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DIREITO CIVIL V- DIREITOS REAIS
USUCAPIÃO ADMINISTRATIVA (EXTRAJUDICIAL)
Mestre:
GUILHERME DAMASIO GOULART
Alunos:
ALTEMIR BORGES SELAU
ALEXANDRE BUZATTO SOARES
 CARLA ROSANA MOURAS
DANIELA MELLO DOSSANTOS
VILSON REGIS SCHIMITT
CACHOEIRINHA 2018
O Caminho da Vida
O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos.
A cobiça envenenou a alma dos homens... levantou no mundo as muralhas do ódios... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e morticínios.
Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria.
Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco.
Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.
(O Último discurso, do filme O Grande Ditador) Charles Chaplin.
"Se quiser que os outros pensem que você é muito inteligente, simplesmente concorde com eles." (provérbio judaico).
USUCAPIÃO ADMINISTRATIVA (EXTRAJUDICIAL)
RESUMO:
 O presente trabalho é parte da atribuição de nota da disciplina de “Direito Civil V – Direito Reais”, ministrada pelo professor Dr. Guilherme Damásio Goulart da faculdade Cesuca. Onde trataremos das possibilidades possíveis, bem como do reconhecimento da propriedade através da usucapião extrajudicial (administrativamente), juntamente como outros tipos, em pesquisa jurídica e social, demonstrando a evolução deste instituto em contexto histórico e legal, juntamente acerca da polêmica e problemática sobre o modo de obter móveis e ou imóveis, bem como seu pedido junto a o Cartório, e as inovações das leis de Registro Público. 
Palavras-Chave: história, propriedades, leis, cartório, usucapião. 
ABSTRACT
          The present work is part of the attribution of the discipline of "Civil Law V - Royal Law", taught by Dr. Guilherme Damásio Goulart of Cesuca College. Where we will deal with the possibilities and means of recognition of extrajudicial (administrative) usucapião in legal and social research, demonstrating the evolution of this institute in historical and legal context, together with the controversy and problematic about the way of acquisition of the property, as well as its request together to the Office, and the innovations of the Public Registry laws.
Key words: history, properties, laws, registry, usucapião.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.................................................................................................. 6
1- HISTÓRIA DA PROPRIEDADE.....................................................................8
2- USUCAPIÃO.................................................................................................10
3 - TIPOS DE USUCAPIÃO..............................................................................12 
3.1- USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIA.............................................................12
3.2- USUCAPIÃO ORDINÁRIA.........................................................................13
3.3- AÇÃO DE USUCAPIÃO ESPECIAL..........................................................15
3.4- REQUISITOS.............................................................................................18
4- USUCAPIÃO EXTRAJUDICIAL...................................................................18
CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................23
BIBLIOGRAFIA.................................................................................................25
INTRODUÇÃO
 A evolução tecnológica nos últimos tempos acumula transformações inovadoras sem precedentes, juntamente os pensamentos e convicções humanas se modificaram de maneira surpreendente, como por exemplo: o direito a igualdade entre homem e mulher, a união estável, e ações de multiparentalidade, o casamento entre pessoas de mesmo sexo, onde há pouco tempo a Constituição do Brasil de 1988, previa casamento entre homem e mulher, hoje está pacificado o casamento entre pessoas do mesmo sexo.[1: Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.§ 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento. ]
 Não sendo diferente o direito deve acompanhar as evoluções da sociedade, onde se vê na esfera judicial um crescimento alarmante de ações, sendo um dos motivos o conhecimento da população, levando a mesma ao judiciário para garantir seus direitos. Baseando-se no Princípio da Celeridade conforme José Augusto:
Já o princípio da celeridade corresponde a um inevitável vetor de aceleração da atividade processual. E o princípio da tempestividade (sob o prisma) estrutural, por fim, chama a atenção para a imperiosidade de suporte instrumental – medidas de ordem extraprocessual e coletiva – em relação tanto à celeridade quanto à duração razoável, servindo ao mesmo tempo para desacreditar uma visão demasiada “processualista” do assunto, segundo a qual os males referentes à duração dos processos decorreriam principalmente da lei e da técnica processuais.[2: SOUZA, José Augusto Garcia. A tríade constitucional da tempestividade do processo (em sentido amplo): celeridade, duração razoável e tempestividade estrutural, Revista dos Tribunais, São Paulo, v. 43, n. 280, jun. 2018, p. 95-142. ]
 O que se tornou difícil de acontecer, devido ao grande número de processos no judiciário, ocasionando uma demora desgastante e sem resultado final eficiente, pensando nesse problema, visando diminuir a quantidades de processos e agilizar o atendimento sendo assim as decisões céleres, o Brasil está abrindo caminho para a desjudicialização, ou seja, incentivando soluções de conflitos extrajudiciais no caso da usucapião por meios administrativos em cartórios de notas e registros públicos, a fim de diminuir a entrada de novas demandas.
 Como já ocorre com divórcio conforme nos ensinam: Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho.[3: GAGLIANO, Pablo Stolze O novo divórcio /FILHO, Rodolfo Pamplona. O novo divórcio. 3ª ed. rev., ampl. e atual. de acordo com o novo CPC. – São Paulo : Saraiva, 2016, p. 79.]
Não há mais falar também em “observados os requisitos legais quanto aos prazos”, uma vez que já́ não há prazos a serem cumpridos para a aquisição do direito de divorciar-se. Note-se que, além do consenso, o segundo requisito para o exercício do divórcio extrajudicial ou administrativo, consoante a letra da lei, é a inexistência de filhos menores ou incapazes do casal. Registre-se, todavia, que o novo CPC redimensionou a matéria. De fato, na forma do seu art. 733, o “divórcio consensual, a separação consensual e a extinção consensual de união estável, não havendo nascituro ou filhos incapazes e observados os requisitos legais, poderão ser realizados por escritura pública, da qual constarão as disposições de que trata o art. 731”.[4: Art. 731. A homologação do divórcio ou da separação consensuais, observados os requisitos legais, poderá ser requerida em petição assinada por ambos os cônjuges, da qual constarão:I - as disposições relativas à descrição e à partilha dos bens comuns;II - as disposições relativas à pensão alimentícia entre os cônjuges;III - o acordo relativo à guarda dos filhos incapazes e ao regime de visitas; eIV - o valor da contribuição para criar e educar os filhos.]
 Com isso é notável o caminho do legislador para o caminho da desjudicialização, onde vemos demandas de partilhas, entre outros e também a usucapião para regularizar a propriedadesendo de beneficio à população por meio de processo administrativo junto ao local indicado por meios legais através do artigo 1.071 Código de Processo Civil, sendo incluído o artigo 216-A, referente à lei de Registros Públicos.[5: Art. 1.071. O Capítulo III do Título V da Lei no 6.015, de 31 de dezembro de 1973 (Lei de Registros Públicos), passa a vigorar acrescida do seguinte art. 216-A: (Vigência)“Art. 216-A. Sem prejuízo da via jurisdicional, é admitido o pedido de reconhecimento extrajudicial de usucapião, que será processado diretamente perante o cartório do registro de imóveis da comarca em que estiver situado o imóvel usucapiendo, a requerimento do interessado, representado por advogado, instruído com:]
 Fica evidenciado a preocupação do Estado em garantir agilidades nos processos de Usucapião, com isso diminuem os números de processos no judiciário e consequente menos gasto da máquina judicial com esses tipos de demandas, sem esquecer como o Brasil vem adotando medidas de desjudicialização, além do divórcio e paternidade sócio-afetiva, têm as soluções de conflitos através da mediação e conciliação.
1- HISTÓRIA DA PROPRIEDADE
 Desde os primórdios a luta por terras teve perdas de pessoas incalculáveis, tamanho valores o qual a propriedade possui através de guerras sem precedentes os povos buscavam lugar para assentamentos ou crescimento de fronteiras de seus povos. Sendo que a propriedade estava unida a religião como, por exemplo, o povo Hebreu o qual buscava por terra onde Deus os guiava, bem como Roma e seus cultos a seus antepassados. Nesse sentido Sílvio de Salvo Venosa explica:
É difícil precisar o momento em que surge, na sociedade romana, a primeira forma de propriedade territorial. Não é muito clara nas fontes a forma de propriedade comum na primitiva Roma. A noção de propriedade imobiliária individual, segundo algumas fontes, data da Lei das XII Tábuas. Nesse primeiro período do Direito Romano, o indivíduo recebia uma porção de terra que devia cultivar, mas, uma vez terminada a colheita, a terra voltava a ser coletiva. Paulatinamente, fixa-se o costume de conceder sempre a mesma porção de terra às mesmas pessoas ano após ano. Ali, o pater familias instala-se, constrói sua moradia e vive com sua família e escravos. Nesse sentido, arraiga-se no espírito romano a propriedade individual e perpétua. A Lei das XII Tábuas projeta, na verdade, a noção jurídica do ius utendi, fruendi et abutendi. Considerava-se o domínio sobre a terra de forma absoluta. Nos primeiros séculos da história romana somente se admite o dominium ex jure quiritium, propriedade adquirida unicamente sob formas determinadas, fora das quais não poderia constituir-se (Petit, 1970:242). Apenas na época clássica o Direito Romano admite a existência de uso abusivo do direito de propriedade e sua reprimenda. O Digesto já reconhece direitos de vizinhança, mas o elemento individual ainda é preponderante.[6: VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: reais / Sílvio de Salvo Venosa. 18ª ed. São Paulo: Atlas, 2018, p.175.]
 Como podemos ver a busca e legitimação de propriedade existe desde antes de Cristo, como por exemplo, no Código de Hamurabi criado em torno do século XVIII a.C. e através da lei das XXII tábuas, conforme Washington Monteiro:
Regulado pela Lei das XII Tábuas, a usucapião estendia-se não só́ aos bens móveis como também aos imóveis, sendo a princípio de um ano o prazo para os primeiros e de dois anos para os segundos. Posteriormente, esse prazo foi elevado para dez anos entre presentes e vinte entre ausentes. A aquisição por seu intermédio abrangia igualmente não só́ as res mancipi como as nec mancipi.[7: MONTEIRO, Washington de Barros Curso de direito civil, vol. 3 : direito das coisas / Washington de Barros Monteiro, Carlos Alberto Dabus Maluf. — 44. ed. — São Paulo : Saraiva, 2015, p. 150.]
 Sendo que em Roma deu-se inicio a o controle da terra, o qual se dava por posse por muito tempo com o bem, a propriedade poderia tê-la, conforme Washington Monteiro:
De início, só́ podia ser invocado pelo cidadão romano, mas depois estendeu-se o benefício em favor do peregrino. Foi Justiniano quem refundiu inteiramente o instituto, destacando sua dupla face, aquisitiva e extintiva, sendo a primeiro modo de adquirir a propriedade pela posse prolongada, e a segunda, meio pelo qual alguém se libera de uma obrigação pelo decurso do tempo.[8: MONTEIRO, Washington de Barros Curso de direito civil, vol. 3 : direito das coisas / Washington de Barros Monteiro, Carlos Alberto Dabus Maluf. — 44. ed. — São Paulo : Saraiva, 2015, p. 150- 151.]
 Com o passar dos tempos a valorização era tremenda onde no medievo, os senhores feudais eram reconhecidos pelas suas propriedades, a partir de São Tomas de Aquino e Santo Agostinho no Direito Canônico se influencia o homem individual pode adquirir propriedade e fazer bem uso da mesma, conforme a Declaração dos direitos do homem e do cidadão em 1793, a qual declara:
I O fim da sociedade é a felicidade comum. O governo é instituído para garantir ao homem o gozo destes direitos naturais e imprescritíveis.
II Estes direitos são a igualdade, a liberdade, a segurança e a propriedade.
XIX Ninguém pode ser privado de uma parte de sua propriedade sem sua licença, a não ser quando a necessidade pública legalmente constatada o exige e com a condição de uma justa e anterior indenização.[9: Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão admitidos pela Convenção Nacional em 1793 e afixada no lugar das suas reuniões.]
 Declaração a qual se iniciou por meio dos iluministas e pela revolução americana, a Carta Magna francesa consolidou-a. Sendo que em 1948 na Assembleia geral das Nações Unidas aprovou o artigo XVII da declaração universal dos direitos do homem que todo homem tem direito à imóveis, sozinho ou em sociedade. Nesse sentido discorre Sílvio Venosa:
Como sabido, esse Código e as ideias da Revolução repercutiram em todos os ordenamentos que se modelaram no Código Civil francês, incluindo-se a grande maioria dos códigos latino-americanos. Esse exagerado individualismo perde força no século XIX com a revolução e o desenvolvimento industrial e com as doutrinas socializantes. Passa a ser buscado um sentido social na propriedade.[10: VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: reais / Sílvio de Salvo Venosa. 18ª ed. São Paulo: Atlas, 2018. P. 176.]
 Como vimos começa a se dar respaldo a o controle da propriedade, para que haja benefícios sociais a terra, conforme a Constituição do Brasil de 1988, em seu artigo 5º, inciso XXIII, juntamente com o artigo 170, inciso III.[11: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;][12: Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:III - função social da propriedade;]
2- USUCAPIÃO:
 É a forma de legalizar uma moradia ou alguma coisa em decorrência da utilização do bem por determinado tempo, contínuo e incontestadamente, o qual varia de acordo com sua modalidade, ou seja, pelo abandono do proprietário por sua falta de atenção do seu bem, conforme Carlos Roberto Gonçalves:
A usucapião é também chamada de prescrição aquisitiva, em confronto ou comparação com a prescrição extintiva, que é disciplinada nos arts. 205 e 206 do Código Civil. Em ambas, aparece o elemento tempo influindo na aquisição e na extinção de direitos. A primeira, regulada no direito das coisas, é modo originário de aquisição da propriedade e de outros direitos reais suscetíveis de exercício continuado (entre eles, as servidões e o usufruto) pelaposse prolongada no tempo, acompanhada de certos requisitos exigidos pela lei; a segunda, tratada na Parte Geral do Código, é a perda da pretensão e, por conseguinte, da ação atribuída a um direito, e de toda a sua capacidade defensiva, em consequência do não uso dela durante determinado espaço de tempo.[13: GONÇALVES, Carlos Roberto Direito das coisas / Carlos Roberto Gonçalves. – 17. ed. – São Paulo : Saraiva, 2016. – (Coleção sinopses jurídicas; v. 3),p. 115.]
 
 Estas condições para usucapião se diferencia entre outros países como o Japão, de acordo com Jayr Figueiredo de Oliveira: 
No Brasil, por exemplo, há a usucapião como forma de adquirir propriedade legal por meio da ocupação contínua, livre e reiterada do terreno, por determinado período de tempo, com reivindicação de direito e em oposição aos direitos do verdadeiro proprietário. Em contrapartida, no Japão, a propriedade legal é transmitida do proprietário aos seus descendentes e, em caso de sua não existência, a transmissão seria feita para o governo.[14: OLIVEIRA, Jayr Fiqueiredo de. Profissão líder: desafios e perspectivas / Jayr Figueiredo de Oliveira (coord.); Alberto Issao Sugo... [et al.]. – São Paulo: ed. Saraiva 2006, p. 272.]
 Como não é o foco de pesquisa a usucapião fora do Brasil, não vamos aprofundar no assunto ficando apenas para conhecimento da existência desse instituto em outros países com diferenças significativas como no Japão.
 Em caso de imóvel, qualquer bem privado, sendo que o bem público é isento dessa ação conforme artigo 102 CC: “Os bens públicos não estão sujeitos à usucapião”. A usucapião se dá depois de concluído o prazo da prescrição aquisitiva. Conforme Flávio Tartuce:
A posse ad usucapionem ou usucapível, apresenta características próprias que devem ser estudadas. Antes de expor tais qualidades, insta verificar que os atos de mera tolerância não induzem a essa posse. Por isso, não é possível alegar usucapião na vigência de um contrato em que a posse é transmitida, caso da locação e do comodato, por exemplo. Ademais, a questão de mera tolerância acaba de gerar polêmicas quanto a possibilidade de se usucarpir um bem em condomínio, particularmente nos casos envolvendo herdeiros.[15: TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil, 5ª edição, São Paulo, 2015, Editora Método, p. 728.]
 Quanto à sua natureza jurídica, a usucapião, apresenta um duplo caráter: ao mesmo tempo onde uma pessoa a qual não era a dona legitima passa a ser e o dono fica sem o bem, devendo ser observado alguns requisitos como o tempo com o bem, os tempos necessários para ação podem ser somados conforme os seguintes artigos do Código Civil: 1.243, 1.207, contando comprovação de posse do bem por tempo ininterrupto, nos casos do art. 1.242, com algum contrato.[16: Art. 1.243. O possuidor pode, para o fim de contar o tempo exigido pelos artigos antecedentes, acrescentar à sua posse a dos seus antecessores (art. 1.207), contanto que todas sejam contínuas, pacíficas e, nos casos do art. 1.242, com justo título e de boa-fé.][17: Art. 1.207. O sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor; e ao sucessor singular é facultado unir sua posse à do antecessor, para os efeitos legais.][18: Art. 1.242. Adquire também a propriedade do imóvel aquele que, contínua e incontestadamente, com justo título e boa-fé, o possuir por dez anos.Parágrafo único. Será de cinco anos o prazo previsto neste artigo se o imóvel houver sido adquirido, onerosamente, com base no registro constante do respectivo cartório, cancelada posteriormente, desde que os possuidores nele tiverem estabelecido a sua moradia, ou realizado investimentos de interesse social e econômico.]
    Reconhece nossa legislação, três espécies de usucapião: o extraordinário, o ordinário e o especial. 
3 - TIPOS DE USUCAPIÃO: 
3.1- Usucapião extraordinária consta no artigo 1.238 do CC.:
Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis.
Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo.
 Portanto o possuidor deve residir no imóvel ou desenvolver nele atividades produtivas, o prazo de que fala o caput diminui para dez anos. A propriedade tem de cumprir requisitos sociais, e o possuidor não pode esperar, por longo tempo, para adquirir o domínio pela prescrição aquisitiva; do contrário, seria beneficiado o proprietário negligente. Segundo Flávio Tartuce:
É requisito essencial da usucapião extraordinária a existência, em regra, de uma posse mansa e pacífica, ininterrupta com animus domini e sem oposição por 15 anos. O prazo cai para 10 anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel sua moradia habitual ou houver realizado obras ou serviços de caráter produtivo, ou seja, se a função social da posse estiver sendo cumprida pela presença da posse trabalho. [19: TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil, 7ª ed. São Paulo, editora Método, 2017, volume único, p.1025.]
 Podemos ressaltar que o lapso de tempo depende da natureza dos bens, como os bens imóveis o prazo é de 15 anos (quinze), os bens moveis, por 5 anos (cinco), na usucapião extraordinários se faz necessário um negócio lícito.
 Presumem-se, quando por quinze anos se móvel e cinco anos se imóvel possuir como sua, sem que exista interrupção, ou oposição de terceiros, terá o domínio independentemente de boa-fé ou título, podendo assim ajuizar ação declarando como proprietário fosse da coisa. Nos casos em que seja bens imóveis a sentença ira servir como título para o registro competente, sendo esse título apenas uma declaração (declaratório), mas é necessário para provar o direito do possuidor que se tornou proprietário. Conforme Josserand:
Mas a aquisição da propriedade não se verifica por meio de sua transcrição. Se assim fosse, a usucapião não seria modo de adquirir a propriedade. A aquisição se daria pela transcrição do título. Nesse caso, a usucapião seria meio de facilitar a prova da propriedade. Quando em verdade é meio de adquiri-la, ainda quando o prescribente vise apenas sanar o título de aquisição de domínio.[20: GOMES, Orlando. Direitos Reais, 21ª ed. Rio de Janeiro, editora Florense, p. 186 e 187.]
3.2- Usucapião ordinária vem disciplinada pelo artigo 1.242 do CC.
Adquire também a propriedade do imóvel aquele que, contínua e incontestadamente, com justo título e boa-fé, o possuir por dez anos.
Parágrafo único. Será de cinco anos o prazo previsto neste artigo se o imóvel houver sido adquirido, onerosamente, com base no registro constante do respectivo cartório, cancelada posteriormente, desde que os possuidores nele tiverem estabelecido a sua moradia, ou realizado investimentos de interesse social e econômico.
 Os pressupostos dessa ação não devem conter conflitos para contar os tempos necessário, exercida com animus de dono; decurso de dez ou cinco anos; justo título, mesmo que este contenha algum vício e boa-fé; sentença judicial que declare o domínio do imóvel, levada o registro no cartório de Registro de Imóveis. Quanto ao prazo, dispõe o artigo 1.243 do CC acrescentar à sua posse a dos seus antecessores, sendo que o artigo 1.207 CC. diz: contanto que todas sejam contínuas, pacíficas e no artigo 1.242 CC. Com o artigo 1.207 CC., ambos se dessume o acesso à posse, consagrada pelo nosso direito e que desfruta de extraordinária importância no tema da usucapião. Conforme Flávio Tártuce:
A norma apresenta um sério problema. Isso porque traz um requisito ao lado da posse trabalho, qual seja, a existência de um documento hábil que foi registrado e cancelado posteriormente, caso de um compromisso de comprae venda. Tal requisito gera o que convencionou denominar como usucapião tabular, especialmente entre os juristas da área de registros públicos. 
Pela literalidade da norma, parece que tal elemento é realmente imprescindível. Todavia, este autor entende de forma contrária, pois a posse- trabalho é que deve ser tida como elemento fundamental para a caracterização dessa forma de usucapião ordinária, fazendo que o prazo caia pela metade. Em suma, prevalece a função social da posse. [21: TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil, 7ª ed. São Paulo, editora Método, 2017, volume único, p.1024.]
 Analisando o título justo na usucapião ordinária, podemos ter vinculado o conhecimento que pessoa adquirente, tem um título o qual não é válido.
 Título justo nada mais é do que um dos requisitos para propositura da ação ordinária, que necessita na idoneidade para transferir o domínio a outrem.
 Salientando que o título de posse pode conter um vício, ou seja, uma irregularidade que impeça a transferência do imóvel, assim tornando ineficaz ao adquirente de boa-fé.
 Ou seja, a nulidade absoluta com o título justo sendo nulo, não se permite o ensejo da usucapião ordinário, pois o título não é válido, entretanto a nulidade relativa mesmo sendo ela ineficaz para uso de determinada situação ela ainda assim é usada como um requisito da usucapião ordinário, pois o tempo pode sanar o defeito do título, E assim podendo ter a propositura da ação de usucapião ordinária.
 Existem causas que torna ineficaz o “Justo Título” e são elas as seguintes:
a) Tomar posse do imóvel por quem não é dono, lembrando que neste caso o adquirente de boa-fé acreditando que adquiriu do dono legitimo, mesmo sendo título ineficaz para transferência da propriedade, servirá como documento hábil para pleitear a usucapião ordinário, ressalva os problemas que trazem nulidades absolutas.
b) Aquisição a domínio, na qual o transmitente não goza do direito de dispor, ou transferir por ato nulo de pleno direito.
 Neste segundo caso, título translativo, é realizado por proprietário do bem, podendo não ser valido por conter nulidade, existe dois tipos de nulidades, sendo a absoluta e a nulidade relativa.
 Aquela que no título translativo não permite o ensejo da usucapião ordinária, não sendo válida. Entretanto a nulidade relativa mesmo sendo ineficaz considera se requisito para a propositura de ação de usucapião ordinária, que objetiva sanar o defeito do título.
O erro na forma de aquisição.
c) Neste terceiro caso, encontramos um erro por defeito de forma, onde, por exemplo, o dono de imóvel, o transferiu, por meio de instrumento particular a outrem, contudo, a transferência deve ser feita por escritura pública. 
 Para o doutrinador Washington Monteiro, entende “Justo Título” como “título hábil a transferir o domínio e que realmente o transferiria, se emanado do verdadeiro proprietário”.
 Neste sentindo, observando, a comparação entre a doutrina clássica, que esclarece o sentido do “Justo título deve ser formalizado, devidamente registrado, hábil ou idôneo à posse do imóvel”. Com mesmo pensamento o doutrinador, Carlos Roberto Gonçalves para ser considerado justo título, deve-se revestido de formalidade externas e estar registrado no cartório de registro de imóveis.
 Além do Justo título, requer-se a boa-fé (subjetiva), essa boa-fé (subjetiva) é a ilusão deque é proprietário, não se confunde com a boa-fé objetiva, que é de regra de comportamento.
A boa-fé é elemento autônomo na usucapião ordinária. 
3.3- Ação de usucapião especial tem quatro ramificações, conforme Flávio Tartuce:[22: TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil, 7ª ed. São Paulo, editora Método, 2017, volume único, p.1026.]
A usucapião constitucional ou especial rural, pró-labore, dispõe no caput do art.191 da CF/1988 que “Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade”. Esta regra foi reproduzida pelo art. 1239 CC/2002.
A usucapião constitucional ou especial urbana, pro misero, está tratada no caput do art. 183 da CF/1988: “ Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinquenta metros quadrados por cinco anos ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural”. Esta está reproduzida no art.1240 CC.
A usucapião especial urbano coletiva, consta no art. 10 do Estatuto das Cidades “ As áreas urbanas com mais de duzentos e cinquenta metros quadrados, ocupadas por população de baixa renda para sua moradia, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, onde não for possível identificar os terrenos ocupados por cada possuidor, são susceptíveis de serem usucapidas coletivamente, desde que os possuidores não sejam proprietários de outro imóvel urbano ou rural”. 
A usucapião especial indígena, tratada pelo estatuto do índio( Lei 6.001/1973), enuncia o art. 33 desta Lei que “ O índio, integrado, ou não, que ocupe como próprio, por dez anos consecutivos , trecho de terra inferior a cinquenta hectares, adquirir-lhe-á a propriedade plena”.
Neste sentido dos tipos de usucapião mais comuns discorre Paulo Nader:[23: NADER, Paulo. Curso de direito civil, 4º volume, direito das coisas. 7ª. ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2016, p. 168.]
Usucapião extraordinária. Há duas espécies de usucapião extraordinária. O modelo tradicional, previsto no art. 1.238 do Códex, fixa o prazo de quinze anos. Essencial é que nesse tempo a posse seja contínua, mansa, pacífica, pública e com animus domini. Não se exige, para ela, justo título e boa-fé. Este é um de seus caracteres fundamentais. O parágrafo único do citado artigo apresenta outra modalidade, para a qual exige o prazo de dez anos de posse. Neste caso, o possuidor deverá comprovar uma das seguintes situações: a sua morada no imóvel, a realização de obras ou serviços de caráter produtivo. O possuidor poderá ser proprietário de outros imóveis. Caberá ao juiz, com equidade, apreciar o preenchimento do requisito relativo às obras e, igualmente, o dos serviços de caráter produtivo. Prevalece na doutrina o entendimento favorável à possibilidade de acessão das posses.
 ■ Usucapião pro labore. Prevista na Constituição Federal, art. 191, e também na Lei Civil, art. 1.239, a espécie exige, além dos requisitos básicos para todas as modalidades, as seguintes: a) não ser o possuidor proprietário de imóvel rural ou urbano; b) cinco anos de duração mínima da posse com animus domini, sem interrupção, mansa e pacífica; c) o imóvel deve estar situado na zona rural e não exceder a cinquenta hectares; d) além de habitar no imóvel, desenvolver o cultivo da terra e produzir com o seu trabalho ou da família.
 ■Usucapião habitacional. Também denominado usucapião especial urbana, esta modalidade, além de atender aos requisitos comuns às várias espécies, requer: a) posse mínima de cinco anos; b) status negativo de domínio, área urbana não superior a duzentos e cinquenta metros quadrados; d) residência do possuidor ou de sua família no imóvel; e) imóvel localizado em área urbana, sendo que esta se define não por sua destinação, mas em razão do zoneamento fixado em leis municipais; f) pessoa física como usucapiente.
 ■Usucapião ordinária. Esta se distingue da extraordinária porque exige justo título e boa-fé. Possui duas subespécies, uma definida no caput do art. 1.242 do Código Civil e a outra, no parágrafo único. Na primeira, além dos requisitos justo título e boa-fé, exige-se o prazo mínimo de dez anos. Na segunda, o prazo mínimo é de cinco anos, com a circunstância de o imóvel haver sido adquirido, “onerosamente, com base no registro constante no respectivo cartório,cancelada posteriormente, desde que os possuidores tiverem estabelecido a sua morada, ou realizado investimentos de interesse social e econômico”.
 ■Usucapião coletiva. A fim de atenuar as más condições em que vivem grupos de pessoas, o Estatuto da Cidade, pelo art. 10, criou a presente modalidade, que requer: a) prazo mínimo de cinco anos de posse sem oposição; b) imóvel situado em zona urbana: c) área superior a duzentos e cinquenta metros quadrados; d) status de não proprietários; e) posse por pessoas de baixa renda que vivam coletivamente e sem divisão de espaço; f) não exigência de justo título e boa-fé.
 ■Usucapião por abandono do lar. O ponto de partida para se cogitar sobre esta modalidade de usucapião é o abandono voluntário e injustificado do lar por um dos consortes, pelo tempo mínimo de dois anos, período no qual o consorte abandonado deve exercer continuamente a posse. Objeto da usucapião deve ser o imóvel urbano de área máxima de duzentos e cinquenta metros quadrados e de propriedade do casal. Objeto, portanto, da usucapião, é a metade do imóvel de propriedade do consorte que abandonou o lar. Se o imóvel pertencer exclusivamente ao que abandonou, a usucapião se inviabiliza. O usucapiente, que não deve possuir qualquer outro imóvel, deve exercer a posse direta e exclusiva do bem. 
 Vimos espécies de usucapião descrito na Constituição cidadã visando a facilitar a posse por indivíduos sem poder aquisitivo e quando o mesmo não possuir outra, propriedade na cidade ou no campo.
3.4- Requisitos:
 Para que a ação usucapiente seja reconhecida é necessário que sejam atendidos os pré-requisitos determinados na lei, em específico, o Código Civil e a Constituição Brasileira que são:
1 - Que o posseiro que quer pedir a usucapião, realmente esteja no imóvel morando, explorando o bem sem subordinação a quem quer que seja, com exclusividade, como se proprietário fosse;
2 - Que a posse não seja clandestina, precária ou mediante violência;
3 - Que seja então, posse estar sem violência e contínua.
 Os requisitos indispensáveis à propositura do requerimento:[24: TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil, 7ª ed. São Paulo, editora Método, 2017, volume único, página 1026.]
Representação por advogado;
Realizada no Cartório de Registro de Imóveis da Comarca em que está situado o imóvel usucapiendo;
Ata Notarial – Tabelião atesta as circunstâncias, bem como o tempo da posse;
Justo Título – Quando houver. Podendo ser apresentado outros documentos que evidenciem a posse contínua, como por exemplo, pagamentos de tributos e encargos que incidem sobre o imóvel;
Certidão Negativa de Distribuição – A fim de atestar que não há situação que comprometa o imóvel usucapiendo;
Planta Baixa – Com o devido memorial descritivo. Para tanto, deve ser assinado por profissional técnico (ART), e ressalta-se a necessidade de também ser assinado pelo proprietário anterior do imóvel usucapiendo e pelos proprietários confrontantes.
 Diante disso fica clara a necessidade de constituir advogado, bem com os documentos necessários para a comprovação da posse pelos requisitos de cada tipo de ação usucapiente. 
4- USUCAPIÃO EXTRAJUDICIAL:
 Através do Código de Processo Civil de 2015, foi positivado o instituto da usucapião extrajudicial através do artigo 1.071, o qual a acrescentou o artigo 216 “A”, da lei nº 6.015/73 (lei dos registros públicos), bem como sua complementação pela lei 13.465/ 2017. Promovendo assim maior celeridade de ação proposta e consequentemente a desjudicialização, evitando assim excesso de processos no judiciário. Onde se começou alinhavar diretrizes sobre este instituto em 2009 pela lei nº 11.977, mas essa com o projeto da minha casa minha vida (projeto social), para facilitar regularização fundiária de assentamentos localizados em áreas urbanas.[25: LEI Nº 13.465, DE 11 DE JULHO DE 2017. CAPÍTULO IV DO REGISTRO DA REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA. Art. 42.  O registro da CRF e do projeto de regularização fundiária aprovado será requerido diretamente ao oficial do cartório de registro de imóveis da situação do imóvel e será efetivado independentemente de determinação judicial ou do Ministério Público.Parágrafo único.  Em caso de recusa do registro, o oficial do cartório do registro de imóveis expedirá nota devolutiva fundamentada, na qual indicará os motivos da recusa e formulará exigências nos termos desta Lei.][26: Dispõe sobre o Programa Minha Casa, Minha Vida - PMCMV e a regularização fundiária de assentamentos localizados em áreas urbanas; altera o Decreto-Lei no 3.365, de 21 de junho de 1941, as Leis nos 4.380, de 21 de agosto de 1964, 6.015, de 31 de dezembro de 1973, 8.036, de 11 de maio de 1990, e 10.257, de 10 de julho de 2001, e a Medida Provisória no 2.197 -43, de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências.]
 Com essa nova regulamentação o posseiro tem uma ferramenta muito eficaz, quando com seu advogado constituído e com documentos comprobatórios para o feito, entre eles é a ata notarial como prova, dar-se-á inicio no registro de imóveis onde fica o bem, para ser usucapido e se não houver discordância entre os envolvidos com o bem, o oficial de registro de móveis fará o registro do imóvel no nome do possuidor. 
 Porém em havendo discordância entre as provas de posse e por isso não for concedida a usucapião extrajudicial o oficial de registro remeterá par o judiciário conforme artigo 1.071, §10 do CPC/2015. 
§ 10. Em caso de impugnação do pedido de reconhecimento extrajudicial de usucapião, apresentada por qualquer um dos titulares de direito reais e de outros direitos registrados ou averbados na matrícula do imóvel usucapiendo e na matrícula dos imóveis confinantes, por algum dos entes públicos ou por algum terceiro interessado, o oficial de registro de imóveis remeterá os autos ao juízo competente da comarca da situação do imóvel, cabendo ao requerente emendar a petição inicial para adequá-la ao procedimento comum.
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 Sendo que tal ação extrajudicial não exclui um possível ingresso no poder judiciário, conforme Umberto Theodoro:[27: THEODORO JUNIOR, Humberto. Art. 569. In: STRECK, Lenio Luiz; NUNES, Dierle; CUNHA, Leonardo (orgs.). Comentários ao Código de Processo Civil, São Paulo, editora Saraiva, 2016, p. 1.432, 1433.]
Limita-se a atividade valorativa do oficial, com efeito, à análise da idoneidade da documentação apresentada, bem como à verificação do preenchimento das formalidades legais. Havendo qualquer impugnação, seja do titular do domínio, seja de titulares de direitos reais ou de outra natureza (inclusive quanto a imóveis confinantes), seja de um dos entes públicos ou por fim de terceiros interessados, o legislador prevê̂ o automático prejuízo do procedimento extrajudicial, determinando a sequencia em juízo, mediante emenda da petição inicial (sic) pelo interessado e o ajuizamento de ação de usucapião (art. 216-A, § 10)
 Podemos dizer que esse tipo processo pode ser efetuado para qualquer dimensão de área, porém veremos a frente que existem muitos requisitos para que seja proposta tal ação. Nesse sentido discorre Umberto Theodoro:[28: THEODORO JUNIOR, Humberto. Art. 569. In: STRECK, Lenio Luiz; NUNES, Dierle; CUNHA, Leonardo (orgs.). Comentários ao Código de Processo Civil, São Paulo, editora Saraiva, 2016, p. 1.432, 1.433. ]
O procedimento, que não é excludente da opção pela via jurisdicional, não traz qualquer restrição de admissibilidade em função da área do imóvel. E, conquanto preveja a atribuição ao oficial do cartório de registro de imóveis de uma considerável grama de providências em sua condução (cientificação por edital de terceiros interessados, cientificação da União, Estado/Distrito Federal e Município, verificação da concordância expressa dos titulares de direito real ou de outros direitos registrados ou averbados na matrícula, tanto do imóvel usucapiendo quanto aos imóveis confinantes, realização de diligências para o esclarecimento de dúvidase analise de toda a documentação pertinente), não cogita de qualquer julgamento por ele em contexto de litigiosidade.
 Completando o raciocínio do tramite no registro de imóveis o qual se dará sem intervenção, cabe salientar que o mero silêncio dos titulares dos direitos reais não confirma aceitação da ação, conforme o § 6º do artigo 1.071 do CPC/2015, nesse sentido discorre Umberto Theodoro:[29: § 6o Transcorrido o prazo de que trata o § 4o deste artigo, sem pendência de diligências na forma do § 5o deste artigo e achando-se em ordem a documentação, com inclusão da concordância expressa dos titulares de direitos reais e de outros direitos registrados ou averbados na matrícula do imóvel usucapiendo e na matrícula dos imóveis confinantes, o oficial de registro de imóveis registrará a aquisição do imóvel com as descrições apresentadas, sendo permitida a abertura de matrícula, se for o caso.][30: THEODORO JUNIOR, Humberto. Art. 569. In: STRECK, Lenio Luiz; NUNES, Dierle; CUNHA, Leonardo (orgs.). Comentários ao Código de Processo Civil, São Paulo, editora Saraiva, 2016, p.1.433.]
Afastou-se, por outro lado, de forma clara, qualquer possibilidade de invocação de revelia administrativa. Assim, se no tocante aos entes públicos e terceiros incertos basta que não haja impugnação expressa, já no que diz respeito aos titulares de direitos sobre a área usucapienda e os imóveis confinantes exige-se concordância expressa, vindo equiparado pela lei o silêncio à discordância e nesse caso tornando-se inafastável a via judicial, o que contribui para a segurança do mecanismo legal (art. 216-A, § 6º). 
 Portanto o procedimento para pedido de usucapião extrajudicial, ou seja, direto no cartório de registro de imóveis está descrito conforme artigo 1.071 do CPC/2015.
Art. 1.071. O Capítulo III do Título V da Lei no 6.015, de 31 de dezembro de 1973 (Lei de Registros Públicos), passa a vigorar acrescida do seguinte art. 216-A: (Vigência)
Art. 216-A. Sem prejuízo da via jurisdicional, é admitido o pedido de reconhecimento extrajudicial de usucapião, que será processado diretamente perante o cartório do registro de imóveis da comarca em que estiver situado o imóvel usucapiendo, a requerimento do interessado, representado por advogado, instruído com:
I - ata notarial lavrada pelo tabelião, atestando o tempo de posse do requerente e seus antecessores, conforme o caso e suas circunstâncias;
II - planta e memorial descritivo assinado por profissional legalmente habilitado, com prova de anotação de responsabilidade técnica no respectivo conselho de fiscalização profissional, e pelos titulares de direitos reais e de outros direitos registrados ou averbados na matrícula do imóvel usucapiendo e na matrícula dos imóveis confinantes;
III - certidões negativas dos distribuidores da comarca da situação do imóvel e do domicílio do requerente;
IV - justo título ou quaisquer outros documentos que demonstrem a origem, a continuidade, a natureza e o tempo da posse, tais como o pagamento dos impostos e das taxas que incidirem sobre o imóvel.
§ 1º O pedido será autuado pelo registrador, prorrogando-se o prazo da prenotação até o acolhimento ou a rejeição do pedido.
§ 2º Se a planta não contiver a assinatura de qualquer um dos titulares de direitos reais e de outros direitos registrados ou averbados na matrícula do imóvel usucapiendo e na matrícula dos imóveis confinantes, esse será notificado pelo registrador competente, pessoalmente ou pelo correio com aviso de recebimento, para manifestar seu consentimento expresso em 15 (quinze) dias, interpretado o seu silêncio como discordância.
§ 3º O oficial de registro de imóveis dará ciência à União, ao Estado, ao Distrito Federal e ao Município, pessoalmente, por intermédio do oficial de registro de títulos e documentos, ou pelo correio com aviso de recebimento, para que se manifestem, em 15 (quinze) dias, sobre o pedido.
§ 4º O oficial de registro de imóveis promoverá a publicação de edital em jornal de grande circulação, onde houver, para a ciência de terceiros eventualmente interessados, que poderão se manifestar em 15 (quinze) dias.
§ 5º Para a elucidação de qualquer ponto de dúvida, poderão ser solicitadas ou realizadas diligências pelo oficial de registro de imóveis.
§ 6º Transcorrido o prazo de que trata o § 4o deste artigo, sem pendência de diligências na forma do § 5o deste artigo e achando-se em ordem a documentação, com inclusão da concordância expressa dos titulares de direitos reais e de outros direitos registrados ou averbados na matrícula do imóvel usucapiendo e na matrícula dos imóveis confinantes, o oficial de registro de imóveis registrará a aquisição do imóvel com as descrições apresentadas, sendo permitida a abertura de matrícula, se for o caso.
§ 7º Em qualquer caso, é lícito ao interessado suscitar o procedimento de dúvida, nos termos desta Lei.
§ 8º Ao final das diligências, se a documentação não estiver em ordem, o oficial de registro de imóveis rejeitará o pedido.
§ 9º A rejeição do pedido extrajudicial não impede o ajuizamento de ação de usucapião.
§ 10. Em caso de impugnação do pedido de reconhecimento extrajudicial de usucapião, apresentada por qualquer um dos titulares de direito reais e de outros direitos registrados ou averbados na matrícula do imóvel usucapiendo e na matrícula dos imóveis confinantes, por algum dos entes públicos ou por algum terceiro interessado, o oficial de registro de imóveis remeterá os autos ao juízo competente da comarca da situação do imóvel, cabendo ao requerente emendar a petição inicial para adequá-la ao procedimento comum. ”
 Portando se faz possível pedido de usucapião administrativo (extrajudicial), onde o oficial do cartório de registro de imóveis tem poder para realizar todo o tramite desde que não se tenha contradições durante o processo o qual se fará com apresentação de documentação confirmada o tempo de posse e os requisitos destacados, com a aprovação do trâmite será dono da propriedade para o posseiro. 
JURISPRUDÊNCIA:
Ementa: USUCAPIÃO (BENS IMÓVEIS). APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE USUCAPIÃO. EXTINÇÃO DO PROCESSO, NA FORMA DO ART. 485, INCISO VI, DO CPC. PRÉVIO PEDIDO NA ESFERA EXTRAJUDICIAL. DESNECESSIDADE. O reconhecimento extrajudicial de usucapião, na forma do art. 216-A da Lei nº 6.015/73 (Lei de Registros Públicos), acrescentado pelo art. 1.071 do CPC, constitui opção concedida ao interessado, a quem não fica vedada a propositura imediata de ação judicial com a mesma finalidade. Portanto, inexiste necessidade de prévio esgotamento da via extrajudicial. Apelação provida para desconstituir a sentença. (Apelação Cível Nº 70079204939, Décima Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Voltaire de Lima Moraes, Julgado em 25/10/2018).
CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Diante deste trabalho, vimos a história da propriedade bem como os tipos possíveis de usucapião, onde podemos ter a percepção de que sem dúvidas, o processo para a busca da aquisição da propriedade pelo meio da usucapião extrajudicial, também chamada de usucapião administrativa, está sendo uma inovação do código civil processual, sendo usado esse instituto extrajudicial para outras situações como: a união estável, e ações de multiparentalidade, etc... Fica claro, que desta forma se busca dar celeridade ao procedimento. Apesar de que essa alternativa da aquisição por via de usucapião extrajudicial seja ainda uma novidade para alguns profissionais da área, desde 2009 vinha se buscando alternativas de solução sem termos que entrar via judicial.
Através da Lei nº 11.977/ 2009, foi instituído a possibilidade da aquisição na forma da usucapião extrajudicial, mas alguns efeitos práticos ficaram limitados, apenas em casos de regularização de posse urbana. 
O divisor de águas foi com a chegada do novo CPC, Código de Processo Civil, de 2015, orientando conforme o artigo 1.071CPC/2015, onde passa a vigorar o artigo 216A (Vigência), sobre o entendimento da aquisição por meio da usucapião extrajudicial, promovendouma solução sem intermédio do processo via judicial. 
A Desjudicialização torna possível a transferência da competência do Juiz para o registrador de Imóveis. Essa é a solução apenas nos casos aonde não tenhamos litígio, assim o possuidor deverá provar através dos documentos necessários para a busca do justo título de proprietário do bem imóvel. Será através da apresentação dos documentos que irão demonstrar a origem; a natureza; a continuidade, e principalmente o tempo de posse, e o fim social. Também os documentos de pagamento dos impostos, conta de energia elétrica, água, que sejam do imóvel a ser aquisicionado. 
No procedimento via extrajudicial, quem faz o papel do Juiz de direito é o registrador do cartório registral do município do imóvel. É ele que fará a analise diante do conjunto de provas apresentadas, e por meio dos critérios e requisitos dirá se é possível a transformação do posseiro para proprietário.
O tabelião através da apresentação do cheque liste, fará a Ata Notarial, formalizando o pedido, assistido pelo advogado do solicitante, e posterior analise do registrador. Somente depois a analise de todos os critérios será possível o registro da propriedade. A vantagem é a celeridade do procedimento, pois tudo isso poderá ocorrer num curto espaço de tempo, praticamente em média de 90 dias, se atenderem a todas as exigências do registrador.
Podemos observar que a busca da aquisição da propriedade através da via extrajudicial, todas as espécies de prescrição aquisitiva, poderá ser atendida, exceto as regularizações de loteamentos irregulares, mas com o cunho social, deverá ser através de outro tema, a Mora legal. 
A possibilidade do ingresso para a busca da aquisição através via usucapião extrajudicial chega a bom tempo, pois as organizações notariais e registral são de fato legítimas para a aplicação deste direito.
 É comprovado que tem dado celeridade e efetividade já em outros processos extras judiciais tais como o divórcio, a partilha, enfim, as oportunidades de desjudicializar na busca de solução fora da estrutura judiciária, não só no que diz respeito à propriedade, mas aos direitos reais. 
Naturalmente, por ser um procedimento novo, observa-se que na prática existem algumas divergências na interpretação e procedimento, assim só com o passar do tempo essas dúvidas ficarão mais claras para alguns operadores do direito, tabelião e registrador. 
Assim como tudo no direito, talvez tenhamos um entendimento preciso deste instituto com o passar do tempo, conforme entendimentos jurisprudenciais futuras.
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GONÇALVES, Carlos Roberto Direito das coisas / Carlos Roberto Gonçalves. 17ª ed. São Paulo. Saraiva, 2016. (Coleção sinopses jurídicas; v. 3);
GAGLIANO, Pablo Stolze O novo divórcio /FILHO, Rodolfo Pamplona. O novo divórcio. 3ª ed. rev., ampl. e atual, de acordo com o novo CPC. – São Paulo : Saraiva, 2016;
MONTEIRO, Washington de Barros Curso de direito civil, vol. 3 : direito das coisas / Washington de Barros Monteiro, Carlos Alberto Dabus Maluf. — 44. ed. — São Paulo : Saraiva, 2015;
NADER, Paulo. Curso de direito civil, 4º volume, direito das coisas. 7ª. ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2016;
OLIVEIRA, Jayr Fiqueiredo de. Profissão líder: desafios e perspectivas / Jayr Figueiredo de Oliveira (coord.); Alberto Issao Sugo... [et al.]. – São Paulo: ed. Saraiva 2006;
TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil, 7ª ed. São Paulo, editora Método, 2017, volume único;
THEODORO JUNIOR, Humberto. Art. 569. In: STRECK, Lenio Luiz; NUNES, Dierle; CUNHA, Leonardo (orgs.). Comentários ao Código de Processo Civil, São Paulo, editora Saraiva;
SOUZA, José Augusto Garcia. A tríade constitucional da tempestividade do processo (em sentido amplo): celeridade, duração razoável e tempestividade estrutural, Revista dos Tribunais, São Paulo, v. 43, n. 280, jun. 2018;
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: reais / Sílvio de Salvo Venosa. 18ª ed. São Paulo: Atlas, 2018;
DECLARAÇÃO DE INTEGRIDADE ACADÊMICA
 “Declaração de Integridade Acadêmica: eu entendo a política da instituição no que diz respeito à trapaça “cola" e plágio; eu mesmo escrevi este trabalho e não o obtive todo ou em parte de outra fonte; eu utilizei citações ou blocos claramente identificados para todas as palavras copiadas literalmente; e eu incluí fontes para todas as ideias de terceiros, sejam estas citadas, parafraseadas, sumarizadas ou referenciadas. Por fim, estou ciente de que meu trabalho será avaliado com nota zero e não terei a possibilidade de refazê-lo em caso de constatação de plágio”.

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