargo e a posição funcional do denunciante
h) A assinatura: A falta de assinatura não invalida a peça, se não houver dúvidas quanto à sua autenticidade.
Observação: Em relação à queixa: O ofendido poderá exercer a queixa pessoalmente, desde que possua capacidade postulatória (bacharel em direito). Caso contrário, deverá fazê-lo por meio de procurador, dotado de poderes especiais, ou seja, que extrapolam os poderes gerais para o foro (estes, outorgados através da cláusula ad judicia). Da procuração deverão constar expressamente os poderes especiais do procurador, o nome do querelado e a menção ao fato criminoso que a ele se imputará (CPP, art. 44).
Prazo para denúncia 
(Artigo 46 cpp)
Em regra, o Ministério Púbico tem o prazo de 15 dias, se o indiciado estiver solto ou afiançado, e de 05 dias, se estiver preso, contado da data em que o MP receber os autos do inquérito policial.
O excesso de prazo provoca, em se tratando de indiciado preso acarreta o relaxamento de prisão, além de possibilitar o exercício da ação penal privada subsidiária, por parte do ofendido, estando o indiciado preso ou solto.
Será de dez dias, no caso de crime eleitoral, dois dias para crime contra a economia popular, quarenta e oito horas para abuso de autoridade, e dez dias para crime previsto na Lei de Drogas (cf. art. 54 da Lei n. 11.343/2006). 
Aditamento da denúncia /queixa pelo mp
No que tange à ação penal de iniciativa pública, não há nenhuma controvérsia quanto ao aditamento da denúncia pelo MP, já que o órgão ministerial é o titular do direito de ação. O aditamento pode ser de caráter objetivo, quando surgem novos fatos durante a instrução ou subjetivo, quando se toma conhecimento de que havia outro ou outros autores.
Quanto à ação penal de iniciativa privada, o aditamento por parte do MP não é um tema pacífico. Há quem entenda que seria possível o aditamento por força do art. 48, CPP.
Majoritariamente, entretanto, tem-se se entendido que não cabe ao MP aditar a queixa nas ações penais exclusivamente privadas. O MP não pode acrescentar fatos novos à queixa, nem tão pouco incluir novos réus. Se o querelante tinha conhecimento de que mais de um autor praticou o fato Em ofereceu queixa apenas em face de um, ocorreu a renúncia tácita. Se tomou conhecimento de co-autor durante a instrução deve o próprio querelante aditar a queixa e caso não o faça configura o perdão tácito. Nessas hipóteses, o MP manifestando-se na qualidade de fiscal da lei deve requerer a extinção da punibilidade dos agentes.
Na ação penal privada subsidiária da pública, poderá haver aditamento da queixa, já que a própria lei traz expressamente esta previsão- art. 29, CPP.

Continue navegando